Fanfics Brasil - 4. Adeus Usted Se Me Llevó La Vida

Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela


Capítulo: 4. Adeus

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                              [Angélica]


 


               Acordei com uma luz forte batendo em meu rosto. Abri os olhos e a cortina estava aberta, e eu ainda estava do mesmo jeito que deitei. Me levantei em um pulo e olhei em volta, lembrando de tudo o que tinha acontecido.


- Meu Deus! – Exclamei passando a mão em meu rosto.


               Olhei para a cama desarrumada, e não consegui evitar em dar um sorriso, lembrando-me de tudo o que tinha acontecido ali. Parei de sorrir e balancei a cabeça, tentando me focar em outra coisa. Eu havia feito uma coisa errada, e não poderia me sentir feliz com isso. Fui ao banheiro para tomar um banho frio, e tentar esquecer de tudo, pelo menos por um tempo.


               Depois do banho fui até a cozinha preparar um café forte. Me preparei para sentar à mesa, quando tocaram a campainha. Senti meu coração disparar, e pensei um pouco se atenderia. Decidi que iria colocar um fim em tudo aquilo, que não poderíamos manter um relacionamento daquele jeito. Jaime era um homem casado, e eu não permitiria destruir um casamento assim.


               Quando a campainha tocou pela terceira vez, me levantei e abri a porta decidida, mas para minha surpresa, não era Jaime.


- Otto?


- Oi. – Ele sorriu ajeitando os óculos. – Desculpe vir sem avisar, mas é que precisava te trazer uns papéis.


- Ah, claro... Entre por favor. – Abri mais a porta e ele entrou, olhou em volta e deu um longo suspiro. – O que foi?


- Sinto falta do cheiro do seu café pela manhã. – Ele se virou sorrindo.


- Quer um pouco?


- Obrigado, quero sim.


               Servi uma xícara de café para ele e apontei a cadeira para que ele se sentasse.


- Manteve o apartamento do mesmo jeito.


- Não tenho porque muda-lo, afinal, tem mais coisas do meu gosto do que seu por aqui. E temos praticamente o mesmo gosto.


- É sim, temos. – Ele riu e tomou um pouco do café, se engasgando logo depois.


- O que houve?


- Está um pouco... Forte.


- Meu Deus! Eu tinha me esquecido, desculpe. É que eu precisava de um café um pouco mais forte hoje.


- Dia cheio?


- Mais ou menos.


- Se quiser eu trago os papéis outro dia e...


- Não, tudo bem.


               Ele pegou um envelope e colocou em cima da mesa.


- Precisa assinar essas folhas, depois de lê-las.


- Você está com pressa?


- Não... Por quê?


- É que acabei de acordar e estou um pouco lenta, pode demorar um pouco.


- Acabou de acordar? Sério?


- É eu sei... Há muito tempo eu não dormia tanto. – Sorri sem graça. – Eu só vou pegar uma caneta e já volto, está bem?


- Fique a vontade.


               Me levantei e fui até o quarto. Tinha ficado um pouco decepcionada por não ser uma visita de Jaime, mas talvez fosse melhor. Eu teria mais tempo para pensar no que fizemos, e teria mais tempo para tomar uma decisão do que faríamos dali pra frente.


 


 


 


                                                           ********


 


 


                                            [Jaime]


 


 


               Aproveitei que Heidi tinha saído para fazer compras e peguei o meu celular. Precisava ouvir a voz dela, mesmo que eu soubesse que ela daria uma enorme lição de moral, dizendo que tinha sido um erro o que fizemos, que não poderíamos continuar com isso. Mas eu precisava ouvi-la, precisava tranquilizar meu coração.


               Assim que disquei seu número, meu coração já estava disparado e minhas mãos suando. Havia virado rotina ficar daquele jeito quando se tratava de Angélica. Ela estava demorando muito para atender, e eu estava quase desistindo, quando alguém atendeu. Mas não era ela.


- Alô?


- Alo?


- Pois não?


- Quem está falando?


- Otto Padron. Posso ajuda-lo?


