Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela
[Angélica]
Há muito tempo eu não ficava sozinha em casa, e o tédio não poderia ser pior. Olhei as horas no relógio ao lado da televisão e suspirei fundo. Senti um leve arrependimento por ter liberado Joana e Solange no mesmo fim de semana.
[Flashback]
Jaime balançava sua perna esquerda freneticamente como se estivesse ao som de uma salsa. Qualquer um notava o seu nervosismo, mesmo que fosse a segunda vez que ele ficava naquela posição.
- Está deixando todo mundo nervoso, filho. – Seu pai tocou em seu ombro com um tom divertido em sua voz.
- Ela não está muito atrasada?
- Sim, está. Mas olha para lá. – Ele apontou para o portão de entrada. – Está vendo aqueles dois seguranças? Eles estão parados ali desde as nove horas da manhã. E posso afirmar que Angélica estava trancada no quarto com sua mãe e Maria desde que acordou. Para que todo esse nervosismo?
- Talvez ela tenha desistido.
- Seria mais fácil você desistir.
Jaime olhou assustado para seu pai, que continuava com um sorriso divertido.
- E por que eu faria isso?
- E por que Angélica faria isso?
Jaime não respondeu. Não queria entrar em uma discussão de “E se” com seu pai justo naquele momento. Ele respirou fundo, colocou as mãos para trás de seu corpo e continuou com o olhar fixo em um único caminho. O jardim bastante espaçoso serviu de grande ajuda naquele dia. O altar foi montado mais ao fundo, com várias cadeiras espalhadas exclusivamente para os convidados, que eram apenas os amigos íntimos e os familiares. Jaime e Angélica concordaram em não fazer nada chamativo. Se dependesse dos dois, a cerimônia seria apenas um jantar social e eles se casariam no civil. Mas Maria e Cecília jamais permitiriam isso.
Jaime já estava nervoso suficiente para todos os convidados que aguardavam já em suas posições. Tudo estava bem quando o atraso chegou a vinte minutos, mas quando chegou a quase uma hora, não havia agua com açúcar que o acalmasse. Mas tudo ficou ainda pior quando Issabela saiu de casa praticamente às pressas e seguiu em direção ao altar. Todos os convidados a olharam curiosos e um pequeno murmúrio começou.
- O que foi? – Jaime perguntou empalidecendo.
- É que... Estamos com um pequeno problema.
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- Meu amor, você precisa ficar calma! – Maria tentava abotoar o vestido, sem sucesso.
- Aqui está dona Angélica. Vai te deixar mais calma. – Solange lhe entregou um copo de água que Angélica pegou tremendo.
- Nós vamos arrumar um jeito. – Cecília falava.
Embora todas pedissem para que Angélica tivesse calma, ninguém estava realmente despreocupada. Com o casamento em cima da hora, com os convidados já esperando a cerimônia, o vestido escolhido cuidadosamente por Angélica não estava fechando.
- Isso é um absurdo! Com certeza esse vestido foi trocado. – Maria dizia histericamente. – Eu vou ligar para lá e...
- Não. – Angélica respondeu soluçando. – Não foi culpa deles. Talvez a barriga tenha crescido um pouco mais durante esses dias. – Ela acariciou sua barriga procurando se acalmar enquanto sentia sua filha se mexendo.
- Vou pedir para que eles esperem mais um pouco. – Cecília se preparou para sair do quarto quando foi interrompida por Angélica.
- Não!
- Mas meu amor...
- Não vamos conseguir um vestido em cima da hora. – Mais uma vez ela soluçou e as lágrimas rolaram em seu rosto já vermelho de tanto chorar.
- Mas...
- Talvez seja melhor...
- Angie! – Jaime abriu a porta exasperado quando todas gritaram e se apressaram em esconder Angélica. Jaime se assustou e virou de costas, sem saber o porquê de toda aquela gritaria. – Mas o que foi que aconteceu?
- Você não pode ver ela!
- Mas que bobeira!
- Filho, espera lá fora!
- Mas eu preciso conversar com ela!
- Então converse lá de fora!
Jaime suspirou irritado e saiu do quarto, fechando a porta e deixando-a meio aberta.
- Angie...
Angélica se aproximou da porta e seus rostos ficaram na mesma posição, escorados na porta entreaberta.
- Eu não me importo com isso, meu amor.
- Eu não tenho um vestido. Como vou me casar sem um vestido?
