Fanfic: Unidos pelo destino Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: Ponny romance

Anahí abriu os olhos e percebeu que o interior da tenda já não estava escuro, mas sim banhado pela luz cinzenta do momento imediatamente anterior ao amanhecer. Podia dormir por algumas horas mais, e ela sabia que precisaria descansar após outra noite de incrível paixão ao lado de Alfonso, mas a lembrança da forma como ele fizera amor com ela mais uma vez, em sua quinta noite juntos no deserto, fez com que sentisse um frio familiar.

Ele tinha um sono leve, e caso ela movesse suas mãos sobre o lençol, alcançando sua virilidade, ele despertaria no mesmo momento.

Mas talvez fosse melhor deixá-lo dormir. Desde que tinham chegado ali estabeleceram uma rotina de acordar tarde, ir para a cama cedo, e passar as horas livres nadando na piscina ou cami­nhando um pouco pelo deserto. Alfonso conhecia bem as plantas e o incrível número de pássaros e de vida selvagem do oásis. Todas as tardes, após o sol transformar-se numa incrível bola de fogo e mergulhar no horizonte, os dois ficavam ali, olhando para o deserto quieto e pontilhado de estrelas no céu azul.

Após a tumultuada noite de núpcias a relação dos dois chega­va a uma espécie de amizade. Ele era uma companhia divertida, e Anahí estava fascinada com suas histórias de menino que cres­cera num palácio, e também com tudo o que contava sobre o seu relacionamento com Christopher. Disse que Christopher e suas três irmãs eram meios-irmãos dele, filhos da primeira esposa do rei, que morrera quando Christopher era um bebê. Dois anos após a morte da rainha, o rei casou-se com a mãe de Alfonso, Georgina. Pelo tom de sua voz, Anahí percebeu que aquele casamento não fora feliz, e quando mencionou o fato de  Georgina ter deixando Qubbah e voltado aos Estados Unidos quando ele tinha apenas 11 anos, notou que tal ressentimento tinha algo a ver com abandono.

Ela ficou feliz ao ver que Alfonso demonstrava interesse em sua infância — era o maior sinal de que a via como algo mais que uma parceira sexual —, mas Anahí, cuidadosamente, evitou comentar detalhes sobre a falta de carinho que viveu em seus anos de formação e sobre a tristeza de passar tanto tempo em casas da assistência social.

Como poderia Alfonso, que crescera no meio de uma família grande e amorosa, entender que sua necessidade de amor a fez unir-se a uma gangue que não fazia nada além de ficar vagando pelo centro comercial da cidade? Seus novos "amigos" foram as únicas pessoas que demonstravam qualquer interesse por ela. Claro que, olhando para trás, ela pôde enxergar com clareza que tipo de relacionamento tinha com eles, mas naquela época era uma adolescente vulnerável, desesperada por ser aceita pela gangue e pateticamente agradecida quando provou ser boa em pequenos roubos.

Lembrar-se da infância fez Anahí perceber a enorme diferença entre ela e Alfonso, socialmente falando, e tornou-se experta em mudar a direção da conversa sempre que necessário. Mas não poderia esquecer-se de seu passado, o que foi um golpe duro em sua autoconfiança. Alfonso era um príncipe, e ela não parava de pensar na reação que poderia ter ao saber que sua mãe fora prostituta e viciada em drogas.

Anahí deslizou por entre os lençóis, sabendo que não seria ca­paz de dormir naquele momento. Só foi capaz de esquecer-se de suas inseguranças entre os braços de Alfonso, envolvida no mundo sensual criado pelo marido. Aproximou-se dele, tentando sentir o calor de seu peito, mas ele não estava lá— a cama estava vazia. Mesmo dizendo a si mesma que Alfonso poderia ter saído por várias razões, não pôde deixar de imaginar que se assustara com sua falta de experiência, sensação que só fazia crescer enquanto ela via que Alfonso não voltava.

Deveria procurá-lo? Já estava vestindo o robe quando ele voltou à tenda. E logo Erin percebeu que algo estava errado.

— O que aconteceu? — perguntou, nervosa. — Kazim...?

Alfonso balançou a cabeça.

— Com ele tudo bem, mas meu pai sofreu um enfarte algu­mas horas atrás — disse, ignorando o grito de choque de Anahí e seguindo: — Tudo indica que foi leve, mas ficará em observa­ção pelos médicos na ala hospitalar do palácio.

Enquanto falava, passava as mãos pelos cabelos e franzia a testa, como se estivesse surpreso com a reação de Anahí.

— Você deve se vestir. Temos que voltar ao palácio imedia­tamente. Pelo menos até que o meu pai se restabeleça e retome seu posto como rei de Qubbah.

Anahí não entendeu por quê, mas essas últimas palavras a fize­ram sentir insegura. Ela sabia que o rei apontara Alfonso como seu sucessor provisório, até que o herdeiro pudesse assumir o trono. Mas foi naquele momento em que o peso daquilo tudo pareciu cair em suas costas. Alfonso parecia distante, deveria estar muito preocupado com o pai.

Ela se levantou e tentou esquecer os seus medos, tentou não pensar em que talvez nunca mais voltassem a estar tão juntos quanto estiveram durante aqueles dias. Era a amante e esposa de Alfonso, e deveria ajudá-lo naquele momento.