               Eu não poderia acreditar. O que Otto estava fazendo com Angélica? E atendendo o seu celular? Tentei conter toda a raiva que subia em meu corpo e respirei fundo, fechando os olhos.


- Olá Otto, é o Jaime.


- Ah... Jaime! Quanto tempo!


- Sim, muito tempo. – Forcei a minha educação. – Angélica está por aí?


- Está sim, eu vou chama-la. Só um minuto, por favor.


               Esperei impaciente, mas enquanto isso, tentava controlar toda a minha raiva. Não queria gritar com Angélica, e nem pedir satisfações à ela. Afinal, eu continuava casado, e não havia ligado para ela na noite anterior, como havia prometido. Mas só de imaginar que ela e Otto estavam juntos, o meu corpo inteiro fervia de ódio, principalmente quando ouvi as vozes do outro lado da linha:


- Angélica... É o Jaime.


- O que?


- Jaime... No seu celular.


               No mesmo instante ouvi um barulho e a ligação ficou muda.


- Ela desligou na minha cara? – Perguntei abismado olhando para a tela do meu celular. – Eu não acredito nisso! – Joguei o celular do outro lado do quarto, tentando descontar a raiva em alguma coisa.


               Me levantei e andei de um lado para o outro. Angélica tinha uma péssima mania em ficar pensando demais nas coisas. Com certeza havia pensado que tudo o que tivemos foi um erro, e resolveu dar outra chance para seu casamento. Se fosse assim, eu não teria motivos para me separar de Heidi. Se Angélica não estava disposta a lutar pelo nosso amor, então eu também não lutaria.


 


 


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                                            [Angélica]


 


 


- Acabou a bateria. – Olhei para meu celular. – Depois eu ligo para ele.


               Coloquei o celular para carregar e olhei para Otto.


- O que foi?


- Vocês voltaram a conversar? – Ele sorria estranhamente.


- Ah... Sim. Nos encontramos, saímos para almoçar juntos. O mesmo de sempre.


- Fico feliz. Gosto muito da amizade de vocês.


- É, eu também. Bem... Podemos começar?


- Claro.


               Demorei um pouco para conseguir ler todos os papéis e assiná-los. Toda aquela história com Jaime estava me tirando do sério, e eu não conseguia me concentrar direito. Quando terminei de assinar o ultimo papel, já era quase hora do almoço.


- Então, agora está tudo certo. Talvez tenhamos uma audiência na semana que vem, só para... Termos certeza. – Ele me olhou um pouco decepcionado. – Será a ultima.


- Será bom. Um tempo para pensarmos.


- Apesar de que já temos uma resposta definitiva.


- É... Temos.


- Mas não custa nada pensar mais um pouco, não é?


- Claro que não. – Sorri. – Você é um ótimo marido.


- E você é uma ótima esposa.


- Obrigada.


- Então, já vou. Tenho que ir para o trabalho. – Ele me deu um beijo no rosto de despedida. – Não quero perder o contato com você, Angélica. Não quero conversar com você apenas sobre o divórcio. Eu realmente me importo com você.


- Eu também, Otto. – Segurei a mão dele. – Você é muito especial para mim.


- Sempre que precisar de mim, não deixe de me ligar, está bem?


- Digo o mesmo para você.


- Então, até mais.


- Até.


               Observei ele se afastar e senti um certo vazio. Otto por tanto tempo foi meu companheiro, sempre escutava os meus problemas, e então eu comecei a me sentir sozinha. Somente naquele momento parei para pensar que não sirvo para morar sozinha em um apartamento tão grande. Eu precisava de alguém comigo, de alguém para conversar.


- Oh não! Jaime! – Me lembrei imediatamente. Corri até o meu quarto e tirei o celular da tomada. Disquei rapidamente o numero dele e esperei ansiosamente até que ele atendesse. Se bem o conhecia, ele estaria pensando as piores coisas de mim naquele momento.


- Alô?


- James!


- Quem é?


- Como assim quem é?


- Ah... Angélica. Como vai?


               A voz dele estava diferente, parecia forçada. Ouvi som de gargalhadas femininas ao fundo, e respirei fundo, trabalhando a minha paciência.


- Está ocupado? Posso ligar depois.


- Não, não estou ocupado. Estou em um encontro de amigos e estamos em um bar. Mas o que foi? Otto não conseguiu resolver alguma coisa para você?


- O que está dizendo?


- Ele estava com você, não estava?


- Estava. Veio trazer... Ah, quer saber? Não te devo satisfações. Só liguei para pedir desculpas e dizer que não liguei antes porque meu celular estava descarregado.


- Ah sim, ótima desculpa.


- Não é uma desculpa!


- Você ainda não me respondeu o que ele estava fazendo com você.


               Ouvi os amigos caçoando do modo como ele falava. Aquilo me deixou completamente irritada. Não dava para ter uma conversa civilizada com Jaime em um bar com os amigos.


- Eu te ligo depois, está bem?


               Não esperei sua resposta e desliguei o telefone. Com certeza ele ficaria furioso, já que odiava quando o deixava falando sozinho. Coloquei o celular em cima da cama e o deixei vibrando. Não falaria com ele enquanto ele não estivesse disposto a conversar como adulto.


               Mais uma vez a campainha tocou, e dessa vez eu rezei para que fosse Otto. Eu adoraria que ele me fizesse companhia durante a tarde, só assim para que eu esquecesse toda aquela confusão. Abri a porta e mais uma vez eu estava errada. A ultima pessoa que eu queria encontrar naquele dia estava em minha frente.


- Mamãe.


- Oi meu amor. – Ela beijou meu rosto e entrou em meu apartamento. – Nossa, há quanto tempo você não arruma as coisas por aqui?


- A moça que limpa veio anteontem, mamãe. – Respondi desanimada.


- Então melhor contratar outra, isso está uma bagunça! – Ela começou a ajeitar as almofadas no sofá.


- O que a Senhora quer, mamãe? Achei que íamos nos encontrar no domingo.


- Me preocupei com você. Não liga mais, não da mais notícias. Nem em suas redes sociais você está mais.


- Estou um pouco indisposta esses dias.


- Está pensando em seu casamento?


- Estou, mamãe. – Respondi desanimada me jogando no sofá. – Mas já disse que está tudo resolvido.


- Filha, você não pode fazer isso. Otto é o homem certo para você.


- Já falamos sobre isso, mamãe. Eu e Otto resolvemos isso juntos.


- Eu não acredito. Otto te ama muito, e ele é capaz de fingir que concorda com tudo só pra te ver feliz. Mas por dentro ele deve estar se matando de sofrimento.


- Eu não posso fazer nada por isso, infelizmente.


- Não acha que você está sendo insensível? Ele te deu tanto amor e carinho...


- E eu também dei a ele, mamãe. Mas chega um momento que não dá mais.


               Ela respirou fundo e me encarou por um tempo.


- Tem outra pessoa, não é?


- O que? Claro que não!


- Se tiver eu espero que pelo menos seja alguém tão bom quanto o Otto.


- Mamãe, não tem ninguém!


- Porque você tem um péssimo gosto para namorados. Otto foi o único que você acertou em cheio, e agora você o deixa escapar. Eu espero que não seja por alguém como Jaime...


- Por que sempre tem que tocar nisso? Eu e Jaime não temos mais nada, há muito, muito tempo.


- É que você sempre foi cabeça dura! Eu sempre disse que ele ia te magoar e você não acreditava, até isso acontecer.


- Isso! Está certa! Ele me magoou! Eu não teria coragem de deixa-lo me magoar outra vez. Está bem? Agora por favor, podemos mudar de assunto?


- Está bem... Está bem... Vim aqui para saber se está tudo bem, e... Te fazer companhia. Se bem te conheço, você não gosta de ficar sozinha.


               Deixei todas as brigas e implicâncias com minha mãe de lado, e reconheci que ela era a pessoa que mais me conhecia no mundo, e que no fundo, mesmo que não soubesse se expressar direito, ela só queria o meu bem.


- Vamos almoçar? – Ela sorriu.


- Podemos pedir para entregar em casa?


               Ela deu uma gargalhada e concordou. Nos abraçamos, e eu percebi que de nada adiantaria ficar brava com minha mãe. Mesmo que muitas vezes ela me magoasse com suas afirmações, elas sempre eram para o meu próprio bem.


 


 


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               Passar a tarde com minha mãe era o que eu precisava. Almoçamos juntas, assistimos filmes, e conversamos sobre a vida e sobre o passado. Em nenhum momento falamos sobre coisas tristes. Pelo contrário. Nos divertimos, rimos e gargalhamos, como nos velhos tempos. Eu sentia falta de passar o tempo com minha mãe, principalmente dias como aquele.


- Quer mais sorvete? – Ela se levantou.


- Sim, obrigada.


               Minha mãe foi à cozinha e eu me espreguicei no sofá. Na mesma hora escutei alguém gritando em baixo de minha janela. Estava um pouco baixo, mas consegui ouvir o meu nome. Levantei correndo e fui até a janela, e ao olhar pra baixo, meus olhos se arregalaram. Era Jaime, e ele com certeza estava bêbado.


- Angélica Maria Vale Hartman. Enquanto você não descer para conversar comigo eu não saio dessa rua! – Ele gritava escorado em seu carro.


- O que é isso? – Minha mãe parou ao meu lado, e teve a mesma reação que eu. – O que ele está fazendo?


- Eu não sei! É um louco!


               Os vizinhos começavam a sair de suas janelas, mas por sorte a rua estava escura, e não conseguiram identifica-lo. Do contrário, haveria fotos e vídeos em todas as redes sociais possíveis.


- Finja que está dormindo!


- Não posso, mamãe! Eu não posso deixa-lo gritando.


- Mas ele está bêbado, filha!


- Por isso mesmo!


- Angélicaaaaaaaaaaaaaa!


- Eu vou descer.


- Você vai deixa-lo subir?


- Desculpe, mamãe. Não posso deixar ele lá em baixo nesse estado.


- Está bem, mas tome cuidado para que ninguém os veja.


               Coloquei o meu casaco e saí. Tentei ser rápida, mas o elevador não me ajudava. Quando consegui chegar ao térreo, o segurança  do prédio já tentava acalmar Jaime, pedindo para que ele parasse de gritar.


- Jaime! – Andei apressada até os dois.


- Senhora, quer que eu chame a polícia?


- Não, Carlos. Obrigada. Eu vou subir com ele. Você pode me ajudar?


- Tem certeza? Ele não parece nada bem.


- Eu sei exatamente o que vai fazê-lo melhorar.


- Isso é um convite? – Ele sorriu e eu virei os olhos.


- Fique quieto, Jaime. O que você foi fazer? Ficou louco?


- Eu preciso conversar com você!


- E acha que assim vamos conseguir conversar? Você está bêbado!


- Só tomei alguns uísques.


- Alguns? – Carlos segurou o riso.


- Carlos, por favor. Me ajude com ele.


               Carlos enroscou um braço do Jaime em seu pescoço, e eu o abracei pela cintura, como se isso fosse ajudar a segurá-lo. Por sorte ele não estava bêbado a ponto de não conseguir parar em pé, mas todo apoio era bem vindo. Entramos no elevador torcendo para que nenhum vizinho visse aquela cena, e por sorte não viram. Chegamos em meu andar e Carlos me ajudou a leva-lo até a porta do apartamento.


- Precisa de ajuda, Senhora?


- Não Carlos, daqui eu me viro. Obrigada.


- Se precisar de alguma coisa pode tocar na portaria. Ligo imediatamente para a polícia.


- Não será necessário, Carlos. Obrigada.


- Nunca pensei que o Senhor Camil fosse assim.


- Você não o conhece direito, então. – Tentei brincar, mas o clima não estava muito bom. Depois que Carlos foi embora, fechei a porta e levei Jaime até o sofá. Minha mãe estava parada no corredor, nos olhando.


- Mas que vergonha, Jaime Camil. – Ela cruzou os braços.


- Maria! – Ele tentou parecer sério, mas foi em vão. – Por que não me disse que sua mãe estava aqui?


- Está brincando? Você aparece de surpresa fazendo o maior escândalo. Como eu ia dizer?


- Olha... Eu e Angélica não temos nada, está bem? Somos amigos, apenas.


- Oh, eu sei. Disso eu tenho certeza, e ao olhá-lo, tenho mais certeza ainda. Sinceramente, minha filha, espero que isso a faça repensar em seu divórcio.


- Não precisa ofender!


- Não estou ofendendo, estou elogiando. Está feliz com o seu casamento, e minha filha está com o dela.


- Como você sabe que ela está feliz com o dela?


- Olha aqui...


- Vocês dois querem parar? – Aumentei o tom de voz e eles se calaram. – Mamãe, por favor. Pegue uma bolsa de gelo na cozinha. Eu vou leva-lo para o banheiro.


               Por sorte minha mãe não reclamou. Apenas nos encarou por alguns segundos e logo depois foi para a cozinha. Ajudei Jaime a se levantar e o levei para o banheiro.


- Eu preciso conversar com você.


- Não quero conversar com você agora.


- Mas...


- Jaime, por favor, não piore as coisas. Agora tire a roupa.


- O que?


- Tire a roupa!


- Sua mãe está aqui!


- Eu não vou fazer sexo com você! – Abaixei a voz para aquela afirmação. – Você precisa de um banho frio. Fique de cueca.


               Parecendo decepcionado ele começou a se despir. Virei de costas para não ficar tentada, e apenas esperei.


- Pronto.


               Me virei para ele, e ele estava com uma cueca boxer preta, a minha preferida. Tentei desviar minha atenção e o empurrei para dentro do box. Antes que ele me questionasse, abri o chuveiro e a agua fria caiu sobre ele. No início ele se sentiu incomodado, mas aos poucos foi relaxando, até se escorar na parede e fechar os olhos.


- Está passando mal?


- Não. – Respondeu simplesmente.


- Que pena.


- Isso vai ser motivo para você me maltratar durante vários dias, não é?


- Estou pensando se irá durar um mês.


- Me desculpe.


- Deixe as desculpas para depois. Já se sente melhor?


- Sim.


- Ótimo.


               Peguei a toalha e joguei em seu rosto, com um pouco de ferocidade.


- Tem uma cueca nova no quarto, que Otto nunca usou, pode vesti-la.


               Apenas me virei e saí do banheiro, batendo a porta. Eu odiava trata-lo daquela maneira, mas não poderia deixar passar. Se tinha uma coisa que eu odiava, era que Jaime cometesse erros e depois me pedisse desculpas, como se nada tivesse acontecido. Ele precisava entender que eu estava magoada, e que não seria tão fácil perdoá-lo. Pelo menos eu esperava que não.


 


 


 


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                                            [Jaime]


 


 


               Vesti minha roupa me sentindo um idiota. Eu já estava me sentindo antes, mas quando o efeito do álcool começou a passar, me senti ainda pior. Saí do quarto e ouvi vozes vindas da cozinha. Me aproximei da porta, e Angélica e sua mãe estavam conversando. Obviamente Maria estava dizendo o quanto eu era irresponsável, imaturo, e todos os defeitos possíveis. Não seria surpresa para mim. Parei na porta da cozinha e olhei para as duas. Não sabia como começar a me desculpar, e quando abri a boca, Maria se virou e olhou para Angélica.


- Quer que eu passe a noite aqui?


- Não precisa, mamãe. Está tudo bem.


- Tem certeza?


- Tenho sim.


- Angélica, por favor, não deixe que Otto saiba disso. Isso arruinaria tudo e...


- Ele não saberá, mamãe. Não se preocupe.


               Elas conversavam como se eu não estivesse ali, e aquilo me deixava incomodado, embora eu soubesse que eu merecia toda aquela frieza.


- Então estou indo. Qualquer coisa, me ligue.


- Está bem, obrigada.


- E você... Espero que pense no que fez.


- É bom te ver também, Maria. – Dei de ombros, sem olhá-la. Ela apenas bufou e saiu, batendo a porta. – Sua mãe ainda me odeia?


- Ela não te odeia. Só está magoada com o que fez. E eu também estou.


               Ela passou por mim como um furacão, sem me dar tempo de explicar.


- Angélica...


- Deite-se. – Ela apontou para o sofá.


- O que?


- Vai ficar com dor de cabeça.


- Mas eu...


- Quer ficar com dor de cabeça? Heidi vai falar ainda mais do que minha mãe, e sua dor de cabeça só irá piorar.


               Suspirei e me deitei no sofá. Com delicadeza ela colocou uma bolsa de gelo em minha cabeça, e me deu um remédio. Era incrível que mesmo magoada, mesmo que eu fosse o errado da história, ela continuava sendo um anjo para mim. (play na musica: https://www.youtube.com/watch?v=DBLmaRBg4Ss)


- Podemos conversar agora?


- Você ainda está bêbado.


- Mas estou melhorando.


- O que você quer, Jaime? – Ela colocou as mãos na cintura e me encarou, e por Deus, aquele olhar de decepção me cortava o coração.


- Quero pedir desculpas.


- Você já pediu.


- Não por hoje. Quero dizer, por hoje também... Mas não só por hoje. Por tudo.


- O que quer dizer?


- Será que pode se abaixar? Meus olhos estão doendo de olhar para cima.


               Ela respirou fundo e sentou-se no chão, em minha frente.


- Quero pedir desculpas por tudo. Desde o início.


- Por que isso agora? Você não queria conversar sobre isso mais cedo.


- Eu estava nervoso. Com ciúmes.


- Ciúmes de que?


- Do Otto! Ele estava com você!


- Ele veio aqui me trazer uns papéis do divórcio!


- E por que atendeu o seu celular?


- Eu não estava por perto!


- E por que você desligou quando ele disse que era eu?


- O celular acabou a bateria!


               Era oficial. Eu era um idiota.


- Angélica...


- Não. Deixe que eu fale por você. Você entendeu tudo errado, agiu por impulso, por ciúmes, e simplesmente fez todas essas idiotices?


- Eu sei que mereço, mas é que... É muito difícil.


- E pra mim não é?


- Eu sei que é. É difícil para nós dois. Depois de ontem...


- Ontem agimos por impulso. Apenas isso.


- O que? Vai fingir que nada aconteceu?


- Foi bom. Foi ótimo... Mas passou. Você é casado, e eu vou viver minha vida.


- O que está dizendo? – Tirei a bolsa de gelo e me inclinei para olhá-la nos olhos.


- Não quero que separe da Heidi por isso.


- Então quer que eu continue com ela mesmo te amando?


- Você vai superar. Já superou antes.


- Então é isso? Nos afastaremos de novo, ate tudo isso acontecer outra vez? Meu Deus, Angélica! Quando você vai perceber que eu te amo? Quando vai perceber que o destino quer nos juntar? Não podemos negar isso. Não mais. Eu estou pronto para lutar por isso. Estou pronto para enfrentar Heidi, Otto, sua mãe, e qualquer um! E você? Você está preparada para isso?


- Eu... Eu...


- Você me ama como antes, Angélica? Você quer ficar comigo? Porque se não quiser, eu te deixo em paz. Nunca mais irei te incomodar. Mas se você quiser, se disser que está pronta para enfrentar tudo e todos, eu lutarei por isso, até o fim.


               As lágrimas começaram a rolar em seu rosto, e ela ainda me olhava nos olhos. Ela estava pronta para me responder, quando meu celular tocou. Fechei os olhos impaciente, e quando os abri, Angélica estava de cabeça baixa enxugando as lágrimas.


- É melhor atender.


- Não. Você é mais importante, quero que me responda.


- Pode ser a Heidi. Ela deve estar preocupada.


- Angélica!


- Por favor! – Ela levantou a cabeça e seus olhos estavam vermelhos. Suspirei e tirei o celular do bolso.


- É... É a Heidi.


- Atenda.


- Não.


- Jaime.


- Não vou atender!


               Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ela tirou o celular de minha mão e o atendeu. Tentei pegá-lo da mão dela, mas ela se afastou, e minha cabeça começou a latejar. Deitei novamente no sofá e coloquei a bolsa em minha cabeça.


- Alo? Oi Heidi, é a Angélica. Sim ele está aqui comigo. É que ele se sentiu um pouco indisposto, e aproveitou que estava em frente minha casa e passou aqui para pedir um remédio, mas ele já está melhor. Está indo embora daqui a pouco. Sim, digo sim. Está bem, tchau. – Assim que desligou o telefone, o sorriso forçado em seu rosto sumiu. Ela me entregou o celular e limpou as lágrimas. – Ela está te esperando. Disse para não demorar porque o jantar vai esfriar.


- Eu não vou.


- Você vai sim.


- Angélica, por favor...


- Jaime, eu já tomei minha decisão. – Ela respirou fundo e me olhou, fechando os olhos. – Não devemos ficar juntos. Se não deu certo uma vez, é porque não dará a segunda. E não somos mais jovens. Não podemos arriscar tudo em uma relação que provavelmente não dará certo. Você tem sua esposa, tem o seu casamento, e assim irá continuar. Volte para casa, e diga a Heidi que sentiu falta dela. Ela merece ser tratada com carinho.


               Me levantei e a encarei. Ela ainda continuava de olhos fechados. Tentei tocá-la, mas minhas mãos pararam no meio do caminho.


- Tem certeza que é isso que quer?


- Tenho. Podemos... Podemos nos falar como amigos, mas quero um tempo.


               Aquilo me partia o coração. A noite anterior tinha sido tão maravilhosa, e então tudo desabou. Eu esperava que finalmente pudesse ser feliz ao lado da mulher que eu amava, a mulher da minha vida, mas eu estava errado. Minha vida continuaria pela metade, incompleta.


- Está bem. – Suspirei e engoli a vontade de gritar e implorar para que ela reconsiderasse. – Então... Adeus.


               Ela não respondeu. Virou o rosto e continuou de olhos fechados. Me afastei e antes de sair, dei uma ultima olhada para ela. Ela estava segurando para não chorar, mas com certeza não voltaria atrás. Angélica era uma mulher decidida, e eu não poderia fazer mais nada a não ser concordar. Saí do apartamento e fechei a porta, como se uma parte de mim tivesse ido embora. Eu deveria estar acostumado com o “adeus”, mas daquela vez realmente parecia um adeus, sem volta.


               Entrei em meu carro e fiquei um tempo parado, olhando para o volante. Não conseguia mais segurar. As lágrimas começaram a se formar, e meu peito começou a doer. Minha garganta parecia pegar fogo, e inevitavelmente fechei minhas mãos. Como um extinto, comecei a bater no volante, e as lágrimas rolaram em meu rosto. Eu não costumava ser tão fraco, eu não costumava ser tão sensível. Eu conseguia guardar minhas emoções e meus sentimentos, mas se tratando de Angélica, era impossível. Meu peito doía, meu coração estava partido, minha vida estava incompleta. Passei a mão em meu rosto e comecei a soluçar. Deitei minha cabeça no volante e gritei, tentando tirar toda aquela agonia e dor do meu peito. Mas aquela cicatriz nunca iria se curar. Esse era o meu destino: Amar alguém que eu nunca poderia ter ao meu lado. Nunca.



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Autor(a): solotumiamor

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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                                          [Jaime]             Acordei com o barulho do salto de Heidi martelando contra o piso. Já se completavam três noites mal dormidas e quando eu finalmente conseguia descansar, aquele mal ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • kekavalecamils2 Postado em 24/11/2014 - 20:47:53

    OMG que cap. mais perfeito :3 <3 ( Espero que a HB ñ estrague as coisas -_- ) *-* Continua


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