Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela
[Angélica]
A dor me incomodava um pouco, mas o que mais me preocupava era o fato de que Jaime não estava ali comigo. Provavelmente ele nem ao menos sabia que eu estava ali, e que nossa filha estava prestes a nascer. Uma mistura de pânico e ansiedade tomou conta de mim.
- Você já ligou para ele? – Minha mãe perguntou para Cecília, como se lesse meus pensamentos.
- Eu estou ligando a cada dois minutos! O celular está desligado!
- Meu bem, não se preocupe. Concentre em você e em sua filha agora, está bem? – Minha mãe acariciou meu cabelo. Ela tinha razão.
- Muito bem, Angélica, vou examiná-la para saber com quantos centímetros de dilatação você está. Pode me dizer qual é a pausa entre as contrações?
- Eu não sei... Talvez cinco minutos ou menos.
- Me diga quando sentir a próxima contração, está bem?
Balancei a cabeça concordando e Doutor Victor começou a me examinar. Enquanto havia uma pausa entre as contrações, observei Cecília saindo do quarto com o celular na mão. Rezei para que dessa vez ele atendesse. Ele não conseguiria chegar a tempo, mas só de saber que ele estava bem, e que estava ciente do que estava acontecendo me deixaria mais aliviada.
Meus pensamentos foram interrompidos por outra contração. Minha mãe segurou minha mão e Doutor Victor olhou para seu relógio. Durante longos segundos apertei a mão de minha mãe, sentindo dores cada vez mais fortes. Durante aqueles meses eu havia lido alguns livros, e Doutor Victor havia me explicado os estágios do parto normal, mas eu não imaginava que seria tão difícil.
- As contrações estão durando trinta segundos. Você ainda não está com a dilatação completa, vamos ter que esperar um pouco. Mas fique tranquila, já está quase na hora e está tudo bem. – Ele sorriu para mim.
Ótimo. Esperar. Não sabia se era uma coisa ruim ou uma coisa boa. Talvez esperando um pouco mais Cecília consiga se comunicar com Jaime. Mas a ideia de ter que esperar mais tempo para ter minha filha nos braços enquanto sinto dores inimagináveis não me agradava muito. Encostei a cabeça no travesseiro e tentei me perder nos pensamentos.
[Flashback]
Angélica pegou outra camisa no guarda roupa e a dobrou, colocando-a na mala. Jaime entrou no quarto e a observou por alguns segundos, antes de abraça-la pela cintura e descansar sua cabeça no ombro dela.
- Meu amor, não precisa fazer isso.
- Prefiro que suas roupas cheguem bem arrumadas. Nenhuma esposa gosta que o marido viaje com a mala completamente bagunçada. – Seu tom era divertido, mas Jaime sabia que ela estava se esforçando para fazer piadas.
- Você tem certeza que está tudo bem com isso? Eu ainda posso cancelar e...
- Não se preocupe. – Ela se virou para ele e sorriu. – Nossa lua de mel pode esperar um pouco mais.
- Mas isso não é certo. Já estávamos com a viagem marcada, o hotel... Estávamos tão animados. Eu não quero estragar isso. Além do mais não estou preparado para deixa-las sozinhas. – Carinhosamente ele tocou a barriga de Angélica. – Principalmente quando está tão perto.
- Meu amor, vamos ficar bem. Sua mãe ficará aqui, e minha mãe nunca me deixaria sozinha. Ela já quase não deixa mesmo com você aqui.
Jaime sorriu de lado, mas não pôde ser considerado um sorriso animado.
- Não se preocupe. É apenas uma semana.
- Em uma semana muita coisa pode acontecer.
- Seria muita má sorte acontecer justamente nessa semana.
- Não subestimo mais a má sorte.
- Então comece a mudar de ideia, porque agora... – Ela acariciou seu rosto. – Teremos apenas coisas boas nessa família.
- Não quero ficar longe de você.
- Eu também não, mas você não precisa recusar uma oferta por isso.
Jaime ficou em silencio, apenas olhando nos olhos dela.
- Está bem. Mas quero que fique com o celular 24 horas por dia. E não reclame se eu ligar várias vezes.
- É claro que não vou reclamar. – Ela sorriu e o beijou rapidamente. – Quero que me ligue assim que chegar no México, está bem?
Jaime balançou a cabeça afirmando e novamente lhe deu um beijo.
