Fanfic: Irmão do Noivo | Tema: Ponny, AyA

Deveria ter voltado ao trabalho, mas não se sentiu capaz, ainda que também não queria estar só naquela casa. Durante as últimas semanas, tinha começado a pensar nela como seu lar, mas agora tinha voltado a ser o lugar mais estranho do que a terra podia oferecer-lhe. E ao estar ali em meio, pisando o solo de tarima polida, pensou em outra casa, num verdadeiro lar, e não num lugar construído sobre uma ilusão. O único lar em que queria estar naquele preciso momento de sua vida...

Quando a campainha soou, as seis da tarde, Anahi o estava esperando, mas mesmo assim lhe custou um grande esforço levantar-se da cadeira desde a que se supunha que tinha estado vendo a televisão, ainda que na realidade, tinha estado esperando por aquilo:

Um confronto com Alfonso

Com a boca seca e o rosto sem expressão, caminhou até a porta. De dentro podia ver sua silhueta através do cristal, e pressentiu sua impaciência ao ouvir de novo o som.

Anahí passou as mãos pelas pernas da calça. Não tinha voltado a pôr-se aquelas velhas calças desde que tinha saído da casa de seus tios, fazia já quase dois meses, nem também aquela singela malha de ponto. Ambas costures faziam parte do escasso número de prendas que se tinha deixado ali. O resto de suas coisas, seguiam penduradas nos armários da casa de Alfonso. Não tinha tido a coragem suficiente para fazer as malas, senão que se tinha limitado a deixar-lhe uma nota no estudo, junto com o anel de compromisso, dentro de um envelope.

A nota só dizia: Não posso seguir vivendo esta mentira, sinto muito. O escasso orgulho que lhe ficava intacto lhe impedia confessar que o verdadeiro motivo de sua saída era que tinha descoberto sua traição. E agora estava ali, tal e como esperava; tinha vindo a pro-cura da verdade.

A verdade. "És uma imbecil, Anahi", disse-se enquanto com mão trêmula fazia girar o trinco.

Ali estava ele, vestido com a mesma roupa que lhe tinha visto com Madeleine. O mesmo traje cinza que tinha enrugado ao apertar à outra mulher contra seu peito para beijá-la. A mesma camisa branca, a mesma gravata de riscas, ainda que já frouxo o nó.

Seu rosto era uma máscara inexpressiva e dura que já tinha visto antes alguma vez, ainda que naquele momento não recordasse quando, e a olhava aos olhos tentando encontrar a confirmação de que aquilo não fosse mais do que uma má anedota.

Mas não o era, e ao final pareceu aceitá-lo.

- Posso entrar?
Anahi baixou a mirada e se passo pro lado.

Alfonso se deteve bem na frente dela, e Anahí se agarrou ao torno da porta.

Então o viu levantar um braço, e pensar que ia tocá-la lhe fez dar um pulo, porque não poderia suportar que a tocasse.

Mas tudo o que ele fez foi soltar a porta de sua mão e fechá-la devagar antes de dar meia volta e caminhar até o salão. Anahi ficou ali de pé um instante.

Precisava recobrar forças antes de entrar e enfrentar-se a ele.