Fanfics Brasil - CAPITULO IV Romance Proibido

Fanfic: Romance Proibido | Tema: Rebelde


Capítulo: CAPITULO IV

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No dia seguinte, Anahi ligou para a biblioteca dizendo estar doente para que pudesse arranjar uma creche para Geórgia. Como não possuía carro, estava limitada a uma creche particular cujas taxas eram extorsivas.
Não teve notícias de Alfonso nos dois dias seguintes. Tudo parecia tão irreal que Anahi às vezes se perguntava se não tinha imaginado coisas. Contudo, no terceiro dia, ela recebeu uma carta informando que a cerimônia de casamento seria realizada em 15 de julho.
Sentiu um calafrio. Parecia não haver saída. Teria de casar com Alfonso para ficar com Geórgia.
Ficava aterrorizada só de pensar que teria de fingir ser a irmã por meses, talvez anos, mas não tinha alternativa. Incrível que umas poucas palavras ficassem entre ela e sua liberdade. Se dissesse: "Não sou mãe de Geórgia", não haveria casamento.
Cinco palavras que a deixariam livre, mas que lhe roubariam a sobrinha... para sempre.
Como esperava, Angel não fizera mais contato. Anahi tinha tentado o celular, mas as inúmeras mensagens de texto continuavam sem resposta.
Largou a carta para dar atenção aos choros de Geórgia, evitando pensar que se casaria com um homem que a odiava muito.
Quando voltava à pequena sala de estar com Geórgia no colo, o telefone tocou e Anahi correu para atender.
— Anahi. — A voz profunda de Alfonso soou ao seu ouvido. — É Alfonso.
— Que Alfonso? — Estava novamente com a personalidade de Angel, como se ouvir a voz macia ligasse um interruptor às suas costas.
Ouviu Alfonso respirar fundo e se parabenizou mentalmente por ganhar aquela pequena batalha, mesmo sabendo que o mais provável era Alfonso ganhar a guerra no fim.
— Tenho certeza de que sua reputação faz com que alguns nomes se repitam em sua lista — ele comentou insolentemente.
— Nem queira saber — ela respondeu.
— Recebeu minha carta?


 — Deixe-me ver... — Remexeu a pequena pilha de contas reunidas sobre a mesa apenas para irritá-lo. — Ah, aqui está. É um contrato pré-nupcial, não?
— Pensou que me casaria sem me proteger?
— Isso depende de que tipo de proteção está falando.
— É um acordo comercial, Anahi. Nada mais.
— Por mim está tudo bem. Desde que você não volte atrás com suas palavras. Como garantir que posso confiar em você?
Houve um tenso instante de silêncio. Anahi o imaginou rangendo os dentes no esforço de manter certa educação.
— Receberá sua mesada assim que estivermos casados, nem um segundo antes — ele afirmou enfim.
— Não confia em mim, Sr. Herrera? — Imitava o jeito da irmã com satisfação. — Está com medo de ser enganado?
— Gostaria muito que tentasse — ele a desafiou. — Acho que não preciso lhe alertar das conseqüências caso isso não passe de fingimento seu.
Anahi estremeceu ao pensar na ironia daquela frase. O fingimento já não fizera com que cavasse a própria cova?
— A propósito, já que vamos nos casar em questão de dias, seria inapropriado continuar me chamando pelo sobrenome.
— Alfonso — ela sussurrou o nome sedutoramente.
— É apelido de Alfonsoo?
— Não é apelido. É de origem francesa, como minha mãe.
— Fala francês tão bem quanto italiano?
— Sim, e várias outras línguas.
Anahi estava impressionada, mas não admitiria.
— E você? — ele perguntou logo em seguida.
— Eu? — Ela bufou. — De jeito nenhum! Inglês é a língua universal, não entendo por que as pessoas se preocupam em ficar falando outros idiomas.
Anahi era razoavelmente fluente tanto em francês quanto em italiano, mas preferiu não revelar. Havia estudado idiomas na escola e na faculdade, adquirindo bom nível de proficiência. Mas agora era conveniente que Alfonso a considerasse uma completa cabeça-de-vento que não tinha nada melhor a fazer senão se enfeitar para preencher o tempo.


