Fanfic: Identidade AyA | Tema: Anahi e Alfonso, Ponny, AyA

Minhas intenções não foram ruins, mas quando lembro dos trezentos abraços e das quinhentas recomendações... do olhar até um pouco dolorido da minha mãe, não consigo evitar me sentir egoísta. Daí, eu me sinto mal. Eu precisava fazer isso com eles? Mentir assim? Eu não poderia simplesmente esperar uma oportunidade que fosse real? Já embarquei no ônibus aos prantos, e fiz de tudo o que pude para que eles não vissem, porque senão não conseguiria ir. Eu tenho um vínculo muito forte com eles, como já disse. E se der tudo errado? E se eles descobrirem? E se a saudade for demais? E se eu sofrer longe de casa mais do que eu sofri perto?

Percebam como eu transito do otimismo para o pessimismo em segundos? Minha mente é poderosa, vai desencadeando acontecimentos ruins uns sobre os outros e eu vou ficando nervosa e nervosa e nem consigo respir...

- Ei?

Ei? Espera, isso não veio do meu pensamento. Quem? Olhei para o lado e vi um cara, moreno, de pé, se segurando no banco vazio ao lado do meu, me olhando como se estivesse... assustado.

- Está tudo bem? – ele perguntou, juntando as sobrancelhas. A minha cara deveria estar mais assustada do que a dele.

- Está.... por quê? – respondi, sem nada entender.

- Como por quê... você está chorando – o canto de seus lábios ergueram-se de leve em um sorriso óbvio.

Só aí que me dei conta de que meu rosto estava empapado em lágrimas, assim como a folha de caderno onde escrevia. Não dava nem para ler direito nada do que estava ali. Eu, com a empolgação de por tudo para fora, não percebi que chorava de forma mais intensa a cada linha concluída. Alguns passageiros olhavam para mim e, para o meu desconcerto naquele momento, inclusive aquele rapaz de olhar perturbador. Provavelmente estavam se perguntando como haviam deixado uma louca feito eu viajar sozinha. É... nem eu mesma sei.

- Você está se sentindo mal? – perguntou outra coisa, enquanto assistia de camarote meu super mico.

- Não, não... eu estou bem. Pode deixar, eu estou bem – atirei meu caderno na poltrona vazia ao lado, assim como a caneta, e procurei por meu espelho na bolsa. – Só estou nervosa, mas obrigada.

Catei meu espelho, e quando vi minha imagem refletida, quis gritar. Meus olhos estavam inchados! Eu estava horrenda.

Vendo pelo lado positivo, seria pior se eu tivesse me maquiado. Imagina a bagunça?

- Você quer algo? Água? Eu posso conseguir... – ouvi-o falar de novo, enquanto eu tentava secar as lágrimas com as mãos e segurar o espelho ao mesmo tempo.

Por que ele ainda estava ali? Eu já tinha sido educada e até dito obrigada. Isso deveria ter sido a deixa dele, não? Que saco. Pensei que meu rosto por si só era o bastante para assustá-lo de volta para seu lugar.

- Eu não quero nada... obrigada – repeti, sem querer que ele visse meu rosto inchado outra vez. – Estou bem.

- Eu posso segurar o espelho para você ver melhor... – a mão dele já estava estendida, a meio caminho de pegar meu espelho.

O quê?! Olhei-o até espantada, e com um movimento gentil pegou o espelho de minhas mãos, encostou-se à poltrona e posiconou o objeto direcionado a mim. Meu alerta apitou. Muito bonzinho. Sinal que devo fazê-lo ir embora logo. Só não sei como.

Sem saber bem o que fazer e sem ter jeito de ser mal educada, utilizei bem a ajuda dele. Prendi minha juba em um coque (chamo meu cabelo assim quando não está escovado, amor total), terminei de secar meu rosto, e dei uma disfarçada nos meus olhos vermelhos e inchados. Não quis ir ao banheiro porque né, vai que a criatura resolve me seguir até lá, ou pior, esperar aqui, perto de todas as minhas coisas? É, não, eu ainda não to muito bem, não.

No final, eu até que fiz um bom trabalho. Contanto que não volte a chorar, daqui a algumas horas nem vai dar para perceber quase nada.

- Acabei – olhei para ele, que ainda segurava o espelho. – Obrigada? – estendi a mão, como se pedisse o espelho de volta.

O que eu faria para que ele fosse embora agora?

- De nada – entregou-me o espelho sem problemas. – Está bem melhor assim... e, qualquer coisa, eu estou logo ali no poltrona da frente – sinalizou sua poltrona, na outra fileira, enquanto se encaminhava para ela.

Eu assenti, e ele simplesmente deu as costas e voltou a sentar-se em seu lugar. Fácil assim. Depois eu que me acho a louca desse ônibus. Eu hein.

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Quem vocês acham que é a pessoa? hahah 
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