Fanfics Brasil - 6. A Prova de Tudo Usted Se Me Llevó La Vida

Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela


Capítulo: 6. A Prova de Tudo

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                                    [Angélica]


 


 


               Faltava exatamente um dia para a ultima audiência. Mesmo tendo tanto tempo para pensar, eu ainda não sabia qual seria minha resposta para o juiz. Sim, durante esses dias eu e Otto nos reaproximamos, e eu senti que ficar ao lado dele era a coisa certa a se fazer. Mas todas as noites antes de dormir, Jaime aparecia em meus pensamentos, no momento que ele sussurrou “eu te amo”. Tudo estava muito bem até ele dizer aquelas palavras. Depois disso ele não me ligou, não mandou mensagem e não apareceu nas redes sociais. As pessoas começavam a estranhar aquele comportamento, inclusive eu.


               A campainha tocou e eu despertei dos meus pensamentos. Abri a porta e Vanessa estava com o celular em suas mãos, e eu já esperei por um sermão.


- Já viu isso? – Ela perguntou entrando em meu apartamento.


- Bom dia para você também, Vanessa. – Respondi fechando a porta.


- Bom dia? Isso não é um bom dia. Suas fãs enlouqueceram! – Vanessa andava de um lado para o outro como se estivesse prestes a explodir. – Você precisa acabar com isso!


- Que mal tem isso? Ninguém tem provas. Essas fotos são antigas.


- Não interessa! Acha que isso vai ficar assim? Os repórteres vão começar a te seguir, e logo você não vai poder nem ir à padaria.


- Não se preocupe. Eu e Jaime não nos veremos tão cedo.


- E eu espero que continue assim. Imagina se vaza alguma coisa? Tudo irá virar uma loucura.


- Acho que já é um pouco tarde, depois do comercial.


- Não me lembre desse comercial. Isso vai iludir ainda mais todas essas pessoas.


- Isso é apenas uma brincadeira, Vanessa. Ninguém leva a sério isso. Jaime é casado, e até onde elas saibam, eu também sou.


- E acha que elas ligam para isso? Elas não querem saber!


- Sinceramente, você está fazendo tempestade em copo d’agua.


- Pelo jeito terei que acalmar a situação, não é?


- Hey, o que está acontecendo? – Otto saiu da cozinha.


- Ah, você está aqui. Ótimo! Tirem uma foto juntos e postem no instagram.


- O que? – Perguntamos ao mesmo tempo.


- Vanessa, está ficando louca. – Respondi de imediato. – Está tudo sob controle, está bem?


- O que houve? – Otto perguntou confuso.


- O que houve é que Angélica sabe como os fãs são, e faz o favor de gravar um comercial romântico com seu ex-namorado. Isso deixou as fãs loucas!


- Não tem nada de mais, é apenas um comercial.


- Obrigada Otto! Enfim alguém que me entenda.


- Não tem nada disso. Elas não querem saber se é apenas um comercial. Elas se iludiram com uma novela, quem dirá um comercial.


               Respirei fundo tentando não incomodar com os comentários de Vanessa. Ela era uma ótima amiga, mas quando resolvia pegar no pé, ninguém conseguia acalmá-la.


- Está bem... Se isso irá te fazer sentir melhor, tiro uma foto com Otto.


- Ótimo! – Imediatamente ela apontou o celular para a nossa direção. Olhei para Otto e ele sorriu envergonhado. Me posicionei ao lado dele, e quando Vanessa se preparou para bater a foto, Otto se virou e segurou minha mão.


- Não precisa fazer isso.


- Por que está dizendo isso?


- Não precisa provar para ninguém. Se suas fãs querem que você fique com o Jaime, não podemos fazê-las mudar de ideia.


- Otto, o que está dizendo? Não é assim...


- Angélica... Você sabe que eu te respeito muito, não sabe?


- Claro que sei.


- E eu quero que tenha esse respeito por mim. Não quero que tente esconder as coisas de mim, principalmente seus sentimentos.


               Vanessa e eu não tivemos reação. Nunca esperei ter uma conversa como aquela com Otto, principalmente na frente de outra pessoa.


- Otto, não estou te entendendo...


- Amanhã é nossa ultima audiência, e será a hora da verdade. Se você disser que quer continuar o casamento, iremos jogar todo o divórcio para o alto. Todos esses meses separados e assinando papéis terão sido em vão. Não me leve a mal, eu não ligaria nem um pouco em ter que fazer isso, mas eu não quero que tome uma decisão da qual irá se arrepender. Não quero que pense em mim, nem em sua mãe... Quero que pense em você.


