Fanfic: Unidos pelo destino Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: Ponny romance

Norte da Inglaterra

— Gordon Straker está aqui e quer ver a senhora — anunciou Alice Trent, cozinheira e governanta da casa, quando Anahí entrou na cozinha. — Diz vir da parte de Christopher, e mencionou algo sobre um desejo...

—Ah, claro. Falei com ele ao telefone há alguns dias, e disse que viria de Londres para cá.

— E agora está esperando na biblioteca — disse Alice, parando de descascar as batatas e observando a aparência estranha de Anahí. — O que estava fazendo? A senhora parece saída de uma mina de carvão.

— Eu estava limpando o grande quarto de visitas — disse Anahí, olhando as manchas de pó em sua calça jeans. — O quarto de Kazim ficou muito pequeno para guardar todos os seus brinquedos agora que ele está dormindo em uma cama normal. O quarto de visitas poderá se transformar em um perfeito quarto de jogos. E preciso me manter ocupada — disse, defensiva, quando Alice levantou as sobrancelhas.

Tudo ia bem quando Kazim estava acordado, pois manter um menino de três anos entretido ocupava todo o seu tempo, mas Anahí tinha muito medo do momento em que ele dormia, à tarde — uma hora de paz e solidão a deixava com muito tempo para pensar.

Tinham se passado quase três semanas desde o funeral de Christopher. Sua morte era esperada — um ano antes, todos souberam que seu tumor no cérebro era inoperável — e agora Anahí estava feliz por Christopher ter descansado, e talvez se reunido à sua amada Dulce. Mas os dois eram amigos, ela sentia falta dele e não conseguia vencer o pânico que a invadia sempre que pensava no futuro. O bem-estar de Kazim era sua total responsabilidade, e morria de medo de que um dia pudesse decepcionar Faisal.

Olhou Kazim, que entrara à sua frente na cozinha e naquele momento estava ocupado abrindo os armários e investigando tudo o que tinha dentro deles. Kazim cantava e o coração de Anahí pulava ao som de sua voz inocente e esganiçada.

Ele perguntara algumas vezes por Christopher, mas pareceu ter entendido quando Anahí explicou que seu pai adormecera para sempre.

Fora a missão mais dura de sua vida, e a lembrança do olhar triste de Kazim sentado no seu colo continuava a encher seus olhos de lágrimas. Mas, mesmo com um comportamento um pouco diferente do habitual, parecia ter aceitado bem a notícia — talvez por ser muito novo para perceber que estaria totalmente sozinho no mundo.

Mas ele não está sozinho, pensou Anahí, decidida. Seus dois pais estão mortos, é verdade, mas Kazim sempre poderá contar com ela, que o amará e protegerá o tempo que for preciso — exatamente como prometera ao seu pai.

— Preparei um chá — disse Alice, interrompendo o pensamento de Anahí. — E posso ficar cuidando de Kazim.

Anahí olhou a bandeja e perguntou: — Por que colocou três xícaras?

— O sr. Straker trouxe mais uma pessoa com ele. O que para mim foi um susto, pois quando apareceu na porta eu imaginei que fosse o fantasma do sr. Christopher — e sorriu, dizendo: — Espero que tenha sido apenas um susto. Mas essa pessoa vem do Oriente Médio, disso tenho certeza, e é um homem muito bonito. Alto, moreno, indecentemente bonito. E suas feições se parecem com as de Christopher — disse, diminuindo a velocidade da voz. — Você acha que poderia ser um parente?

Um mal-estar inexplicável tomou conta de Anahí.

— Faisal não tinha família — explicou, rapidamente. — Não sei quem é este homem, mas provavelmente será alguém relacionado aos negócios de Faisal. O melhor que posso fazer é subir e atendê-lo — disse, pegando a bandeja.

Alice ficou observando suas roupas com desaprovação:

— Eu sugiro que, antes, troque de roupa. Mas talvez não tenha tempo. Voltou a nevar e sei que o sr. Straker está ansioso para voltar à cidade antes que o tempo impeça sua viagem.

Anahí saiu rápido da cozinha, e quando chegou ao hall com paredes cobertas de madeira viu seu reflexo no espelho e fez uma careta. Seu jeans surrado e sua camiseta estavam mais sujos do que imaginava, e seu cabelo, preso em um trança longa, estava se soltando, fazendo com que caracóis pendessem em seu rosto. Mas dificilmente Gordon Straker e seu companheiro prestariam atenção em sua aparência, disse a si mesma, levando a bandeja em uma das mãos ao abrir a porta da biblioteca — momento em que tomou um susto, fazendo com que as delicadas xícaras chinesas balançassem.

Um homem estava de pé ao lado da janela, olhando para fora. Por alguns segundos, seu coração parecia ter parado de bater, e ela entendeu porque Alice imaginou tratar-se do fantasma de Christopher. O perfil do homem era familiar, assim como seus cabelos negros e sua pele dourada. Mas o homem virou a cabeça e Anahí pode recuperar os sentidos.

Não era uma visão, estava bem vivo. E sua semelhança com Christopher era graças à pele morena e aparência exótica, disse a si mesma, impaciente. Vestia um terno cinza-escuro muito bem-cortado que acentuava as formas perfeitas de seu corpo, e Anahí ficou imediatamente impressionada com sua altura, que poderia ultrapassar os dois metros. Seus ombros largos indicavam muito poder e força, mas foi seu rosto que deixou o coração de Anahí descompassado.

Seu cabelo estava cortado muito rente à cabeça, e seus olhos eram negros, entre duas sobrancelhas também muito escuras. Seu nariz era ligeiramente grande, mas não destoava em um rosto perfeitamente talhado, com bochechas perfeitas e queixo quadrado, determinado. Era o retrato da beleza masculina, pensou Anahí, quase sem poder respirar. Tão lindo que parecia irreal, como se tivesse sido maquiado em busca da perfeição — mas não se tratava de uma foto de revista. Era um homem de carne e osso, e Anahí estava perplexa com o efeito que causava nela.

O homem olhou para ela, fixamente, e Anahí sentiu-se corar: