Fanfic: Na Escuridão
A escola era bem como me lembrava alunos correndo entre si e para os armários carregando livros feito loucos, rindo, brincando, logo de cara percebi que essa escola era igual a todas as outras, não que eu me importa-se muito, tudo o que eu tinha de fazer durante o dia era parecer invisível perante os outros alunos, pensei que isso fosse ser fácil já que eu me misturaria e ninguém me notaria, pelo menos pensei que fosse ser assim, mas isso de se ser uma aluna recém chegada quando as aulas já estão na metade do ano, e de tentar passar despercebida em uma cidade onde todos se conhecem desde eu estavam nas fraldas ainda, não deu muito certo, por que quando abri as portas que davam nos corredores da escola muitos dos alunos que estavam em seus grupinhos param e olharam para mim de cima a baixo me encarando, principalmente as garotas mais populares , se juntando em seus montinhos e se perguntando o que aquela garota ridícula (eu) estaria fazendo ali no espaço deles.
Senti meu rosto corar talvez agora sim eu parece-se mais ridícula ainda correndo rumo a secretaria vermelha como um tomate e me sentindo uma completa retardada de verdade.
A secretaria era ampla e espaçosa, decorada com papel de parede roxo e dourado, parei olhando abismada para as paredes sem saber o que dizer, o espaço era grande e completamente confuso, havia dois sofás arrumados estrategicamente em um dos cantos da sala formando um V virado, alguns vasos com plantinhas minúsculas enfeitavam o balcão entulhado de papéis onde ficava a secretária, a sala estava completamente vazia. Ao me sentar no sofá continuei olhando as paredes como uma tonta, era estranhamente confuso e até meio gótico, o papel de parede era cheio de listras roxas e douras que iam do chão ao teto.
-Isso é tão...
-Louco?
Pulei assustada do sofá, achei que estivesse sozinha na sala. De baixo da bancada havia saído uma menina quase que minúscula vestindo um macacão azul com óculos.
- Muito louco não é? Também achei isso quando eles escolheram esse papel de parede - Ela sorriu pra mim tirando os óculos, largando-os no balcão junto com a pilha de livros que estava carregando – Você deve ser a aluna nova, sabe você parece legal, assim logo de cara, prazer me chamo Sara, Sara Miltons, e você é a...?
- Ever, Ever Grimgotts . Prazer – Apertei a mão que ela tinha me estendido - Eu preciso falar com a secretária, essas coisas de horário me deixam louca, ela não esta aqui ou esta?
- Não, ela não esta, mas se você quer só o horário eu posso te dar ele, também cuido das coisas por aqui, sou um tipo de assistente junior sabe.
- Sei – Sorri pra ela e a acompanhei até o balcão. Aquela garota me pareceu legal, e de alguma maneira eu sabia que podia tentar ser amiga dela sem nenhum problema.
Sara demorou um pouco até achar meu horário, sempre que achava um papel que não era, ela bufava e jogava ele em outra pilha resmungando que não sabia como aquilo havia ido parar lá. Também no meio daquela zona que era a secretaria até eu ia demorar pelo menos uns 5 anos pra achar um papel.
- Achei – Sara berrou com satisfação depois de um tempo – Tava debaixo da conta da lavanderia, muito típico da senhora Sinters – Ela olhou fixamente no meu horário por alguns segundos – Veja temos as duas primeiras aulas e a ultima juntas. Se você quiser pode vir junto comigo já que vamos pro mesmo lugar, posso te mostrar o colégio e tals.
Ela me estendeu o horário com satisfação enquanto pendurava no braço uma mochila simples e catava os óculos em cima do balcão.
Peguei o papel da mão dela, minhas duas primeiras aulas seriam Biologia e Inglês, por curiosidade olhei a ultima aula, que por terror meu, era Ed. Física.
- Ok, vai ser bom ir com você, não conheço nada por aqui mesmo
- Ótimo – Ela piscou pra mim agarrando um dos meus braços – Vamos?
- Vamos
O colégio era grande e cheio de salas e portas. Enquanto Sara praticamente me arrastava pelos corredores cheios de gente, ela não para de falar, contava pra que servia todas as salas e que a maioria estava desativada ou algo do gênero. Sabe a garota era legal e tudo mais, mas era como andar com um radio na potência máxima, tudo que ela fazia era falar, e falar, e falar até me deixar louca.
