Fanfics Brasil - 15. Um final quase feliz Usted Se Me Llevó La Vida

Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela


Capítulo: 15. Um final quase feliz

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                                                                          [Jaime]


 


 


               Heidi tinha os olhos fixos no tapete da sala. Estava daquele jeito há quase dois minutos, desde que eu havia dado a notícia para ela.


- Pode dizer alguma coisa?


- Eu não sei o que dizer. – Respondeu sincera ainda fitando o tapete. – Ela... Ela ao menos está feliz com isso?


- É claro que está feliz. Por que não estaria?


- Ela não se lembra de você.


- Isso é uma pequena consequência.


- Pequena? – Ela sorriu sarcástica e me olhou. – Há dias atrás ela não sabia nem o seu nome, e agora recebe a notícia que terão um filho. Eu ficaria assustada e ia querer me trancar no quarto por uma semana.


- Ela não é dramática como você, Heidi.


- Isso não é drama. Já parou para pensar como é estranho ela se lembrar de todo mundo e não se lembrar apenas de você?


               Não respondi àquela pergunta. Eu não queria que Heidi manipulasse minha mente daquele jeito, mas se eu parasse para pensar no que ela estava dizendo, era realmente muito estranho.


- Tem certeza de que ela não está te enganando?


- Mas que absurdo, Heidi! – Me levantei irritado. – Até quando você vai tentar fazer isso? Já sabe muito bem que eu amo a Angélica, e não importa o que tenha acontecido.


- Eu só não quero que você se magoe.


- Eu não vou me magoar. – Respirei fundo me acalmando e me aproximei dela. – Olha, quis vir aqui te contar pessoalmente porque você merece. Apesar de ter dado todo aquele problema quando você foi ao meu apartamento, você ficou ao meu lado quando Angélica estava no hospital. Eu sinceramente quero que nossa amizade continue, Heidi.


- Eu também quero, e é por isso que eu me preocupo com você. – Ela tocou em meus ombros. – Você deve estar tão confuso com essa notícia. Eu te conheço. Posso não te conhecer tão bem quanto ela o conhecia, mas eu sei que está passando mil coisas em sua cabeça, e uma delas é medo.


               Não respondi.


- Um filho inesperado é assustador. Você não planejou isso. Você mora em um apartamento pequeno, está no auge da sua carreira. Sua vida inteira vai mudar.


               Ela se aproximou ainda mais e eu apenas virei o rosto.


- Você não precisa se sentir pressionado por isso, Jaime. Você não precisa passar por tudo isso.


               Sorri de lado e toquei nos ombros dela delicadamente.


- Nada nessa vida vai me fazer abrir mão do meu filho e da Angélica. Nada.


               Me afastei brutamente e peguei os papéis em cima da mesa.


- E eu gostaria que você os assinasse ainda hoje. Mais tarde virei busca-los, e se você não assinar por bem, vai assinar por mal.


               Sem dizer mais nada saí batendo a porta. Tentei ser gentil com Heidi até certo ponto. Minha paciência havia terminado.


 


 


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                                                                          [Angélica]


 


 


 


               Me mexi na cama quando ouvi o barulho da porta. O quarto estava escuro, mas reconheci quando Otto se aproximou, sentando-se perto de mim.


- Como você está?


- Bem. – Me sentei e acendi o abajur. Olhei para ele e logo percebi que ele já sabia de tudo. – Um pouco assustada, mas bem.


- Não acha que agora você tem que parar com isso?


               Abracei o travesseiro e fitei o chão.


- Isso já está passando dos limites. Entendi o que você queria no início, mas agora... Angélica... Vocês terão um filho.


- Isso parece tão assustador quando as pessoas falam desse modo.


- Mas isso é assustador! Depois de tudo o que você passou, tudo o que você está fazendo... De repente recebe essa notícia. Eu ainda não entendo como você continua prosseguindo com isso.


- Eu não posso simplesmente dizer tudo. Ele vai me odiar.


