Fanfic: Romance Proibido | Tema: Rebelde
Não fazia muito tempo que Anahi dera de comer a Geórgia quando a campainha tocou naquela manhã de segunda-feira. Dando uma rápida olhada na pequena sala, caminhou sobre o carpete surrado, imaginando o que sua vizinha idosa queria agora. Ellice Tippen já levara uma caixa de leite e meio pacote de biscoitos, e ainda nem era hora do almoço.
Abriu a porta com um sorriso no rosto, que desapareceu imediatamente quando seu olhar se ergueu de encontro a um par de olhos escuros, quase negros.
— Srta. Portilla?
— Pois não? — ela respondeu, inconscientemente levando a mão à garganta.
O homem parado à sua porta era mais impressionante ao vivo do que na foto do jornal. Era mais alto que a maioria, com mais de 1,80m, os ombros largos e a postura nada menos que autoritária. O queixo severo e bem barbeado insinuava certa intratabilidade em sua personalidade, e os olhos não possuíam qualquer sinal de cordialidade.
— Imagino que saiba quem sou. — A voz era profunda e soava com certa aspereza.
— Eu... err... sim.
O que mais poderia dizer? O jornal com a foto dele ainda estava aberto sobre a mesinha de centro. Dizia a si mesma para jogá-lo fora sempre que passava pela sala, mas o deixara no mesmo lugar. Não sabia exatamente o porquê.
— Creio que está com a filha de meu irmão.
— Eu... sim, é isso mesmo. — A imagem das manchas escuras no corpinho de Geórgia vieram à mente de Anahi, cujo pânico acelerou as batidas de seu coração a um nível quase intolerável. Tinha que mantê-lo longe de sua sobrinha!
— Gostaria de vê-la.
— Ela está dormindo no momento, então... — Deixou a frase no ar, esperando que ele entendesse a indireta.
Não foi o que aconteceu.
Alfonso sustentou o olhar dela por um bom tempo e, quando Anahi começava a fechar a porta, ele usou o pé para bloquear a ação.
— Talvez não tenha me ouvido, Srta. Portilla. — O tom endureceu ainda mais quando os olhos escuros encontraram os dela. — Vim ver a filha de meu irmão. Não partirei antes disso.
Anahi sabia que ele estava determinado e, afastando-se da porta, encarou-o com frieza.
— Se a acordar, ficarei extremamente zangada. Por favor. Continue dormindo, Geórgia, Anahi pedia silenciosamente enquanto ele entrava.
Alfonso a olhou de cima a baixo. Quando os olhos de ambos se encontraram, os dele estavam cheios de desprezo.
— André me contou tudo sobre você.
Anahi ficou confusa. Nunca conhecera o amante da irmã gêmea. O romance de Angel e André tinha sido breve e explosivo, como todos os outros.
Ele não podia estar pensando...
— Ele me disse que você representava problemas, mas não tinha idéia do quanto — Alfonso continuou, vendo que ela não dizia nada.
Anahi o encarou por um instante, imaginando se deveria esclarecer que ele a confundira com a irmã, mas no fim deixou tudo como estava para ver quais eram as intenções dele. Afinal, que mal havia nisso? Só precisava fingir ser Angel por alguns minutos e dizer que tinha mudado de idéia. Assim que o convencesse de que não tinha intenção de lhe entregar a "filha", talvez ele fosse embora.
Já tinha feito esse tipo de coisa antes. Muitas vezes ficara no lugar de Angel para receber a punição que a alterada de sua mãe tinha para aplicar. Se conseguia enganar a própria mãe, Alfonso Herrera seria moleza.
— As críticas de seu irmão são irônicas, considerando o comportamento dele — Anahi disse, incisiva.
Um brilho ameaçador surgiu nos olhos dele.
— Ousa difamar meu irmão morto? Anahi ergueu o queixo.
— Ele era um farsante. Estava envolvido com outra quando concebeu Geórgia.
— Ele estava formalmente comprometido com Daniela Verdacci — Alfonso comentou rudemente. — Estavam juntos desde a adolescência. Você estava interessada nele só por causa do dinheiro, mas André só tinha olhos para Daniela. Acha mesmo que ele se casaria com uma mulherzinha oportunista que já dormiu com quase toda Sidney?
