Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

— Doloridas — ela respondeu com sinceridade.
— E o punho?
— Latejando.
— Então, creio que fiz bem em vir aqui para lhe dar isto — Alfonso falou, exibindo um vidro escuro. — É o analgésico que lhe deram no hospital. Eu me esqueci que estava em meu bolso. — Depois de colocar o vidro sobre um móvel, perguntou: — Onde está a sua tipóia?

Any baixou os olhos para o braço engessado.

— Devo tê-la deixado no banheiro — disse.
Sem dizer nada, mas recuperando a compostura, assim como a atitude arrogante, Alfonso foi até o banheiro e apanhou a tipóia.

Quando se aproximava de Any, fez uma pausa, pensou um pouco e, então, inquiriu em tom irônico:
— Posso?

Ela assentiu, dando-lhe permissão para se aproximar colocar a tipóia em seu pescoço. Ao acomodar o braço engessado em uma posição adequada, Alfonso comentou:

— Conseguiu tomar banho sem molhar o gesso.
— Sou uma garota esperta — ela replicou em tom casual.
— E, às vezes, muito inconseqüente e ingênua.
— Não entendo como pode tirar tantas conclusões sobre mim, tendo me conhecido há poucas horas!

Em seguida, Any trocou a brincadeira sarcástica por um gemido de dor. Os olhos negros e misteriosos perderam imediatamente sua frieza, passando a exprimir genuína preocupação.

— Está sentindo muita dor? — ele perguntou com suavidade
— Um pouco — Any mentiu.
— Onde dói?
— O corpo inteiro — ela confessou, mais uma vez à beira das lágrimas.

Alfonso voltou ao banheiro, a fim de apanhar um copo de água. Então, pegou dois comprimidos e estendeu para ela. Em silêncio, Any colocou-os na boca e bebeu parte da água que ele lhe ofereceu.

Uma lágrima desceu por sua face, mas ela não teve tempo de secá-la, pois Alfonso foi mais rápido. Além de secar a lágrima com os dedos, acariciou a face de Any, que foi invadida por um forte desejo de deixar-se acariciar daquela maneira para sempre. Também desejou poder afundar o rosto no peito largo e chorar até não ter mais lágrimas.

— Não consigo sequer endireitar o corpo — soluçou. — Meus músculos estão rijos e doloridos!

No mesmo instante, Alfonso tomou-a nos braços.

— Pareço um bebê ridículo! — ela lamentou em prantos
— Está ferida e exausta — ele a corrigiu. — O que significa que tem permissão para ser ridícula.

Any não conteve uma risada, embora se surpreendesse com a piada.
Depois de acomodá-la na cama, Alfonso cobriu-a. Seu semblante continuava frio e tenso, mas Any descobriu que gostava de olhar para ele.

— Quantos anos você tem? — perguntou, curiosa.
Ele a fitou em silêncio por um instante, antes de dizer:
— Sou muito velho. Agora, descanse e deixe o analgésico fazer efeito. Jantaremos dentro de duas horas. Até lá, Althea irá voltado com as suas coisas. Então, você poderá escolher entre descer para jantar comigo, ou comer aqui mesmo, no quarto.

Com isso, Alfonso deu meia-volta e saiu. Any sentiu um frio, como se o fogo houvesse se apagado de repente. Então, perguntou-se por que estava comparando Alfonso ao fogo, se e mais parecia um iceberg, na maior parte do tempo.