O advogado virá ao meu escritório para que assinemos o contrato pré-nupcial. Você precisa trazer sua certidão de nascimento para que eu possa dar entrada na licença de casamento. Pode ser amanhã às dez?
O coração de Anahi disparou de apreensão. Tinha conseguido se passar pela irmã, mas agora começaria a assinar documentos na presença de um advogado. E se a mandassem para a prisão? O que aconteceria com Geórgia? A sorte era ter dito seu nome verdadeiro porque, sendo a gêmea mais velha, só seu nome aparecia na certidão de nascimento, como era a prática na época. Mas e se vissem a certidão de nascimento de Geórgia? Era o nome de Angel que estava impresso lá. Como conseguiria explicar aquilo?
— Anahi? — A voz profunda interrompeu o instante de pânico.
— Desculpe. — Ela ajeitou a sobrinha no colo.
— Geórgia estava escorregando.
— Está com ela no colo?
Geórgia deu um murmúrio animado, como se estivesse respondendo ao tio.
— Sim — disse Anahi, sorrindo para a sobrinha.
— Eu ia colocá-la para dormir quando você ligou.
— Como ela está?
— Está bem.
— Ela acorda muito à noite?
— Poucas vezes. Mas logo dorme outra vez.
— Diga-me, Anahi. — Havia um tom indefinível em sua voz. — Você gosta de ser mãe?
Anahi não hesitou em responder.
— Claro que sim.
Houve um estranho silêncio.
Ela se perguntava se deveria ter sido tão honesta. Angel provavelmente responderia de maneira completamente diferente; talvez ele estivesse confuso com a súbita mudança de personalidade.
— Você não me parece ser do tipo maternal. —A voz estava repleta de escárnio.
— Então como lhe pareço, Alfonso? — Anahi respondeu com voz sedutora, querendo consertar sua falha.
Sentado em seu escritório, Alfonso suspirou, ignorando a pergunta.
— Irei buscá-la amanhã às nove e meia.
— Você tem assento infantil no carro?
Alfonso franziu a testa. Não tinha pensado nestes detalhes.


— Mandarei instalarem um hoje.
— Não irei com você se seu carro não estiver adaptado para transportar uma criança. Não é seguro. Alfonso suspirou irritado.
— Mandarei instalar o assento, nem que seja a última coisa que eu faça, certo?
— Ótimo. Então posso confiar em você? Alfonso fechou os olhos e contou até dez.
— Alfonso?
Ele abriu os olhos ao ouvir seu nome. Anahi tinha uma voz tão suave...
— Sim... — Ele limpou a garganta. — Pode confiar em mim.
— Então até amanhã.
— Sim. — Alfonso começou a se sentir sufocado com a gravata. — Até amanhã.
Quando a campainha soou às nove e meia no dia seguinte, Geórgia ainda chorava, o que fazia desde cinco da manhã.
Anahi estava ficando desesperada. Acariciava de leve as costas de Geórgia ao atender à porta, o cabelo caído sobre os ombros e os olhos fundos por ter dormido pouco.
Quando viu a figura imponente de Alfonso Herrera parada ali, quis chorar feito a menininha em seu colo.
— Ela está doente? — Alfonso perguntou enquanto entrava.
Anahi afastou o cabelo do rosto, sentindo-se angustiada.
— Não sei. Ela está assim desde quando acordou. Alfonso pegou a menina, colocando a palma da mão sobre a testa dela para ver a temperatura.
— Não está muito quente. Ela comeu? Anahi meneou a cabeça.
— Já ofereci três ou quatro vezes, mas ela continua rejeitando.
— Talvez seja melhor levá-la ao médico — Alfonso sugeriu. — Quem costuma examiná-la?
Anahi ficou muda. Não sabia onde Geórgia era levada para os check-ups mensais, considerando-se que Angel fizesse tal coisa.
— Eu...
Alfonso a fitou de maneira acusadora.
— Você já a levou ao médico, não?
— Eu...
Ele bufou, furioso.
— É uma criança pequena — ralhou. — Precisa tomar vacinas e verificar o peso regularmente para garantir um crescimento adequado.
— Ela é muito saudável — Anahi disse, afligindo-se quando Geórgia recomeçou a chorar.
Alfonso ergueu uma sobrancelha. Anahi mordeu o lábio.
— Talvez sejam os dentinhos.


— Qual a idade dela? Quatro meses? Não é um pouco cedo?
— Não sei! Nunca... — Deteve-se antes de terminar a frase. Quase dissera não saber nada sobre bebês! O que Alfonso pensaria dela?
Ele afagava as costas de Geórgia. Depois de um tempo o choro se transformou num leve soluçar e, em seguida, os olhinhos dela já se fechavam.
Anahi não deixou de admirar a habilidade de Alfonso. Estava há horas tentando acalmar o bebê sem qualquer sucesso. Parte dela se ressentia do fato. A outra parte o admirava secretamente.
— Vá se arrumar — Alfonso disse baixinho para não acordar a menina. — Ainda temos tempo, mas o trânsito a esta hora do dia é sempre uma incógnita.
Anahi foi para o quarto e fechou a porta suavemente. Examinou o conteúdo de seu armário com desânimo. A maioria das roupas era conservadora ou ultrapassada. Seu trabalho como bibliotecária não exigia nada sofisticado, e como freqüentemente precisava quitar os débitos da irmã, não comprava nada novo para si mesma há muito tempo. Possuía muitos jeans, na maioria peças descartadas por Angel, e uma coleção de blusas, também de Angel, muito reveladoras.
No fim, optou por uma das roupas de Angel. Fingia ser a irmã, então devia vestir-se como ela, mesmo que repugnada por exibir tanto de seu corpo, especialmente para alguém como Alfonso Herrera.
Tudo nele a perturbava. Seus modos tinham um ar masculinamente ameaçador. Embora soubesse que, no fundo, Alfonso era movido pelos mesmos motivos que ela, não podia deixar de ficar agitada em sua presença. Provavelmente por sua falta de experiência com homens; não sabia lidar com alguém tão forte, tão no controle, tão obstinado.
Suspirou enquanto alisava o vestido justo. Quem dera se passar pela irmã fosse tão fácil quanto vestir aquela roupa. Pegou um cardigã de caxemira, colocou-o casualmente sobre os ombros e voltou para onde Alfonso a esperava.
Ele estava de pé com Geórgia nos braços, as linhas sérias do rosto suavizadas enquanto olhava para a menina adormecida.


Anahi respirou fundo ao ver a cena. Era óbvio que ele adorava a sobrinha e faria qualquer coisa para protegê-la, mesmo casar com uma mulher que odiava.
Seguiram até o escritório de Alfonso em silêncio, e Anahi sentia-se imensamente agradecida por isso. Geórgia finalmente tomara uma mamadeira e caíra no sono logo depois de ser acomodada no assento infantil instalado no carro. Alfonso estava concentrado no trânsito intenso da manhã.
Anahi observou as unhas roídas enquanto imaginava o que estava por vir. O que ele teria dito ao advogado sobre o casamento? Deveria fingir que eram como qualquer outro casal?
Cinco palavras, lembrou-se. Cinco palavras e tudo estaria terminado.
Assim que chegaram ao estacionamento abaixo do prédio do escritório, Anahi saiu do carro e começou a ajustar o carregador de bebê ao peito, os dedos tremendo ao lidar com a fivela.
Alfonso lhe entregou Geórgia, ajudando a colocar as perninhas da menina nos lugares devidos. Anahi sentiu a mão dele roçar seu seio esquerdo e pulou como se tivesse sido tocada por ferro em brasa.
Os olhares se encontraram, o dele cheio de antipatia.
— Melhor não fazer qualquer demonstração de aversão ao meu toque enquanto estivermos na presença do advogado. Ele acha que este é um casamento normal, e prefiro que ele continue a pensar assim.
Os olhos de Anahi flamejaram enquanto ela arrumava as tiras do carregador sobre os ombros.
— Não é exatamente normal forçar alguém ao casamento.
Alfonso ativou o alarme do carro antes de responder:
— Você será mais do que recompensada por seu empenho.
— O fato de estarmos assinando um pacto pré-nupcial não causará suspeitas?
— Pactos pré-nupciais são comuns hoje em dia. Além disso, tenho que proteger acionistas e investidores, inclusive meu pai, que começou este negócio do nada. Não deixarei que uma mulher ambiciosa pegue metade de tudo que tanto trabalhamos para conquistar caso o casamento chegue ao fim.


