Fanfic: Irmão do Noivo | Tema: Ponny, AyA

O elevador no que viajava caiu inesperadamente dez andares. Abriu os olhos, e aquela horrível sensação de queda lhe deixou o coração no ar.

Então olhou a seu redor, incapaz de reconhecer o meio, e demorou uns minutos em conter a desolação que tinha experimentado para poder interessar-se pelo que ocorria em torno dela. A cabine estava as escuras, e o longínquo ronco dos motores mal perturbava a quietude que os rodeava. Alguém tinha recostado seu assento, tinha-a coberto com um cobertor fino e tinha colocado um travesseiro junto a sua bochecha. As persianas estavam baixas, mas lhe bastou com jogar uma rápida olhada para comprovar que estava tão escuro fora como dentro.

Girou a cabeça devagar e se encontrou com o rosto adormecido de Alfonso. Sua inesperada proximidade a obrigou a conter a respiração. Não tinha esperado encontrá-lo dormindo. Durante os últimos dias sempre o tinha visto alerta, e lhe resultou bastante desconcertante vê-lo assim.

Como o seu, seu assento estava reclinado, e seu rosto moreno girado para ela. Tinha-se tirado o terno, e a gravata também tinha desaparecido. Os botões superiores da camisa estavam desabotoados e tinha subido as mangas, de maneira que deixavam a descoberto o pêlo escuro que cobria seus antebraços. Tinha as mãos entrelaçadas sobre o estômago, e a aliança de ouro que ele tinha feito questão de que lhe pusesse brilhava delicadamente em sua mão esquerda.

Então olhou suas próprias mãos, enlaçadas da mesma maneira, e estudou aquela outra aliança igual a dele.

Casada com um estranho.

Que pensaria ele? Que pensaria para valer sobre aquela desgrenhada relação na que tinham embarcado?
Seu rosto não revelava nada, como era habitual nele. Ainda estando em repouso, seguia mantendo seus pensamentos a bom arrecado. No entanto, com seus olhos cinzas como o inverno ocultos depois das longas pálpebras, seu aspecto era diferente, mais amável, com as linhas que o sonho apagava ao redor de seus olhos. Inclusive sua boca parecia mais suave, mais amável, e a linha de seus lábios lhe pareceu surpreendentemente sensual.

Surpreendente porque nunca tinha pensado nele desse modo. Mas estava começando a sentir que algo se acordava dentro dela, algo como o atrito das gemas de uns dedos na cintura, e seu coração deu um doloroso salto.

- Não. -Fechou os olhos para bloqueá-lo... para bloqueá-lo a ele. Alfonso podia ter-se convertido num ser indispensável para ela naquele momento, mas não queria sentir nada por ele. Já tinha bastante traumatizadas suas sensações.- Dereck. -Um sussurro se escapou de seus lábios, triste e dolorido.
- Estás acordada?

Abriu os olhos para encontrar-se com aquela mirada cinza e menos inquisitiva na escuridão.

Para valer era capaz de saber em que momento repensava em seu irmão? Era incrível a forma em que se as arrumava para interromper seus pensamentos cada vez que chegava a conjurar o rosto de Derrick ante seus olhos.