Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela
[Angelica]
Observei ele colocar a chave na fechadura para abrir a porta. Ele me segurava pela cintura, talvez por medo de que se me soltasse, eu tombaria para o lado. Eu não estava tão bêbada assim, tinha plena consciência do que estava fazendo, mas não tive coragem de dizer o contrário, ele estava sendo tão atencioso.
- Pronto. – Ele abriu a porta e sorriu. – Está entregue.
- Sou um pacote? – Dei uma risada e ele gargalhou.
- Quase isso. Quer ajuda?
- Não. Eu consigo entrar em meu apartamento, não estou tão bêbada.
- Só por via das duvidas.
Ele não conseguia nem ao menos disfarçar que estava adorando me ajudar daquele jeito. Entramos no apartamento com ele ainda segurando em minha cintura. Me guiou até o sofá e me sentou. Ergueu seu corpo e colocou as mãos na cintura, me observando.
- O que foi?
- Tem certeza que pode ficar sozinha?
- Acha que eu vou fazer o que?
- Nada... Só não acho que está em condições.
- Ou você está arrumando uma desculpa para passar mais tempo comigo.
- Posso usar o seu banheiro?
- Pode.
Respondi desanimada e esparramei no sofá. Ele sorriu divertido e foi em direção ao banheiro. Jaime parecia gostar de jogar comigo. Depois de dizer tantas coisas para mim naquele dia, ele continuava me tratando como se eu não precisasse saber de nada. Eu tinha que dizer alguma coisa a ele, mas não tinha coragem, e não sei como teria. Olhei para uma garrafa de tequila em minha estante, e respirei fundo criando coragem. Nunca fui fã de beber tequila, mas naquela ocasião, era por uma boa causa.
Levantei-me e peguei a garrafa. Olhei em direção ao banheiro e observei a porta ainda fechada. Não poderia perder aquela oportunidade, ou ele pensaria que eu estava sendo fria com os sentimentos dele, quando na verdade eu tinha tantas coisas para dizer. Abri a garrafa e meu estômago embrulhou apenas com o cheiro. Eram cinco horas da tarde e eu estava um pouco alterada por causa do vinho, tudo o que eu queria era tomar um remédio e dormir até a noite. Encarei a garrafa e contei até três, virando a em minha boca. Tomei dois longos goles e fiz uma careta. Meu estômago se embrulhou completamente e minha garganta queimava. Segurei a vontade de colocar tudo pra fora e respirei fundo enquanto guardava a garrafa. Aos poucos a péssima sensação foi passando, e eu rapidamente peguei uma bala, antes que a porta do banheiro se abrisse.
- Bem... Acho que eu já vou. – Ele se escorou na parede me olhando. – O que estava fazendo?
- É que o porta retrato estava torto. Não quer comer alguma coisa?
- Ainda estou um pouco cheio do almoço.
- Uma sobremesa então?
- Torta de chocolate?
- Você me conhece.
- Como recusar a isso?
Tentei disfarçar o meu sorriso de vitória e fui até a cozinha, enquanto ele sentou-se à mesa. Comecei a sentir um calor incontrolável e tirei o meu casaco. As coisas ao meu redor já começavam a rodar, e eu começava a me sentir fora do meu corpo. Talvez não tivesse sido uma boa idéia tomar dois goles de tequila. Com cuidado peguei a travessa na geladeira e com dificuldade, equilibrei os pratos em meu outro braço. Uma péssima idéia. Para não deixar a travessa com a torta cair no chão, soltei os pratos, e eles se dividiram em vários pedaços.
- O que foi isso? – Jaime apareceu no mesmo instante.
- Não se preocupe. Eu vou limpar isso e...
- Não. Melhor deixar aí e depois você limpa, pode se cortar.
- Mas...
- Vem, eu te ajudo.
Como ele estava de sapato e eu não, ele pisou nos cacos de vidro e pegou a travessa em minha mão, levou-a até a mesa e voltou para me ajudar. Pegou um pano molhado e passou no piso em minha frente, tirando os pequenos cacos de vidro.
- Pise com cuidado, pode ter alguns ainda.
Pisei na ponta dos pés e consegui chegar até a sala. Ele ainda continuou na cozinha para pegar os pratos, e logo apareceu, rindo.
- Por que está rindo?
- Você continua desastrada.
- Algumas coisas nunca mudam. – Sorri.
- É... Nunca. – Ele continuou me olhando, mas desviou o olhar logo depois, colocando os pratos sobre a mesa.
Servi a torta para nós dois, e enquanto ele comia eu apenas o observava. Minhas vistas começavam a embaçar, e eu já sentia que não podia controlar tudo o que eu precisava falar.
- Sobre o que conversamos mais cedo... – Escorei meu rosto em minha mão. – Estava falando sério?