Embora Anahi soubesse que ele estava sendo razoável, sentia-se magoada. Queria que ele pudesse enxergar a verdadeira pessoa por trás daquele tênue disfarce, uma mulher que se importava profundamente com a sobrinha, tanto que estava disposta a se casar com um completo estranho.
Ficou calada e o acompanhou para dentro do elevador. Sentia um aperto no peito. As pernas começaram a ficar moles. A mente era uma contusão de pensamentos desordenados: queria fugir, queria contar a verdade...
Tivera sorte até o momento. Alfonso não pedira a certidão de nascimento de Geórgia, mas isto não demoraria a acontecer, principalmente porque ele pretendia adotá-la. Ele queria que o pai conhecesse a única neta, o que significava viajar até a Itália. Seria legal levar Geórgia para fora do país? E se alguém pedisse a certidão de Geórgia e descobrisse que ela não era a mãe?
Percebendo que Alfonso a fitava, apressou-se em esconder sua inquietação com um sorriso vago.
— Do que está rindo? — Alfonso a encarava com desprezo. — Da rapidez com que gastará sua mesada?
— Isso depende de quão generoso você será. Alfonso revirou os olhos e apertou o botão do elevador novamente, como se isso acelerasse a subida.
— Ainda não estamos casados, então é melhor não contar com um dinheiro que ainda nem recebeu — ele resmungou.
As portas do elevador se abriram e Anahi o seguiu até seus escritórios.
Saber o quanto o irritava lhe dava uma agradável sensação de poder.
A recepção do império bancário de Alfonso não deixava dúvidas quanto aos lucros da empresa. Anahi olhou para uma pintura na parede da sala de espera, arregalando os olhos ao perceber que era um autêntico Renoir.
— Sr. Herrera — a recepcionista murmurou para o patrão. — O Sr. Highgate está esperando na ante-sala de seu escritório.
— Siga-me — Alfonso disse para Anahi por cima do ombro.


Algo dentro dela decidiu naquele instante que não ficaria recebendo ordens na frente de funcionários, ainda mais na frente da bela recepcionista que a encarava desde o instante em que chegaram.
— Olá. — Anahi estendeu a mão sobre o balcão.
— Sou Anahi, noiva de Alfonso. E esta é Geórgia. É sobrinha de Alfonso, sabia? Filha de André.
A recepcionista evitou a mão de Anahi, como se tocá-la fosse queimá-la.
— Eu... eu pensei que seu nome fosse Angel — a jovem conseguiu falar enfim. — Não lembra? — Fitava Anahi de maneira acusadora. — Já nos vimos antes.
Anahi não tinha pensado na possibilidade de sua irmã já ter visitado o lugar.
Ficou levemente corada enquanto pensava numa desculpa que justificasse não ter reconhecido a recepcionista, mas seu cérebro não parecia funcionar.
— Foi quando Alfonso estava na Itália, em setembro — a recepcionista continuou, o tom reprovador.
— André estava em reunião, mas você insistiu em vê-lo.
Anahi sabia que Alfonso prestava atenção em cada palavra, por isso precisava encontrar uma solução que não denunciasse seu disfarce.
Contou rapidamente os meses e concluiu que Angel viera procurar André em estado avançado de gravidez, provavelmente numa última tentativa de convencê-lo a aceitar a criança.
Baixou a cabeça num gesto de arrependimento, a mão acariciando a cabecinha de Geórgia.
— Sim... Bem, eu estava fora de mim... Hormônios, você sabe...
A recepcionista olhou para o bebê, a expressão severa se suavizando imediatamente.
— Ela se parece bastante com André, não é? Anahi apenas assentiu.
— Não atenderei ligações no momento, Katrina — Alfonso disse, a voz autoritária interrompendo aquele princípio de conversa. — Vamos, cara. Temos assuntos a tratar.


Cara? Anahi disfarçou o espanto bem a tempo. Não sabia como lidaria com aquela maneira carinhosa de falar. Era como se o relacionamento estivesse passando para outro nível, um nível com o qual não tinha qualquer experiência.
Seguiu Alfonso pelo espaçoso saguão onde outras caríssimas obras de artes estavam expostas, cada uma delas lembrando-a da quantidade de dinheiro que Alfonso dispunha para tomar a custódia de Geórgia.
— Aqui. — Alfonso abriu a porta para ela. — Sente-se. Irei chamar Robert.
Anahi puxou uma das cadeiras de veludo para sentar-se e, acomodando Geórgia numa posição mais confortável, começou a olhar ao redor.
O escritório era imenso. Havia estantes com livros ao longo de duas paredes, os grossos volumes exibindo grande variedade de assuntos. A menos que servissem apenas de decoração, o que Anahi duvidava, eles indicavam que Alfonso era um homem que lia bastante, pois além dos esperados termos sobre finanças e direito, havia alguns bestsellers e alguns dos clássicos que ela amava.
Era estranho saber que haviam lido os mesmos livros. Era como se isso estabelecesse uma ligação que não sabia se gostaria de ter.
A porta se abriu e um homem de aproximadamente 55 anos entrou com uma pasta debaixo do braço. Alfonso entrou logo atrás dele, uma de suas expressões indecifráveis no rosto.
— Cara, este é Robert Highgate. Robert, esta é minha noiva, Anahi Portilla.
Anahi fez menção de levantar-se, mas Robert logo fez um gesto para que ela continuasse sentada por causa do bebê. Ele meneou a cabeça ao olhar para a menina adormecida, os olhos brilhando.


