Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela
- Brandon me ligou e disse que você estava com os papéis. Quis te poupar e vim até aqui.
- Poderia ter avisado, eu não estava te esperando aqui. E como foi que você achou o meu endereço?
- Sua mãe.
- Ah...
- Podemos subir?
- Não sei se é uma boa ideia.
- Só vou assinar os papeis. Ou você prefere que eu não assine?
Fazer Heidi concordar com tudo aquilo demorou várias semanas. Brandon, meu amigo e advogado demorou um pouco para conseguir convence-la de que era a melhor alternativa, e finalmente ela concordou. Eu sabia que não seria certo deixa-la subir em meu apartamento, mas não queria perder a oportunidade de que ela estava indo assinar os papéis de bom grado. Afinal, não poderia arriscar que algo desse errado, principalmente depois do meu pedido de casamento.
- Está bem. – Respirei fundo. – Mas apenas para assinar os papéis. Tenho um encontro marcado para mais tarde.
Ela sorriu vitoriosa e me seguiu até o apartamento. Como qualquer homem que mora sozinho, meu apartamento não era lá essas coisas, principalmente porque era alugado só por um tempo. Heidi sempre gostou de coisas luxuosas, e quando entrou no apartamento, não disfarçou olhá-lo com certo desprezo.
- Você deve ter estranhado sair de uma casa tão grande para morar aqui.
- Até que não. Com toda essa correria de gravação mal tenho tempo de ficar em casa. E muitas vezes passo mais tempo na casa da Angélica.
Ela fez uma certa careta e colocou sua bolsa no sofá.
- E vocês, como estão?
- Muito bem, mas quer realmente falar disso?
- Não, só não quis ser indelicada.
- Tudo bem, não precisa se preocupar com isso.
- Ando vendo as fotos nos sites e os comentários de seus fãs. Parece que todos torciam para que esse momento chegasse, não é?
- Sim, alguns. Podemos ir ao ponto? – Coloquei o envelope em cima da mesa. – Tem muitos papéis, e eu gostaria que você começasse logo.
Heidi pegou os papéis e os olhou por alguns instantes. Sentou-se à mesa e respirou fundo, começando a lê-lo. Ela não estava nem um pouco com pressa, e percebi que aquilo demoraria mais do que o esperado. Me sentei no sofá impaciente e esperei a boa vontade dela de ler todos aqueles papéis.
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Depois de quase duas horas, Heidi terminou a ultima folha e a colocou na mesa. Eu já estava praticamente dormindo no sofá, e despertei quando ouvi o barulho da cadeira sendo arrastada.
- Terminou? – Perguntei passando a mão no rosto.
- Sim. Achei alguns erros.
- Como assim, Heidi? – Perguntei impaciente. – Tudo o que está aí foi decidido por nós dois.
- É, mas algumas coisas eu mudei de ideia.
- Pelo amor de Deus! Heidi, não adianta tentar fazer isso. Eu já disse que não temos volta, não podemos ficar juntos. Eu amo a Angélica, e eu vou me casar com ela. E quer saber? Com ou sem esse divórcio. Estou fazendo isso por respeito a você, e a ela, mas esses papéis não irão me impedir de ser feliz ao lado dela. Se você quiser que saia nas revistas e nos sites que você foi trocada, traída ou abandonada, a escolha é sua.
Sim, eu peguei pesado com ela, mas eu já não tinha mais paciência. Estava na cara que ela estava fazendo tudo de propósito para que atrasássemos com o divórcio, e enrolaria o quanto pudesse. Eu não poderia permitir que a minha felicidade com Angélica dependesse disso.
- Está bem... Eu irei assinar.
- Ótimo.
- Mas antes, queria conversar com você.
Respirei fundo e contei até cinco. Eu não deveria aceitar, mas me senti culpado por ter falado as coisas daquele modo.
- Está bem. Sobre o que?
- Quero que me conte a história de como se apaixonou por ela.
- Quer o que?
- Isso mesmo. Eu quero entender se esse amor que você sente por ela é realmente tão forte a ponto de você terminar o nosso casamento.
- Heidi...
- Por favor, eu mereço isso.
Olhei para meu relógio impaciente e apontei o sofá para ela. Ela se sentou, e eu puxei a cadeira para me sentar em sua frente.
- Está bem. O que quer saber?
- Quando você soube que estava apaixonado por ela?
[Flashback]
Angélica dava gargalhadas, junto com todos que estavam presentes na hora das gravações. Aquele dia estava sendo impossível gravar as cenas de “A Feia Mais Bela” com seriedade. Parecia que uma nuvem de risadas e piadas pairou sobre o cenário, impedindo que a gravação continuasse.
- Vamos tentar mais uma vez, Angélica. – Rosy disse se recuperando do riso.
- Está bem, dessa vez será sério. – Angélica respirou fundo e ficou séria, olhando para a porta. Quando gritaram “Ação” ela abriu a porta, e Jaime estava sentado à mesa, fazendo o seu papel de Fernando Mendiola. Ela se aproximou da mesa e parou sorrindo para ele abobada. Seguindo o roteiro, Jaime a olhou e se assustou, e mais uma vez a cena rendeu várias gargalhadas.
- É impossível! Eu não consigo. – Angélica disse rindo.
- Não da para olhar para ela e não rir parece que faz de propósito. – Jaime se levantou rindo e segurou nos ombros de Angélica. – Se concentra Angie.
- Está bem, está bem. – Ela suspirou. – Agora eu consigo.
Pela quinta vez eles gravaram a cena, e por fim, conseguiram fazê-la. Depois de segurar muito a risada, Jaime e Angélica deram gargalhadas juntos, fazendo com que os câmeras caíssem na gargalhada também.
- É impossível trabalhar sério com vocês. – Um dos câmeras disse.
- A culpa é da Angélica. – Jaime disse.
- Minha? A culpa é sua!
- Por hoje chega, pessoal. Descansem bastante que amanhã precisamos de seriedade. Gravaremos as cenas românticas.
- As minhas preferidas. – Jaime brincou e todos exclamaram um “ohhhhh”. O rosto de Angélica corou e ela bateu em seu ombro.
Cada um seguiu até o seu camarim, e depois de se trocarem, acabaram se encontrando quando iam embora. Jaime como sempre fazia piadas e brincadeiras, tirando gargalhadas de Angélica. Os dois se davam tão bem, que era impossível não ser notado que faziam um casal bonito. Quando perguntavam à eles se eram um casal, Jaime apenas respondia: “Era para sermos um lindo casal de namorados, mas por algum motivo acabamos sendo melhores amigos.” Aquilo enlouquecia a mídia e fazia com que os fãs apoiassem ainda mais um relacionamento entre os dois. Era notável que os dois tentavam disfarçar que se amavam, mas ambos sabiam de seus sentimentos, só não queriam admitir.
- Amanhã quero que jante comigo. – Jaime disse sem rodeios.
- Quanta elegância, Camil. Estou lisonjeada.
- Você sabe que não tenho jeito com isso.
- Por sorte já te conheço até do avesso, sei que no fundo você quis ser educado.
- Me desculpe, Senhorita. – Ele parou na frente dela e fez uma reverencia. – Aceitaria me acompanhar em um jantar amanhã? Me deixaria muito feliz.
- Assim está bem melhor, mas prefiro o verdadeiro Jaime.
Os dois riram e ele a puxou para um abraço.
- Não sei o que faria sem você, Angie.
- Provavelmente você estaria muito infeliz.
- Com certeza.
Os dois se olharam e pela primeira vez notaram algo de diferente. Estavam acostumados a passarem a maior parte do tempo juntos, e com as gravações da novela, se aproximaram muito mais. Viviam praticamente o tempo inteiro juntos, e a confiança que tinham um no outro era grande. Angélica sempre foi acostumada com Jaime e seus relacionamentos com várias mulheres diferentes, portanto nunca havia pensado na possibilidade de um dia ficarem juntos.
Mas naquela troca de olhares, depois de passarem um dia divertido juntos, eles sentiram algo mais forte. Jaime segurou suas mãos e sorriu para ela. Angélica sentiu seu rosto corar e abaixou a cabeça envergonhada.
- Já disse o quanto te acho linda?
- Acho que nunca disse isso tão sério.
- Você é linda.
- Obrigada. – Ela sorriu e voltou a olhá-lo. – Mas por que está dizendo isso?
- Não sei. Hoje quando estávamos gravando eu percebi isso. Você não é linda apenas por fora, mas por dentro também. Acho que me senti na necessidade de dizer que é tão bom ficar ao seu lado. Me sinto bem, posso ser eu mesmo, sem tentar parecer sério demais. Eu nem sei por que estou dizendo essas coisas. – Ele sorriu nervoso. – Nunca te disse isso.
- É, nunca disse. – Ela suspirou ainda sorrindo. – Bem, é melhor eu ir. Temos que descansar para amanhã.
- Sim, a cena do beijo.
- É.
Os dois riram novamente.
- Fico feliz por ter que gravar essas cenas com você.
- Você já teve que gravar tantas.
- Mas com você é diferente. Parece mais... Real.
- Como assim?
- Nada, deixa pra lá. – Ele sorriu sem graça. – Nos vemos amanhã então.
- Certo.
Ele beijou seu rosto e saiu um pouco apressado. Angélica não entendeu o que tinha acontecido ali, mas algo estava diferente. Sentia algo diferente em seu coração, e quando deu por si, ainda estava parada, sorrindo e olhando na direção em que ele andava.
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- Certo, precisamos de todo o sentimento nessa cena, está bem? Lety estará magoada, mas Fernando também está. Precisamos demonstrar muita paixão nesse beijo, tanto dele quanto dela.
- Ok. – Jaime respirou fundo e piscou para Angélica.
- Ação!
Jaime se aproximou de Angélica e a olhou nos olhos. Ele precisava dizer alguma coisa, mas esqueceu de todo o seu texto. Por algum motivo ele não parou a cena, e continuou se aproximando dela. Angélica tentou perguntar se ele não diria o texto, mas ele não lhe deu tempo. A puxou pela cintura e a beijou. Qualquer um que presenciou aquele momento pôde sentir um clima diferente. Não foi um simples beijo técnico como das outras vezes. Dava para ver a emoção que os dois expressavam durante os beijos, e todos ficaram estáticos olhando para eles. Ninguém teve coragem de gritar “Corta”. Os câmeras se entreolharam querendo dizer alguma coisa, mas nada se explicava naquele momento.
Quando os dois pararam de se beijar, olharam um para o outro e tentaram dizer alguma coisa. Só quando ouviram “Corta”, eles se afastaram rapidamente, cada um olhando para um lado. Sentiram-se envergonhados por aquele beijo, que com certeza todos haviam percebido que não era apenas pelos personagens.
- Muito bom. – Rosy disse sorrindo. – Acho que foi uma das cenas mais sinceras que vocês gravaram.
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[Jaime]
- É uma história realmente comovente. – Heidi comentou de braços cruzados.
Jaime se pegou sorrindo abobado enquanto lembrava-se do passado com Angélica, e então seu sorriso sumiu ao olhar para Heidi.
- Você realmente se importa com isso?
- Não é que eu me importe, mas eu quero tentar entender onde foi que eu errei para você não me amar do mesmo jeito que a ama.
- Você ainda não entendeu, não é? Não foi por falta de você fazer algo. Era para ser assim. Eu e Angélica nascemos para ficarmos juntos, e fim.
- Mas talvez se eu tivesse feito algo diferente...
- Heidi, desculpe, mas não quero mais ter essa conversa com você. Já disse tudo o que tinha para dizer. Poderia por favor, assinar os papeis?
- Posso leva-los para casa?
- Eu não acredito nisso!
- Já que está com tanta pressa, eu os levo para casa e dou mais uma lida. Você pode ir busca-los amanhã.
- E quem garante que você irá assinar amanhã?
- É uma promessa.
Suspirei irritado, eu não tinha outra opção.
- Está bem. Mas se você não assinar esses papéis até amanhã, eu não irei me responsabilizar pelas fofocas da mídia e nem mesmo por ofensas à você nas redes sociais.
- Está bem.
- Ótimo.
Friamente andei até a porta e a abri. Heidi passou por mim, mas antes de sair, ela se virou para me olhar.
- Eu realmente quero continuar sendo sua amiga.
- Eu também, Heidi. Mas você precisa mudar um pouco a sua atitude.
- Eu sei, irei me esforçar. Posso... Te dar um abraço?
Respirei fundo e a puxei para um abraço. No fundo Heidi era uma boa pessoa, ela só precisava aprender a aceitar algumas coisas.
- Apesar de tudo, quero que seja feliz.
- Obrigado. – Soltei o abraço e sorri para ela.
- Ah... Você não disse o que falou a ela quando descobriu que estava apaixonado.
- Eu não cheguei a dizer nada... Não era muito bom com as palavras.
- E se pudesse dizer, o que você teria dito?
Sorri inevitavelmente.
- Você é a melhor coisa que aconteceu em minha vida, e não há outra pessoa no mundo que eu queira passar o resto da minha vida ao lado.
Ouvi o barulho do elevador, e quando nos viramos, Angélica estava parada no corredor, prestes a chorar. O que eu havia acabado de fazer? Como eu conseguiria explicar que aquilo não era o que ela pensava?
- Angélica...
Me preparei para ir atrás dela, mas ela entrou no elevador no mesmo instante. Corri para alcança-la, mas quando me aproximei a porta se fechou. Sem perder tempo corri pela escada, e desci os cinco andares o mais rápido que eu pude. Cheguei na portaria e ela havia acabado de entrar em seu carro, e saiu cantando pneu. Angélica nunca dirigia nervosa, e aquilo não era nada bom. Peguei o meu celular e comecei a ligar, com sorte ela pararia o carro para atendê-lo.
O telefone chamou uma vez, chamou duas, e na quinta vez eu já começava a ficar nervoso. Não poderia deixar Angélica nervosa daquele jeito, e principalmente, não poderia deixa-la pensar que eu havia dito aquilo para Heidi.
- Que droga! – Exclamei irritado.
- Jaime! – Heidi correu em minha direção. – Para onde ela foi?
- Eu não sei! Preciso ir atrás dela.
- Mas você não sabe para onde ela foi.
- Eu não ligo, Heidi! Eu vou acha-la de qualquer maneira!
- Está bem... Eu vou até a casa da Maria e você vai para a casa dela. Quem encontrá-la primeiro tenta fazer ela se acalmar para explicarmos tudo.
- Certo. Se ela estiver por lá, você me liga.
Bati as mãos em meu bolso e percebi que as chaves não estavam ali. Como tudo poderia dar errado no mesmo momento? Sem perder tempo corri para esperar o elevador. Estava impaciente com tanta demora, e não tinha tempo a perder. Optei por subir as escadas e corri para buscar as chaves.
Assim que as peguei, desci até a garagem e dei partida no carro. Não me importava com a minha velocidade e principalmente com a sinalização. Eu sabia que não era a coisa mais sensata a se fazer, mas tudo o que eu queria naquele momento era encontrar com Angélica. Como se não pudesse ficar pior, o trânsito estava completamente parado. Afundei a mão na buzina, mas nada adiantava. Desci do carro irritado para ver o que tinha acontecido, e o motorista da frente fez o mesmo.
- Qual é o problema? – Perguntei para ele.
- Não sei, parece que foi um acidente.
Por algum motivo senti o meu coração se apertar. Andei em direção ao provável acidente com as mãos suando e o coração disparado. Avistei o carro de Heidi mais a frente, e ela também tentava entender o que tinha acontecido.
- Jaime...
- O que foi?
- Um acidente. Você não acha que...
- Pelo amor de Deus, não diga isso!
Comecei a correr tentando enxergar o carro que havia batido, mas não havia iluminação, o carro havia batido em um poste. A polícia começava a chegar e barrava o local. A ambulância chegou com a sirene ligada, e as pessoas começaram a parar e olhar curiosas. Não sabia se teria forças para me certificar de que não era o carro dela ali, mas eu precisava ter certeza e me tranquilizar de que ela estaria em sua casa, com segurança e a salvo.
- Senhor, não pode passar por aqui. – O policial me segurou.
- Por favor, eu preciso saber quem é.
- Não temos autorização para isso. Precisamos comunicar à família dela primeiro.
- O senhor não está entendendo, eu preciso ver!
- Senhor, já disse que não temos permissão...
Empurrei o policial e corri ultrapassando a barreira. Provavelmente eu seria preso por desacato, mas eu não me importava. Parei próximo ao carro e senti minhas forças irem embora. Me ajoelhei no chão até que o policial me segurou pelo braço. As vozes começaram a se afastar, e ao fundo pude ouvir Heidi se aproximando e chamando minha atenção. Todo o meu mundo desmoronou quando vi a placa do carro batido no poste. A placa do carro de Angélica.
Autor(a): solotumiamor
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
[Jaime] Andava de um lado para o outro, sem conseguir descansar ou ...
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