Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

— Trata-se de um pedido estranho — ele murmurou. — Já estou zangado só por ter ouvido tal sugestão.
— Foi o que pensei. Bem, tive um dia muito ruim, hoje. Por pouco, não foi o pior da minha vida.
— Imagino que seja eu o culpado.
— Sim e não. O encontro com minha tia não ajudou em nada. Depois, nós brigamos e você desapareceu. Estava me sentindo péssima.
— Sinto muito.

Ela deu de ombros.

— Então, uma coisa assustadora aconteceu, e pedi a Nikos que me levasse a Rafina, para que eu pudesse consultar um médico.

Alfonso entrou em estado de alerta.

— Por quê? O que aconteceu com você?
— Ele me examinou — Any continuou, ignorando a interrupção — e confirmou meu maior temor. Alfonso, você confia em mim o bastante para ter certeza de que não o traí?
— Claro — ele respondeu, impaciente. — Diga logo o que está errado com você.
— Meu útero está... distendido — ela disse, encontrando grande dificuldade em prosseguir. — O médico fez alguns testes e... Alfonso, estou grávida.

Após um momento de total imobilidade, Alfonso praguejou e, com fúria inesperada, atirou-a para o lado e pulou da cama.

— Pensei que havia concordado em não fazer isso!
— Estou grávida de seis semanas — Any acrescentou com urgência. — Alfonso , preciso que você...
— Quantas vezes terei de passar por isso, meu Deus? — ele urrava, aflito. — Você não pode estar grávida! Sou estéril, Any. Estéril!

Trêmula, Any continuou sentada na cama.

— O médico explicou isso. Disse que as pesquisas sobre esterilidade masculina são relativamente novas. Acabaram de descobrir que a contagem de espermatozóides de um homem pode se alterar sensivelmente, de um mês para outro.
— Não acredito que estou ouvindo isso! — ele exclamou, encaminhando-se para o próprio quarto.
— Ele disse que, se você só fez o teste uma vez — ela continuou, — o material pode ter sido colhido em um mau dia...
— Mau dia? — Alfonso virou-se para fitá-la, e a expressão em seu rosto fez Anyestremecer. — Tive cinco anos de maus dias, Any! Como vai explicar isso?
— Esse médico é o mesmo que atendia a família de Sofia — ela prosseguiu, com voz trêmula, mas determinada. — Ele...
— Não! Nosso médico tem consultório em Atenas e...
— O médico que consultei atendia a família de Sofia, antes dela se casar com você. Ele quer conversar com você.., em particular. Disse que tem informações sobre Sofia e que você precisa saber.

A expressão de Alfonso transformou-se e, embora Any não fosse capaz de reconhecer exatamente o que havia mudado, foi tomada de profundo desânimo, quando ele foi para o próprio quarto. Pousou a testa sobre os joelhos e fechou os olhos, mas voltou a abri-los, sobressaltada, quando algo pesado caiu sobre o colchão ao seu lado.

— Ligue para o médico — Alfonso comandou, parado ao seu lado.

Confusa, Any olhou em volta e só então viu o telefone sem fio que ele atirara ali.
— Já é madrugada, Alfonso — ela protestou.
— Então, acorde-o.
— O cartão está na penteadeira — Any informou com voz fraca.

Sem perder tempo, Alfonso apanhou o cartão, leu as letras gregas e discou o número. Incapaz de suportar mais dor e sofrimento, Any levantou-se em silêncio e fugiu para o banheiro, de onde ouviu a voz tensa de Alfonso interrogar o médico em grego.

Quando o silêncio voltou a tomar conta do quarto, ela ainda permaneceu imóvel no banheiro, sem saber o que fazer. Depois de muito refletir, encheu-se de coragem e abriu a porta.