Anahi ficou tensa de raiva. Sabia que a irmã era um pouco promíscua às vezes, mas Alfonso Herrera falava como se ela fosse uma prostituta, não a pessoa insegura e emocionalmente instável que realmente era.
— Isso é típico! — ela retrucou. — Por que os homens podem fazer loucuras e as mulheres não? Enxergue a realidade, Sr. Herrera. As mulheres possuem sexualidade própria e, nos dias de hoje, têm o mesmo direito de expressá-la.
Os indecifráveis olhos escuros a examinaram dos pés à cabeça novamente.
— Já que fala de direitos, precisamos conversar sobre a filha de André. Por mais que me aborreça o fato de a menina ser uma Herrera, ela tem o direito de conhecer a família do pai.
— Acho que esta decisão cabe a mim.
— Creio que não, Srta. Portilla. — A voz se tornou ameaçadoramente baixa. — Talvez não tenha percebido com quem está lidando. A família Herrera não permitirá que uma mulherzinha qualquer crie alguém com seu sangue. A não ser que me obedeça, farei de tudo para tirar a menina de você, para que não seja maculada por sua falta de moralidade.
Os olhos de Anahi se arregalaram de medo. Não duvidava da ameaça. Poucas pessoas na Austrália desconheciam a monumental riqueza da família Herrera. Com os melhores advogados e uma total falta de escrúpulos, Alfonso Herrera não hesitaria em fazer o que prometia.
Anahi tentou não parecer intimidada, mas nunca se sentira tão apavorada. Se Alfonso descobrisse que ela não era a mãe da criança, Anahi não poderia fazer nada para impedi-lo de levar a sobrinha embora.
Mas ele não descobriria.
Reunindo coragem, ficou bem ereta diante dele, os olhos cinzentos emitindo um desafio.
— Posso parecer uma mulher de pouca moral, mas amo esta criança e não permitirei que um playboy a tire de mim. Ela é um bebê. E bebês precisam das próprias mães.
Alfonso a examinou novamente, notando a firme linha da boca e o ângulo obstinado do queixo. Pela primeira vez, Alfonso imaginou o quanto o irmão se sentira tentado por aquela mulher. A compleição pequena era extremamente atraente, tanto quanto os brilhantes cabelos loiros que contrastavam perfeitamente com a pele macia. O corpo voltara ao normal bem rápido, Alfonso pensou, já que dera à luz há pouco tempo. O ar de inocência, contudo, servia de fachada para uma mulherzinha ambiciosa que tinha revelado suas intenções ao fazer seu irmão cair na armadilha mais velha do mundo: gravidez.
— Sob circunstâncias normais, concordaria com você — ele respondeu no mesmo tom. — Tendo sido criado por uma mãe maravilhosa, eu seria a última pessoa a sugerir que uma criança fosse criada por outra pessoa. No entanto, seu histórico não me inspira confiança. Afinal, quem foi que mandou uma carta para a Itália dizendo que pretendia entregar a menina em adoção?
— Foi uma atitude impulsiva. Eu estava aborrecida, não estava pensando direito —Anahi apressou-se em dizer. — Não tenho intenção de abandoná-la. Geórgia é minha e ninguém... ninguém mesmo... irá tirá-la de mim.
Sem qualquer aviso, Alfonso aproximou-se dela, sua incrível altura lançando uma sombra sobre a figura delicada de Anahi. Ela conteve-se para não recuar, mas foi difícil manter-se firme diante daquela presença ameaçadora.
— Que esquecimento meu — ele disse com voz arrastada, tirando a carteira do bolso. — Eu deveria saber que você faria um pouco de pressão. Quanto?
Anahi o fitava atônita.
Alfonso ergueu uma sobrancelha.
— Creio que tudo se resume a isso, não?
— Não sei do que está falando — ela respondeu, a garganta repentinamente seca.
Ele exibiu um sorriso cínico ao abrir a carteira.
— Ora, Angel. Sou um homem rico. Diga o preço.
Alfonso estava surpreso por estar gostando daquele joguinho, sabendo que a qualquer instante ela sucumbiria à tentação que estava diante de seus olhos.
— Meu verdadeiro nome é Anahi. E não quero seu maldito dinheiro.