- Mas vai odiar ainda mais se descobrir de outros modos. O que mais vai dizer à ele? Vai fazer ele te escrever cartas todos os dias sobre coisas que você já sabe?


- Eu gosto das cartas.


- Essa não é a questão, Angélica. Eu nunca pensei que diria isso, mas Jaime está se esforçando. E agora isso só vai piorar. Ele vai querer que você se lembre de tudo. Já pensou no que vai dizer à ele?


- Não.


               Suspirei pensativa e olhei para Otto. Sempre segui os conselhos de Otto porque sabia que eram para o meu bem, mas aquele seria o mais difícil de seguir.


- Sua mãe está preocupada. Ela quer saber como você vai criar um filho sem ao menos conhecer o pai dele.


- É... Ela me disse quando contei à ela. Disse que é o mesmo que não saber quem é o pai do meu filho.


- Todos estão preocupados.


- E estão mesmo. – Vanessa entrou em meu quarto com o tablet em mãos. – Suas fãs criaram uma página nas redes sociais contando a história de vocês para ajuda-la a se lembrar dele. – Ela me olhou autoritária. – Você precisa colocar um fim nisso.


- Eu não posso. Não posso dizer nada! Ele vai me odiar!


- É melhor ele saber disso por você. – Otto disse.


               Olhei para os dois e eles me encaravam desapontados.


- Está bem... Eu contarei para ele, mas preciso de um tempo. Está tudo acontecendo rápido demais.


- Não entre nas redes sociais por enquanto. Não é bom que essa notícia se espalhe ou tudo irá virar um caos. Já parou para pensar quantas vezes aquelas fãs malucas sonharam com isso?


- Não fale assim.


- É bom resolver isso logo, Angélica. Você precisa voltar para o trabalho. Já recebi várias ligações. Você não pode se trancar no apartamento para sempre.


- Eu só preciso de um tempo, só isso. Amanhã. Irei conversar com Jaime amanhã.


- Assim espero.


               Vanessa virou as costas e saiu do quarto.


- Só queremos o seu bem. – Otto se levantou e me encarou. – E o bem desse bebê.


- Obrigada por ser tão compreensível.


               Otto apenas sorriu e saiu do quarto, me deixando sozinha. Eles tinham razão. Eu não estava lidando apenas comigo. Não poderia pensar apenas em mim. Mas seria difícil. Muito difícil. Olhei para o envelope que Jaime havia me dado pela manhã e o abri:


 


               “Hoje decidi escrever algo diferente. Não direi um momento importante para a gente, e não darei nenhuma data. Sei que prometi contar cada detalhe da nossa vida juntos, mas essa noite enquanto eu pensava (eu faço muito isso, acredite) eu cheguei à conclusão que você se lembrará sozinha. A única coisa que eu preciso fazer é mostrar que preciso de você. Preciso ter você ao meu lado, preciso ter você como minha esposa e como futura mãe dos meus filhos. E foi pensando nisso que decidi que a partir de hoje, cada carta que eu lhe mandar, eu direi uma qualidade sua que eu gosto, e explicarei o porque, assim você percebe que tudo o que eu digo não é em vão.


               A primeira qualidade é a mais importante... O seu sorriso. Nesse ultimo mês que passamos juntos, percebi que uma das melhores coisas do mundo é acordar ao seu lado e vê-la sorrindo. É incrível como logo pela manhã você tem o dom de me encantar. Cada vez que te vejo sorrindo sinto o meu coração disparar, e tenho vontade de começar a dizer os motivos por que te amo tanto. É algo inexplicável.


               Por isso, Angie, eu farei de tudo para que você esteja sempre sorrindo. Seja agora, seja no futuro, ou seja daqui a mil anos, eu quero sempre fazer o possível e o impossível para te ver feliz.


 


 


Eu te amo.


                        James.”


 


Pela primeira vez eu terminei de ler a carta aos prantos. Não era um choro qualquer, mas um choro de desabafo, de culpa e de medo. Jaime estava fazendo o possível para reverter toda a situação, e eu o estava enganando. Eu não poderia continuar com aquilo por mais tempo.


