Fanfics Brasil - 11. Memória Usted Se Me Llevó La Vida

Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela


Capítulo: 11. Memória

17 visualizações Denunciar


                                                           [Jaime]


 


 


               Andava de um lado para o outro, sem conseguir descansar ou se quer pensar em outra coisa. Estava ali naquela sala de espera há quase duas horas, sem nenhuma notícia. Heidi me fazia companhia depois de tanta insistência, e Otto havia chegado há pouco tempo. Ninguém se atrevia a dizer nada, nem mesmo Heidi. Aquela demora estava insuportável, e ficar sem uma notícia dela me fazia enlouquecer.


- Jaime, por que não senta um pouco? Se Maria ainda está lá é porque não é nada grave, do contrário ela teria vindo aqui. – Otto tentou me tranquilizar.


- Não consigo. – Respondi ainda caminhando. – Eu preciso saber alguma coisa. Qualquer coisa.


               No mesmo instante o médico se aproximou. Tomei um impulso e praticamente corri para encontrá-lo antes mesmo que ele chegasse a sala. Otto e Heidi se levantaram e também esperaram ansiosos qualquer notícia.


- Como ela está? – Perguntei exaltado.


- Não precisa ter pânico. Ela está aparentemente bem. Não teve nenhum traumatismo, não quebrou nenhum osso. Só está um pouco arranhada, mas isso é o de menos.


               Suspirei aliviado e fechei meus olhos, agradecendo em silencio.


- Mas...


               Aquele “mas” tinha que estragar tudo. Ergui minhas sobrancelhas aguardando que ele continuasse, mas aquela pausa dramática estava me dando nos nervos.


- Mas o que?


- Ela bateu a cabeça. Apesar de não ter tido nenhum traumatismo, essa pequena lesão pode ter afetado o cérebro. Precisamos que ela acorde para termos certeza...


- Certeza... Do... Que? – Perguntei pausadamente me segurando para não balançar os ombros daquele homem. Qual o problema de dar a notícia toda de uma vez?


- Algumas áreas afetadas pelo cérebro causam alguns efeitos... Um desses efeitos é a perda de memória.


- Você só pode estar de brincadeira. – Falei sem pensar. Passei a mão em meu rosto, nervoso. – E essa perda de memória... Pode ser grave? Passageira?


- Como eu disse, ainda não sabemos. Precisamos fazer alguns diagnósticos quando ela estiver acordada. Existem perdas de memória que a pessoa apenas não se recorda de algumas horas antes, alguns dias... Mas algumas não lembram de meses.


               Virei de costas para o médico e andei em círculos. Otto se aproximou para fazer mais perguntas, mas eu não os escutava. A culpa tomava conta de mim. Se eu tivesse feito as coisas diferente, se tivesse pensado melhor, nada disso teria acontecido.


- Eu posso vê-la? – Interrompi a conversa dos dois, sem conseguir me conter.


- Bem... A mãe dela está com ela, mas você pode trocar, mas por pouco tempo.


- Certo.


               Não esperei ele dizer mais nada. Parti em direção aos corredores procurando pelo quarto dela. Quando parei em frente a porta, meu coração doeu ao olhar através da pequena janela. Ela estava desacordada, na cama, enquanto Maria a olhava chorando silenciosamente. Eu nunca esperei vê-la daquele jeito, nunca esperei que um dia aquilo aconteceria em nossas vidas. Eu estava acostumado com aquelas cenas em novelas, mas aquilo era a vida real. E o pior de tudo: A culpa era toda minha.


- Posso entrar? – Abri a porta devagar.


- Sim. – Maria respirou fundo e limpou rapidamente as lágrimas.


- Posso... Ficar um pouco com ela?


               Ela apenas olhou para mim e não respondeu.


- Maria, eu...


- Eu sei o que vai dizer. – Ela respirou fundo e se levantou. – Por incrível que pareça, eu não te culpo.


- Mas...


- Sei que vai dizer algo para se culpar, mas não faça isso Jaime. Não piore as coisas. Todos nós fomos vítimas do destino, ninguém tem culpa.


               Não esperava ouvir aquelas palavras vindas dela. Esperava que ela fosse me culpar por tudo de ruim que aconteceu à Angélica, e que diria que sempre que estamos juntos algo ruim acontece com ela. Estava principalmente preparado para que ela me proibisse de ficar perto dela, mas fui surpreendido.


- Eu vou lá fora conversar com Otto, você pode ficar aqui por alguns instantes.


               Apenas balancei a cabeça afirmando e esperei que ela passasse por mim. Depois que ela saiu e fechou a porta, senti um enorme vazio. Encarei Angélica, a minha Angélica, deitada naquela cama, sem poder fazer nada. Se eu pudesse, eu trocaria de lugar com ela. Passaria por tudo aquilo sem pensar duas vezes.


               Me aproximei da cama e arrastei a cadeira para ficar mais perto dela. Segurei sua mão e a apertei. Acariciei seu rosto angelical e não consegui segurar a emoção. Fechei os olhos querendo que tudo aquilo fosse um pesadelo.


- Me desculpe, meu amor. – Desabafei. – Me desculpe. A culpa foi toda minha.


               Senti o anel em seu dedo e abri os olhos.


- Eu daria tudo, tudo para trocar de lugar com você. Daria tudo para ficar no seu lugar, para não te ver sofrer.


               Solucei como uma criança e limpei as lágrimas que não paravam de correr por meu rosto.


 


                                                           [Flashback]


 


 


- Então... Você está indo embora? – Jaime perguntou para Angélica, depois de longos minutos de silencio.


- Sim. – Respondeu com um sorriso envergonhado.


- Olha, percebi que você está um pouco diferente depois da cena de hoje. Eu só queria que...


- Não precisamos falar disso. – Ela o interrompeu rapidamente. – Eu não sei se... Se me sinto a vontade de falar sobre isso.


- Mas precisamos, Angie. Você sabe que não foi... Não foi apenas um beijo técnico. Eu senti isso e sei que você também sentiu.


               Angélica não respondeu.


- A ultima coisa que quero é estragar essa amizade que temos. Você é minha melhor amiga, e eu não imagino outra pessoa ocupando esse posto. O que aconteceu hoje foi... Apenas um impulso. Talvez confundimos as coisas...


- Isso! Exatamente! – Exclamou exaltada. – Confundido! Que ótimo que disse isso. Acho que estamos muito ligados com a novela, não é? Quero dizer... A química que temos na novela precisa ser muito forte.


- Isso! Exato! – Ele sorriu. – Estamos confundindo a química dos personagens. Aliás eu já te conheço há tanto tempo, não teria porque de...


- De nos apaixonarmos, não é? – Ela também sorriu. – Que bom que disse isso, James. Estou mais aliviada agora.


- Você também pensava que...?


- Eu não sei. Acho que sim. Depois do beijo de hoje, fiquei com varias coisas em minha cabeça.


- Eu também.


               Mais uma vez ficaram em silencio. Já estava escuro, e eles estavam tão cansados que mal tiraram as roupas dos personagens. Havia alguns paparazzi esperando por eles, como quase todos os dias. A novela estava no auge, e a notícia de que os dois tinham um relacionamento longe das telas era um dos mais comentados. Os seguranças esperavam na porta, para afastar os paparazzi e abrir caminho para que os dois pudessem entrar no carro. Mas algo estava diferente. Jaime não se moveu, e continuou parado na porta ao lado de Angélica.


- O que foi? – Ela perguntou notando que algo estava errado.


- Quer fazer uma coisa muito louca?


- Uma coisa muito louca?


- Sim.


- Como assim, Jaime?


- Quer ou não?


- Mas eu não sei do que está falando.


