Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Ficou furiosa consigo mesma, por ter permitido que ele a visse tão infeliz.

Fechou os olhos, na tentativa de impedir que as lembranças invadissem sua mente, mas foi em vão. Viu, como em um filme, os próprios braços enlaçando o pescoço de Alfonso , que a acomodou na cama com gentileza, antes de roçar os lábios em sua face, confortando-a, até que ela voltara a adormecer. Repetiu mil vezes que o odiava por tê-la surpreendido em situação tão vulnerável.

Inconformada, levantou-se e se arrumou depressa, determinada a buscar conforto na companhia de Melanie. Decidiu que prepararia seu desjejum no berçário, que contava com uma cozinha completa, o que a pouparia de confrontar Alfonso à mesa do café da manhã. A idéia não só animou seu espírito, mas também despertou seu estômago.

Assim que saiu do quarto, deu-se conta de que a casa encontrava-se mergulhada no mais absoluto silêncio. Embora ainda fosse muito cedo, imaginara encontrar os criados em plena atividade, limpando os restos da festa da véspera. Porém, quando espiou a sala lá embaixo, viu que tudo já fora arrumado, não restando o menor sinal de festa.

Provavelmente, os criados haviam trabalhado a madrugada inteiro, ganhando com isso o direito de ficaram em suas camas até mais tarde. O que significava que ela deveria ser a única pessoa acordada, por enquanto.

Tal perspectiva a agradou, uma vez que ainda precisava assimilar o que acontecera na noite anterior. Decidiu usar o cansaço da criadagem como desculpa para pedir que a deixassem cuidar de Melanie o dia todo.

O berçário seria o esconderijo perfeito, onde ela poderia refletir sobre o que fazer. O impulso de apanhar o bebê e fugir não a abandonara por completo. Não fosse pela avó de Alfonso, Any já teria feito isso, desaparecendo na calada da noite, como uma ladra.

E, ainda, tinha de pensar em Melanie, que teria tanto a ganhar, vivendo em meio ao luxo e à riqueza.

Viu-se obrigada a admitir que a fuga não oferecia muitas vantagens. E nem sequer considerara a ameaça de retaliação de Alfonso.

O berçário também estava silencioso, e Any fechou a porta atrás de si com todo cuidado. Então, percebeu um movimento no canto oposto ao berço e virou-se, esperando encontrar Althea. E ficou petrificada ao se ver diante de Alfonso.

Vestindo um agasalho confortável, ele estava sentado na cadeira de balanço, com Melanie nos braços. Tinha os olhos fechados, mas não estava dormindo, pois usava um dos pés para manter o balanço ritmado da cadeira.

Obedecendo ao primeiro impulso, Any virou-se para fugir antes que ele se desse conta de sua presença, mas Alfonso abriu os olhos naquele exato momento.

Desta vez, os dois ficaram petrificados, igualmente desconsertados por estarem face a face. Nenhum deles falou, como se as lembranças da véspera e os sentimentos provocados por elas os deixassem sem voz.