Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Após um breve instante de silêncio, Alfonso disse:
— Eu sinto muito. A culpa foi toda minha e, no momento, sinto-me envergonhado de meus atos. Sente-se melhor assim?
— Não. Por favor, vá embora — ela pediu com voz estrangulada pela luta contra as lágrimas.

Alfonso abriu a boca para dizer algo, mas uma gargalhada ecoou na varanda, lá embaixo, levando-o a desistir de seu comentário, fosse ele qual fosse.

— Preciso voltar para a festa — limitou-se a dizer. —Não temos tempo para discutir isso agora.
Any não tinha a menor intenção de discutir coisa alguma... nunca!
— Aposto que todos já sabem que você me arrastou para o quarto — murmurou, mortificada. — Devo ser a grande piada da noite, a esta altura. Como acha que estou me sentindo?
— Não faça isso — Alfonso falou com voz tensa.

Não fazer o quê? Não se sentir magoada, usada e humilhada, quando tinha todo direito de sentir tudo isso?

— Odeio você! — ela sibilou. — Não temos mais nenhum acordo. Portanto, em vez de continuar mentindo, trate de contar a verdade aos seus convidados, para que tenham um motivo diferente de diversão.

De repente, Alfonso também pareceu muito abalado, mas as palavras que disse soaram bastante decididas:

— Receio não poder fazer isso. Já fomos longe demais, para você cancelar nosso acordo, agora.
— Não me lembro de ter lhe dado escolha!
— Também não lhe dei a alternativa de cancelar coisa alguma.

Any quase riu alto ao reconhecer a frieza costumeira, tanto na voz, quanto no olhar de Alfonso.

— Ouça o que vou lhe dizer, Any — ele declarou, aproximando-se da cama. — Nosso acordo continua de pé, nos mesmos termos. E embora eu saiba que o que acabou de acontecer complicou um pouco o nosso relacionamento, nada mudou.

Nada mudou? E quanto a ela?

— Se não parar de falar comigo, como se eu fosse um maldito computador, vou começar a gritar!
— Pelo amor de Deus, Any! — ele quase berrou, furioso. — Estou fazendo o possível para agir com sensatez, em meio a esta confusão que criamos. E prometo que isso nunca mais voltará a acontecer. Portanto, seguiremos adiante conforme o combinado. Faremos um casamento de conveniência. Adotarei Melanie como minha filha legítima. E você continuará livre para dar continuidade à sua vida, sem me dever qualquer explicação, quando assim decidir. Mas se tentar — acrescentou com profunda seriedade, —magoar minha avó em seus últimos dias de vida, saiba que estará comprando problemas. Não sou do tipo que aceita a derrota como um cavalheiro. Vou lutar e não terei escrúpulos em jogar sujo.

Ele falava sério, Any pensou, estremecendo. Interpretando o gesto dela como aquiescência, Alfonso fastou-se e anunciou em tom menos ameaçador:

— Agora, vou descer e contar uma piada típica dos gregos, sobre mulheres temperamentais e obstinadas. Verei você amanhã, de manhã.