- Você tem vários vestidos. Escolhe o que mais gostar, todos irão entender.
- Eu não posso me casar sem um vestido de noiva. – Sua voz saiu rouca e mais uma vez ela soluçou. Jaime sentiu o seu coração doer, sem saber o que fazer para ajuda-la. – Eu acho melhor... Talvez a gente devesse adiar.
- Não podemos adiar, meu amor. Já está tudo preparado, o buffet, o altar...
- E como vou fazer?
Jaime ficou um pouco em silencio e então passou a mão em seu rosto, pensando em alguma solução para aquela confusão. Ele já havia esperado muito tempo para chegar àquele dia, e não seria uma coisa tão boba quanto aquela que estragaria o melhor dia de sua vida.
- Me espere aí, está bem?
- Jaime?
Angélica engoliu o choro e abriu a porta. Jaime já tinha descido as escadas.
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Os convidados já estavam se servindo com champanhe e já haviam se levantado. Ninguém sabia o que havia acontecido, Issabela apenas disse à eles que havia acontecido um imprevisto. Quando Jaime apareceu no jardim completamente desnorteado e apressado, os convidados pararam de falar e olharam curiosos para ele.
- E então? – Issabela perguntou nervosa.
- Eu preciso da sua ajuda.
Sem mais explicações, ele saiu apressado pelo jardim, seguido por sua irmã.
[Jaime]
Olhava para meu relógio a cada cinco minutos. Eu ainda não acreditava que tinha sido capaz de deixar minha esposa grávida em casa enquanto eu estava indo trabalhar. A única coisa que me despreocupava era que eu sabia que minha mãe e Maria não a deixariam sozinha. Mas algo não estava certo, e não era o simples fato de eu estar viajando para o México para um comercial enquanto deveria estar na minha lua de mel. Enquanto eu estava dentro do jatinho tentando me distrair mexendo no celular, me veio as lembranças do melhor dia da minha vida, e eu me peguei sorrindo sozinho.
[Flashback]
- Ele deve ter desistido. – Angélica andava de um lado para o outro, enrolada em seu roupão e acariciando sua barriga.
- Mas é claro que não, filha. Acha mesmo que ele faria isso?
- Por que ele está demorando tanto?
- Ele já deve estar voltando.
- Os convidados já devem ter ido embora. Com certeza. – Angélica voltou a ficar nervosa e sentou-se pesadamente na cama.
- Meu bem... – Cecília sentou ao seu lado. – Eu tenho certeza que ele logo irá chegar...
- Angie!
Angélica se levantou com um pulo e correu para a porta, abrindo-a de uma vez. Não deu tempo para Jaime se explicar e pulou em seu pescoço, lhe dando um forte abraço.
- Por que você demorou tanto? Eu pensei que tinha desistido!
- Mas é claro que não, meu amor. – Respondeu simplesmente, retribuindo o abraço.
- Então por que toda essa demora? – Ela soltou o abraço e o olhou. Jaime levantou sua mão direita, que segurava um longo vestido branco bordado com pequenas pedras. – Não sei se é do seu gosto, mas a vendedora me assegurou que iria servir, do contrário ela fecharia sua loja e iria abrir uma lavanderia.
Angélica soltou uma gargalhada e olhou emocionada para o vestido em sua frente. Ela não sabia se ficava espantada por Jaime ter largado todos os convidados e saído em busca de um vestido ou se ficava encantada por ele ter um bom gosto melhor do que o seu.
- Você gostou?
- É lindo! – Ela respondeu pegando-o da mão de Jaime.
- Que bom. Se dissesse o contrário eu diria que Issabela me ajudou a escolher.
Novamente Angélica soltou uma gargalhada.
- Eu não acredito que fez isso por mim.
- Eu faço tudo por você. – Jaime segurou em sua cintura e se aproximou, prestes a beijá-la, até que Maria segurou Angie pela mão e os dois foram interrompidos.
- Ainda temos um casamento para fazer.
Angélica sorriu para Jaime e ele piscou para ela.
- Vou estar te esperando lá em baixo. Issabela já deve ter acalmado os convidados.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
Jaime continuou parado observando Angélica entrar no quarto e fechar a porta lentamente, com um sorriso inapagável. Seu coração se encheu de alegria pela missão cumprida. E se dependesse dele, ele sempre faria o possível e o impossível para ver Angélica sorrir.