- Sobre o que, exatamente?
- Sobre nós...
- Pensei que já tivesse esquecido essa conversa. – Ele sorriu de lado.
- Não posso esquecer.
- Não ligue para isso.
- Como não quer que eu ligue? Depois de tudo o que me disse.
- Eu só estava querendo ser sincero com você.
- E agora eu quero ser com você.
- Angie, não precisa...
- Eu quero. Quero que saiba como eu me senti durante todo esse tempo.
- Tenho certeza que ficou muito bem.
- Por que você sempre tira suas próprias conclusões?
- Porque eu sei que você era feliz ao lado do Otto.
- Sim, eu era. Mas como eu disse, estava mal por nosso afastamento.
- Você iria se acostumar.
- Você é tão frio pensando assim.
- E quer que eu pense como? Que enquanto você estava casada com outro você ainda me amava?
- E se fosse?
- Não existe isso, Angélica.
- Você é casado com Heidi e confessou que ainda me ama.
Ele ficou em silencio e então soltou um longo suspiro.
- Isso é diferente.
- É diferente porque é com você, não é? Eu não poderia ter sido casada com Otto e ainda pensado em você?
- Só não entendo porque se casou, se era assim.
- Você realmente não entende ainda, não é? Não entendeu no passado, e não irá entender nunca.
- Entender o que, Angélica? – Ele aumentou o tom de voz. – Quando decidimos que o melhor a fazer era ficarmos afastados, você não me disse essas coisas!
- E nem você me disse essas. Eu te esperei, Jaime. Te esperei tempo demais. Todos os dias eu esperava que você fosse chegar em minha casa e dizer que ainda me amava, que não poderia ficar longe de mim.
- E então você começou a namorar o Otto. – Ele sorriu sarcástico.
- E queria que eu continuasse te esperando? Otto é um homem maravilhoso, que me tratava muito bem. Tinha razão de ter escolhido ele, não tinha? Você não demonstrava que me amava realmente, nunca demonstrou.
- Eu era imaturo aquela época, e você sabe disso.
- E só amadureceu depois que me perdeu?
- É, foi isso mesmo. E quer saber? Foi a pior tortura da minha vida! Ter que vê-la nos braços de outro homem.
- Por isso foi embora mais cedo do meu casamento?
- Sim.
- Sabe o que me admira em tudo isso? É que você nunca teve coragem de me dizer essas coisas.
- Já disse que não queria privá-la da felicidade.
- Poderia ter sido tudo diferente, sabia? Não precisávamos ter nos envolvido com outras pessoas, com pessoas que não amávamos. E esse é o resultado. Continuaremos separados, porque eu nunca permitiria que você acabasse tudo com Heidi. Ela te ama, e acha que você também a ama na mesma intensidade.
- O que está dizendo?
- Estou dizendo que de nada adianta ainda nos amarmos se não podemos ficar juntos.
Ele abaixou a cabeça e fitou o prato em sua frente.
- Eu não queria que fosse assim.
- Eu sinto muito, mas essa é a realidade.
- E o que faremos agora?
- Continuaremos do mesmo jeito.
- Não podemos. Não conseguiríamos. – Ele se levantou.
- O que vai fazer?
- Eu não aguento mais essa tortura de ficar perto de você e não poder te ter.
- Jaime...
- Angie... Eu não posso mais passar um dia sem você. Eu não posso, não consigo. – Ele segurou minha mão e me levantou.
- Jaime, não...
- Me desculpe, Angie, mas eu não posso mais mentir para você, ou fingir que está tudo bem.
- Você é casado...
- Com uma mulher que eu não amo. – Ele me puxou pela cintura e nossos lábios ficaram próximos.
- Isso não importa, você ainda é casado. – Fechei os olhos. O que estava acontecendo comigo? Maldita hora que resolvi tomar aquela tequila! Eu não conseguia me afastar, estava sendo fraca em frente os meus desejos.
- Não me peça para ficar longe de você outra vez... Não me peça...
- Jaime...
- Eu te amo... – Ele sussurrou e eu pude sentir o calor dos lábios dele, muito próximo dos meus. Meu Deus! Eu não poderia aguentar mais aquela tortura! Talvez não fosse realmente culpa da tequila, e sim da minha vontade de tê-lo outra vez. Entrelacei meus braços em volta do seu pescoço e o beijei. Ele retribuía o beijo com um pouco de ferocidade, de ambas as partes. Desejo, saudade, paixão, todos esses sentimentos juntos em apenas um beijo. Ele me apertava contra seu corpo, com uma mão em minha cintura e a outra entrelaçada em meus cabelos. Eu o puxava para mais perto, querendo apenas que aquele momento durasse uma eternidade.
Sem pensar, andamos em direção ao meu quarto, sem parar de nos beijarmos. Estava ficando realmente quente ali, e eu não consegui conter a vontade de desabotoar sua camisa. Ele não pareceu se importar, já que começou a abrir o zíper do meu vestido. Em sã consciência eu não faria tamanho absurdo, com meu melhor amigo, e um homem casado. Mas eu não estava em sã consciência, e não era por causa da tequila ou do vinho.
Paramos em frente a cama e ele terminou de tirar sua camisa. Eu estava apenas de roupa intima, e ele parou os beijos e me olhou.
- Jaime...
- Não, não diga nada. – Ele sorriu e voltou a me beijar. Se inclinou por cima do meu corpo, me fazendo deitar na cama. Entrelacei minhas pernas em volta da cintura dele, e ele beijava meu pescoço. Estávamos fazendo tudo rápido demais, por impulso. Arranhei suas costas e soltei longos suspiros, sentindo que ele já estava completamente excitado. Eu não queria ter chegado àquele ponto, mas agora, era impossível pararmos, quando ambos estávamos completamente excitados.
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[Jaime]
Era inexplicável o misto de sensações que havia se juntado naquela cama. Parecia um sonho, do qual eu não queria acordar. Depois de tantas saudades, de tanto tempo afastados, eu finalmente estava ali, matando meus desejos com a mulher da minha vida. A mulher que sempre fez parte dos meus pensamentos, dos meus desejos e fetiches. Enquanto beijava seu pescoço e sentia seu perfume, percebi que não conseguia mais esperar para tê-la por inteiro. Me inclinei para olhá-la e ela me deu um lindo sorriso. Entendi aquilo como um “sim” para avançarmos. Terminei de despi-la, sem fazer muito caso. Passei a mão por todo o seu corpo, sentindo cada detalhe de tamanha perfeição. Era como se ela tivesse sido criada exatamente para mim, com todos os traços, todas as qualidades.
- Tem certeza que quer isso? – Ela sussurrou meio aos suspiros.
- Está brincando? – Olhei para ela e sorri. – É o que eu mais quero.
Ela deu uma gargalhada e me puxou para beijar-me. Não seria a primeira vez que faríamos aquilo, mas seria como se fosse. Abri o zíper da minha calça e fiz questão de olhá-la nos olhos quando a penetrei. Seus olhos se fecharam e ela mordeu os lábios. Lentamente me movimentei por dentro dela, e aos poucos ela foi se relaxando, abrindo os olhos e sorrindo para mim. Aquilo me deixou completamente excitado, e eu comecei a acelerar os movimentos. Não me lembrava de Angélica ser tão sedutora e encantadora, e aquilo estava me levanto à loucura. Em poucos minutos que estávamos fazendo amor, eu já sentia a excitação tomar conta de todo o meu corpo.
Virei na cama e me sentei, puxando ela para cima de mim. Ela jogou os cabelos para o lado e me olhava com um sorriso maroto. Queria conseguir dizer algo à ela. Queria dizer que ela era perfeita, em todos os sentidos. Que eu a amava, que eu a queria. Mas não houve palavras naquele momento. Apenas nossos suspiros misturando-se em um só. Nossos corpos estavam quentes, e eu a puxei para mais perto. Senti que eu estava chegando ao auge, e quis perguntar se ela também estava pronta, mas ao olhá-la nos olhos, e ver a excitação estampada em seu rosto, só consegui fechar os meus e apertá-la contra meu corpo. Não pude evitar de gemer, e ela fez o mesmo. Aquilo me deixou completamente louco, e enquanto eu sentia todo o meu corpo tremer, ela me abraçou, arranhando minhas costas. Havíamos chegado ao auge juntos, e quando abri os olhos respirando ofegante, ela sorriu divertida.
Caímos cansados na cama e ficamos um tempo fitando o teto, apenas recuperando o fôlego. Virei meu rosto para olhá-la, e ela se enrolou no lençol.
- Não acredito que fizemos isso. – Ela disse sem me olhar.
- Agora é tarde demais. – Disse divertido.
- Você é um louco, Jaime! Um louco! Como faremos agora com...
- Por favor, não estrague o momento. Não vamos pensar nas consequências agora. – Me aproximei dela e a olhei nos olhos. – Foi maravilhoso.
- Sim, foi. Mas...
- Admita que você também queria isso.
- Por Deus! É claro que eu queria. – Ela me olhou indignada. – Mas nas atuais circunstancias, fomos antecipados. Agimos por impulso, e não deveríamos ter feito isso.
- Já sabemos sobre nossos sentimentos um pelo outro, que mal tem isso?
- Que mal tem isso? O mal é que sua esposa deve estar te esperando em casa, sem nem ao menos imaginar tudo o que fizemos.
- Se pensarmos nos lados ruins das coisas, ainda tem várias pessoas que atingimos indiretamente. Otto também é um deles. Não estão divorciados ainda. E sua mãe... Se soubesse disso...
- Não me faça pensar em minha mãe agora, por favor. – Ela cobriu o rosto com as mãos. Dei uma gargalhada e a puxei para beijá-la.
- Pensamos nisso depois. Mas não estrague o meu dia de descanso, por favor. Foi o melhor da minha vida.
- Está bem. Mas é melhor você ir embora... Heidi deve estar te esperando.
- Eu vou... Mas te ligo amanhã.
- Não acredito que passei de melhor amiga para amante. Isso é tão errado.
- Você não é minha amante, não quero que pense assim. Só estamos esperando que tudo se acerte, e isso não vai demorar.
- Falamos disso depois.
- Está bem. – Beijei seu rosto e me levantei, arrumando minha calça e vestindo minha blusa. – Foi o melhor dia da minha vida, em muito tempo. – Me inclinei para beijá-la e então sorri. – Se cuida.
- Você também.
Ela continuou deitada, me olhando enquanto eu me afastava. Saí de seu apartamento com um sorriso inapagável do rosto. Sabia que Angie tinha razão, e como a conhecia bem, ela ficaria pensando naquilo a noite toda. Foi uma coisa errada o que fizemos, mas não era tão errada se pensássemos que nos amávamos, e não estávamos juntos pelo golpe do destino.
Dirigi até minha casa pensando nela o tempo inteiro. Seria difícil parar de pensar no dia maravilhoso que tivemos, e principalmente, no fim. Comecei a me sentir culpado por Heidi, imaginando como que eu a olharia depois disso. Mas eu teria que ser sincero com ela. Eu amava Angélica, não poderia continuar casado com Heidi. Seria doloroso, e eu me sentiria péssimo por fazê-la sofrer, mas era o melhor a se fazer. Finalmente eu tinha a oportunidade de ficar com a mulher da minha vida, e eu não queria desperdiçá-la.
Desci do carro e peguei o vinho favorito dela. Abri a porta de casa e senti o cheiro de carne assada. A música vinha da sala, e quando parei na porta, a lareira estava acesa e a mesa pronta. Senti um sentimento de culpa, e coloquei a garrafa de vinho em cima da mesa.
- Meu amor? É você? – A voz vinha da cozinha.
- Sim! – Suspirei e sorri quando ela apareceu na sala. – A mesa está maravilhosa.
- Que bom que gostou. – Ela sorriu e me deu um beijo. – Quis tudo perfeito. Há tanto tempo não jantamos assim.
- É...
- Sente-se.
- Na verdade eu queria tomar um banho antes...
- Não, deixe isso para depois. Posso te fazer companhia se quiser. – Ela sorriu. – Mas vamos aproveitar o jantar agora.
Forcei um sorriso e me sentei.
- Como foi o dia com a Angélica? - Ela perguntou sentando-se.
- Ahm... Muito bom. Muito bom mesmo.
- Percebi que você está se sentindo melhor agora. Chegou sorrindo, mais animado. Sabia que estava sentindo falta de conversar com ela.
- Sabia?
- Claro. Vocês são amigos há tanto tempo. É notável que não aguentariam ficar sem se ver.
Eu não conseguiria esconder aquilo por mais tempo. Não seria justo com ela, nem com Angie. Eu tinha que decidir a minha vida, e dar prioridade ao meu coração, e continuar casado com Heidi não fazia parte disso, por mais que me doesse magoá-la.
- Heidi... Eu preciso te dizer uma coisa.
- Deixemos isso para depois. Vamos aproveitar o jantar.
- Mas é uma coisa muito importante.
- Falamos disso depois, meu amor.
- Heidi.
- Jaime... Esperei por você o dia inteiro. É o primeiro jantar romântico que temos desde muito tempo. Eu só quero aproveitar essa noite e ter um pouco de carinho, já que você não faz tanta questão disso, infelizmente. Mas hoje estou pronta para esquecer todos esses dias em que você esteve frio, e quero aproveitar. Está bem? - Ela segurou minha mão e sorriu. Talvez eu pudesse falar no dia seguinte.
- Está bem. - Forcei um sorriso e apertei sua mão.
Não era uma coisa certa a se fazer, e eu não magoaria Angélica. Não mais. Não depois de tudo o que passamos. Mas eu precisava de um tempo para contar a Heidi tudo o que havia acontecido, e aquela noite não era ideal. Não ainda.
Autor(a): solotumiamor
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
[Angélica] Acordei com uma luz forte batendo em meu rosto. Abri os olhos e a cortina estava aberta, e eu ainda estava do mesmo jeito que deitei. Me levantei em um pul ...
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