Desta vez, Alfonso ergueu as duas sobrancelhas. Ficou em silêncio, tentando compreender o que ela estava tramando.
— Seu nome não é Angel? Tenho certeza de que André me disse Angel... Ou era mentira também?
Anahi assumiu uma expressão pela qual a irmã gêmea era famosa.
— Anahi é meu nome verdadeiro, mas acho que Angel soa mais sofisticado. — Examinou as mãos, imitando novamente a irmã, antes de erguer os olhos. — Como conseguiu me encontrar?
— Só havia uma única Srta. A. Portilla na lista telefônica deste distrito.
Como Angel morava com ela desde o nascimento de Geórgia, e raramente pagava as próprias contas, seu nome não constava na lista. Isso explicava como Alfonso a confundira com a irmã.
Deixou escapar um leve suspiro de alívio.
Tudo estava bem até o momento.
— Então... Anahi. — Alfonso pronunciou o nome dela de maneira sugestiva. — Se não está atrás de dinheiro, o que quer?
— Nada.
O sorriso cínico reapareceu.
— Segundo minha experiência, mulheres como você sempre estão atrás de dinheiro, mesmo quando dizem o contrário.
— Sua experiência deve ser muito limitada, pois posso garantir que não preciso de seu dinheiro.
Talvez não do meu, mas deve saber que meu irmão deixou uma herança considerável. Você teve uma filha com ele, o que significa que ela terá direito à herança quando tiver idade adequada.
Anahi engoliu em seco. As coisas se complicavam a cada minuto.
— Não estou interessada nos bens de André.
— Quer que eu acredite nisso? Posso ver os cifrões brilhando por trás de seus olhos. — O olhar dele examinou a sala. — Veja este lugar! Cheira a pobreza e negligência. Acha que permitirei que minha sobrinha viva nesta espelunca?
Anahi sentiu o orgulho invadi-la.
— É o que posso pagar no momento. Ele deu uma risada.
— No momento, sim. Não duvido que já exista algum outro pobre coitado na mira para sua próxima investida. — Exibiu um olhar de completo desgosto. — Deve estar oferecendo algo muito especial por trás dessa sua pose inocente para que alguém aceite sustentar o bebê de outro homem.
Anahi nunca se considerou uma pessoa explosiva; Angel, com seu temperamento imprevisível, é quem costumava criar situações desagradáveis. Mas de alguma forma, ouvindo o desdém de Alfonso, mesmo sabendo que este era direcionado à irmã, sentiu-se ultrajada.
— Está se oferecendo para continuar de onde André parou? — perguntou num tom de pura provocação.
Os olhos de Alfonso brilharam com um ódio tão intenso que a desencorajou.
— Entendi seu joguinho — ele respondeu depois de um silêncio enervante.
— Só quero que saia de minha casa imediatamente. Não está nem um pouco interessado em minha so... filha. — Respirou fundo para disfarçar o deslize. — Se não sair agora, chamarei a polícia.
Os olhos de ambos se enfrentaram por segundos intermináveis, mas Anahi foi a primeira a desistir.
— Por favor, saia, Sr. Herrera. Não tenho nada a conversar com você.
— Quero ver minha sobrinha. — O tom determinado fez Anahi erguer a cabeça. — Quero ver a filha de meu irmão.
Anahi pressionou os lábios ao ver o quanto ele lutava para manter as emoções sob controle. Podia notar isso na voz, na postura rígida, no brilho úmido dos olhos.
Não esperava deparar-se com sentimentos tão profundos e envergonhou-se por julgá-lo tão mal. Aliás, Alfonso perdera o irmão sob trágicas circunstâncias. Mesmo que Angel tivesse muitos defeitos, Anahi ficaria muito abalada se estivesse na mesma situação.
— Sinto muito. — A voz saiu desigual. Ele contorceu os lábios.
— Mesmo?
Anahi não respondeu, seguiu até o carrinho junto à única janela. Sentia a presença de Alfonso atrás de si ao afastar as mantas de Geórgia para que ele pudesse ver seu rostinho.