- Está bem. Você me permite fazer uma coisa muito louca?


               Angélica ergueu as sobrancelhas confusa.


- Bom... Está bem.


               Ela esperava por tudo, menos que Jaime fosse fazer o que fez em seguida. Ele a puxou pela cintura e a beijou, longe das telas, longe das câmeras, e longe de seguir qualquer roteiro, bem ali, em frente vários paparazzi que dispararam tirando fotos.


 


 


                                                                          [Jaime]


 


 


- Jaime...


               Me virei para a porta e Otto estava parado. Apressei-me em enxugar meu rosto e me levantei.


- Vá descansar um pouco, tomar um café... Agora que sabemos que ela está bem...


- Eu não quero descansar. – Respondi um pouco frio.


- Não irei tomar o seu lugar. – Ele disse sem rodeios, olhando para a mão dela. – Ela me ligou quando chegou em casa.


- O que?


- Me contou a novidade, disse que estava muito feliz.


               Eu sabia que Otto estava com uma boa intenção, mas aquilo estava me deixando muito pior.


- Disse que finalmente as coisas estavam se acertando para vocês, e que ela estava muito feliz. Me agradeceu por ser compreensível.


               Preferi ficar em silencio, não sabia o que responder.


- Sempre soube que ela ainda te amava, mas acho que tive a esperança de que ela te esquecesse e pudesse me amar na mesma intensidade. Você deve se perguntar por que eu a deixei livre, não é? – Ele sorriu triste ainda olhando para ela. – Bem... Eu não teria coragem de privá-la da felicidade. Gosto de vê-la sorrindo, dando gargalhadas. Sei que se ela continuasse comigo, nada disso seria real.


- Por que está falando isso?


- Eu também não sei. Não me leve a mal, é que às vezes isso é um pouco injusto. Você é, ou era casado. Já estava com a vida feita. É estranho como de repente você tinha que reaparecer e tudo isso acontecer. Não falo sobre o acidente, mas todas as mudanças que aconteceu em nossas vidas. Heidi está lá fora te esperando porque está preocupada com você, e eu não sairei daqui até que tenha certeza de que ela está bem. Vê como isso parece uma loucura?


- Eu entendo o que você sente Otto, mas eu não abrirei mão do meu amor pela Angélica. Mesmo depois de tudo isso. Quando ela acordar e se sentir melhor, eu irei me explicar assim como expliquei a você e à Maria alguns minutos atrás. Foi tudo uma confusão e um mal entendido, e eu estarei pronto para pedir desculpas.


- Não estou te pedindo para que se afaste dela. Eu não teria coragem de pedir isso, depois de tudo que ela passou por você. Só peço que dessa vez você faça a coisa certa, e não a magoe mais. Angélica é a melhor pessoa que já conheci, e não sei o que sou capaz de fazer se alguém atrever em machuca-la, principalmente você.


- Não irei magoá-la e nem machuca-la. Já aprendi com meus erros, e não sou o mesmo homem de antes.


- Eu espero realmente que não seja.


               Eu estava pronto para começar uma discussão, bem ali, em um hospital, com Angélica deitada naquela cama. Entendia que Otto só queria o bem da Angélica, assim como eu só me preocupava com ela, mas aquilo estava passando dos limites. Ele também a amava, mas não tinha o direito de pensar que eu faria Angélica sofrer. Eu daria a minha vida para que ela fosse feliz, para que ela nunca sofresse, e vê-la naquela cama, me sentindo culpado, tudo o que eu queria era estar no lugar dela para evitar qualquer sofrimento para ela.


               Mas antes que eu começasse a discussão, ouvimos um barulho vindo da cama. Angélica estava se mexendo e começava a abrir os olhos com dificuldade. Nós dois corremos para ficar ao lado dela e eu segurei sua mão, esperando que ela dissesse alguma coisa. Aos poucos ela abriu os olhos com um pouco de dificuldade por causa da claridade e assim que os abriu completamente, ela olhou em volta, e seus olhos pararam em mim.


