Fanfic: Cidade dos ossos | Tema: Rebelde-Rbd Vondy
Dulce empurrou a porta do depósito e andou para dentro. Por um momento, pensou que estava deserto. As únicas janelas ficavam no alto e trancadas; um ruído indistinto vinha através delas, o som de buzinas de carros e freios guinchando. A sala cheirava como tinta velha, e uma pesada camada de poeira cobria o chão, marcado por pegadas de sapatos.
Não tem ninguém aqui, ela percebeu, olhando desnorteada ao redor. Estava frio naquela sala, apesar do calor de agosto lá fora. Suas costas estavam geladas com o suor. Ela deu um passo para frente, emaranhando seus pés nos cabos elétricos. Se curvou para baixo para libertar seu tênis dos cabos e ouviu vozes. Uma risada de garota, um rapaz respondendo aguçadamente. Então ela levantou-se rapidamente, e os viu.
Era como se eles tivessem aparecido em um piscar de olhos. Ali estava a garota com seu longo vestido branco, seus cabelos pretos caindo nas costas como algas marinhas. Dois garotos estavam com ela – um alto com cabelo preto como o dela, e um menor, belo, cujo cabelo era de um castanho quase loiro.
O garoto bonito estava parado com suas mãos em seus bolsos, enfrentando o garoto punk, que estava amarrado ao pilar com um fio, as mãos esticadas atrás dele, as pernas presas na altura dos tornozelos. Seu rosto estava repuxado com dor e medo.
Com o coração martelando no peito, Dulce se escondeu atrás do pilar de concreto mais próximo e espiou em torno dele. Ela assistiu o rapaz de cabelos castanhos andando para frente e para trás, seus braços agora cruzados sobre o seu peito.
— Então — ele disse. — Você ainda não me disse se aqui tem outro de sua espécie com você.
Sua espécie?
Dulce se perguntou do que ele estava falando. Talvez ela tenha tropeçado dentro de algum tipo de guerra de gangues.
— Eu não sei do que você está falando.
O tom do garoto de cabelo azul era doloroso, mas mal-humorado.
— Ele quer dizer outros demônios — o garoto de cabelo escuro explicou, falando pela primeira vez. — Você sabe o que é um demônio, não sabe?
O garoto amarrado no pilar virou seu rosto para longe, sua boca tremendo.
— Demônios — desenhou o rapaz de cabelos castanhos desenhando a palavra no ar com seu dedo. — Religiosamente definidos como habitantes do inferno, os servos de Satanás, mas entendido aqui, para os propósitos da Clave, por ser qualquer espírito malévolo cuja origem está fora de nossa própria dimensão...
— Já chega, Ucker — a garota interrompeu.
— Isabelle está certa — concordou o garoto mais alto. — Ninguém aqui precisa de uma lição de semântica ou de demonologia.
Eles são loucos, Dulce pensou. Realmente loucos.
Ucker levantou a cabeça e sorriu. Havia alguma coisa de selvagem sobre aquele gesto, algo que lembrava Dulce dos documentários que ela havia assistido sobre leões no Discovery Channel, o modo como aqueles grandes gatos levantavam suas cabeças e cheiravam o ar pela presa.
— Isabelle e Alec pensam que eu falo muito — ele comentou confidentemente. — Você acha que eu falo muito também?
O garoto de cabelo azul não respondeu. Sua boca ainda estava tremendo.
— Eu posso dar a você uma informação — ele disse — eu sei onde Valentim está.
Ucker olhou de volta para Alec, que encolheu os ombros.
— Valentim está enterrado — Ucker respondeu. — Esta coisa está apenas brincando conosco.
Isabelle jogou seu cabelo.
— Mate ele, Ucker. Isso não vai nos dizer nada.
Ucker levantou sua mão, e Dulce viu uma clara luz brilhar da faca que ele estava segurando. Aquilo era estranhamente translúcido, a lâmina clara como cristal, afiada como caco de vidro, o cabo fixado com pedras vermelhas.
O garoto preso ofegou.
— Valentim está de volta! — ele protestou arrastando os laços que prendiam suas mãos atrás de suas costas. — Todo o Mundo Infernal sabe disso – eu sei disso – eu posso dizer a vocês onde ele está...
Raiva subitamente flutuou nos olhos gelados de Ucker.
— Pelo Anjo, cada vez que nós capturamos um de vocês bastardos, vocês alegam saber onde Valentim está. Bem, nós todos sabemos onde ele está também. Ele está no inferno. E você... — Ucker virou a faca em sua mão, a ponta brilhando como uma linha de fogo. — Você pode se juntar a ele lá.
Dulce não pôde mais se segurar. Ela andou para fora do pilar.
— Pare! — ela chorou. — Você não pode fazer isso.
Ucker girou, tão assustado que a faca voou de sua mão caindo contra o piso de concreto. Isabelle e Alec juntamente se viraram como ele, usando idênticas expressões de espanto. O garoto de cabelo azul segurou em suas amarras, estupefato e boquiaberto.
Foi Alec que falou primeiro.
— O que é isso? — ele demandou, olhando de Dulce para seus companheiros, como se eles não soubessem o que ela estava fazendo ali.
— É uma garota — Ucker respondeu, recobrando sua compostura. — Certamente você já viu uma garota antes, Alec. Sua irmã Isabelle é uma.
Ele deu um passo próximo a Dulce, piscando como se não pudesse acreditar no que estava vendo.
— Uma garota mundana — ele comentou, meio que para si mesmo. — E ela pode nos ver.
— É claro que eu posso ver você — Dulce disse. — Eu não sou cega, sabia.
— Ah, mas vocês são — Ucker replicou, flexionando para pegar sua faca. — Você apenas não sabia disso. — Ele se endireitou. — É melhor você sair daqui, se sabe o que é bom.
— Eu não vou para lugar nenhum — Dulce respondeu. — Se eu for, vocês vão matar ele.
Ela apontou para o garoto com o cabelo azul.
— Isso é verdade — Ucker admitiu, girando sua faca entre os dedos. — O que te importa se eu matar ele ou não?
— Por-porque... — Dulce gaguejou — você não pode sair simplesmente por ai matando pessoas.
— Você está certa. Nós não podemos sair por ai matando pessoas.
Ele apontou para o garoto com cabelo azul, cujos olhos estavam estreitos. Dulce imaginou se ele iria desmaiar.
— Aquilo não é uma pessoa, garotinha. Isso pode parecer como uma pessoa e falar como uma pessoa e talvez sangrar como uma pessoa. Mas ele é um monstro.
— Ucker — Isabelle interrompeu — já chega.
— Vocês estão loucos — Dulce disse, se afastando dele. — Eu já chamei a policia, você sabe. Eles estarão aqui a qualquer segundo.
— Ela está mentindo — Alec falou, mas havia dúvida em seu rosto — Ucker, você...
Ele não terminou a sua frase. Naquele momento o garoto de cabelo azul, com um alto uivo de choro, ficou livre do obstáculo que o prendia ao pilar e se arremessou em Ucker.
Eles caíram no chão e rolaram juntos, o garoto de cabelo azul rasgando Ucker com as mãos que brilhavam como se virassem metal. Dulce deu um passo para trás, querendo correr, mas os pés dela se prenderam em um trecho de fiação e ela caiu, tirando o ar de seu peito. Ela podia ouvir Isabelle gritando. Rolando para cima, Dulce viu o garoto de cabelo azul sentado no peito de Ucker. Sangue cintilava da ponta da sua lâmina como garras.
Isabelle e Alec correram em direção a ele. Isabelle brandindo um chicote em sua mão. O garoto de cabelo azul cortava Ucker com garras estendidas. Ucker levantou o braço para se proteger e as garras os cortaram, espalhando sangue. O rapaz de cabelo azul deu um bote novamente – o chicote de Isabelle veio abaixo atravessando as suas costas. Ele deu um grito agudo e caiu para o lado.
Veloz como uma chibatada do chicote de Isabelle, Ucker rolou. Havia uma lâmina reluzindo em sua mão. Ele afundou a faca dentro do peito do garoto de cabelo azul. Um líquido enegrecido explodiu em torno do cabo. O garoto arqueou no piso, gorgolejando e retorcendo.
Com uma careta, Ucker se levantou. Sua camisa preta ficou negra agora em alguns lugares, molhada com sangue. Ele olhou para baixo para aquela forma se contraindo a seus pés e puxou a faca. O cabo estava lustroso com o fluído preto.
O garoto de cabelo azul piscou os olhos abertos. Seus olhos, fixados em Ucker, pareciam queimar. Entre seus dentes, ele assobiou:
— Que assim seja. O desamparado terá todos vocês.
Ucker pareceu rosnar. Os olhos do garoto reviraram. Seu corpo começou a estremecer e contorcer enquanto ele se enrugava, dobrando-se sobre si mesmo, decrescendo menor e menor até que desapareceu por completo.
Dulce lutou com seus pés, ficando livre do cabo elétrico. Ela começou a andar para longe. Nenhum deles estava prestando atenção nela. Alec tinha se aproximado de Ucker e estava segurando seu braço, puxando a manga, provavelmente tentando dar uma boa olhada no ferimento.
Dulce se virou para correr e encontrou seu caminho bloqueado por Isabelle, o chicote dourado em sua mão. O comprimento daquilo estava manchado com líquido preto. Ela chicoteou aquilo em direção a Dulce, e o fio enrolou-se em torno de seu pulso e o contraiu, apertando.
— Estúpida mundaninha — Isabelle disse entre os dentes — você poderia ter feito Ucker ser morto.
— Ele é louco — Dulce disse, tentando puxar seu pulso. O chicote estava picando mais fundo sua pele. — Vocês todos são loucos. O que vocês pensam que são, assassinos vigilantes? A polícia...
— A polícia não está habitualmente interessada, a menos que você produza um corpo — Ucker disse.
Embalando o seu braço, ele escolheu seu caminho através dos cabos, andando em direção a Dulce. Alec seguiu atrás dele, seu rosto preso em uma carranca.
Dulce olhou para o local em que o menino tinha desaparecido, e não disse nada. Não havia sequer um traço de sangue, pois nada mostrava que o garoto sequer havia existido.
— Eles retornam para suas dimensões quando morrem — Ucker falou — no caso de você estar pensando.
— Ucker — Alec assobiou. — Tenha cuidado.
Ucker balançou seu braço. Um macabro traço de sangue marcava seu rosto. Ele ainda lembrava-lhe um leão, com seu extenso passo, olhos cor de amêndoas e aquele cabelo castanho claro.
— Ela pode nos ver, Alec — ele disse. — Ela já sabe demais.
— Então, o que é que você quer que eu faça com ela? — Isabelle demandou.
— Liberte-a — Ucker respondeu.
Isabelle olhou-o com surpresa, quase um olhar de raiva, mas não discutiu. O chicote deslizou para longe, libertando o braço de Dulce. Ela friccionou seu pulso dolorido e imaginou que diabos faria para sair de lá.
— Talvez nós devêssemos trazê-la junto com a gente — Alec observou. — Eu aposto que Hodge gostaria de falar com ela.
— De jeito nenhum nós a levaremos para o Instituto — Isabelle respondeu. — Ela é uma mundana.
— Será? — Ucker perguntou suavemente. Seu tom calmo era pior do que a rispidez de Isabelle ou a raiva de Alec. — Você já teve relações com os demônios, garotinha? Andou com bruxos, conversou com Crianças da Noite? Você tem...
— Meu nome não é “garotinha” — Dulce interrompeu — eu não tenho ideia do que você está falando.
Não tem? uma voz falou no fundo de sua cabeça. Você viu aquele garoto sumir no ar. Ucker não é louco – você apenas quer que ele seja.
— Eu não acredito em demônios, ou tanto faz o que você...
— Dulce? — era a voz de Simon.
Autor(a): pedry
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Ela girou ao redor. Ele estava parado na porta da sala do depósito. Um dos musculosos porteiros da porta da frente estava próximo dele. — Você está bem? — ele espiou-a através da escuridão. — Por que você está aqui sozinha? O que aconteceu com os caras, você sabe, aqueles com as facas? Dulce olhou para ele, então olhou para trás dela, onde Ucker, Isabelle e Alec estavam, U ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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caroline_vondy Postado em 03/11/2014 - 18:00:09
Continua!!!!!!Amo esse livro eu li um pouco só que não terminei ai assisti o filme
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caroline_vondy Postado em 01/11/2014 - 20:32:59
Continua!!!Desculpe esqueci de comentar ontem!