Suspirei aliviada quando finalmente paramos na frente da sala de Biologia e Sara me largou pra ir sentar no seu lugar bem na frente. Caminhei desajeitada até o fundo da classe enquanto ela praticamente gritava pra mim sentar lá na frente no lado dela Nada disso Sara, não vou te aturar do meu lado tagarelando feito uma louca as aulas todas.
Sentei numa carteira no canto e comecei a remexer no meu caderno enquanto um professor baixinho ranzinza e careca começava com seu discurso animador de todos os dias.
- Bem vindos pessoal, sei que vocês estão cansados da escola, mas cá estamos de volta, e como muitos filósofos dizem, a vida continua.
Eu soltei um risinho quase inaudível. Era isso que o meu psicólogo disse para mim logo que ganhei alta do hospital.
Ele pegou uma caneta e escreveu com letra cursiva perfeita o nome dele no quadro e se virou dirigindo o olhar para classe, seus olhos se demoravam em cada aluno até que pararam em mim, suas sobrancelhas se ergueram em um tom perguntativo como se estivesse pedindo para mim se eu queria que ele me apresentasse. Balancei a cabeça negativamente e ele concordou virando o corpo de volta pro quadro. Desvie os olhos, pelo menos nessa eu estava a salvo.
Foi quando o vi, naquele momento perdi a consciência de todo o resto do mundo. Eu simplesmente não conseguia mais ouvir o que os outros diziam. Era ele. O garoto do acidente, o garoto com quem eu sonhava todas as noites, aquele que havia segurado minha mão. Ele parou na porta da sala e olhou diretamente pra mim, senti como se todos os pensamentos da minha mente evaporassem, seus olhos, olhos de um azul intenso eram as únicas coisas que me prendiam na terra.
De repente do nada ele sumiu, não tipo saiu da porta ou virou as costas, ele simplesmente desapareceu, procurei pelo resto da sala vendo se ele havia entrado ou algo do tipo, mas ele não estava ali. Não estava em lugar nenhum.
- Mas o que... – Gaguejei tentando entender o que tinha acontecido.
- Senhorita Grimgotts, fico feliz que tenha se manifestado por não estar entendendo a matéria, e terei o maior prazer de lhe explicar de novo na sala, junto com o diretor – Suspirando o Sr. Roman pegou o canetão e começou a escrever na lousa - Agora cale-se, perguntas só depois que eu terminar, ok.
Baixei a cabeça e torci as mãos, será que ele não tinha visto o garoto?
- Não é isso, é que tinha alguém ali na porta... bem ali, o senhor não viu?
- Horas, largue de bobeira mocinha, não tem ninguém ali na porta e nem tinha também, eu lhe garanto que se tivesse eu teria visto. A senhorita não está se sentindo bem? Quer ir falar com a enfermeira? Sei que ainda não está recuperada do acidente, sua irmã me falou sobre isso... – Tarde de mais, todos os alunos voltaram seus olhares para mim, agora todos sabiam que a nova garota era uma esquisita com problemas mentais e traumas de um acidente. Balancei a cabeça negativamente de novo para o professor. Ele soltou o canetão aborrecido – Certo. Agora silencio preciso dar minha aula se a senhorita não se importar.
Encarei-o incrédula e incrivelmente envergonhada. Não podia acreditar que ele não tinha visto nada e nem mais ninguém tinha visto também. Mas não era o fato de ter problemas com meu professor que me preocupava, era ele, o garoto. Como eu havia visto ele e mais ninguém o tinha visto? Como isso tinha acontecido? Será que eu estava ficando louca?
Fiquei pensando sobre isso o resto da manha, mesmo com Sara me arrastando pela escola toda, falando como uma doida. Minha cabeça só pensava naquilo, só pensava nele. A aula de inglês foi melhor do que a primeira, principalmente por que eu me dava bem em inglês. Dessa vez sentei ao lado de Sara que a cada minuto ficava me cutucando ou me ajudando em algo, e naquele momento quase senti vontade de dar um beijo nela de agradecimento.
A matéria em si naquele dia falava de profecias gregas e povos muitos mais antigos, eu sei o que você deve estar pensando, isso é matéria de História e não de Inglês, mas o fato é que o tema tratava da idéia de que naquele tempo, antes mesmo de tudo (fato muito curioso) que os povos já sabiam escrever, de uma maneira parecida com a gente, não com desenhos nem números ou símbolos, mas com palavras, foram poucos vestígios, uma escritinha ali, outra aqui, outra colá, mas o que vale é que esses “povos” realmente escreviam como nós e provavelmente tinham um costume como nós.
