Fanfic: Redes de Mentiras | Tema: Ponny, AyA

CAPÍTULO 2

— Como está se sentindo? — ele indagou em tom gentil, assim que Anahí abriu os olhos.
— Dopada — ela replicou.
— Precisa de algum tempo para se recuperar da anestesia. Então, se estiver se sentindo bem, poderá voltar para casa.

Animada com a idéia de ir para casa, Anahi sentou-se na cama.

— Onde está Melanie? — perguntou.
Pela primeira vez, seu guardião se mostrou contrariado.
— Eu esperava que, a esta altura, você confiasse em mim para providenciar que sua criança fosse bem cuidada — retrucou com impaciência.
— Só por que tia Laura trabalha para você? — Anahi devolveu em tom de desafio, notando a tensão provocada por suas palavras. — O fato de ter sido gentil e me socorrido não significa que posso confiar em você. Não o conheço e nada garante que não é um desses maníacos que atacam jovens inocentes e vulneráveis.

Anahi arrependeu-se das palavras rudes assim que as pronunciou, mas não teve chance de se desculpar, pois ele a impediu.

— Jovem, você é — ele admitiu. — Afinal, não deve ter mais que dezoito anos. E, vulnerável, realmente está, no momento. Mas, inocente? — indagou com cinismo. — Uma mulher não pode ser inocente e, ao mesmo tempo, gerar uma criança, srta. Stenson.

Além de ter se enganado com relação à idade dela, ele também concluíra que Melanie era sua filha! Seria possível que tia Laura não houvesse contado a verdade a ele? E quem ele pensava que era, afinal, para julgá-la?

— Não tenho dezoito anos. Tenho vinte e um! — corrigiu-o, irritada. — E Melanie não é minha filha. Ela é minha irmã! Nossa mãe morreu, apenas duas semanas depois de dar à luz. Se você não houvesse mandado minha tia cuidar dos seus assuntos tão importantes, ela certamente teria tido tempo de lhe explicar tudo isso, e eu não estaria aqui, sendo insultada dessa maneira! Além do mais, minha inocência, ou falta dela, não é da sua conta.

Naquele momento, a porta se abriu e uma enfermeira entrou, trazendo Melanie nos braços.

— Ah, já está acordada! — ela falou com um sorriso para Anahi.

Aproximou-se da cama e, com movimentos delicados, acomodou o bebê adormecido. — Ela foi alimentada, trocada e muito mimada. Portanto, não vai precisar se preocupar com ela por algumas horas.

— Obrigada — Anahi murmurou. — Vocês foram muito gentis.
— Ora, não foi nada — a enfermeira declarou. — Se estiver se sentindo bem, poderá ir para casa quando quiser — informou e saiu.

Constrangida, Anahi concentrou a atenção em Melanie. Como a enfermeira dissera, a menina parecia feliz e satisfeita em seu sono. Enquanto Anahí acariciava uma face rosada, sentia os olhos escuros fixos em si.

—Peço desculpas —ele começou de repente — pela... discussão de agora há pouco. Eu não tinha o direito de fazer comentários sobre a sua vida, ou seus princípios morais. E, claro, não tinha o direito de tirar conclusões sobre você, ou sobre a situação em que se encontra. Na verdade, sinto-me envergonhado por ter feito o que fiz.

Anahí escondeu a surpresa e aceitou o pedido de desculpas.

— Quem é você? — perguntou, curiosa. — Como se chama? Parece loucura termos passado metade do dia juntos, e eu ainda não saber o seu nome.

— Sua tia nunca falou de mim? — ele inquiriu.

— Não. Disse apenas que trabalha para o presidente de um grande banco.
Ele pareceu demorar alguns instantes para digerir tal informação, o que

Anahi achou um tanto estranho.

— Meu nome é Alfonso Herrera — informou, por fim. — Sou grego.

Sem saber o que fazer, Anahi limitou-se a assentir. Em conseqüência, o silêncio voltou, tão constrangedor quanto antes.