Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Na manhã seguinte, Nikos levou o casal ao porto de Rafina. Any faria compras e, como Alfonso tinha muitos compromissos, o motorista a levaria para casa, assim que ela terminasse.

Alfonso beijou-a com paixão, antes de sair do carro e deixá-la aos cuidados do sempre sorridente Nikos.

— A senhora o faz muito feliz — o motorista declarou, fitando-a pelo espelho retrovisor. — É maravilhoso para nós, que o conhecemos há tantos anos, vê-lo assim novamente.

Certa de que Nikos se referia à morte da primeira esposa de Alfonso, Any tratou de afastar o presságio que oprimiu seu peito e também saiu do carro. Disse a si mesma que tudo aquilo acontecera seis anos antes.

Agora, a vida era maravilhosa, e ela não permitiria que nada a estragasse.

Infelizmente, as circunstâncias fugiram ao seu controle.

Quando saía da farmácia, com o único item que realmente precisava comprar, deparou com sua tia.
— Tia Laura? — murmurou, surpresa.

Elegante como sempre, Laura mostrou-se muito desconsertada por se ver diante de Any, e pareceu prestes a se afastar, como se não houvesse visto a sobrinha.
— Tia Laura, sou eu, Any!
— Eu sei que é você — a outra replicou, irritada. — Não sou cega.

Apesar do tom irônico, Any tinha certeza de que Laura ia mesmo fingir que não a vira. Sentiu-se magoada por isso e. também, porque era evidente que Alfonso sabia da presença de sua tia em Rafina, mas não lhe dissera nada.

O olhar da tia tornara-se gelado, examinando atentamente as roupas caras que a sobrinha vestia.

— Ora, você acabou se saindo muito bem — Laura comentou com escárnio. — Não é de admirar que não se importe com o fato de tudo não passar de uma farsa.
— Não é uma farsa — Any negou. — Estamos apaixonados.
— Apaixonados? Alfonso Herrera não se apaixona, Any. Ele toma as decisões mais convenientes aos seus negócios.
— Pare com isso, titia! — Any não compreendia a atitude da tia. Afinal, além de Melanie, eram as duas únicas parentas vivas. — Alfonso é seu patrão. Pensei que o admirasse e respeitasse.
— Meu patrão? — Laura repetiu de olhos arregalados. — Ele não é meu patrão. De onde você tirou essa idéia?

Era como estar parada na beira de um precipício.

— Não faça esse tipo de jogo comigo — murmurou com voz trêmula. — Vocês estavam a caminho do aeroporto, para embarcar em uma viagem de negócios, quando eu o conheci.
— Foi isso o que ele lhe disse? Alfonso não lhe contou nada, Any? É difícil acreditar que ele conseguiu convencê-la a fazer parte da vida dele, a partilhar sua cama, mesmo já tendo conseguido o que ele realmente queria, que, desde o início, era Melanie. E tudo isso, sem lavar a roupa suja da família!

Agora, Any sentia-se caindo no precipício sem fundo.

— Do que está falando? — inquiriu em um sussurro.

Laura refletiu por um momento, tentando decidir se deveria contar mais alguma coisa, ou não.
— Vou lhe contar tudo de uma vez! — declarou de repente. — É o mínimo que ele merece. Vamos encontrar um lugar menos público, pois você está prestes a sofrer um grande choque e, pela sua palidez, acho melhor sentar-se.