A minha professora, Senhora Collins uma mulher de meia idade, magra e baixinha cuja uns poucos fios de cabelos brancos se destacavam na cabeça, passou entre as carteiras nos entregando pilhas de cópias de imagens disso, pelo que contei tinha umas 5 folhas só da história e costume as outras envolviam escrituras de profecias (o mais engraçado que descobri, é que eles só encontraram profecias escritas em paredes e cavernas, interessante né?).
- Peguem a quarta folha, por favor – Ela puxou uma do monte que estava em cima da mesa e ficou esperando os alunos se organizarem – Muito bem, agora pessoal, como já expliquei a vocês toda a ideologia dessa descoberta acho que não precisamos ler as folhas sobre a história, mas em compensação quero que façam um trabalho de 10 folhas falando sobre isso – Vozes abafadas de murmúrios e pragas brotaram pela sala protestando –Por favor gente, nem é tanto assim – Todos riram e a professora corou por trás dos óculos – Certo, vamos começar, a imagem da folha que vocês têm em mãos é a mais antiga já achada, os cientistas e historiadores não tem nem idéia de que data ela tem.
- Mas professora – Sara falou olhando da folha para a professora – Eu não consigo ler o que está escrito, e a senhora disse que eles tinham a mesma maneira de escrita que a nossa.
- A sim, senhorita Miltons, eles tinham o mesmo sistema, mas não o usavam do mesmo jeito – A senhora Collins se inclinou se encostando à mesa – Se vocês virarem a folha de lado irão ver que as palavras vão começar a fazer sentido, os pesquisadores só descobriram isso acidentalmente quando depois de tiradas as fotos um deles sem querer acabou virando a fotografia revelando o segredo.
- Legal – Sara sussurrou enquanto virava a folha dela de lado.
Virei a minha também com calma e aos poucos as palavras foram tomando sentido, a profecia era sem sentido, mas ao mesmo tempo era incrível.
- Alguém gostaria de ler o que está escrito? – Ela perguntou olhando os alunos – Que tal você senhorita Grimgotts?
- A claro – Me assustei e olhei a folha novamente. A professora olhou de mim para a folha e fez uma cara de espanto, parecia estar pronta para falar alguma coisa quando eu comecei – Filhos da Terra, do Mar e do Céu – Minha voz saiu forte e firme, as palavras pareciam se misturar dentro do meu peito – Netos da Lua e do Sol, do Frio e do Calor, chegará o dia em que a criança escolhida nascera, e ela como diz a santa terra a de ir juntar todos os filhos dos deuses em prol do bem maior, serão eles, os abençoados, os guardiões do tempo e do mundo, de todos os nossos mundos, seus poderes serão invencíveis perante a união dos 5, cada qual dominara um mundo e cada qual terá seu reino. Estes irão ser os verdadeiros reis e rainhas, os únicos salvadores, da filha do mostro com suas chamas ardentes, ao filho dos tempos com seu frio cortante, da filha do rei com o poder da terra nascente, ao filho do mar com suas incertezas e forças, a criança os quatro deverá unir para somente no fim o quinto filho do sangue cair.
Todos ficaram em silencio por alguns segundos, até mesmo eu estava com os pelos dos meus braços arrepiados, era como se eu já tivesse lido aquilo em algum lugar.
Meu coração batia com força causando uma adrenalina anormal no meu corpo. Virei-me e encarei Sara, ela me olhava fortemente sem desviar o olhar. O que foi? Eu quis perguntar, mas as palavras não saíram. A professora foi a primeira que se movimentou tirando o resto dos alunos do estupor.
- Não devemos acreditar em tudo que lemos – Foi a única coisa que ela disse antes de se virar e voltar a aula.
O sinal tocou minutos depois, e até lá todos nós já estávamos normais de novo. Peguei minhas coisas e me dirigi para a porta, mas no caminho a professora me parou segurando meu braço.
- Como você fez para ler? – Ela me perguntou – Sua folha, ela não estava do jeito certo era impossível ler daquele jeito.
- Eu não sei – Falei. Como eu tinha feito pra ler então? – Eu só entendi as palavras, acho que eu já vi isso em outro lugar. Talvez por isso eu tenha entendido
Ela concordou e soltou meu braço. Corri até a porta onde Sara estava me esperando, eu nunca tinha visto aquilo ali em outro lugar.
