Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

— Fez isso de propósito, não? — ele indagou com cinismo.
— Não sei do que está falando.
— Estou tentando dizer que não restará a menor dúvida do motivo pelo qual vou me casar com você.
— As mentiras podem ser constrangedoras, não acha? — ela zombou com ironia. —Infelizmente, vai ter de viver com esse constrangimento, pois não vou trocar de roupa só para poupá-lo do embaraço.
— Quem disse que estou embaraçado?

Any deu-lhe as costas, a fim de esconder a decepção.

Embora houvesse escolhido o vestido como desafio, só agora dava-se conta de que acalentara a esperança de agradá-lo.
Foi até a penteadeira e apanhou a falsa manga de seda branca que Althea confeccionara para cobrir o gesso.

— Onde está a tipóia? — Alfonso perguntou.
— Não preciso mais usá-la o tempo todo.
— Deixe-me ajudá-la — ele ofereceu, retirando o tecido branco de suas mãos. — Imagino que isto seja para cobrir o gesso.

Any permaneceu imóvel e calada, enquanto ele realizava uma tarefa que ela poderia perfeitamente ter realizado sozinha.

— A questão da idade é um problema para você, Any?
Ela se limitou a sacudir a cabeça em resposta.
— Ainda está zangada comigo por eu ter... passado dos limites?

Chocada, ela se deu conta de que aquele era o verdadeiro motivo de sua vulnerabilidade.

— Ora, você muda de humor a todo instante! — sentiu-se compelida a explicar. — Não sei como reagir a isso.
— Peço desculpas — ele murmurou, parecendo genuinamente perturbado.
Any suspirou.
— Não vai ser fácil enfrentar toda a sua família, sabendo o que estarão pensando quando olharem para mim.
— Sei disso.
— Althea disse que sou corajosa por me vestir assim, esta noite. A verdade é que não sou nem um pouco corajosa. Estou apenas... — parou de falar, por não encontrar as palavras adequadas.
— Tentando enfrentar a situação da melhor maneira possível — Alfonso completou.

Então, tocou-lhe a face com a ponta dos dedos e, em seguida, inclinou-se e roçou os Lábios nos dela.

— Althea deveria ter dito que você é linda, além de corajosa — ele murmurou.

Fitaram-se por um instante e sorriram. Foi o primeiro sorriso genuíno de ambos, em muitos dias. Em seguida, Alfonso tomou-lhe a mão e colocou um anel em seu dedo.

— Seu anel de noivado — explicou, quando Any arregalava os olhos, fixos no chuveiro de brilhantes mais lindo que ela já vira. — Trata-se de um detalhe muito importante em nosso plano.

O plano. Como podia ter se esquecido do plano?

— Este anel pertence à sua avó? — ela indagou com um nó na garganta.
— Foi o primeiro de muitos que meu avô lhe deu, mas este é o predileto dela. Você gosta?
— É muito bonito. Obrigada por permitir que eu o use, esta noite. Prometo tomar todo cuidado.
Alfonso já se afastava, mas parou.
— O anel é seu, agora. Não pretendo tomá-lo de volta.