- Eu te amo. – Disse com ternura.
- Eu também te amo. – Angélica sorriu satisfeita.
[Angélica]
- Quanto tempo mais vou ter que esperar? – Perguntei um pouco impaciente, sentindo a terceira contração em cinco minutos. – As dores estão ficando frequentes.
- Não vai precisar mais esperar. – Doutor Victor sorriu satisfeito. – Já está com a dilatação completa!
Minha mãe olhou contente para mim e eu respirei aliviada. Não via a hora de segurar minha filha. A ansiedade estava me torturando mais do que as dores.
Dois enfermeiros começaram a se preparar, enquanto Doutor Victor me dava instruções do que eu deveria fazer. Ele já havia me explicado em minha ultima consulta, mas naquela altura eu já havia me esquecido de tudo o que havia aprendido. As dores ficaram mais frequentes e mais fortes, chegando a ser insuportáveis.
- Quem vai acompanha-la? – Doutor Victor olhou para Cecília e para minha mãe.
- Eu vou.
Viramos para a porta e um alivio percorreu por todo o meu corpo. Jaime estava parado na porta, já preparado para me acompanhar. Ficamos nos olhando por algum tempo, até que Doutor Victor pigarreou e sorriu.
- Fico feliz por ter chegado a tempo, Senhor Camil, sua esposa já está em trabalho de parto.
Jaime finalmente se moveu e se aproximou de mim, beijando minha mão. Ele estava em choque, e era notável. Estava respirando ofegante como se tivesse corrido desde o México. Não dizemos nada, apenas nos olhamos e sorrimos um para o outro. Ambos estavam aliviados, e ele havia chegado a tempo, apenas isso importava.
Minha mãe me deu um beijo no rosto e Cecília piscou para mim. As duas saíram do quarto, apenas uma pessoa poderia me acompanhar durante o parto, e já era óbvio quem seria.
- Angélica, na próxima contração quero que faça força. Será um parto bastante tranquilo e está tudo correndo bem. – Ele sorriu e eu balancei a cabeça concordando. Jaime apertou minha mão, e sentir sua mão entrelaçada com a minha me deu ainda mais forças. – Certo Angélica, você está pronta.
[Flashback]
Jaime e Angélica assistiam a um filme antes de irem dormir. Havia virado um costume toda sexta feira à noite assistirem a um filme. Mesmo com o costume, os dois estavam quase pegando no sono quando Angélica deu um pulo no sofá. Jaime a olhou assustado e Angélica tocou em sua barriga, de sete meses.
- O que foi meu amor? – Perguntou preocupado. – Algum problema?
Angélica não respondeu. Apenas ficou com os olhos arregalados encarando a parede.
- Angélica?
Ainda em silencio seus olhos ficaram marejados e ela olhou para Jaime sorrindo.
- O que foi?
Rapidamente ela pegou a mão de Jaime e a colocou sobre sua barriga. Jaime a olhou sem entender, até que sentiu algo pressionar levemente em sua mão. Ele olhou para Angélica, e seus olhos se encheram de lágrima. Já haviam feito vários ultrassons, mas sentir sua filha era algo inexplicável.
Angélica não conseguiu segurar as lágrimas, e os dois continuaram tocando em sua barriga, emocionados demais para se mexerem. Jaime sorriu e puxou Angélica para um beijo. Era um momento único que não precisava de muitas palavras. Não prestaram mais atenção no filme o resto da noite.
[Jaime]
- Está indo bem, Angélica! Continue! – Doutor Victor dizia. Minha mão já começava a ficar dormente, mas eu não me importava. Começava a me arrepender de não ter assistido a alguns vídeos de parto quando Angélica me aconselhou. Apesar de estar assustado e de me sentir inútil por não conseguir ajudar, eu estava tenso e ansioso ao mesmo tempo. Nunca havia parado para pensar se eu seria um bom pai. Como seria segurá-la em meus braços pela primeira vez, como seria vê-la dar os primeiros passos e dizer as primeiras palavras. Eu não sabia como seria nada disso, mas sabia que eu faria o possível e o impossível para amá-la e protege-la.
