Fanfic: Uma nova estrela brilha no Céu | Tema: meditação
Aos nove anos de idade, ficara órfão de pai, o perdendo para o maldito câncer. Agora ele seguiria uma nova vida ao lado da mãezinha que tanto sofrera diante da luta em cuidar do esposo enfermo.
O destino, porém, lhe pregara outra surpresa cruel. Poucos dias após a partida do pai, ele também fora diagnosticado com dois tipos de leucemia e depois de muitos exames chegara à conclusão de que somente um transplante de medula óssea poderia salvar-lhe sua vida que só estava começando.
Depois de três anos batalhando, sofrendo e preso em diversos hospitais em constantes transfusões de sangue e plaquetas em busca de um difícil doador, em uma batalha sem trégua entre a vida e a morte, sempre conseguindo cumprir o que ele mesmo prometera à mãe: “Esta doença é cruel, mas não irá me vencer, pois Meu Deus é Maior do que ela”.
Então, eis que aparece um doador de medula compatível entre ele. Tudo parecia uma ótima notícia e era se o destino não lhe reservasse outro drama: As plaquetas baixaram a zero, seu coração sofrido não suportou e ele teve parada cardíaca.
Do lado externo da CTI, com as duas mãos espalmadas sobre o vidro divisório, a mãe com semblante muito cansado, rosto até parecendo suado e lágrimas que nem mais existem devido os anos de dor e angustia diante do sofrimento do pequeno filho, se prostrara a contemplá-lo ali em seu leito de paz.
Paz?! Como paz?
Ele, apenas doze anos de idade, era como se só estivesse começando a viver. Mas que viver seria esse?
Ali naquele leito da ala mais emergencial de um hospital, o menino agora tinha um rosto sereno, olhos cerrados e em seu corpo seminu, marcado por dezenas de hematomas, provocados por constantes ações de instrumentos da medicina que deveria ser considerada moderna. Um tubo em sua boca, dois outros em suas narinas, um cateter que entrava em sua virilha por baixo de uma fralda descartável e chegava ao coração, que então às vésperas de fatídico dia sofrera uma parada cardíaca; um dreno em sua uretra para não deixar acumular restos de urina e diversos eletrodos em seu peito, barriga e testa para acompanhar suas lentas pulsações.
— Mamãe... não sofra mais por mim — Pediu o pequenino.
Mas como? Ele continuava praticamente em coma, induzido ou não.
A mãe sentiu um forte calafrio e o observou atentamente.
— Eu não vou sofrer jamais mamãe e você já poderá descansar agora. Foram longos anos em que sofremos juntos; você muito mais do que eu. Enquanto às vezes sofrido eu até desmaiava em leito de diversos hospitais, você não conseguia pregar seus olhos e se mantinha firme a meu lado, como anjo, tentando evitar demonstrar seu cansaço e suas lágrimas, para que eu não sofresse ainda mais. Prometi a você mamãe que essa doença era cruel, mas que não me venceria. Ah! (parece até que ele, embora com o rosto imóvel, tenha sorrido à mãe) Ela não me venceu. Em pouco ela não mais existirá e eu poderei ter paz e serei feliz, você saberá. Lembra-se das milhões de orações que fizemos a Deus Nosso querido Pai? E dos milhares de amigos que conquistamos juntos por esse planeta chamado Terra. E que todos eles também faziam milhares de orações ao Pai do Céu. Às vezes a gente e esses amigos desconhecidos também, até duvidávamos das orações que elevávamos aos céus. Muitas vezes incrédulos chegávamos à conclusão de que Ele não ouvia nenhuma delas. Mamãe, como estávamos enganados. Eu já o vi. Ele é o Ser mais belo que qualquer mente possa imaginar. Recebeu-me com lindo sorriso em seu mundo e... Ah! Lembra-se de uma música em que um cantor dizia que nos momentos de dores o carregava no colo? Pois é, meu sofrimento era grande, mas a todo instante um de seus anjos me mantinha no colo. E quanto às orações, Ele me disse que ouvia a cada uma delas; nossa e as de cada um de nossos amigos, conhecidos ou não. Ele sabe que às vezes duvidávamos e disse que, Ele como Pai, jamais abandonaria um filho; que seus caminhos podem ser difíceis, mas que com certeza o conduzirá a glória eterna. Agora estarei com Ele e que você poderá descansar sem este fardinho para carregar. Sei que você vai dizer que preferia continuar com tal fardinho, mas mamãe, já fiquei o meu tempo; nem precisaria mais chorar por mim, pois me encontro em um lugar de muita paz de espírito e beleza incomparável; já posso correr, brincar e sorrir. Sei que ainda vai chorar. Tudo bem, eu e Ele entendemos o porquê. E espero, porque sei que um dia, lá no futuro irei reencontrar você para então, dar-lhe o maior beijo de nossas vidas, em retribuição a todos aqueles que você sempre com muito amor e carinho me deste. Ainda não reencontrei papai, mas já estou me preparando para isto. Vê! Não estarei sozinho! Tampouco perdido! E quanto a você, mamãe; lembra-se do filme O Pequeno Príncipe? O mais bonito que assisti à seu lado e até choramos juntos. Lembra-se de quando ele disse ao amigo aviador, se quiser ver o meu sorriso, não se assuste se um dia uma estrelinha distante sorrir para você, pois nela estarei eu. Pois é mamãe, se um dia olhando para as estrelinhas no céu também ouvires um sorriso, só não sei se saberás se sou eu quem sorri à você ou se ainda é o pequeno príncipe. Mas quem sabe você consiga ouvir duas risadas extravagantes, de dois anjinhos sapecas pulando de estrela em estrela.
Às quatorze horas e trinta minutos do dia 20 de Outubro de 2014, George Cesar de Oliveira Pereira se encontrava com Deus.
Ah! Não venhamos a estranhar se um dia uma pessoa em cruel doença terminal de câncer, se recuperar sem explicações científicas.
Autor(a): innocente
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