Alfonso se aproximou, o braço roçando no dela ao se abaixar para ver a filha de seu irmão. Ele ficou muito tempo sem falar. O silêncio era tão grande que Anahi podia ouvir a respiração controlada de Alfonso, na tentativa de dominar a emoção por ver a sobrinha pela primeira vez.
— Posso segurá-la?
Era como se o coração de Anahi tivesse dado uma cambalhota. E se ele segurasse Geórgia da maneira errada e ela chorasse?
— Bem... não creio...
— Por favor. — O tom entusiasmado chamou a atenção de Anahi. — Gostaria de segurar a filha de meu irmão. Ela é tudo que restou dele.
Anahi ergueu a menina adormecida, embalando-a gentilmente antes de entregá-la a Alfonso.
Viu milhares de emoções passarem pelo rosto bonito quando ele apoiou o pequeno embrulhinho no peito largo, o olhar pensativo ao admirar a perfeição do rosto sereno de Geórgia.
— Ela é... linda. — A voz estava rouca.
Anahi teve dificuldades em evitar a emoção na própria voz.
— É sim.
Os olhos de Alfonso encontraram os dela rapidamente.
— Como ela se chama? Anahi baixou um pouco o olhar.
— Geórgia.
— Geórgia — ele repetiu, como se o experimentasse. — Combina com ela.
Anahi se surpreendeu ao ver a facilidade com que Alfonso segurava o bebê, uma das mãos a ampará-la enquanto a outra lhe explorava as feições, como se ele estivesse completamente maravilhado.
— Ela tem nome do meio?
— Giovanna — Anahi respondeu, imaginando se deveria revelar que este também era o seu nome, mas no último instante desistiu. Ficara emocionada quando Angel contou os nomes escolhidos. Por um instante teve esperanças de que a irmã finalmente iria assumir suas responsabilidades. Mas, poucas semanas depois do nascimento de Geórgia, Angel voltou a freqüentar festas e beber, deixando a criança com Anahi com uma freqüência tão grande que Geórgia começou a chorar sempre que Angel se aproximava dela, como se pressentisse sua completa inadequação para a maternidade.
Anahi sentia-se desconfortável com o pesado silêncio. Alfonso ainda segurava Geórgia, o olhar fixo no rostinho da criança.
Resolveu dizer a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
— Ela se parece com André, não acha?
Alfonso a encarou, a expressão obscurecendo instantaneamente. Anahi pensou que ele concordaria com ela, mas Alfonso simplesmente voltou a admirar a criança em seus braços.
— Ele a viu alguma vez?
— Não.
Anahi ficara furiosa quando Angel contou que André não queria ver o bebê. Não deixava de pensar que isso explicava por que a irmã nunca se sentira ligada à filha. Durante toda a gravidez, Angel nutrira esperanças de que André se apaixonaria pela filhinha assim que a visse, assegurando-lhe um futuro seguro ao torná-la sua esposa. Quando ele se recusou a fazer o teste de paternidade, Angel entrou em depressão profunda e em seguida se entregou despreocupadamente à uma rotina de diversão.
— Não — Anahi repetiu, a voz carregada de amargura. — Acho que estava muito ocupado cuidando do casamento.
Alfonso não respondeu, mas Anahi pôde ver como ele parecia aborrecido.
Observou-o recolocar a menina no carrinho, o toque firme e gentil ao acomodá-la.
Sob seu olhar penetrante, Anahi achou difícil encará-lo sem pensar na maneira como o estava enganando. Subitamente lhe ocorreu que estava brincando com algo perigoso. Não havia uma lei contra usurpação de personalidade? Alfonso Herrera não era idiota. Se descobrisse que fora enganado, ela sofreria graves conseqüências.
— Srta. Portilla. — A voz profunda atraiu o olhar dela novamente.
— S-sim? — Anahi umedeceu os lábios, pressentindo as intenções dele, todos os seus instintos avisando-lhe que não gostaria nada do que estava por vir.
— Quero ver minha sobrinha com freqüência e, mesmo compreendendo sua aversão a tal arranjo, conseguirei isso através da justiça caso não queira cooperar.
— Sou mãe dela. Nenhum juiz na Austrália a tiraria de minha custódia.
—Acha que não? — Alfonso sorriu. — E se eu contasse a eles sobre seu casinho com certo político poucas semanas depois de dar à luz?