- Meu amor... Como você se sente? – Perguntei tentando controlar a imensa vontade de abraça-la.


               Ela não respondeu. Apenas olhou para Otto e depois para mim. Ficamos os três em silencio, esperando que Angélica dissesse alguma coisa. Qualquer coisa.


- O que aconteceu? – Ela perguntou olhando para os aparelhos ligados.


- Vou chamar o médico. – Otto disse se apressando em sair.


- Vai ficar tudo bem. – Sorri beijando sua mão. – Você vai ficar bem.


               Ela me olhava parecendo confusa, mas não disse nada. Em poucos minutos o médico entrou no quarto indo de encontro a ela. Otto parou na porta e Maria entrou apressada, parando ao meu lado.


- Como você está meu amor? – Maria perguntou passando a mão na cabeça dela.


- Confusa. – Ela respondeu sem rodeios.


- E então? – Perguntei ao médico enquanto ele a examinava.


- Aparentemente está tudo bem. Sente alguma dor? – Ele perguntou à Angélica e ela negou com a cabeça. – Sente tonturas? Falta de ar? – Mais uma vez ela negou com a cabeça. – Bem... Me parece que está tudo bem. Você se lembra do que aconteceu?


               Ela fitou a parede branca em sua frente e piscou rapidamente.


- Eu... Estava no carro. Meu celular estava tocando... Eu estava magoada, estava chorando. Eu perdi o controle do carro e... Depois disso não me lembro. – Ela passou a mão em sua testa, sentindo o curativo.


- Você bateu a cabeça porque estava sem cinto de segurança. Por sorte não houve um acidente mais grave, você poderia ter voado para fora do carro. – O médico disse. – Mas o que importa é que você está bem. – Ele sorriu. – precisamos fazer alguns exames para termos certeza, e depois podemos te liberar. Tem certeza que não tem dores?


- Sim. – Ela respondeu rapidamente.


- Você nos assustou, filha. – Maria disse à ela.


- Mãe... – Ela disse parecendo perdida. – Otto... – Ela virou-se para Otto parado na porta. Quando seus olhos se encontraram com os meus, senti algo diferente. Não tinha o mesmo brilho, e ela não parecia contente em me ver.


- Meu amor... Está tudo bem? – Maria perguntou confusa.


- Eu... Não me lembro...


- Não se lembra do que? – Maria insistiu e eu começava a suar frio.


- Não me lembro quem é você. – Ela disse ainda me olhando, e tirou suas mãos da minha.


               Senti minhas mãos suarem, e os outros tiveram a mesma reação que eu. Fiquei intacto parado ao lado dela, sem saber o que dizer. Como ela poderia lembrar-se de todos, menos de mim? O que significava tudo aquilo?


- Você... Não se lembra dele? – Maria perguntou olhando para o médico.


- Não. – Ela respondeu ainda me olhando.


- Talvez seja o que eu disse mais cedo. – O medico se apressou em olhar em sua prancheta. – Precisamos fazer alguns exames imediatamente. Vocês podem aguardar na sala. A mãe pode ficar para acompanha-la.


               Continuei parado até que Maria tocou em meu braço.


- Não se preocupe.


               Mas eu não ouvia mais nada. Apenas continuei olhando para Angélica, com o meu coração partido. Andei em direção à porta ainda olhando para ela. Ela me olhava como se esforçasse para se lembrar de quem eu era, mas aquela indiferença estava me matando por dentro. Se ela não se lembrava de mim, como poderíamos ficar juntos?


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): solotumiamor

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

                                                           [Angélica]                    Eu já ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • kekavalecamils2 Postado em 24/11/2014 - 20:47:53

    OMG que cap. mais perfeito :3 <3 ( Espero que a HB ñ estrague as coisas -_- ) *-* Continua


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais