Fanfic: Begin Again ♥ | Tema: Ponny, AyA, Alfonso, Anahí

Anahí acordou assim que o despertador tocou. Grunhiu esfregando os olhos e levantou-se, antes que a preguiça a vencesse.

- Bom dia, Lolita – ela ralhou para a gatinha branca que rolava aos seus pés.

A mulher tomou um banho rápido e pôs sua impecável roupa branca, evitando olhar-se no espelho. O uniforme que utilizava no hospital estava cada vez mais folgado, e quase todas suas roupas estavam assim. Suspirou pra si mesma enquanto prendia seus cabelos castanhos em uma trança. Sua postura era hoje, totalmente distinta de quem a via há quatro anos, quando começou em seu emprego no hospital. Desde então, ela se tornou a médica chefe do Hospital Jesús Nazareno, no Distrito Federal do México. Por fora uma mulher linda, inteira. Por dentro, tão ferida que mal podia respirar.

Olhou o relógio – 03h35min –, ainda tinha algum tempo antes de sair para o plantão. Pôs a ração de Lola e tomou seu próprio desjejum: um mísero copo de iogurte.

Enquanto escovava os dentes, não pôde evitar olhar para o delicado contorno em seu dedo anelar, onde há não muito tempo atrás repousava sua aliança de noivado. Any sentia como se a marca fosse ficar ali para sempre, rindo dela. Balançou a cabeça, sentindo a dor fraca tomar conta de todo seu peito e engoliu a angústia, suspirando.

- Você precisa seguir em frente. – murmurou pela milésima vez, saindo do banheiro e pegando seus pertences.

30 minutos mais tarde, ela entrava em seu turno.

- Olá, Dra. Anahí – seus colegas e demais funcionários do hospital a cumprimentavam. Ela sorria e retribuía os cumprimentos. Era claro que todos adoravam Any, seu jeito doce e espontâneo não lhes deixava alternativa. Quem conhecia a morena dona de lindos e expressivos olhos azuis, sentia pena por alguém tão especial estar sofrendo daquela forma. Any odiava isso. Odiava receber aqueles olhares de pena, por isso evitava ao máximo tocar em qualquer assunto relacionado a romances.

Passou primeiro em sua sala e guardou suas coisas, depois pegou o estetoscópio, seu carimbo e mais outros itens que precisaria para fazer a primeira ronda. Em seguida, foi para a ala infantil/neonatal – sua preferida. Any agora trabalhava na clínica geral, mas sua paixão sempre foi pediatria, de vez em quando pensava em trabalhar somente com os pequeninos.

Às, 5h00 entrava no primeiro quarto. Alana, de cinco anos. Ela tinha dado entrada há cerca de três semanas com um quadro de pneumonia agravado, e adorava quando a médica ia vê-la.

- Oi, princesa – Anahí sorriu ao ver a menininha acordada. – Como está hoje?

- Bem, titia. Já consigo respirar sozinha – a mocinha indicou o oxigênio desligado ao lado da cama. – Já dormi bastante, por isso acordei.

- Mas isso é uma notícia ótima, Allie – Alana riu ao ouvir o apelido que Any lhe dera. A médica fez um rápido exame e acariciou os cabelos dourados da garotinha. – Eu vou voltar depois do almoço e talvez, só talvez, você possa voltar pra casa, sim?

- Mas eu não quero – Allie fez um bico, agarrando a mão de Anahí. – Aqui eu vejo você todos os dias, e em casa eu não vou poder.

A mãe de Alana sorriu para a médica, agradecendo silenciosamente o carinho que essa passava para sua filha.

- Mas eu prometo que vou te ver, está bem? Até mais tarde, Alana.

Depois de perambular pela ala infantil, dar uma olhada nos bebês, e ver alguns de seus pacientes adultos, Any foi riscando o nome de cada um em sua ficha.

- Doutora Anahí, emergência. Código azul – a voz da enfermeira chefe ecoou pelos alto-falantes – Doutora Anahí, emergência. Código azul – repetiu.

Código azul era o termo usado para o atendimento imediato de um paciente com suspeita de parada cardiorrespiratória, então quando Anahí viu que o elevador demoraria demais, desceu as escadas de dois em dois degraus, correndo contra o tempo.

Chegou à emergência já colocando as luvas, enquanto ouvia o quadro que o enfermeiro lhe passava:

- Foi identificado como Alfonso Herrera Rodríguez, paciente de 32 anos. Vítima de um atropelamento, possui várias escoriações, pressão sanguínea baixa, aparentemente hemorragia interna, e um princípio de PCR; exige procedimento imediato, Dra. Portilla.