Fanfic: Identidade AyA | Tema: Anahi e Alfonso, Ponny, AyA

 Eu sei que para todos muitos, será realmente difícil compreender meus dramas às vezes. Não vai fazer sentido, vai paracer ridículo e/ou passar quase como um mero detalhe. Não é. Eu não estaria saindo de casa se não fosse esses ‘meros detalhes’, portanto, vocês não teriam uma história aqui. Mesmo assim, está tudo bem. É mesmo quase impossível para quem foi criada na democracia, compreender alguém criada na ditadura. Péssima comparação, relevem. O importante é que todos saibam que não, eu não sou uma completa idiota. Ou se sou, pelo menos tive interessantes razões para isso.

Enfim, não passei no bendito concurso. Mas, ahá, como disse antes, eu tinha planejado cuidadosamente cada detalhe e já tinha um plano B pronto, caso isso acontecesse. Arranjei umas folhas falsas e disse que havia passado. Treinei bem o meu poder de mentir convencer, porque né, nunca tinha feito nada parecido antes. Aparentemente, acreditaram, salvo alguns céticos. Inventei que havia passado para outro estado, não muito perto, não muito longe. De caso pensado. Minha tia por parte de pai mora por lá. Contei minha tramóia a ela, que sabendo meus motivos, resolveu me apoiar. Combinamos que eu tentaria me virar por mim mesma, mas caso as coisas apertassem, eu ligaria para ela pedindo ajuda, ou até poderia ficar em sua casa. Era apenas uma tentativa... poderia durar um mês, dois, seis, um ano... dependendo do que eu encontrasse. Após esse período, eu poderia até voltar para casa, e dizer que tinha pedido demissão do meu suposto emprego. Analisando desta forma, não parecia tão ruim.

Comecei a achar até que eu merecia essa chance, entendem? Afinal, tive uma vida muito boa em minha casa, tirando as horas de repressão, mas não uma boa vida de forma geral. Não sei se por ser ingênua e boa demais, ou se por ter cruzado sempre com as pessoas erradas. Enfim... Não tive bons amigos. A maioria só gostava de mim mesmo para me zoar, pelo fato de ser desengonçada (não sou mais), ingênua e nerd. As brincadeiras de mal gosto duraram por bastante tempo. Não é bom recordar. A minha sorte se estendeu no quesito... homens. Que garota (mulher?) na minha idade consegue contar os caras que já beijou nos dedos das mãos? Nos dias de hoje? Certo que gosto de ser seletiva, mas para isso não preciso virar um protótipo de freira. Né? Apenas tive um namorado, que acabou por me trair, uma vez com uma amiga dele, outra vez com uma amiga minha. Hoje, ele resolveu virar a casaca e passou a jogar no mesmo time que eu. Sacam?

Com todos esses argumentos em mente, parei para pensar melhor. Sair de casa poderia ser não só o início de uma vida ferrada independente. Eu estaria dando uma chance a mim mesma para crescer, uma chance às oportunidades de estudo/trabalho... então por que não poderia dar também uma nova chance às pessoas? Ia deixar tudo muito mais interessante. Imagina, conseguir um trabalho (aceito até de garçonete), fazer algum curso, e encontrar pessoas que realmente gostem de mim, desse jeito chato e neurótico? Tudo, sozinha? Demais.