               Não sabia o que responder. Pensei o quanto estava sendo doloroso para ele dizer todas aquelas palavras para mim, mas ele tinha razão. Eu não poderia me enganar, e nem enganar a ele. Eu amava Otto, mas não como meu marido. Eu o amava como um companheiro, como um amigo. O amor que eu sentia por Otto era completamente diferente do amor que eu sentia por Jaime, e isso estava mais do que óbvio.


- Corra atrás da sua felicidade. Eu te amo, mas eu não quero passar o resto da minha vida convivendo com o seu arrependimento. Agradeço por se esforçar em disfarçar, mas isso já está mais do que óbvio. Vá atrás dele, e diga tudo o que sente. Resolva sua vida, e então eu poderei ser feliz.


               O sorriso que estava estampado em seu rosto enquanto ele dizia aquelas coisas era inacreditável. Nenhuma pessoa no mundo aceitaria tão bem o fato de sua quase ex-esposa ser apaixonada pelo ex-namorado de vários anos.


- Sempre soube que você era louco, mas não sabia que chegava a esse nível. – Vanessa disse sentando-se. – Acho que vou me aposentar.


- Otto, você tem certeza do que está dizendo? Quero dizer... Eu gosto de você, realmente gosto. Eu me sinto bem ao seu lado, eu sou feliz ao seu lado...


- Mas você é mais feliz ao lado dele. – Ele segurou minha mão e a apertou. – Nada me faria mais feliz do que vê-la feliz ao lado de quem você realmente ama.


               Não pude evitar de sorrir e imediatamente o puxei para um abraço. Os abraços de Otto eram sempre reconfortantes, como se nada no mundo fosse capaz de me atingir. Eu me sentia péssima por fazer aquela escolha, mas sabia que no futuro eu o agradeceria. E muito.


 


 


 


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                                            [Flashback]


 


 (play na musica https://www.youtube.com/watch?v=YS-1jsRaK1A&index=61&list=WL)


               “ A noite chuvosa atrapalhava os planos de alguns, mas outros insistiam em encarar a tempestade para se encontrar com os amigos. Mesmo debaixo da tempestade, o bar estava cheio, como toda a sexta feira. Todos se divertiam, bebiam e dançavam, exceto uma pessoa, que estava sentada na mesa lotada de bolsas e casacos que os amigos deixaram enquanto iam dançar. Era triste olhar para ela e vê-la sozinha naquela mesa, olhando fixamente para uma direção sem piscar. Era notável que ela segurava para não chorar, mas o ambiente não permitia tamanha tristeza.


- Angie! Qual é, vamos dançar! – Juan sentou ao lado dela com uma garrafa de cerveja. Angélica engoliu o choro e forçou um sorriso, mas foi em vão. – O que foi Angie?


- Nada. – Ela forçou um sorriso. – Só estou com os pés doendo.


- Conta outra! Eu te conheço. – Juan segurou a mão dela. – O que aconteceu?


               Sem responder nada, Angélica virou-se para a direção da pista de dança. Jaime estava rodeado de várias mulheres, enquanto dançava agarrado com uma delas. Era uma típica cena de um solteiro charmoso e no auge da fama, isso se ele fosse realmente solteiro.


- Ah não Angie... – Juan suspirou. – Jaime, meu irmão, que idiota! Eu vou falar com ele e...


- Não, Juan. – Angélica o segurou e seus olhos encheram-se de água. – Não temos nada que dizer a ele. Afinal, o que você diria? “Ei Jaime, será que da pra parar de dar mole para essas mulheres? Angélica está sentada ali na mesa, ah... Espera... Vocês não se assumiram publicamente, não tem porque você ficar abraçado com ela ou demonstrando algum carinho.” – Ela sorriu triste e abaixou a cabeça. – Não temos nada o que dizer a ele.


- Angie, eu entendo que vocês combinaram isso, mas ele precisa deixar de ser tão imaturo. Nós sabemos que vocês dois se amam.


- Isso é culpa minha. – Enquanto brincava com o guardanapo na mesa, ela tentava não cair no choro. – Eu disse para ele para que não assumíssemos.


- E você está mais do que certa. Eu te entendo, Angélica. Vocês estão em uma fase que precisam se privar de várias coisas.  A mídia está caindo sobre vocês, e qualquer deslize como esse seria motivo para uma grande confusão. Mas te digo uma coisa: Você merece mais respeito. Não me leve a mal, Jaime é meu parceiro, meu irmão, mas ele está agindo como um idiota. Vocês não querem se assumir, mas isso não significa que ele precisa fazer toda essa cena.


- Nós dois sabemos que ele é assim, e eu já deveria estar acostumada.


- Não, não deveria. Olha, eu mais do que ninguém desejo que vocês dois fiquem juntos e que sejam muito felizes... Mas... Eu prefiro que você seja respeitada, Angie. Você não pode permitir isso. Você merece mais!


               Angélica sabia que tudo o que Juan estava dizendo era algo que ela já sabia há muito tempo. Mas o coração é bobo e a carne é fraca. Angélica amava Jaime mais do que tudo, e ter que admitir que ele não a merecia era doloroso demais.


- É melhor eu ir embora. – Angélica se levantou pegando seu casaco.


- Espera, vai sozinha? Eu te levo.


- Não, não se incomode Juan.


- Angie!


               Juan gritou, mas já era tarde, Angélica já tinha saído do bar.


- Jaime você é o melhor! – Uma loira que abraçava Jaime pela cintura como um carrapato se aproximou da mesa.


- Preciso de um minuto, Katarina. – Ele disse se divertindo.


- Não demora. – A loira piscou para ele e voltou para a pista, juntando-se às amigas.


- Que calor! – Jaime disse afrouxando a gola da camisa. – Onde está Angie?


- Provavelmente embaixo da chuva chorando. – Juan respondeu irritado.


- O que? – O sorriso de Jaime diminuiu. – Ela foi embora?


- E você queria que ela tivesse feito o que? Ficado aqui e assistido ao seu show?


- Do que está falando?


- Você realmente não percebe o que fez? Você nunca vai encontrar alguém que te ame como ela, e você retribui desse jeito. Trazendo ela para um bar com os amigos e a deixando sozinha enquanto dança com várias mulheres.


- Ah não...


- Ah sim! Ela foi embora, Jaime.


               Sem esperar mais tempo Jaime correu para fora do bar. Procurou Angélica no meio da multidão que estava na fila para entrar, até que viu ao fundo uma mulher debaixo da chuva com um casaco vermelho.


- Angie! – Ele gritou enquanto passava pela multidão. Ela se preparava para entrar em um táxi, quando ele finalmente a alcançou e segurou seu braço. – Angie, espera, por favor.


- O que foi, Jaime? – Ela evitou olhá-lo.


- Por que está indo embora?


- Estou cansada. Não estou animada para diversão hoje.


- O que foi que aconteceu?


- Nada, Jaime.


- Então vai embora sem uma explicação?


- Eu não te devo explicações! – Ela ergueu a cabeça para olhá-lo, e seu rosto estava vermelho e marcado pelas lágrimas. Jaime sentiu seu coração se partir, como nunca havia sentido antes.


- Meu Deus, Angélica. Me... Me desculpe.


- Desculpar pelo que? Por me trazer aqui com nossos amigos e me deixar sentada enquanto se diverte com suas amigas?


- Eu não achei que isso te deixava brava.


- Ah é mesmo? E como acha que eu ficaria?


- Eu não sei! Você nunca demonstrou ciúmes!


- Eu não preciso demonstrar ciúmes pra você saber que eu quero respeito!


- Você quem quis isso! Você que disse para não assumirmos tudo!


- Mas isso não quer dizer que eu queria vê-lo com outras mulheres!


- A culpa não foi minha!


- Não, Jaime. Foi minha. – Ela respondeu desapontada. – A culpa foi minha por achar que você aguentaria alguns meses para enfim poder ficarmos juntos. Mas quer saber? Não importa mais. Hoje tirei a conclusão de que não podemos ficar juntos. Queremos coisas diferentes.


- Angélica, não diz isso, por favor... – Ele segurou as mãos dela. – Eu te amo...


- Mas você ama mais a sua vida. Admita, Jaime. Você gosta disso. Você gosta de sair com os amigos, gosta de festas, gosta de mulheres. E eu prefiro ficar em casa, assistindo filme. Não somos nada parecidos quanto a isso, sendo assim, nunca daríamos certo.


- Mas eu quero ficar com você, Angélica.


- Isso não é suficiente, Jaime. – Ela sorriu triste. – Você não seria capaz de jogar toda essa diversão para o alto apenas para ficar comigo.


               Jaime abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram.


- Jaime! Está tocando a nossa música! – A loira gritou da porta do bar.


- É melhor ir... Suas amigas estão esperando. – Angélica abriu a porta do táxi, mas Jaime a segurou.


- Então é assim? Você não vai ao menos tentar?


- Eu já tentei, mas não adianta apenas um de nós dois lutar para dar certo. Uma pessoa não pode amar por duas, Jaime. Já tentei tanto que agora estou cansada. – As lágrimas rolavam eu seu rosto, e Jaime sentia uma parte de seu coração se quebrando. Mas o que ele faria? Tudo o que Angélica disse era verdade. – Nos vemos por aí, Jaime.


               Ela entrou no táxi e Jaime não a impediu. Enquanto Angélica se afastava, ele ficou parado na beira da rua, com a esperança de que ela descesse do táxi e voltasse correndo dizendo que não conseguia ficar longe dele. Mas quando o táxi virou a esquina, suas esperanças foram embora, junto com a mulher que ele amava.”