 


 


 


 


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                                             [Jaime]


 


 


Cheguei em casa me sentindo mais leve. Heidi finalmente tinha assinado os papéis do divórcio. Mesmo que eu ainda tivesse que resolver várias coisas, pelo menos agora seria uma a menos. Joguei os papéis em cima da mesa e tirei o suéter.


- Eu fiz o jantar. – Joana disse saindo da cozinha.


- Que susto! Não sabia que você viria hoje.


- Estava esperando o Senhor chegar. Vim dar arrumada por aqui, que como sempre, estava uma bagunça, a aproveitei para fazer o jantar. Com certeza estaria com fome.


- É... Eu estou um pouco sim, obrigado. Mas não precisa ficar aqui, Joana.


- Eu vou ser sincera... Estou com medo de deixa-lo sozinho.


- Me deixar sozinho? Por quê?


- Porque o Senhor está passando por tanta coisa! – Ela me olhou com pesar. – Está se esforçando tanto, e a Dona Angélica parece que nem liga. Sinceramente, eu não esperava que ela fosse assim.


- Ela só está confusa, Joana. Tem muita coisa acontecendo.


- E é por isso mesmo que ela deveria te dar uma chance! Vocês passaram por tanta coisa, é tão injusto ela não se lembrar do Senhor.


- É... Às vezes a vida é assim. Mas agora... Quero provar dessa comida deliciosa. – Sorri e me sentei à mesa, me servindo. Com certeza aquela conversa não havia terminado, mas Joana entendia quando eu não estava a fim de falar sobre um determinado assunto. Eu só queria descansar daquele dia cheio, mas quando ouvi o barulho da campainha, vi que aquilo não aconteceria tão cedo.


- Quem será essa hora? – Joana foi resmungando e rogando pragas no porteiro por ele nunca avisar quando alguém estava subindo. Balancei a cabeça e sorri, me preparando para comer um pedaço de batata até que ouvi a voz dela.


- Oi Joana.


- Dona Angélica!


               Me virei imediatamente para a porta e vi Joana abraçando Angélica, quase esmagando-a.


- Como a Senhora está? Eu fiquei tão preocupada! Rezei tanto! Pedi para São Gonçalo te ajudar e pedi para que ele...


- Joana...


               Parei ao lado delas e sorri.


- Acho que Angélica ficará melhor se conseguir respirar.


               Angélica riu e respirou aliviada quando Joana a soltou do abraço.


- Espera um pouco. – Joana cruzou os braços. – A Senhora lembra de mim, Dona Angélica?


               Foi uma pergunta interessante. Se Angélica não se lembrava de nada relacionado a mim, por que se lembraria de Joana?


- É... Sobre isso que vim conversar com você. – Ela sorriu sem graça. – Podemos... Conversar a sós?


               Olhamos para Joana e ela resmungou fechando a porta.


- Vou pegar mais um prato. – Disse se retirando para a cozinha e nos deixando a sós.


- Me desculpe aparecer sem avisar, mas é que eu não conseguiria dormir se não tivesse essa conversa com você.


- É claro. Vamos nos sentar...


- Não, eu não quero me sentar. Eu... Jaime... Eu apenas quero... Argh, droga! Não sei como dizer isso.


               Ela estava nervosa e tremendo. Parecia à beira de um ataque de nervos.


- Ei, calma. – Segurei as mãos dela que estavam frias. – Você quer um copo de água?


- Não. – Ela respirou fundo tomando folego. – Jaime, eu me lembro de você.


- O que?


- Me lembro de tudo. Me lembro que você derramou molho de pimenta no seu paletó nas gravações da novela e teve que entrar apenas com a camisa de baixo. Me lembro que o primeiro lugar que você me levou para jantar foi uma lanchonete que ficava ao lado do seu apartamento de solteiro. Me lembro que nossa primeira discussão feia foi por causa  de um taxista bêbado que me confundiu com uma atriz pornô. Eu... Me lembro de tudo Jaime.