Quando a hora do almoço chegou, Sara não pode ficar comigo, ela tinha que cuidar da biblioteca e arrumar alguns livros ou coisa parecida, só voltaria a me encontrar na ultima aula, a de educação física.
Estremeci. Eu odiava educação física. Antes eu até poderia ser a poderosa nos esportes e acrobacias, mas agora eu era um tipo de desastre ambulante, meu corpo ainda tinha força, o único problema é que às vezes, mas só às vezes eu não tinha poder suficiente para coordenar ele. A aula de educação física chegou e eu não tive para onde fugir. Não tenho uma conclusão firme do que aconteceu lá na hora daquilo, lembro-me que levei tantas boladas que cheguei a ficar tonta. Só me lembro com clareza do banho, de me vestir do sinal tocar e de tudo passar.
O resto do dia passou tão rápido que mal percebi que já tinha entrado no carro, a minha mente estava completamente fora de ar, confusa, me fazendo concluir seriamente que eu estava mesmo ficando louca, por que isso era a única coisa que explicava o fato de eu conseguir ver o garoto e de eu ter conseguido ler aquilo por que mais ninguém ia conseguir. Suspirei a girei a chave na ignição, torcendo pra que quando chegasse em casa Mera não estivesse lá.
Parece que pelo menos nisso eu tive sorte. Estacionei o caro e percebi que o jeep dela não estava ali,feliz da vida desci do caro e caminhei rapidamente rumo a casa, tudo que eu precisava era de um bom banho quente e eu ficaria bem. Ao deixar minha mochila em um canto do sofá e ouvi um baque como de algo batendo vindo lá de cima no segundo andar.
- Mera é você? – Perguntei estranhando, não tinha ninguém na casa além de mim e o carro dela não estava lá fora. Será que ela tinha vindo caminhando? Não ouve resposta, o barulho veio de novo. Comecei a subir lentamente as escadas me segurando no corrimão – Mera se é você responda, isso não tem a mínima graça, ok? Mera?
De repente o barulho cessou, terminei de subir as escadas, tudo parecia normal no final do corredor, era só a porta que dava ao sóton que batia loucamente, senti um alivio imenso e subi na escadinha trancando ela, um banho lembrei a mim mesma enquanto entrava no banheiro tudo do que você precisa é de um bom banho quente tranquei a porta do banheiro e comecei a tirar a roupa. O dia tinha sido muito estranho hoje, pensando melhor hoje tinha sido o dia mais estranho da minha vida, suspirei e entrei em baixo do chuveiro, a água estava perfeita, eu estava tão cansada que depois do banho tudo que eu precisava era dormir, de preferência sem aqueles estranhos sonhos loucos.
Parecia que hoje não era mesmo meu dia de sorte, sem querer um pouco de xampu caiu nos meus olhos, esfreguei eles com raiva e corri pegar uma toalha, quando saio de baixo da água sinto um arrepio. O banheiro tinha ficado frio, não tipo frio como se uma pequena corrente de ar tivesse entrado por debaixo da porta, mas frio como se tivesse nevando aqui dentro, tremi e peguei a toalha de banho.
Quando abri os olhos quase desmaiei, havia neve amontoada por todo banheiro, o piso estava frio e escorregadio, no teto a água perecia ter pingado até formar enormes estalactites, e a água nos cantos tinha congelado de tal forma que parecia vidro. Me virei pasma encarando o banheiro, como podia aquilo? Então de repente o chuveiro da onde caia água ainda começou a inchar e crescer, estralando, ficando quase do meu tamanho, a água parou de cair dando lugar a uma gosma esverdeada que pingava fazendo longos fios no chão e logo em seguida descendo pelo ralo.
Eu fiquei olhando aquilo sem reação, acho que o pânico sempre paralisa a gente nos piores momentos, mas quando uma sacola meio parecida com um útero começou a “nascer” do meu chuveiro eu cai na real e escorreguei até a porta. Ela parecia que estava trancada entrei em pânico forçando a fechadura e batendo na porta com toda a força que eu tinha, mas ela não abria, parecia que a fechadura tinha congelado e imperado, não tinha como abrir, eu estava presa ali dentro. Me virei para trás e me deparei com o “útero” que já tinha caído completamente e que agora tinha o tamanho de um cavalo enorme, dentro dele alguma coisa forçava e esperneava querendo sair, comecei a bater e chutar a porta mais rápido, mas não adiantava, ela só estralava, não abria.
