Fanfic: Irmão do Noivo | Tema: Ponny, AyA

- Crês que poderias transcrever-me tudo isso se eu encontrar um computador disponível?

- Por suposto. -Contestou; sentia-se bem mais cômoda com aquela relação chefe secretária que com a outra, bem mais íntima.
- Bem -Assentiu, e a surpreendeu tirando da última gaveta um computador portátil.- Utilizaste algum antes? -perguntou, e quando ela assentiu, deixou-lhe uns quantos cabos no colo.- Então o põe em ordem enquanto eu sirvo o café? -Se levantou e esticou os braços, de modo que Anahi não pôde evitar reparar nos músculos de seu torso. A boca se lhe ficou seca e baixou a mirada, porque uma estranha classe de peso se tinha apoderado de seus próprios músculos.

Devia ser o efeito da diferença horária, mas quando o deu uns passos, soltou o ar que tinha estado contendo sem dar-se conta e franziu o cenho. Não lhe agradava nada suspeitar que a cada minuto que passava ia reagindo com mais força ante o homem de carne e osso.

Para quando ele se acercou de novo à mesa, Anahi tinha já funcionando o computador. Tinha carregado o mesmo programa com o que trabalhava no escritório, assim que se pôs mãos à obra.
Trabalharam num cômodo silêncio durante um momento, ele lendo mais páginas daqueles relatórios e ela digitando. Era uma situação estranha, disse-se Anahi numa pequena paragem para tomar um sorvo de café. Ali estavam os dois, estranhos, inclusive inimigos até certo ponto, mas recém casados e em uma de mel ante os olhos dos demais. E no entanto, à primeira oportunidade, Alfonso a havia posto para trabalhar..

- Por que o sorriso? -Perguntou ele com sua voz profunda.

Alguma vez se lhe escaparia algo?, perguntou-se, surpreendida de vê-lo recostado em seu cadeirão observando a ela em lugar de concentrado em seu trabalho como lhe tinha suposto.

- Me estava perguntando que devem estar pensando teus empregados ao ver que me puseste a trabalhar-lhe -confessou.
- Preferiria saber que pensas tu de mim -contestou com suavidade.
Anahi baixou a mirada, consciente do rubor que lhe tinha as bochechas.
- Pois que és um negreiro -contestou, já que o melhor era tirar-lhe importância a sua pergunta.

Mas a cor seguiu em suas bochechas durante um bom momento, já que cada vez que levantava a vista, encontrava-o observando-a.

Era algo inquietante e problemático, já que lhe estava fazendo sentir algo estranho dentro, como se fosse uma mola a ponto de saltar à mínima provocação.
A diferença horária. Isso devia ser. "Vou voltar-me louca se não durmo" disse-se. "Isso é o que se passa".
Uma hora mais tarde, voltavam a tomar o elevador.

- Aonde vamos agora? -perguntou-lhe ao chegar à entrada e com a esperança de que voltassem ao hotel para descansar.
- Vamos comprar-te roupa.
- Mas Alfonso! -Estava tão cansada que quase não podia mover as pernas - Se acabas de comprar-me um montão de roupa nova! - Não preciso de nada mais.
- Há um shopping muito perto disse como se não a tivesse escutado. Podes comprar de tudo, desde Chanel a Joe Bloggs.

Duas horas mais tarde, sentaram-se num café estilo italiano do mesmo shopping para tomar-se um expresso que a ajudasse a seguir acordada.

- Creio que posso chegar a odiar-te -murmurou quando voltou a pilhá-lo olhando-a e sorrindo.- Por que estás fazendo isto? -E por isto se referia ao montão quase criminoso de sacolas de desenhistas que os rodeavam.- Não vou ter tempo de pôr-me tudo isto!
- Tinha que conseguir que seguisses acordada -contestou, aparentemente indiferente à quantidade de dinheiro que lhe tinha custado mantê-la desperta. - Esta noite não haverá calmantes, recordas?
- Não os preciso. Procura-me uma almofada e ficarei dormindo agora mesmo, com a cabeça apoiada na mesa. Por verdadeiro, quanto tempo levo desperta?
Olhou em seu relógio.
- Só passaram doze horas desde que acordastes no avião.
- Pois me parece uma eternidade.
- Toma o café lhe disse, -sorrindo.
- E também podes deixar de fazer isso -gritou. –Refiro-me ao de dar-me ordens como se fosse uma mascote.
Então fechou os olhos e o cinza de seu íris brilhou.
- Segues trabalhando para mim? -perguntou-lhe.
- Queres saber se sigo sendo empregada de tua empresa?
Ele assentiu, e depois ela.
- Tenho que voltar ao escritório dentro de três semanas.
- Então, deixa de discutir com teu chefe.
- Estou de férias.
A forma em que se inclinou sobre a mesa para tomar sua mão a sobressaltou.
- Estás de lua-de-mel -a corrigiu com suavidade, e a viu ficar pálida ao pensar em Dereck e não nele... Então soltou a sua mão. - E não dês um pulo cada vez que te toque adicionou.
- Sinto muito, -murmurou ela.
Alfonso suspirou irritado, mas Anahí teve a sensação de que ele estava mais irritado consigo mesmo do que com ela.
- Vamos! -disse.