               Fiquei parado sem saber o que dizer.


 


 


 


                                                           ----------------------------------------


 


                                                                          [Angélica]


 


 


               Eu estava nervosa com todo aquele silencio. Esperava que ele fosse gritar comigo, e me perguntar por que fiz tudo aquilo. Perguntar por que o fiz de idiota, e por que o fiz perder tanto tempo me mandando cartas sendo que eu nunca havia perdido a memória.


- Pode, por favor, dizer alguma coisa? – Perguntei nervosa prendendo o choro.


- Meu nome.


- O que?


- Meu nome inteiro. Você se lembra?


- Mas por que...


- Quero que me diga.


               Suspirei impaciente.


- Jaime Federico Said Camil Saldanha da Gama.


               Não entendia por que aquilo era tão importante, até que ele me puxou para um abraço.


- Você se lembrou!


               Oh não!


- O que?


- Você se lembrou, meu amor! – Ele separou o abraço e segurou meu rosto carinhosamente. – Eu sabia que as cartas dariam certo! Sabia que deveria continuar insistindo. Viu como nosso amor é forte? Resistiu a tudo isso! Eu sabia que você se lembraria Angie. Eu sabia!


- Mas...


- Joana! Joana!


- Que foi Seu Jaime?


- Ela se lembrou! Ela se lembrou de mim, da gente! Se lembrou!


- Glória à Deus e à Nossa Senhora! – Joana levantou as mãos e sorriu.


               Jaime tinha entendido tudo errado, mas não me deu tempo de explicar. Ele me abraçava tão forte e repetia “eu sabia” tantas vezes que eu não tive a oportunidade de me explicar.


- Você não sabe como estou feliz. – Ele me olhou com os olhos marejados e eu senti meu coração doer. – Agora nada nem ninguém irá nos impedir de ficarmos juntos. – Ele segurou minha mão e a beijou. – E podemos ser uma família completa agora.


               Ouvi os soluços de Joana no canto da sala e me senti comovida com tudo aquilo. Eu não poderia simplesmente estragar tudo dizendo a verdade. Tudo o que importava era que eu não precisava mentir mais, e não precisava fingir que não o conhecia. Era esse o plano, não continuar com toda aquela mentira. De alguma maneira tudo havia dado certo no final.


- Sim, meu amor. Podemos ser uma família. – Sorri emocionada. Sem perder tempo ele me puxou e me beijou. Por um lado eu estava me sentindo mal por ele não ter entendido, mas por outro eu estava completamente feliz por tudo ter se resolvido, e o lado feliz era o que mais me importava naquele momento.


- Eu te amo, meu amor. Eu te amo! – Ele disse enxugando algumas lagrimas que insistiam em cair.


- Eu também te amo. Sempre te amei, e sempre vou te amar.


- Quase me esqueci... – Ele colocou a mão no bolso e tirou o anel que havia me dado.


- Você carrega isso no bolso todos os dias?


- Eu sempre esperei por esse momento.


               Mais uma vez o meu coração doeu.


- Posso?


               Estiquei a minha mão e ele colocou o anel, beijando-o logo depois.


- Ninguém irá nos separar mais.


- Ninguém.


               Jaime sorriu tocando em minha barriga. Nos viramos para o canto da sala onde Joana não parava de soluçar.


- Eu acho que vou ter que preparar mais batatas assadas para comemorar. – Ela falava meio à soluços. Logo depois caímos na gargalhada.


               Apesar de nada ter saído como o esperado, o que importava era que seríamos uma família dali para frente. Eu sei, eu não estava orgulhosa por não ter dito a verdade à ele, mas com o tempo aquilo ficaria para trás, e serviria como prova de que Jaime Camil era o homem da minha vida, e que ele nunca, nunca desistiria do nosso amor.



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Autor(a): solotumiamor

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • kekavalecamils2 Postado em 24/11/2014 - 20:47:53

    OMG que cap. mais perfeito :3 <3 ( Espero que a HB ñ estrague as coisas -_- ) *-* Continua


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