Fanfics Brasil - Prólogo O guardião

Fanfic: O guardião | Tema: Ponny, romance, aya


Capítulo: Prólogo

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Véspera de natal, 1998


Exatos quarenta dias após ter segurado a mão de seu marido pela última vez, Anahí Portilla estava sentada diante da janela, olhando as ruas tranquilas de Swansboro, Carolina do Norte. Fazia frio. O céu estava fechado havia uma semana e a chuva batia suavemente na vidraça. As árvores estavam desfolhadas e os galhos ásperos, curvados ao vento como dedos artríticos.


Annie sabia que Ucker teria desejado que ela ouvisse música essa noite. Ao fundo, Bing Crosby cantava `` White Christmas``. Também havia sido para ele que montaa a árvore, mas quando decidira fazer isso os únicos pinheiros restantes já estavam secos, abandonados do lado de fora do supermercado para quem quisesse levá-los. Não tinha importância. Na verdade, não consiguira reunir energia suficiente para se importar nem mesmo depois de terminar de decorar a árvore. Estava difícil sentir qualquer coisa desde que o tumor no cérebro de Ucker enfim lhe tirara a vida.


Aos 25 anos, Annie era viúva e detestava tudo nessa palavra: o som, o significado, o modo como sua boca se movia ao pronunciá-la. Evitava-a ao máximo. Se as pessoa lhe perguntavam como estava, limitava-se a dar de ombros. Mas ás vezes, apenas ás vezes, sentia necessidade de responder.


Quer saber como é ser viúva? Então lhe direi: Ucker está morto e agora sinto como se também já não vivesse mais.


Annie se perguntava se era isso que as pesoas queriam ouvir. Ou se esperavam que ela disesse os lugares-comuns: Vou ficar bem. É difícil, mas vou superar isso. Obrigada por perguntar. Ela achava que poderia se mostrar forte, mas nunca fizera isso. Era mais simpls e honesto apenas dar de ombros e não dizer nada.


Afinal de contas, não sentia que ficaria bem. Durante metade do tempo não achava nem que seria capaz de chegar ao fim do dia sem desmoronar. Sobre tudo em noites como essa.


Annie encostou a mão na janela, que refletia o brilho das luzes da árvore, sentindo o vidro frio em sua pele.


Mabel a havia convidado para jantar naquela noite, mas Annie recusara. O mesmo convite tinha sido feito por Poncho, Chris e Mai - Todos rejeitados. Eles compreenderam, ou fingiram compreender, porque estava óbvio que achavam que ela não deveria ficar sozinha. Talvez estivessem certos. Tudo na casa - tudo o que via, cheirava, tocava - fazia com que ela se lembrasse de Ucker. As roupas dele ocupavam metade do closet, o barbeador ainda estava do lado da saboneteira no banheiro e o último número da Sports Illustrated chegara pelo correio no dia anterior. Na geladeira ainda havia duas garrafas de Heineken, a cerveja favorita dela. Mais cedo naquela noite, ao vê-las na prateleira, Annie havia sussurado para si mesma: ``Ucker nunca ás bebera.`` Em seguida fechara a porta, se encostara nela e passara uma hora chorando na cozinha.


A cena do lado de fora da janela estava desfocada. Perdida em pensamentes, Annie aos poucos notou o som surdo de um galho batendo na parede. A batida era persistente e firme, e um instante depois ela percebeu que não era um galho.


Alguém estava batendo á porta.


Annie se levantou com movimentos letálergicos. Á porta, parou para passar as mãos pelos cabelos, numa tentativa de se recompor. Se fossem seus amigos querendo saber como ela estava, não queriam que eles se sentissem obrigados a ficar um pouco para lhe fazer companhia. Porém, ao abrir, ficou surpresa por ver um jovem com uma capa de chuva amarelada. Em suas mãos havia uma grande caixa embrulhada.


- Sra. Portilla?


- Sim.


O rapaz deu um passo á frente, hesitante.


- Vim lhe entregar isto. Meu pai disse que era importante.


- Seu pai?


- Ele quis ter certeza que a senhora receberia esta noite.


- Eu o cnheço?


- Não sei. Mas ele insistiu muito. É um presente de outra pessoa.


- De quem?


- Meu pai disse que você entenderia quando abrisse a caixa. Mas não a balance e matenha este lado para cima.


Antes que Annie pudesse impedi-lo, o jovem pôs nos braços dela e virou para ir embora.


- Espere - disse ela. - Não entendo...


- Feliz Natal!


Annie ficou parada á porta, observando-o entrar na picape. Ao votar para dentro, pôs a caixa no chão em frente á árvore e se ajoelhou ao lado dela. Uma rápida olhda confirmou que não havia nenhum cartão ou qualquer outra indicação de quem a enviara. Ela desfez o laço, levantou a tampa e se viu olhando, sem palavras, para o presente.


