Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

— A situação está fugindo ao controle, Alfonso! — Any protestou no escritório de Alfonso, para onde se dirigira no momento em que deixara os aposentos da avó dele. —Ela quer que eu use o vestido que foi dela!
— Você não gostou?
— É maravilhoso, mas ela ama o vestido.., e ama você. Mas, aqui estamos nós, tentando enganá-la de todas as maneiras possíveis!

A única reação de Alfonso foi baixar os olhos e voltar a erguê-los. Então, Any notou que ele voltara a ser o homem de gelo, como se o incidente da véspera não houvesse acontecido.

— Faça alguma coisa! — insistiu, frustrada.
— O que quer que eu faça? Que vá dizer a ela que tudo não passa de uma grande mentira?
— Não — Any murmurou com um suspiro. — Sinto-me horrível! Detesto mentiras e, mesmo assim, estou mentindo para todas as pessoas com quem converso.
— Ela está feliz?
— Sim — ela admitiu com relutância.
— O vestido caiu tão bem em você quanto caiu bem nela, há mais de setenta anos?
— Sim.
Alfonso riu.
— Ela me garantiu que seria assim — contou. — Ontem à noite, depois de ter conhecido você, ela fez uma aposta comigo. Se o vestido ficasse bem em você, eu deveria comprá-lo. Além de gostar de apostas, vovó continua se divertindo ao me provocar.

Sim, pois dessa maneira, conseguia prolongar um pouco mais o tempo breve que lhe restava. Any baixou os olhos, enxergando o que a consciência pesada a impedira de ver. Alfonso estava disposto a fazer qualquer coisa para manter a avó viva.

Naquele dia, ela tinha o vestido de noiva como motivo para viver. No dia seguinte, outra coisa surgiria para ocupá-la. Então, começariam os preparativos para o casamento. Depois, havia a neta para conhecer...

Sem perceber o que fazia, Any entrou no jogo.
— Ela quer que nos casemos na semana que vem —murmurou. — Talvez, se eu insistir em adiarmos a cerimônia até tirar o gesso...

Alfonso sacudiu a cabeça e sua expressão grave explicava o motivo da negativa.

— Ela não tem tanto tempo? — Anahí indagou.
Em vez de dar uma resposta direta, ele disse:
— Vovó sabe o que está fazendo. Deixe que ela determine o ritmo das coisas.
Abalada por tal perspectiva, Any virou-se para a porta.
— Vou ver Melanie — declarou.
— Anahí, posso ocupar mais um minuto do seu tempo? —inquiriu a voz sempre controlada.— Gostaria de avisá-la que daremos uma festa, amanhã à noite. Minha família deseja conhecê-la antes do casamento. Por isso, faremos uma... festa de noivado, por assim dizer.

Any teve de respirar fundo, a fim de conter uma explosão.

— Não — sibilou. — Até agora, fiz tudo o que me pediu, a fim de sustentar a sua mentira, mas não exibida à sua família, para me tornar alvo de zombarias maldosas, porque acreditam que sou uma oportunista, que usou uma filha para prendê-lo.

— Se algum membro da minha família tiver a ousadia de zombar de você, nunca mais será recebido nesta casa — Alfonso garantiu, finalmente demonstrando alguma emoção. —Mas, se é esse o seu desejo, é claro que vou respeitá-lo. Irei agora mesmo falar com minha avó, a fim de informá-la de que a festa que ela imaginou não poderá acontecer.

A avó. Ele havia concordado com a festa porque a avó queria assim.
Any só estava concordando em fazer parte daquela farsa pelo bem de Melanie.
Avó... Melanie...

E quanto a ela mesma, Any perguntou-se com amargura.

— Muito bem. Daremos a festa — cedeu, — mas não vá me culpar se pensarem que você enlouqueceu, quando me virem.