A bolsa útero estourou, me abaixei contra a porta, a explosão tinha causado um buraco no chão cheio do limo esverdeado que ainda chovia do chuveiro. O monstro que antes estava nascendo saiu do buraco e ficou de pé. Ele era enorme.
Parecia que eu estava num de meus pesadelos ou em um filme de terror, a única diferença é que eu não estava em um filme e nem em um dos meus sonhos, eu estava no meu banheiro nua e sendo atacada por um monstro que parecia de outro mundo. Pedaços do útero estavam grudados por toda parte e até em cima de mim. O monstro veio lentamente. Ele parecia ser feito de uma mistura de couro com gordura e fero grudados, todo deformado, seus braços eram peludos com garras pontudas, ele não tinha olhos, seu rosto só tinha a boca enorme cheia de dentes afiados que poderiam ser muito maiores do que as minhas mãos.
Soltei um guincho enquanto ele corria em minha direção como um tanque de guerra. Ele me ergueu no ar enquanto eu me contorcia e gritava desesperadamente. Com sorte acertei um chute na parte mole do corpo dele, ele urrou e se bateu contra a porta, que com o peso cedeu e nós dois saímos rolando pelo corredor por cima de pedaços de madeira e cimento. O corrimão se estilhaçou com o peso do monstro que estava caído, pedaços de madeira voaram por cima de mim. Aproveitei que ele estava caído e naquele milésimo de segundo sai engatinhando pelo resto do corredor, mas aquela coisa se recuperou rápido e me agarrou pelo tornozelo, e começou a me arrastar pelo resto do caminho, berrei tentado me segurar em algo e agarrei um pedaço de madeira afiado, ele vai me matar a menos que eu faça algo, seja corajosa Ever, mate ele quando o monstro parou de me arrastar e abriu a enorme boca pra me engolir gritei e enfiei o pedaço de madeira no céu da boca dele, não sei da onde tirei força para fazer aquilo, mas o pedaço de madeira ultrapassou a cabeça dele saindo pela parte de cima do crânio, o monstro urrou tombando de lado seu corpo começou a pegar fogo e do nada sumiu, ele tinha morrido
Gemi e me arrastei pelo chão até o outro lado da parede. Dava para perceber que eu tinha quebrado o braço já que estava dolorido e eu não conseguia mexer ele sem cerrar os dentes de dor. Mas não era isso que me preocupava o que é que tinha sido aquilo? Ou melhor o que é que era aquilo? Apoiei-me no chão e me ergui lentamente.
Não havia mais vestígios do monstro em lugar nenhum ele tinha simplesmente pegado fogo e evaporado deixando uma enorme marca de fuligem negra no chão, o banheiro estava totalmente destruído e cheio de limo assim como o corredor e eu.
Do nada senti o medo voltar a mim fazendo meu coração disparar de novo, e se ele voltasse? A criatura poderia muito bem voltar, não poderia? Corri até meu quarto. Eu não iria ficar ali esperando que o monstro voltasse, não mesmo, catei minha mochila de viajante de cima do armário. Meus pais adoravam fazer caminhadas e acampar então nós sempre tínhamos estes tipos de mochila. Desde criança aprendi a sobreviver sozinha no meio do mato, papai tinha sido aventureiro quando jovem, que quando cresceu e ficou adulto acabou virando um explorador de cavernas e professor de história antiga, sempre que ele tinha tempo nós íamos acampar, fazer caminhadas e tals. A única pessoa que nunca ia com a gente era minha mãe. Ela também era historiadora, mas preferia muito mais os livros cheios de poeira e antigos dela do que sair comigo e papai para viajar.
Por mais engraçado que seja eu passava mais tempo com ele viajando do que com ela em casa junto com os livros, e mesmo assim eu sentia que ficávamos o mesmo tempo juntos.
Eu nunca gostei mais de um do que do outro. Mera minha irmã visitava a gente uma vez por ano ou nos feriados, sempre senti falta dela e das nossas brincadeiras de infância. Ela era minha melhor amiga, minha única irmã. Acho que ela não ia nos visitar muito porque nunca se deu bem com nossos pais, não que eles brigassem, mas, porque parecia que quando se viam eles eram distantes, quase como se não fossem da mesma família, quase como se não se conhecessem.
