Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

Ao ouvir o ruído do papel plastificado, Any foi tomada pelo pânico e, em um movimento desesperado, atirou-se para ele, na tentativa de apanhar o teste de gravidez, antes que ele se desse conta do que era aquilo.

Tarde demais. Alfonso a fitava de olhos arregalados, incrédulo e muito abalado.

— Por que comprou isso? — ele perguntou com voz rouca.
— Por favor, dê-me isso — ela insistiu.
— Por quê?
A fúria na voz dele deixou Any confusa e assustada.
— Responda, Any!

— Eu pretendia lhe contar, Alfonso, se o resultado fosse positivo — ela falou depressa, acreditando ser esse o motivo da reação dele.
— Quero que saia desta casa imediatamente! — ele sibilou. — Nunca mais quero pôr os olhos em você!
— Por que está tão zangado? — ela inquiriu, atônita. —Não usamos proteção nenhuma vez, em todas essas semanas. Você tinha de saber que essa possibilidade era muito grande!
— Minha esposa costumava exibir estas coisas para mim, uma vez por mês! Durante cinco anos infernais, ouvi minha esposa soluçar uma vez por mês, quando o maldito teste comprovava o que já sabíamos. Sou estéril, Any!

Foi a vez de Any empalidecer.

— Lembro-me de que você disse não querer ter filhos —murmurou, — mas estou sentindo todos os sintomas de uma gravidez, Alfonso.
— Assim como Sofia sentia — ele vociferou, — todos os meses!
— Não! — Any protestou, recusando-se a acreditar no que acabara de ouvir. — Não sou como ela. Amo você, Alfonso. Eu jamais brincaria com os seus sentimentos!
— Sofia me amava — ele replicou. — Ela me idolatrava, vivia para mim! E, no final, decidiu acabar com a minha infelicidade, suicidando-se em nome do amor!

Seis anos haviam se passado, mas Alfonso não havia se recuperado do golpe que aquele ato final de egoísmo representara em sua alma.

— Não quero acreditar em tudo isso — Any murmurou, atordoada, como se vivesse o pior pesadelo de sua vida.
— Pois, trate de acreditar — Alfonso advertiu-a em tom rude. — Sou estéril e nosso casamento acabou. Não vou me submeter àquele inferno de novo, nem por você, nem por qualquer outra mulher!

Com isso, saiu do quarto e bateu a porta atrás de si, deixando Any trêmula, tentando desesperadamente assimilar tudo o que lhe fora revelado na última hora.

Estéril...

Olhou para o teste de gravidez que ele havia atirado sobre a cama. O que para ela fora apenas uma compra impulsiva, era um instrumento de tortura para Alfonso.

Quando virava para a janela, desviando os olhos do pacote que já não queria ver, as palavras de Alfonso ecoaram em sua mente.

"Trate de acreditar", ele dissera. Trate de acreditar...

Sentindo um calafrio, provocado pela idéia que cruzou sua mente, apanhou o teste e foi para o banheiro, ao mesmo tempo em que o motor de um carro afastava ruidosamente da casa.