Que caso? Que político? O que Angel andara aprontando?
Alfonso parecia ter visto uma ponta de medo no rosto dela, pois acrescentou em tom deliberadamente calmo:
— Vê, Srta. Portilla? Pretendo usar tudo que tenho contra você para conseguir o que quero. Ouvi dizer que tentou extorquir dinheiro do pobre coitado quando ele decidiu interromper o relacionamento. Teve sorte de seu caso não ter atraído a atenção da imprensa, mas bastaria uma palavra minha e... — Ele fez uma breve pausa para causar efeito. — Já sabe o resto.
Anahi respirou fundo, sentindo o pavor espalhando-se pelo corpo.
— O que quer dizer exatamente?
Alfonso esperou um pouco antes de responder. Antes de ver a menina — e bastou uma olhada para saber que era mesmo filha de André —, só tinha pensado em oferecer uma enorme quantia de dinheiro à mulher e levar o bebê. Mas vendo a maneira amorosa de Anahi com Geórgia, duvidou estar fazendo o melhor por sua sobrinha ao separá-la da mãe. Precisava ter certeza de que Anahi era incapaz de criá-la. Isso se realmente conseguisse tomar a sobrinha, levando em conta a carta que o pai escrevera rejeitando o bebê. Anahi tinha uma arma poderosa nas mãos caso decidisse usá-la.
Isso só lhe deixava com uma alternativa.
Alfonso encarou Anahi com determinação.
— Quero reclamar a filha de meu irmão como minha.
— Não pode fazer isso! Ela não lhe pertence. Pertence a... a mim.
— Sabe que posso fazer isso.
— Como?
Anahi nunca deveria ter perguntado. Os olhos escuros procuraram os dela. Uma ponta de medo começava a atormentar Anahi.
— Quero a menina e farei de tudo para consegui-la, mesmo que tenha de me prender a você.
Anahi ficou atônita, imaginando se teria compreendido mal a afirmação.
— Prender-se? O que quer dizer com prender-se? A boca dele se curvou num sorriso que não chegou exatamente aos olhos.
— Meu irmão não quis se casar com você, mas não tenho tais receios. Será minha esposa em duas semanas, ou garanto que jamais verá sua filha novamente. — Manteve-se sério, sabendo que seu blefe era convincente.
Anahi demorou a recuperar a voz, a cabeça pesando com uma mistura de espanto e afronta.
— Acha mesmo que serei coagida desta maneira? — retrucou indignada.
— Estou contando com isso. André me disse que seu principal objetivo na vida era agarrar um marido rico. Então aqui estou, pronto para o papel.
Anahi pensou em revelar a verdade, contar que era a irmã gêmea de Angel, mas o ar de arrogância de Alfonso a fez mudar de idéia no último minuto. Não entregaria a sobrinha sem lutar, mesmo que isso lhe custasse a liberdade.
— É de se esperar que um playboy mimado como você pense que pode conseguir tudo o que quer.
— Eu a pagarei generosamente, claro — Alfonso disse, os olhos escuros a observá-la atentamente. — Quanto quer?
Anahi sabia que Angel pediria uma quantia exorbitante, mas algo a impediu de levar aquela farsa tão longe. Aceitar aquela espécie de suborno só lhe traria mais problemas.
Além disso, a pequena Geórgia dormia a menos de um metro de distância, o corpinho bem machucado. Tivera sorte desta vez, mas se ele olhasse por baixo do macacão...
Erguendo o queixo, Anahi cruzou os braços e informou com involuntária ironia:
— Se pensa que pode me comprar, está muito enganado.
Os olhos dele relancearam os seios apertados sob os braços cruzados, demorando-se a fitar o rosto dela novamente.
Anahi se enfurecia com aquela avaliação, perguntando-se como o comportamento da irmã a colocara naquela cilada. Sabia que deveria direcionar sua raiva a Angel, mas aquele homem a irritava profundamente.
— Já disse que não quero seu dinheiro. Eu me sentiria suja aceitando qualquer coisa de você.
— Boa tentativa, Srta. Portilla. Sei o que está fazendo. Está querendo fingir que não é a mulher ambiciosa que seduziu meu irmão, mas posso ver além de sua encenação. Não pense que pode me enganar tão fácil. Já tomei uma decisão. E você fará o que eu disser, aceitando pagamento ou não.
Anahi fez o que pôde para esconder o quanto a afirmação a afetava, a mente trabalhando desesperadamente, pensando numa saída para aquela farsa. Deus, mataria Angel por isso! Não podiam obrigá-la a casar só para ficar com a sobrinha. Mas o que mais poderia fazer? Angel não era uma mãe adequada, e Alfonso parecia ter evidências suficientes para comprovar o fato.
— Preciso de algum tempo para pensar. — Sentia-se um pouco irritada por soar tão parecida com Angel, mas persistiu. — Gostaria de analisar bem todos os ângulos antes de me comprometer.
— Não vim negociar, Srta. Portilla — ele disse de modo intratável. — Vim para assumir o papel de pai de Geórgia e pretendo fazer isso o mais breve possível.
Anahi estava ficando mais alarmada. Havia um ar intransigente na voz que sugeria que Alfonso estava acostumado a conseguir as coisas ao seu modo.
Conte a verdade, ela repetia mentalmente. Conte quem você realmente é. Mas as palavras estavam presas em algum lugar dentro do peito, onde o coração já se apertava só de pensar em nunca mais ver Geórgia.
Tentou raciocinar com clareza, mas era difícil com Alfonso observando cada nuance de emoção em seu rosto.
E se aceitasse as exigências dele por enquanto? Ele dissera duas semanas. Certamente pensaria numa solução até lá. Precisava pensar em algo. Não podia se casar com um completo estranho!
Alfonso interpretou o longo silêncio como aceitação.
— Darei entrada nos papéis imediatamente.
— Mas... — Anahi calou-se, o coração parecia estar saltando no peito. Oh, Deus! O que fizera? Ele não podia estar falando sério, podia?
— Talvez seja melhor deixar algo bem claro desde já, Srta. Portilla. Este casamento não existirá no real sentido da palavra.
— Quer dizer que não será legal? — Ela franziu a testa, tentando compreender.
— Será legal, claro, mas apenas no papel.
— No papel? — Anahi ergueu as sobrancelhas.
— A união não será consumada — ele afirmou implacavelmente.
Anahi sabia que deveria estar sentindo um imenso alívio, mas por alguma razão inexplicável sentia-se aborrecida. Sabia que no momento não parecia tão glamorosa quanto Angel, mas tinha uma boa figura e seus traços eram bonitos. Não a agradava ser dispensada assim, como se não tivesse atrativos.
— Quer que eu acredite nisso? — Anahi perguntou com uma dose de cinismo na voz.
Alfonso ergueu a mão e fez o sinal da cruz sobre o peito.
— Eu juro.
Algo no ar de suprema confiança de Alfonso fez com que Anahi pensasse em usar o olhar sedutor que a irmã costumava lançar aos homens. Colocou a mão no quadril, inclinando-o de maneira provocativa, erguendo os cantos da boca num sorriso malicioso enquanto murmurava:
— Só acreditaria se fosse um homem morto, Sr. Herrera.
Autor(a): leeh01
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Alfonso ria por dentro diante da exibição de autoconfiança. Ela era exatamente como André descrevera: agora uma menina amuada, uma ninfa furiosa no instante seguinte. Era uma combinação inebriante, precisava admitir, mas se André não conseguira conter o desejo, por mais breve que tivesse sido o caso, Alfonso sabia que n ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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ponchoyany Postado em 01/11/2014 - 19:55:00
Amei a história, fiquei tão envolvida que já li tudo.bjs
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leeh01 Postado em 31/10/2014 - 22:18:47
Oiie, seja bem vinda.. espero q vc goste da Web beijoos
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beca Postado em 31/10/2014 - 10:13:56
Oi leitora nova...adorei a introdução...vou começar a ler
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leeh01 Postado em 31/10/2014 - 07:49:31
Aque boom que vc gostou Linda *-*, fico feliz .. ela da nojinho msm kkk' Beijos
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daninha_ponny Postado em 31/10/2014 - 01:13:50
nossa acabei de ler a web agora eu simplesmente amei,essa angel me deu nojo do começo ao fim,mas fora isso foi perfeita amo web d gêmeas e tal bjs