Ele era pequeno e peludo, pesava menos de um quilo e estava sentado num canto da caixa. Era o cãozinha mais feio que ela já vira. Tinha uma cabeça grande, desproporcional ao resto do corpo. Granindo, ele a olhou com olhos remelentos.


Alguém resolveu me dar um filhote de cachorro, pensou Annie. E um filhote feio.


Preso dentro da caixa havia um envelope. Ao estender a mão para pegá-lo, ela reconheceu a letra e se deteve. Não, pensou, não pode ser...


Annie tinha visto aquela letra nas cartas de amor que Ucker lhe escrevera em seus aniversários de casamento, em recados anotados ás pressas quando ele atendia o telefone e em papéis empilhados na escrivaninha. Segurou o envelope na sua frente, lendo repetidamente seu nome. Então, com as mãos trêmulas, tirou a carta de dentro dele. Seu olhar fixou nas primeiras palavras:


Querida ana, 


Era assim que Ucker a chamava e Annie fechou os olhos, com a sensação de que seu corpo estava encolhendo de repente. Obrigou-se a respirar fundo e recomeçou a ler:


Querida Ana,


Sei que, se você está lendo esta carta, eu já parti. Não sei exatamente há uanto tempo, mas espero que você esteja se recuperando. Sei que isso seria difícil para mim se eu estivesse em seu lugar, mas você sabe que sempre achei você mais forte que eu.


Como você pode ver, comprei um cachorrinho pra você. Harold Kuphaldt era amigo do meu pai e cria cães da raça dinamarquês desde que eu era criança. Quando garoto, eu queria ter um, mas a casa era muito pequena e minha mãe não deixou eu ter um. Eles são cães grande, mas, segundo Harold, são os mais doces do mundo. Espero que você goste dele (ou dela).


Acho que no fundo eu sempre soube que não iria sobreviver. Mas não queria pnsar nisso, pois sabia que você não tinha ninguém para ajuda-lá a passar por algo assim. quero dizer, ninguém da família. Eu ficava com o coração partido ao pensar que você enfrentaria tudo isso sozinha. Sem saber o que mais poderia fazer, tomei providências para lhe dar esse cão.


É claro que você não é obrigada a ficar com ele se não quiser. Harold disse que o aceitará de volta, sem problemas. (O número de telefone dele deve esta na caixa).


Espero que você esteja bem.Desde que adoeci sempre me preocupei com isso. Eu amo você Ana. Amo de verdade. Fui o homem mais sortudo do mundo por você ter entrado na minha vida. Eu ficaria arrasado se você nunca mais voltasse a ser feliz. Então, por favor, faça isso por mim. Seja feliz de novo. Encontre alguém que a fala feliz. Isso pode ser difícil ou talvez você pense que é impossível, mas eu gostari que tentasse. O mundo fica melhor quando você sorri.


E não se preocupe. De onde estiver, cuidarei de você. Serei seu anjo da guarda, querida. Pode contar comigo para protegê-la.


Amo você,


Ucker.


Com lágrimas nos olhos, Annie estendeu o braço para dentro da caixa. O filhote se aconchegou em sua mão. Ela o ergueu e o levou até perto de seu rosto. O cão era pequeno e dava para sentir suas costelas enquanto ele tremia.


Ele era feio mesmo, pensou. E ficaria do tamanho de um cavalo pequeno. O que ela faria com um cão daqueles?


Por que Ucker não lhe dera um schnauzer miniatura com bigode cinzento ou um cocker spaniel com olhos redondos e tristes? Algo mais simples? Um cão fofinho que pudesse se aninhar ao colo dela de vez em quando?


O filhote, um macho, começou a ganir, um lamento agudo que aumentava e diminuía como o eco de um apito de trem ao longe.


- Shh... você vi ficr bem - sussurou ela. - Não vou machucá-lo...


Annie continuou a falar baixinho com o filhote, deixando que ele se acostumasse com ela e ainda assimilando tudo o que Ucker fizera. O cachorrinho continuou a ganir, quase que acompanhando a música ao fundo, e Annie acariciou o pescoço dle.


- Está cantando para mim? - perguntou, sorrindo pela primeira vez. - É o que parece, sabe?


Por um momento,  o cão parou de ganir e olhou para ela, sustentando seu olhar. Então começou a ganir de novo, embora dessa vez não parecesse tão assustado.


- Singer - sussurou ela. - Acho que vou chamá-lo de Singer.



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Autor(a): daraponny

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  • daraponny Postado em 07/11/2014 - 09:47:02

    Oi meu amr, obrigada, agr ñ vai dar para eu postar pq estou mt enrolada com trabalho e ainda tenho q arrumar as coisas para eu ir para a casa do meu pai, de noite eu acho que vou poder postar.

  • valerynuness Postado em 06/11/2014 - 15:25:37

    To amando a fic, posta mais <3


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