Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Confusa, Anahi esforçou-se para lembrar o que, exatamente, ele dissera sobre sua tia, mas não conseguiu.

— Por que trouxe-nos para cá, se não era para encontrar tia Laura? — perguntou.

Alfonso havia ligado o computador e examinava algo na tela, mas ao ouvir a pergunta, ergueu os olhos.

— Achei que isso era óbvio — replicou, voltando a fixar os olhos na tela. — Francamente, você está em péssimas condições, sem a menor possibilidade de cuidar de si mesma e, menos ainda, de um bebê. Por isso, ao menos por enquanto, ficará aqui.
— Mas eu não quero ficar aqui! — Anahí protestou.
Alfonso exibiu o sorriso breve que usara outras vezes.
— Não creio que tenha lhe dado escolha — declarou.

Ora, quem ele pensava que era, para decidir a vida dela daquela maneira?

— Não é um problema seu. Encontraremos uma solução. Minha tia...
— Sua tia — ele a interrompeu — deixou o país. E, já que nós dois sabemos que ela preferiria quebrar os dois braços a ter de cuidar de alguém, creio que devemos deixá-la fora disso. O que você acha?
— Mas é você quem determina para onde tia Laura vai!

Em vez de responder, Alfonso desligou o computador e virou-se para encará-la.

— Por favor, sente-se — sugeriu em tom gentil. — E permita-me, ao menos, ligar para a cozinha e pedir que tragam algo para você comer. Passei a tarde inteira ao seu lado e só a vi beber alguns goles de água.
— Aceito uma xícara de chá — cedeu com relutância.

Então, como estivesse exausta, foi se sentar em uma poltrona, diante da lareira, enquanto ele falava ao telefone. Admitiu que, além do chá, adoraria um banho de imersão, mas sabia que isso seria impossível.

— Não molhe o gesso — o médico advertira. — Envolva-o em um plástico, antes do banho.

Certo, alias quem prenderia o plástico? Deixando o corpo cansado afundar na poltrona, Anahí perguntou-se como se despiria, se lavaria, secaria e vestiria de novo.

— Anahí ... — a voz profunda chamou-a com suavidade. Ela abriu os olhos. Teria dormido? Não saberia dizer. Só sabia que, finalmente, voltara a se sentir aquecida e confortável.
Quando virou a cabeça, deparou com os misteriosos olhos negros.
— Desculpe-me por incomodá-la, mas Lefka precisa saber como preparar a mamadeira de Melanie — ele disse.

A mamadeira de Melanie? Oh, Deus! Sem pensar, levantou-se de um pulo.

— Ai! — gritou, sentindo o corpo inteiro doer.
No mesmo instante, Alfonso estava a seu lado, para ampará-la.
— Tola! — resmungou, zangado.
— Cale-se — Anahi balbuciou.

Alfonso calou-se e, durante alguns minutos, o único som no escritório era da respiração ofegante de Anahi, que continuava sua batalha contra a dor lancinante. Quando finalmente venceu a luta, deixou-se apoiar no corpo forte. E foi então que se deu conta de alguns detalhes sobre ele. Como, por exemplo, o peito largo e musculoso, que servia de almofada para seu rosto, e a cintura esbelta, onde sua mão esquerda pousara. Alfonso era um homem grande, forte, cujo perfume sutil a envolveu por completo, intoxicando-a.