Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Quando ele se encaminhava para a porta, Any ergueu os olhos, mas Alfonso virou-se e surpreendeu-a a observá-lo. Os olhos escuros deixaram claro que ele sabia exatamente o que ela pensava e sentia. O que a magoou profundamente, pois ele a conhecia com uma intimidade que ninguém jamais tivera, enquanto ela continuava incapaz de dizer quem realmente era aquele homem.

— Vai ficar bem? — Alfonso inquiriu com suavidade.
— Vou — Any mentiu, na esperança de que ele fosse logo embora, deixando-a sozinha para chorar todas as suas lágrimas.
— Quer que eu chame Althea para ajudá-la? — ele ofereceu.
— Não, obrigada. Posso me arrumar sozinha.

Alfonso assentiu, virou-se para a porta e pousou a mão na maçaneta. Porém, ficou ali parado e, sem virar-se, disse:

— Não quero que pense que não me senti honrado pelo que você me deu...
— Quer fazer o favor de sair? — Any interrompeu-o com frieza.

Sem dizer mais nada, ele saiu e fechou a porta. E, finalmente, Any pôde deitar-se encolhida na cama e chorar toda a sua tristeza.

Quando as lágrimas secaram, ela se levantou, envolveu o gesso em um plástico e passou longos minutos sob o chuveiro, deixando que a água quente Levasse consigo as mágoas que seu pranto deixara para trás.

Depois de vestir uma camisola, apanhou as roupas que Alfonso deixara espalhadas no chão, dobrou-as e levou-as ao quarto dele.

Descobriu que o aposento era quase idêntico ao seu, exceto pela cama impecável. Ao voltar para o próprio quarto, novas lágrimas turvaram-lhe a visão, quando seus olhos pousaram sobre os lençóis revoltos.

O que Alfonso interpretara como um "presente" que o fizera sentir-se honrado, fora para Any a perda de algo muito precioso. Por isso, ela sabia que não seria capaz de dormir naquela cama, ao menos na mesma noite.

Assim, foi deitar-se no sofá, onde fechou os olhos com força, na tentativa de apagar da memória as últimas horas que passara com Alfonso.

Apesar de esperar o contrário, adormeceu quase imediatamente, e dormiu um sono longo e pesado. Na manhã seguinte, tinha a vaga noção de ter acordado no meio da noite, quando sonhara que estava sendo carregada.
Fora uma sensação estranha, dolorosa, embora não no sentido físico. Any lembrou-se dela com clareza, ainda deitada, olhando para o teto.

— Não chore — a voz incrivelmente terna ecoou em sua mente.

Reconhecendo aquela voz, ela se sentou com um sobressalto, descobriu que estava na sua própria cama e soube, no mesmo instante, como fora parar ali. Não fora um sonho! Alfonso realmente entrara no quarto, a encontrara dormindo no sofá e a carregara nos braços para a cama. No meio do caminho, ela acordara e começara a chorar de novo.