Fanfic: A Escolhida - CONCLUÍDA | Tema: Vondy

Ouça: Behind Blue Eyes - Limp Bizkit

— Comece do começo. – ela disse atrás dele.

— Não quero que olhe para mim enquanto falo esse pesadelo. – Dulce percebeu que ele estava desanimado e logo o abraçou por trás, onde seus seios se chocavam com as costas dele. Ela colocou uma perna de cada lado da cintura dele e deitou a cabeça nas costas dele. Ouviu ele respirar fundo e recomeçar: Eu tinha oito anos, sempre fui a ovelha negra da família. – ele fechou os olhos com força. – Meu pai, minha mãe, Melissa e Christian sempre estavam em festas ou coisas do tipo, enquanto eu, eu preferia a biblioteca, isso, claro, quando papai me deixava visita-la: uma vez por semana, e nesse tempo, eu pegava pelo menos sete livros para levar para meu quarto e devora-los com os olhos. Nunca eram infantis, haviam sempre muitos romances, ou dramas, e essa foi minha infância. Não brinquei muito com amigos, na verdade, eu mal tinha amigos também, e meus irmãos estavam mais ocupados com outra coisa sempre. Mas eu gostava dos livros. Foi a partir deles que aos nove anos, papai começou a me indicar livros eróticos, dos quais eu não tinha o menor interesse, mas eu tinha que ler, e dizer o que achava para ele, Deus, aquilo me enojava tanto! Era o tempo de ter educação sexual e logo eu já fazia com meu corpo coisas que eu não queria fazer, mas eu era quase que forçado. – Sua voz falhou mas ele continuou. – meu pai estava sempre me subestimando, e eu queria mostrar para ele que eu era capaz de fazer as coisas certas, que eu poderia dar tanto orgulho a ele como os outros davam, e eu fazia tudo o que ele queria que eu fizesse. – Dulce já estava horrorizada, mas preferiu não dizer nada, ela queria saber tudo.  -  Lembro também que papai batia em todos aqui em casa, mamãe, Melissa e Christian, e eu era o que ele mais gostava de agredir. Chicoteava meus pés e minha barriga, quando eu me negava a comer o que ele queria que eu comesse: Ovos puros e crus no café da manhã, ele dizia que aquilo faria eu ficar mais forte. – Christopher deixou que as lágrimas escorressem livremente por sua face. – Mamãe não podia fazer nada a não ser observar. Ela era tão doce. Sofria de um tipo de doença desconhecida, e nós sabíamos que ela nos deixaria a qualquer momento. E quando completei meus dez anos, Deus resolveu tira-la de minha vida. – Christopher soluçou escondendo o rosto nas mãos. Dulce lhe alisou as costas e lhe fez carinho no cabelo, ela estava lutando para ser forte.

— Continue Chris... – ela não poderia evitar a curiosidade, além do mais, queria que ele desprendesse de seu passado de vez. Christopher se ajeitou na cama e escondeu o rosto vermelho pelo suor e nervosismo. E Dulce lhe ofereceu um abraço, então ele escondeu o rosto no pescoço dela e continuou.