[Angélica]
O tédio estava me consumindo. Já havia perdido as contas de quantos filmes seguidos eu havia assistido. Olhava para o relógio a todo minuto, sem saber onde colocar tanta ansiedade. Peguei o meu celular e olhei para a tela, esperando que por um milagre ele chamasse ou recebesse uma mensagem. Olhei fixamente para a tela durante alguns segundos, até que fui despertada pelo barulho do telefone fixo. Pulei no telefone e o atendi às pressas.
- Alô?
Meu coração disparava esperando ouvir a voz dele do outro lado da linha. Mas para a minha decepção, não era Jaime que havia me ligado.
- Sim mamãe, eu estou muito bem, não se preocupe. Não... Não precisa voltar logo, eu estou bem. – Suspirei olhando para o relógio. – Não, ele ainda não ligou. Façam suas compras despreocupadas, eu estou bem. Sim eu sei, qualquer coisa eu ligo para você. Está bem. Tchau.
Desliguei o telefone emburrada e voltei a encarar a televisão. Um arrependimento bateu em mim por ter concordado com aquela viagem. E principalmente por ter insistido para mamãe e Cecília irem fazer compras. Demorou um pouco até convencê-las de que eu ficaria bem sozinha, já que era apenas por algumas horas. Mas a verdade é que eu havia me desacostumado a ficar sozinha, e aquela solidão era uma das piores, mesmo que eu soubesse que não estava realmente só. Acariciei minha barriga e senti o bebê se mexer.
- O papai provavelmente está preocupado com nós duas. – Olhei para o celular novamente. – Mas por que ele ainda não ligou? Já deve ter chegado.
[Flashback]
Jaime estava sentado em uma mesa ao centro do jardim. A música alta e o barulho de gargalhadas dos amigos e dos familiares ecoavam por todo o lugar. Enquanto ele deslizava o dedo ao redor de sua aliança, ele olhava fixamente para uma pessoa a poucos metros, que conversava com os convidados enquanto dava gargalhadas. E aquela gargalhada era como música para seus ouvidos. Para Jaime, aquela mulher em sua frente era a coisa mais valiosa que ele tinha em sua vida.
- Apenas queria dizer que estou te olhando há um tempo, e você está com essa cara de bobo a mais de cinco minutos. – Camil sentou-se ao lado do filho. – Mas eu estou muito feliz por te ver assim.
- Eu não poderia estar diferente, papai.
- Sei disso, e é por isso que apoio 100% essa união. E tenho dito isso há muito tempo.
- É... Eu sei.
- Finalmente você caiu na real.
Ainda sem tirar os olhos de Angélica, Jaime continuou sorrindo.
- Nunca pensei que me sentiria tão bem apenas por dizer e ouvir a frase: “Eu aceito”.
Camil soltou uma gargalhada e bateu no ombro do filho.
- E é por isso que sua felicidade está apenas começando. Uma esposa maravilhosa, uma filha a caminho... O que mais você poderia querer nessa vida?
(play na musica: https://www.youtube.com/watch?v=pgv9HPP2OV0)
- Absolutamente nada. Angélica... Angélica me completa. Durante todos esses anos afastados eu me perguntei o que faltava. O que faltava para eu me sentir bem, o que faltava para eu deitar a cabeça no travesseiro e me sentir satisfeito com minha vida, e agora eu sei o que me faltava. Me faltava ela. A mulher que me entende, que me aceita mesmo com os defeitos, e que eu sou capaz de fazer tudo, tudo por ela.
Camil suspirou e sorriu de lado.
- E eu estou muito orgulhoso por ter percebido isso. O orgulho de um homem não é sua força, e sim a coragem de saber assumir que a vida não é completa sem estarmos ao lado da pessoa que no faz bem.
Por um minuto Jaime desviou o olhar de Angélica e virou-se para seu pai. Os dois sempre conversaram sobre tudo, mas aquele momento era único e especial. Selaram aquela conversa com um abraço apertado de pai e filho, que não precisava de nenhuma palavra para entender o que cada um queria dizer.
- Atrapalho? – Angélica se aproximou dos dois.
- Nunca, minha querida. – Camil sorriu e soltou o abraço, virando-se para Angélica e Jaime. – Eu não poderia estar mais feliz. Eu desejo toda a felicidade do mundo para vocês, e que essa pequena Camil Vale seja apenas a primeira de muitas, porque vocês sabem que gosto da casa cheia.