Vesti uma roupa por cima da crosta de gosma verde, sujeira e pedaços de monstro do meu corpo e soquei o resto delas dentro da mochila. La em baixo a porta bateu com um baque e ouvi um grito. Mera. Devia ser ela, joguei a mochila por sobre as costas e sai correndo escada a baixo.
Minha irmã olhava boquiaberta o enorme pedaço de cimento que estava caído no centro da sala.
- Ever o que? O que foi que aconteceu aqui? Por que a casa esta quase totalmente destruída? – Ela ainda me olhava boquiaberta, esperando minha resposta.
- Longa história – Respondi enquanto andava rapidamente até a porta.
- Pode parar ai – Disse Mera bloqueando meu caminho – Você não sai por esta porta antes de me explicar o que aconteceu – Ela baixou o braço e revirou os olhos – Deuses o que aconteceu com você Ever, você esta coberta de uma gosma verde, e isso no seu cabelo parece carne..? É carne? Ever isso aqui é mesmo carne?
- Não. Eu não diria que é carne, se bem, que, pode ser, eu acho – Afastei as mãos dela do meu cabelo – Não tem o que explicar, Mera, você não vai entender, eu tenho certeza que não vai, de sério.
- Haa você tem certeza que eu não vou entender o porque da minha casa estar com a cara de que foi atacada por um mini furacão interno?- Mera pigarreou - Por favor maninha desembucha.
Ela saiu da minha frente caminhando até o pedaço de cimento tamanho família que estava no centro da sala, ainda indignada com seja lá o que tinha acontecido a casa dela.
- Garanto que você tem uma ótima explicação pra isso – Ela apontou o cimento – E para aquilo também – Completou apontando para as escadas e a para porta do banheiro, que agora parecia mais um enorme buraco do que uma porta – Tipo, o que foi que aconteceu com a porta do meu banheiro? E o que aconteceu com bem, todo o resto? Você tem de ter uma ótima e perfeita explicação pra isso? Né mocinha?
Respirei fundo.
- Não, não tenho.
Sai porta fora sem olhar para trás. Sei o que você deve estar se perguntando, por que não contei a ela, minha irmã, a pessoa em quem eu mais confio no mundo sobre o ataque do monstro. Mas sinceramente não acho que ela iria acreditar em mim, o mais certo era achar que eu estava ficando louca e me internar num hospício porque destruí metade da casa dela, por tanto foi melhor não falar nada.
Entrei no meu caro e comecei a dirigir. Só naquele momento percebi que estava tudo escuro. Ao que parece já havia anoitecido, mas isso é impossível, por que, bem porque quando eu cheguei em casa era apenas três horas da tarde, sendo assim impossível já ser de noite. Me inclino no banco olhando o céu estrelado, bem no meio a lua brilhava cheia com uma coloração avermelhada. Estranho, muito estranho, cada vez mais o dia ficava mais estranho suspirei e dobrei na estrada pegando a inter- estadual. Diminui a velocidade. Eu já estava fora da cidadezinha, não precisava mais ter tanta pressa, mas mesmo assim, continuei dirigindo a uma velocidade meio alta, só para garantir.
Relaxe Ever, esta tudo bem agora não tem mais monstro nem nada, graças a deus não tem falei comigo mesma tentando me fazer esquecer o incidente. Era difícil esquecer tudo aquilo.
Estendo a mão e ligo o radio procurando alguma musica descente que me fizesse relaxar um pouco e esquecer por alguns minutos de tudo o que aconteceu hoje. Vagueio por entre as estações de radio, nenhuma dela tem uma musica que preste, pensando bem é muito difícil achar uma estação que tenha musicas que prestem. Desliguei o radio tendo em mente que era melhor ficar em silencio mesmo. Quando me senti em paz voltei à atenção para estrada.
Se arrependimento matasse eu estaria morta. Na frente a mais ou menos uns cem metros tinha alguma coisa parada lá, não dava para ver bem o que era mas pela claridade avermelhada da lua eu tinha a única certeza de aquilo não era humano, entrei em choque, sem conseguir me mexer para pisar no freio, a distancia entre eu e aquela coisa diminuiu, os faróis do carro começam a falhar até que pifam de vez, e quando vejo acabei batendo com o caro nela, na coisa, a sensação foi que eu havia batido em um enorme rochedo. O novo monstro tinha sumido.
Autor(a): carinecassol
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).