— Que pequeno tesouro. Tenho duas filhas. São minha vida e minha tortura diária. — Sorriu para Anahi.
Ela esboçou um sorriso.
— Não é fácil ser pai.
— Não, mas o trabalho vale a pena, garanto. Minha filha mais velha vai se casar em breve; parece que era ontem que ela discutia com a mãe por causa da altura da saia do uniforme.
Anahi conseguiu forçar um sorriso. Tinha lembranças de cenas parecidas entre Angel e a mãe, mas nenhuma delas era agradável.
Robert abria a pasta sobre a escrivaninha e olhava para Alfonso.
— Redigi os documentos da maneira que você sugeriu, mas não seria melhor explicar tudo para Anahi primeiro?
— Explique, então. — O tom de Alfonso beirava o desinteresse.
Anahi ficou envergonhada. Não entendia de termos legais e temia não saber o que estava assinando.
— Como quiser. — Robert entregou o documento a Anahi. — Não se perturbe com todos estes termos legais, Anahi. Isto só declara que, em caso de divórcio, você aceita um pagamento razoável em vez de uma divisão dos bens de Alfonso.
Anahi tentou ler o texto complicado, mas nada fazia sentido. Procurou pelo nome de Geórgia, caçando alguma cláusula que Alfonso pudesse ter incluído para tomar a criança caso o casamento terminasse, mas não encontrou nada.
— Esta parte aqui declara que você receberá uma mesada durante o casamento. — Robert Highgate apontou uma seção relevante.
Anahi viu a quantia estipulada ali e engoliu em seco.
— Isto me parece um pouco... exagerado. — Ergueu a cabeça e viu que Alfonso a fitava de maneira estranha. Concentrou-se no documento novamente, o coração disparado no peito. Alfonso não era idiota. Se começasse a desconfiar, estaria perdida...


— Se puder assinar aqui. — Robert indicou uma linha pontilhada. — E aqui. — Virou a página para que Anahi a assinasse. — Pronto, isto é tudo. — Recolocou o documento na pasta e voltou-se para Alfonso, que estava apoiado no arquivo atrás da escrivaninha, os olhos fixos em Anahi.
— Posso oferecer meus sinceros cumprimentos pelo casamento? — Robert disse. — Sei que é uma época triste, mas muita alegria pode vir daí. — Ele limpou a garganta discretamente e acrescentou: — Como está seu pai, Alfonso? Alfonso se afastou do arquivo.
— Está... suportando. Robert ofereceu sua simpatia.
— Um golpe tão terrível, logo após a morte de sua mãe.
— Sim.
Para Anahi, a resposta monossilábica era significativa. Mesmo mostrando pouca emoção no rosto, algo na voz sugeria que Alfonso era um homem que estava sofrendo muito. Isso fazia com que o visse sob nova perspectiva. Não tanto como um empresário que queria conquistar o mundo, mas como um homem que sentia necessidade de proteger seus entes queridos.
Seria um pai maravilhoso para Geórgia.
O pensamento se infiltrou em sua mente e, uma vez lá, não deixou que Anahi pensasse em mais nada. Via Alfonso com Geórgia em seu primeiro Natal, seu primeiro dente, seus primeiros passos, seu primeiro dia na escola... seu primeiro namorado...
— O que acha, Anahi? Anahi encarou Alfonso, confusa.
— O quê?
— Robert sugeriu que fizéssemos um documento referente a Geórgia. Os bens de André agora pertencem a ela, mas enquanto não completar idade adequada...
Anahi se levantou, agitada, segurando Geórgia contra o peito para não perturbar seu sono.
— Já falei que não estou interessada nos bens de André.
Alfonso lhe lançou um olhar de advertência, mas era tarde demais. Robert Highgate já vira a troca de olhares e tomou a liberdade de tirar as próprias conclusões.