Os três riram e Jaime abraçou Angélica pela cintura.
- Cuide muito bem dela, filho. Você nunca vai achar outra mulher como ela.
- Eu sei disso. – Jaime olhou para Angélica e sorriu.
Camil puxou os dois para um abraço triplo que durou longos segundos de gargalhadas.
– Bem... Agora eu vou aproveitar a festa, porque ela também está apenas começando.
Os dois riram e observaram Camil se afastar dançando no ritmo da música.
- Então... Finalmente. – Angélica olhou para Jaime e sorriu. – Estamos casados.
- Pode dizer isso de novo? Nunca vou me cansar de ouvir.
Angélica riu e segurou a mão dele.
- Estamos casados. Posso finalmente te chamar de esposo, posso deitar tranquilamente ao seu lado, sem o medo de que o destino mais uma vez nos afaste. Estamos juntos, e agora para sempre.
- Eu te amo tanto...
- Eu também te amo muito, meu amor.
Jaime a segurou pela cintura e aproximou seu rosto do dela.
- E acho que acertei no vestido. Você está maravilhosa.
- Acho que nunca mais vou querer tirá-lo. Devia ter levado você para escolher desde o inicio. O casamento não teria atrasado quase três horas.
- Pelo menos sabemos que os convidados são amigos de verdade, do contrário teriam desistido.
- Posso confessar uma coisa?
- É claro.
- Tive medo de algo dar errado de novo.
- Por quê?
- Você viu o vestido.
- Eu ainda não entendo essa tradição. Aposto que quem inventou isso foi um noivo que estava louco para se livrar do casamento e colocou a culpa no vestido. – Angélica riu. – E por falar em se livrar do casamento... Não vi Heidi por aqui.
- Ela me ligou pela manhã. Disse que não poderia vir porque ia visitar os pais.
- E você acreditou?
- Não. Mas não quis insistir. Talvez ela ainda não estivesse pronta.
- Bom... Mas no fim tudo acabou bem. Eu vi o seu vestido, nada deu errado... E agora... Só nos resta aproveitar.
- Vá com calma Sr Camil. Ainda temos que aproveitar a festa. – Ela disse divertida entrelaçando seu braço em volta do pescoço dele.
- Não acho que algum deles vá perceber se sumirmos por algumas horas, Senhora Camil.
- Temos todo o tempo do mundo, meu amor. – Ela sorriu e aproximou seus lábios do dele. – O resto de nossas vidas, para ser mais exata.
- E eu mal posso esperar para viver todos esses dias ao seu lado.
Ao som de uma das músicas preferidas de Angélica, os dois se beijaram. A certeza de que a felicidade havia chegado para ficar os tranquilizava, e a certeza de que o amor que tinham um pelo outro era maior do que qualquer coisa, fazia com que tudo o que passaram tenha valido a pena.
[Angélica]
Quase cinco da tarde. As horas estavam se arrastando, e minha mãe e Cecília ainda não haviam chegado. Pela primeira vez me arrependi por ter concordado com Jaime em ter uma casa tão grande. Todo aquele espaço, todos aqueles cômodos vazios me faziam sentir falta de quando a casa estava cheia com nossos familiares e amigos. Já havia pegado o telefone mais de duas vezes para ligar para Solange ou para Joana, perguntando se alguma delas poderia ir até lá me fazer companhia. Mas eu não queria atrapalhar os planos de cada uma. Havia dito que poderiam tirar o final de semana de folga com o propósito de viajar com Jaime para nossa lua de mel. Elas não tinham culpa se nada do que eu havia planejado tivesse dado certo.
Me levantei do sofá pela quinta vez e fui para a janela que dava para o jardim. O portão continuava fechado. Desejei que minha mãe e Cecília voltassem logo, então toda aquela ansiedade passaria, e eu não ficaria olhando para o celular de minuto em minuto esperando Jaime me ligar. Afinal o que havia acontecido com ele? Com certeza ele já deveria ter chegado no México e deveria ter me ligado. Eu começava a me preocupar realmente, quando minha atenção foi desviada.
Toquei em minha barriga e senti uma forte pressão. Era inacreditável que justo quando eu estava completamente sozinha em casa, eu iria entrar em trabalho de parto.
Autor(a): solotumiamor
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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[Angélica] A dor me incomodava um pouco, mas o que mais me preocupava era ...
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