Eu queria poder fazer alguma coisa para ajudar, mas não havia nada mais para fazer a não ser segurar a mão de Angélica e dizer palavras de incentivo para ela. Angélica deitou a cabeça no travesseiro, cansada e olhou para mim sorrindo. Quase me perdi no seu sorriso, até que ouvimos um choro agudo. Olhei para Doutor Victor e ele segurava a minha filha. Senti o meu coração disparar e minha garganta queimar. Minhas vistas se embaçaram por causa das lágrimas e eu pisquei rapidamente, tentando contê-las, mas foi inútil. Uma das enfermeiras colocou uma manta em Angélica e Doutor Victor colocou nossa filha ali. Não conseguia tirar os olhos dela, e mal percebi quando cortaram o cordão umbilical. Angélica a segurou nos braços e as lágrimas começaram a rolar em seu rosto. Inclinei-me sobre ela e me apressei em limpar as lágrimas. Não queria chorar com todo mundo olhando para mim. Angélica olhou para mim e sorriu emocionada. Retribui o sorriso e beijei o topo de sua cabeça. Ela entendeu que mesmo sem pronunciar nada, eu estava orgulhoso dela, e muito, muito feliz.
- Ela já volta para você, mamãe. – Uma das enfermeiras a pegou com cuidado e eu não tirei os olhos da minha filha. Era o meu primeiro sinal de ciúmes.
*******
Eu não conseguia parar de sorrir. Minha mãe dizia que ela se parecia comigo, mas Maria e eu concordamos que ela se parecia mais com Angélica.
- Ela tem os meus olhos, mas tem a sua boca. – Angélica disse olhando para ela.
Sorri olhando para as duas, até que Angélica se virou para mim.
- Agora me conta, como chegou aqui a tempo? Pensei que estaria no México.
- Eu já não queria ir realmente. Não tinha muito tempo que estávamos voando quando pedi para voltarmos. Eu não estava me sentindo bem por ter deixo vocês, e meu coração estava apertado. Eu ia ligar para você mas o meu celular estava sem bateria. Achei que não seria necessário carrega-lo já que eu estava voltando para casa. Quando cheguei não tinha ninguém e eu já comecei a me preocupar. Coloquei o celular para carregar no momento em que miha mãe me ligou.
- Já imagino... – Angélica riu.
- Eu vim o mais rápido que pude. É, eu sei que o você vai falar, mas eu não vim dirigindo. Vim de táxi.
Ela sorriu divertida.
- Por sorte consegui chegar a tempo. Nunca me perdoaria por ter perdido o nascimento da minha filha. – Beijei o topo da cabeça de Angélica e suspirei aliviado por tudo ter dado certo.
- Fiquei tão feliz quando te vi, eu estava preocupada. Mas por sorte o papai conseguiu ver o seu nascimento, não é meu amor? – Angélica sorriu para nossa filha. – Mas agora... É a vez do papai te segurar.
Olhei tenso para Angélica e meu sorriso de alegria se transformou em um sorriso de tensão.
- Não tem mistério. – Minha mãe sorriu ao notar meu nervosismo. – É só segurá-la.
Angélica se inclinou um pouco na cama e eu abaixei esperando que ela a colocasse nos meus braços. Quando a segurei pela primeira vez, foi uma sensação inexplicável. Ela dormia em meus braços, até que com um pouco de dificuldade ela abriu os olhos e olhou em minha direção, como se tentasse me reconhecer. Sorri emocionado e mais uma vez meus olhos ficaram embaçados. Pisquei rapidamente e consegui controlar as lágrimas. Angélica tinha razão, ela se parecia um pouco comigo também.
- Acho que ela gostou de mim. – Disse divertido enquanto ela me olhava.
- Já vi que teremos problemas. – Angélica brincou e todos rimos.
- É claro que você vai gostar mais do papai, não é?
Foi incrível como um ser tão pequeno e frágil preencheu o meu coração. Não pude evitar lembrar tudo o que me aconteceu durante aqueles meses. Em toda a minha vida eu nunca imaginaria um momento como aquele, e nunca imaginaria que estaria tão feliz a ponto de explodir. Ter ao meu lado a mulher que escolhi como esposa, que amei durante tanto tempo e que amava cada dia mais, e como fruto desse amor ter uma filha que em pouco tempo me despertou um amor inexplicável. Eu não vivia mais apenas por mim. Eu vivia por Angélica, e pela nossa filha. A minha princesa. Angélica Ortiz Camil Vale.
Autor(a): solotumiamor
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