Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Os dois ergueram os olhos, mas suas expressões foram muito diferentes. Any demonstrou surpresa pelo ataque inesperado, enquanto Alfonso pareceu simplesmente resignado.

— É um prazer revê-la, Dulce — ele cumprimentou.

Porém, não havia o menor toque de prazer em suas palavras, assim como parecia não haver nada de positivo envolvendo Dulce. Any estremeceu, observando a outra aproximar-se.

Era uma mulher muito bonita. Os cabelos vermelho-fogo postura do corpo esbelto envolto em seda transpiravam dinheiro, classe e autoconfiança. O que mais impressionava a eram os olhos, de um cinza quase prateado, ainda mais que os de Alfonso.

Sentindo-se intimidada, Any aceitou de bom grado o braço forte que lhe circundou a cintura, em um gesto protetor. Ao mesmo tempo, pôs-se a especular quem seria aquela mulher, rezando para que ela não morasse naquela casa.

— Any, esta é minha cunhada, Dulce Markopoulou, -Alfonso apresentou-a.
Cunhada? Ora, ele havia se declarado único neto de uma avó moribunda!
— Sua cunhada viúva — Dulce corrigiu-o, esclarecendo a dúvida silenciosa de Any. — Fico feliz por ser a primeira pessoa a lhe dar as boas-vindas — dirigiu-se à recém-chegada, que não gostou do tom falso da declaração.
— Obrigada — Any replicou em tom gentil.

Dulce estendeu-lhe a mão, mas logo deu-se conta do gesso, ao qual Any sentiu-se grata, pois assim não teria de tocar a criatura gelada à sua frente.

— Ah, você se machucou! — disse, levemente sarcástica
— Foi um pequeno acidente — Any explicou em toa vago. — Portanto, receio não poder apertar sua mão.

Mais uma vez, Melanie pareceu afetada pela tensão a sua volta, e emitiu outro gritinho de protesto. Imediatamente, os olhos de Dulce fixaram-se no bebê e algo em seu semblante alterou-se.

— Ela se parece com você, Alfonso — comentou em tom casual.
— É minha filha — ele disse. — O que mais você esperava?

Em vez de responder, Dulce voltou a fixar os olhos em Any, retomando a máscara de frieza. Então, pediu licença e afastou-se, desaparecendo por um caminho que circundava a casa.

— Meu Deus! — Any exclamou, aliviada — Por que um clima tão tenso?
Alfonso emitiu uma risada cínica.
— Você acaba de conhecer a noiva que minha família havia escolhido para mim — informou.
— A esposa de seu irmão falecido? — ela indagou, chocada.

Seus olhos encontraram os dele e, no mesmo instante, seu corpo foi percorrido por algo parecido a uma corrente elétrica. Aparentemente despercebido das reações de Any, Alfonso explicou:

— Timo era bem mais velho que eu. Minha família acredita que devo algo à viúva dele, por ter me tornado herdeiro de tudo, depois da morte dele.
— Ora, mas essa noção é um tanto arcaica! Quando seu irmão morreu?
Any reconheceu de pronto a sombra da dor no semblante dele.
— Há um ano.
Bem, Alfonso perdera a esposa seis anos antes e o irmão, recentemente.
— Sinto muito — Any murmurou.
— Eu também. Sinto muita falta dele.
— Sei exatamente o que sente. As vezes, nós nos viramos para falar com aquela pessoa e, então, somos tomados pelo terrível sentimento de vazio, e nos lembramos...

Algo se alterou na expressão de Alfonso, fazendo Any calar, já à espera de uma de suas explosões. Por isso, estava totalmente despreparada para o que aconteceu: ele inclinou e beijou-a.