Fanfic: Identidade AyA | Tema: Anahi e Alfonso, Ponny, AyA

            É isso. Terminei de arrumar minhas malas enquanto fazia e refazia esse discurso na minha mente, e enquanto Dulce dormia. Fui buscar meus resultados, voltei, e ela ainda estava dormindo. Vantagens de se morar na mesma cidade onde se estuda. Se bobear ela está em casa antes de mim, mesmo tendo saído quando eu já estava na estrada...

            Me despedi de Maite e Christian quando nos encontramos para pegar os resultados. Todos passamos, com merecimento, para o próximo período. O que não foi exatamente uma surpresa. Eles também iam pegar ônibus cedo, cada um para a sua cidade. Perceberam certo desânimo de minha parte, mas eu insiti em dizer que não era nada. E corri de volta para o quarto antes que pudesse cruzar com vocês sabem quem.

            Saí da escola quando Dulce estava levantando para ir tomar banho. Depois disso ela ainda ia arrumar a mala. Deixei uma notinha de despedida. Minha tia esperava no carro, em frente à escola, para me levar à rodoviária. Ali, com ela, eu me senti aliviada... senti um certo conforto que não sei explicar. Fomos conversando sobre a escola e esse primeiro semestre, e aí pude sorrir e relaxar. Olhar para trás e achar engraçado até as coisas que deram errado. Como se eu tudo aquilo fizesse parte de uma geração anterior, de tão distante que parecia. Minha tia me lembrou, muito apropriadamente, que eu havia dito um dia que não era o meu sucesso que importava, e sim a jornada.

            Pois é isso mesmo. Analisando, fiz quase tudo o que gostaria de fazer e ainda não tinha tido oportunidade. Cresci um pouquinho mais. Cortei os laços invisíveis que me prendiam à minha mãe, à minha família. Mesmo não estando totalmente feliz, a jornada valeu a pena.

            Mais alegre e mais orgulhosa de mim mesma, cheguei à rodoviária ainda acompanhada de minha tia, localizei o meu ônibus e entrei na fila. Não me esqueci de agradecê-la pelo que havia feito por mim, e prometi avisar quando estivesse de volta. Lutei para não chorar, e venci. Pelo contrário, sorri antes de entrar no ônibus.

            E dai, meu sorriso morreu com a decepção.

            Alfonso estava no ônibus.

            Sussurrei um gemido de frustração assim que o vi. Dois passageiros me olharam estranho, mas não me importei. Alfonso estava sentado, do lado da janela, a poltrona da ponta estava vazia. Não tinha me visto. Tratei de não chamar muita a atenção com minha bagagem e fingi que não o tinha visto. Passei o mais silenciosamente pela poltrona dele.

            - Ei, Annie... – ouvi a voz dele, quando achava que tinha passado despercebida.

            É, não ia dar certo mesmo.

            - Oi – dei um sorriso de má vontade, e continuei andando.

            - Tinha esquecido que você pegava o mesmo ônibus que eu... – comentou ele, chegando para a poltrona da ponta.

            - Eu também – respondi, colocando minha mala no compartimento acima da minha poltrona escolhida.

            - Senta aqui comigo... tem lugar – apontou ligeiramente para a poltrona.

            - Não, obrigada – empurrei de vez minha mala no compartimento de cima.

            - Qual o problema? – finalmente o gênio percebeu que algo estava errado.

            - Nenhum – tirei a mochila das costas, me sentando em seguida.

            - Não quer vir para cá por quê então? – entortou-se na poltrona para olhar para mim.

            - Você acabou de responder – falei, calma. – Eu não quero.

            Mentira. Eu queria. Só que havia desistido dele. E não ia mais bancar a idiota.