— Cuidarei dos documentos necessários — informou a Alfonso em tom reservado enquanto rumava para a porta. — Mais uma vez, desejo felicidades.
— Obrigado — Alfonso disse e, voltando-se para Anahi com a sobrancelha erguida, disse: — Anahi?
Ela exibiu um pálido sorriso.
— Obrigada por me explicar tudo, Sr. Highgate.
— Não há de quê. — Robert estendeu a mão e apertou a dela com firmeza. — Você não se parece em nada com o que imaginei, se me permite dizer.
— Não? — O estômago de Anahi se revirava. Será que Angel também o conhecera?
— Não — Robert disse. — Mas sabe como são as colunas de fofoca; inventam qualquer coisa para vender revistas.
O coração de Anahi afundou no peito. Sentia-se desconfortável, torturando-se com as imagens da irmã se exibindo em várias boates de Sidney para conseguir uma foto em alguma página de revista.
Baixou o olhar para a menina em seu colo e assumiu uma postura séria.
— Isso tudo ficou para trás. Sou uma outra pessoa.
— Eu a parabenizo por isso — Robert respondeu. — Criar uma criança é uma experiência que leva ao amadurecimento. Você tem família?
Anahi meneou a cabeça, evitando os olhos dele.
— Não, nenhuma família. Meu pai morreu quando eu era bebê, e minha mãe morreu há três anos.
Alfonso franziu a testa ao ouvir a conversa entre seu advogado e a futura esposa. Percebeu que pouco sabia sobre Anahi e suas origens. Sabia como era terrível perder um familiar, por isso algo dentro dele se abrandou um pouco. Sim, Anahi era uma oportunista... mas era óbvio que amava Geórgia, fato que ainda o surpreendia.
O advogado saiu, e Geórgia começou a choramingar. Anahi a tirou do carregador e, pegando a sacola de fraldas, fitou Alfonso, que estava parado em silêncio atrás da escrivaninha.
— Acho que preciso trocar a fralda dela — Anahi disse.
— Quer que eu troque? — Alfonso se ofereceu. Anahi o encarou horrorizada. Como poderia deixar que ele visse as marcas no corpinho de Geórgia?
— Não.


Alfonso pareceu ficar ofendido. Queria ser pai de Geórgia, um pai participativo, que alimentaria e trocaria a fralda de um bebê sem se afastar de nojo como certos homens faziam. Mas enquanto as marcas não sumissem, Anahi não teria escolha senão mantê-lo longe de Geórgia.
— O banheiro é na segunda porta — ele disse, saindo de trás da escrivaninha. — Tem tudo o que precisa?
Anahi o encarou de maneira arrogante.
— Já fiz isso antes, sabia?
Alfonso não respondeu, mas segurou a porta enquanto ela passava de cabeça erguida. Observou-a caminhar pelo corredor, Geórgia apoiada no quadril, as mãozinhas da menina enterradas nos longos cabelos loiros.
Seus dedos queriam fazer o mesmo, ver se eram tão sedosos quanto pareciam. Praguejando silenciosamente, Alfonso enfiou as mãos nos bolsos das calças e voltou para a escrivaninha.
Ignorou a cadeira e ficou olhando pela janela, como já fizera milhares de vezes, mas desta vez não via o porto.
Só conseguia ver um par de olhos cinzentos.


Só conseguia ver um par de olhos cinzentos.



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Autor(a): leeh01

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Anahi demorou-se o quanto pôde com Geórgia no banheiro. Precisava pensar. Tanta coisa estava acontecendo, e tão rápido, que não conseguia raciocinar. Sentia-se uma idiota por não ter pensado que pessoas como a recepcionista de Alfonso já conheciam sua irmã. Sem dúvida encontraria outros. E o pequeno deslize com a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • ponchoyany Postado em 01/11/2014 - 19:55:00

    Amei a história, fiquei tão envolvida que já li tudo.bjs

  • leeh01 Postado em 31/10/2014 - 22:18:47

    Oiie, seja bem vinda.. espero q vc goste da Web beijoos

  • beca Postado em 31/10/2014 - 10:13:56

    Oi leitora nova...adorei a introdução...vou começar a ler

  • leeh01 Postado em 31/10/2014 - 07:49:31

    Aque boom que vc gostou Linda *-*, fico feliz .. ela da nojinho msm kkk' Beijos

  • daninha_ponny Postado em 31/10/2014 - 01:13:50

    nossa acabei de ler a web agora eu simplesmente amei,essa angel me deu nojo do começo ao fim,mas fora isso foi perfeita amo web d gêmeas e tal bjs


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