Fanfic: Identidade AyA | Tema: Anahi e Alfonso, Ponny, AyA

            Eu me sinto bem mais leve. As férias duraram apenas vinte dias, mas eu até consegui me desligar. Consegui ver tudo por um outro prisma. Até porque as conversas da minha família, perguntando como estava sendo meu trabalho, se eu tinha aprendido a lidar com as pestinhas crianças, e que no final das contas eu acabei mesmo no magistério, mesmo afirmando tanto que não gostava... encheu bem o meu saco. E olha que ele é fundo, hein. Dai decidi que não iria ter aquele interrogatório sobre a minha vida, para cada meio passo que dou. Ao mesmo tempo não tinha como contar a verdade, se quisesse sobreviver. Tinha conseguido uma certa privacidade acerca dos meus assuntos. Eu contava o que eu queria contar, e omitir e mentir era bem mais fácil por telefone. Não iria trocar isso por causa de um homem. Sim, Alfonso.

            Mesmo após vinte dias de férias, ele aparece no primeiro parágrafo. Carma. ¬¬

            Voltando à vaca fria, eu realmente senti muitas saudades de casa. Muitas em letras maiúsculas e elevada a décima potência. Exagero, hello. A primeira semana foi só amor. Eu atendia minha mãe de cara, conversávamos direto, e até puxava assunto com meu pai. Fiz até trabalho doméstico sem reclamar. Depois, meu quarto, minha cama, meu guarda roupa... meu tudo. Na escola nada é meu, com exceção do laptop e das roupas. Aqui é meu mundo particular. Minha bolha feliz. Tudo meu. Até o cheiro dos lençóis.

            Adoooooorei ficar novamente na internet até altas horas, ouvir músicas nos fones sem me preocupar com passos de dança, e dar meus antigos show em frente ao espelho. E conversar virtualmente com quem o contato estava meio bagunçado desde que viajei.

            Todavia, na segunda para a terceira semana, tudo virou rotina outra vez. Senti falta dos fins de semana, senti falta das crises da Dulce pra me fazer sair de casa! Tem ideia? Eu apenas... fiquei em casa. Sem amigos, ou colegas, sem aulas, sem movimento... sem final de semana. Nada havia mudado naqueles quase seis meses que estive fora. E não tinha mesmo como mudar.

            Ta, teve exceções, mas depois explico.

            O que quero dizer é que comecei a sentir falta da outra vida. Dai parei para pensar, se não fosse Alfonso, haveria algo de errado? A resposta, óbvia, foi não. Então não tinha razão nenhuma para que eu trancasse a escola e voltasse de vez para casa. Eu só tinha que me afastar dele, como tinha feito as férias inteiras. E iria ficar bem. Mas aquela vida, ali, não era mais para mim.

            E, depois de uma temporada meio movimentada, fiquei vinte dias sem beijar ninguém. Mais do que isso se contar o período antes de voltar pra casa. Conclusão? To tendo uma síncope!

            Mais uma razão pela qual precisava voltar. Porque aqui é que eu não pego ninguém, né?

            Então, voltei. Voltei mais leve e mais feliz. E dica, não encontrei ninguém no ônibus desta vez. Muito melhor assim.

            - Olá! – falei e sorri, entrando no meu quarto com as bagagens e encontrando Dulce.

            Eu senti falta da Dulce. :O

            - Oi gata! – responde ela com um sorriso. – Como foram as férias?

            - Normais... – disse, arrastando minhas duas malas para dentro, cada uma com uma mão. – Sabe, família, beijos e abraços em excesso, nostalgia e interrogatórios.

            - Sei – ela riu. – Digamos que tenha sido bom enquanto durou.

            - É, por aí – me ergui, parada ao lado da minha cama, respirando cansada.

            - Parece que alguém trouxe a casa nas costas – ela observou, se inclinando e olhando minhas malas.