Fanfic: Lágrimas de sangue | Tema: Vondy/ Drama

Em seguida me olhei no espelho e senti ódio do que via, me senti culpada por tantas coisas, e sem querem me veio a morte de minha mãe, surgiram as lembranças do fundo do meu coração, era como se um filme de terror que me dava muito medo e angústia, se tornasse real, como se o chão que eu pisava se quebrasse e abrisse uma enorme cratera que me levava cada vez mais fundo para um lugar escuro, cheio de promiscuidades, de coisas ruins e lembranças vazias, me senti arruinada, mas ao mesmo tempo, me sentia completa, por que mesmo em lembranças tão ruins, ainda tinha a presença de meu pai e minha mãe em minha vida.
Mais um dia de briga em casa, parecia não ter mais fim aquele inferno, e o que mais me chateava era que em todas as brigas meu pai me culpava pelo fracasso do casamento deles, isso me devastava cada dia mais, mesmo sem entender muito as coisas que eles diziam, sei que as palavras não eram nada delicadas, eu tinha apenas cinco anos de idade, algumas palavras ainda não existia no meu vocabulário, mas hoje entendo o porque, na hora do nervoso eles se agrediam verbalmente com o que hoje chamamos de palavões, em um dia em uma das brigas.
- Eu estava no meu quarto chorando muito, porém eram lágrimas silenciosas, afinal, o silencio é o grito mais alto de uma garota, novamente meu pai agredia minha mãe verbalmente e ela fazia igual, eles diziam palavras feias uns aos outros, mas para mim isso era normal, só me assustei quando ouvi minha mãe gritar e eu congelei com o que tinha acabado de ouvir, estava sem reação, não sabia se me movia, ou se ficava ali, até que em um só pulo quando ouvi o som da porta bater fortemente, algo despertou em mim, não sei o que era, só sei que com aquele tamanho, com aquela idade, não sei como consegui reagir tão depressa a uma situação e corri em direção a minha mãe, algo dizia que eu devia ajuda-lá, então corri, abri a porta da sala e fui em direção ao caminho que via minha mãe correr, quando parei na calçada que dava ligação para a avenida, olhei mais para a frente e a vi ali, parada no meio da avenida, me olhando nos olhos, sussurrando algo que eu entendi, ela havia dito, lentamente e muito claro "EU TE AMO", eu apenas a olhava desesperadamente, angustiada, olhei para o céu, e disse "EU TE AMO MAMÃE", no momento seguinte ouvi buzinas, e um barulho muito alto, não tive coragem para olhar a batida, fechei os olhos com força ouvindo o som dos estilhaços de vidro caírem no chão, podia ouvir uma voz máscula pedir por ajuda, sim eu reconheci a voz, e era a do meu pai, via o céu ficar cinza, senti minhas mãos gelarem, era como se eu estivesse me desintegrado da terra por alguns instantes e tudo ocorria em câmera lenta, além do filme de terror se tornar real, tudo acontecia sem pressa, me marcando sem piedade, deixando os cortes expostos em meu coração de ter essa lembrança viva em mim, ouvi o barulho da sirene de uma ambulância, meu pai chorava e chorava, como nunca o tinha visto antes, e eu, não conseguia derramar uma lágrima se quer, apenas não me lembro de mais nada, tudo escureceu antes de eu olhar uma ultima vez para a direção em que minha mãe se encontrava a vi de olhos abertos, pondo sangue pela boca, a fitei até entrar na ambulância e depois apaguei como se tivesse entrado em um sono profundo. -
Depois de lembrar-me de toda aquela cena eu voltei ao banheiro e já me sentia muito melhor, acabara de fazer o que sempre fazia quando me sentia impotente e vulnerável a situações de lembranças como essas, eu havia me cortado.
Meus pulsos latejavam e sangravam muito, na minha direita havia uma lâmina de gilete, eu sorri aliviada, pois já me sentia melhor, lavei os braços, limpei o chão que continha algumas pocinhas de sangue, estaquei os pulsos, pressionando-os com força e aquilo doeu, mas eu não me importava, coloquei minhas pulseiras pretas, acessórios que eu chamava de disfarce, sai do banheiro e fui para fora do meu quarto respirar um pouco como se nada tivesse acontecido.