Fanfic: Irmão do Noivo | Tema: Ponny, AyA

Anahi enrijeceu, e ele se inclinou para beijá-la. Aquele contato lhe soube diferente. Mais cálido e mais terno. Como aquele beijo que compartilharam na pista de baile. Rodeou seu pescoço pelas mãos para prolongar aquele prazer enquanto ele a sujeitava pela cintura, e o mundo se desvaneceu a seu redor enquanto desfrutava daquele momento que soube lembraria para sempre.

Foi ele quem se separou, a contragosto isso sim, e seus olhos estavam embaçados por algo que não pôde definir.

- És... especial. -disse baixinho.- O sabias?

Tu também o és, tivesse-lhe querido dizer, mas não teve o coragem suficiente, assim roçou brevemente seus lábios antes de que se separassem definitivamente.

O resto do dia foi assim, suave, fácil, quase romântico, enquanto Alfonso lhe mostrava Hong Kong, bastante satisfeito ao menos aparen-temente de fazer de turista com ela. Terminaram no lado de Kow-loon, onde jantaram num pequeno restaurante chinês situado num beco bastante duvidoso. No entanto, a comida que lhes serviram foi a melhor do que Anahí tinha provado até então. Depois Alfonso decidiu ensinar-lhe a feira noturna de Tempere Street.

- Não te separes de mim, -lhe advertiu quando chegaram a uma rua inundada de postos e gente.- E tem cuidado com os bolsos.
- Não levo nada. -contestou, rindo. Seguia usando o vestido branco, e como único acessório uma bolsa de couro branco que levava pendurando em seu braço; ademais, o único que levava dentro era um lápis de lábios e um lenço, de maneira que os ladrões teriam uma boa decepção. Mesmo assim, não se soltou da mão de Alfonso.

Passearam entre longas filas de postos nos que se vendia roupa de desenho para homem e para mulher, a maioria copias ilegais das mais exclusivas marcas. Postos de material fotográfico e elétrico, joalherias...e seus olhos começaram a brilhar deleitados ante tal caleidoscópio de formas, sons e cores.

Deteve-se adiante de um dos postos frente a algo que chamou sua atenção.
-Alfonso, tens algum dinheiro para me emprestar? -perguntou-lhe por impulso. - É que não tive oportunidade de trocar os cheques de viagem e quero comprar um desses.
- O que... um relógio?
- Sim. Deixei o meu na casa de Londres. -lhe explicou.
Ele a ficou olhando um instante com expressão algo cômica.
- Estás se brincadeira, não? Não estarás dizendo em sério que queres comprar-te uma destas cópias.
- Pois claro que não estou de brincadeira! Quero um. Não são nada caros -adicionou.- Acabo de ouvir um turista pagar cinco dólares de Hong Kong. Não me parece caro.
- Se queres um relógio, Anahi, iremos a uma joalheria para valer e eu te comprarei um. Um para valer. -adicionou, olhando com certo desprezo ao posto de cópias.
- Não sejas tão esticado, -exclamou.- Já te devolverei amanhã o dinheiro quando trocar o cheque.

E ao dar-se a volta, viu que o termo esticado lhe tinha sentado como um pontapé nos narizes.
Para quando o conseguiu por fim dar-se conta de que tinha razão, ela já estava enfrascada no pechincho com o vendedor, e com um sorriso, limitou-se a desfrutar da habilidade da mulher com que tinha se casado.

Ela também o desfrutou.

- Bem, -exclamou por fim.- Já chegamos a um acordo.
- Quanto? -perguntou Alfonso. Tinha os braços cruzados e os olhos carregados de ironia.
- Dois dólares cinqüenta. -declarou, triunfal.
Ele fez uma careta.
- Bem feito, -a felicitou, e lentamente descruzou os braços para botar a mão no bolso e entregou ao vendedor o dinheiro. Mas o que o vendedor lhe entregou a mudança lhe obrigou a esconder sua opinião ao vê-lo. Era um relógio, sim, um relógio com uma correia de plástico rosa, uma cara negra por esfera... e as mãos de Minnie como ponteiros. -Não me posso crer. -murmurou.
- É gracioso, -contestou ela, apresentando-lhe o braço para que pudesse colocá-lo. -Está certo a hora? -perguntou quando teve terminado.
Alfonso e conferiu seu Rolex de ouro e comprovou o que os braços de Minnie indicavam.
- Ao segundo –concedeu.
- Estupendo -respondeu ela, e estendeu o braço com drama para estudar seu compra. -Pela primeira vez desde que cheguei a Hong Kong vou saber que hora é para valer declarou, satisfeita.
Alfonso franziu o cenho.
- Por isso o querias?
- Sim. E porque me agrada. -adicionou, ainda que mordendo-se o lábio inferior porque sabia perfeitamente bem a que se referia ele.
- És uma provocadora, sabias?
- Ah, sei?

E então ocorreu, sem mais. Sua mirada se tinha transformado por completo. No lugar mas coincidido do universo, seus olhos se encontraram e de repente estiveram os dois sós, perdidos nas sensações que acordavam o um no outro.

- Vamos, -disse ele.

Ela não contestou, mas deixou que ele a rodeasse com o braço, e assim caminharam até a estação de trem mais próxima.

O trem chegou abarrotado. Anahi se colocou com as costas coladas a umas portas e ele frente a ela, um braço apoiado no balaústre e o outro rodeando sua cintura. Nenhum dos dois disse nada, mas Anahí sentiu a tensão crescer entre eles. Para quando o trem chegou a seu destino, custava-lhe trabalho respirar.

O hotel estava a uns passos da estação, e tiveram que compartilhar o elevador com outros casais, e uma breve mirada bastou para que o brilho de seus olhos escuros lhe enviasse uma onda de calor por todo o corpo.
Desejava-a, apaixonadamente. E de repente a boca lhe ficou seca e o coração lhe bateu desaforadamente no silêncio do elevador.