Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

CAPÍTULO 1


— Adoção? —Anahí repetiu, chocada. — Quer que eu entregue Melaine
a estranhos?

Parada no meio da sala minúscula do apartamento humilde onde morava. Anahí fiou a tia com expressão de horror. Mal acreditava que tudo aquilo estava mesmo acontecendo. Nas últimas e trágicas semanas sua vida parecia havia sido virada de cabeça para baixo.

— Vou fingir que não ouvi isso tia Laura — declarou, aconchegando o bebê nos braços.
—Não vai, não — a tia retrucou. — Vai me ouvir Anahi. Acha que eu faria uma sugestão como essa, se acreditasse que você está conseguindo resolver seus problemas?
—Vou resolvê-los! Anahi insistiu, zangada.

Elegante como sempre. Laura Cavell lançou um olhar frio a sua volta, desafiando tal afirmação.
O apartamento mais parecia um campo de guerra, repleto de apetrechos necessários aos cuidados com um bebe, Apesar do frio londrino, o calor produzido pelo aquecedor elétrico era bloqueada por um varal portátil, cheio de roupinhas molhadas. Como não tinha dinheiro para utilizar a lavanderia, Any improvisara meios de lavar e secar as roupas de Melanie
O aspecto de Anahi não era melhor que o de seu apartamento. O rosto, que antes fura bonito e viçoso, exibia as marcas do sofrimento e das preocupações excessivas, além das noites maldormnidas, por causa de um bebê que parecia só se acalmar quando era embalado nos braços.

— Só pedi a sua ajuda para pagar o aluguel — ela murmurou em tom defensivo.
— As vezes, é preciso ser cruel para praticar a generosidade — a tia replicou. Se tenho de usar métodos cruéis para fazê-la enxergar o erro que está cometendo, paciência!

Anahí concluiu que aquela fora a maneira que Laura encontrara de deixar claro que não pretendia lhe dar nem um centavo.

— Melanie nem sequer é sua filha, Anahi!
— Mas é minha irmã! Como pode querer tirá-la de mim?
— Meio-irmã — Laura corrigiu. — Nem sabemos quem é o pai dela — acrescentou com evidente desgosto.
— Que diferença faz? — Anahi persistiu, ofendida.

Ora, era verdade que sua mãe tivera um caso passageiro com um garçom espanhol, mas o que havia de errado nisso? Ao menos, fora capaz de atrair um homem, o que havia significado muito para ela, depois de tudo o que passara com o marido. Laura por outro lado, parecia nem sequer lembrar-se de que em suas veias também corria o mesmo sangue das duas sobrinhas.
A mãe de Anahí sempre dissera que a irmã não tinha coração. Era uma mulher fria e calculista, e o fato de ocupar uma posição de grande importância, como secretária pessoal do presidente de um dos maiores bancos da Europa, fazia com que se dedicasse inteiramente à carreira.
No momento em que Anahi se atrevera a lhe pedir ajuda, ela certamente começara a imaginar uma solução para o que, de seu ponto de vista, seriam anos de transtorno. E, para uma mulher que havia demonstrado tamanha facilidade em sacrificar o amor, o casamento e a perspectiva de constituir uma família, pelo bem da carreira, sugerir à sobrinha que entregasse a irmã para adoção não significava absolutamente nada.

— Você só tem vinte e um anos! — Laura prosseguiu. — Até um mês atrás, era estudante. Agora, abandonou a faculdade, mas não tem um emprego e, conseqüentemente, não dispõe de meios para sustentar a si mesma e menos ainda, um bebê! Não tem dinheiro sequer para pagar o aluguel deste lugar horrível!
— Conseguirei um emprego — Anahi retrucou, orgulhosa.
— Para fazer o quê? — Laura desafiou. — Vai ser garçonete ou faxineira, quando deveria estar fazendo o que sua mãe sempre sonhou, que é obter o seu diploma? E quem vai cuidar de Melanie? Uma babá custa caro, Anahi. O dinheiro que sua mãe deixou mal deu para as despesas do enterro.
— Tenho meus direitos! Com certeza, o Estado vai me ajudar!
—Claro que vai — a tia concordou, — mas somente no que for absolutamente necessário. E Melanie também tem direitos. Acha que ela vai sentir gratidão por você tê-la criado na pobreza, quando ela poderia crescer em meio a pessoas capazes de lhe dar tudo?