 


 


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                                            [Jaime]


 


- Jaime!


               Olhei assustado para Heidi e notei que ela estava com um roupão. Aquilo só poderia significar uma coisa.


- Estou te chamando há um tempão.


- Desculpe... – Me ajeitei na cama. – É que estava em uma parte boa do livro. – Forcei um sorriso e mostrei o livro para ela. Querendo sair daquela situação, coloquei o livro em meu rosto e fingi lê-lo.


- Jaime...


- Hum?


- Pode largar esse livro por um instante?


- Tem que ser realmente agora?


               Senti a cama em minha frente se afundar, e na mesma hora Heidi tirou o livro de minha mão suavemente. Nunca fui um homem de rezar, mas naquele momento juntei todas as orações que havia aprendido com minha mãe. Era errado o que eu estava fazendo, mas eu não estava preparado para aquilo. Tudo estava muito recente, e a ultima coisa que eu queria era fazer amor com Heidi enquanto Angélica tomava conta dos meus pensamentos.


- Comprei uma lingerie nova. – Ela disse maliciosa se ajoelhando na cama e abrindo o roupão. Normalmente aquilo me deixaria animado, e eu a teria puxado para perto de mim. Mas algo me prendia, e eu a olhava do mesmo modo que olhava quando estava de calça jeans e camiseta.


- É muito bonita. – Forcei um sorriso.


- Só isso? – Perguntou desapontada. – Eu passei o dia inteiro no shopping para escolhê-la e você apenas diz isso?


- Desculpe, Heidi... – Suspirei e passei a mão em meu rosto. – Eu estou com um pouco de dor de cabeça e não estou me sentindo bem. Eu só queria dormir um pouco.


               Ela soltou um suspiro de indignação e então fechou o roupão. Obrigado, Deus! Eu tinha conseguido escapar!


- Vou buscar um remédio para você. – Ela se inclinou e me beijou. Como uma pessoa tem tanta animação? Outra mulher no lugar dela teria ficado completamente irritada e dormiria de calça jeans por um mês. Mas Heidi não. Heidi insistia, e eu sabia que ela não descansaria enquanto não tivesse o que queria, e eu não poderia arrumar uma desculpa todas as vezes.


- Obrigado. – Sorri e voltei a “ler” o livro. Notei quando ela saiu do quarto e soltei um suspiro de alívio. “Como vou te esquecer, Angélica? Como?”. Deitei minha cabeça no travesseiro e observei a manhã chuvosa. A única imagem que veio em minha cabeça foi a de Angélica entrando no táxi e eu parado como um idiota, sem fazer absolutamente nada. “Você é um burro, Jaime Camil. Um burro! Por que não lutou por ela?”. E a única resposta era que eu realmente era um grande e absoluto idiota.


 


 


 


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                                            [Angélica]


 


 


 


               Parei com o carro em frente o portão da casa deles. Toquei o interfone e meu coração estava disparado. “Que não seja a Heidi, que não seja a Heidi, que não seja...”


- Quem é?


- Heidi! – Exclamei um pouco alto demais. – Sou eu... Angélica.


- Angélica! Quanto tempo! Vou abrir para você.


               No mesmo instante o portão se abriu e eu entrei com o carro. O estacionei de qualquer jeito e saí apressada. Eu não me aguentava de ansiedade e nervosismo, mas precisava dizer tudo o que estava guardado. Toquei a campainha e esperei que ao menos a porta ele atendesse, mas quando ela se abriu, mais uma vez me decepcionei. E ao olhá-la, minha decepção aumentou ainda mais.


- Angie! – Ela se apressou em me abraçar, mas eu não retribui o abraço como deveria. Não consegui evitar olhá-la espantada. Que tipo de pessoa recebe visitas de roupão com a parte de cima da lingerie aparecendo? Foi então que percebi que tinha chegado em um momento errado.


- Olá. – Respondi um pouco envergonhada. – Eu... Er... Jaime está aí?


- Ah... Ele está dormindo. – Respondeu desapontada. – Eu até te convidaria para entrar, mas a casa está uma bagunça sabe. – Ela riu. – Você entende... Estamos aproveitando a folga dele para comemorarmos um pouco.


- Ah... É? Isso é... Muito bom. – Forcei o sorriso ao máximo.


- Não é? Confesso que eu estava pensando que nosso casamento estava acabado, principalmente depois do comercial. Mas conversamos bastante sobre isso, e depois que eu disse que não importava com isso, que sabia que vocês dois eram apenas amigos, nossa relação melhorou muito. Jaime está outra pessoa comigo. Está mais carinhoso, atencioso e... Você sabe. – Ela fechou o roupão e deu uma gargalhada.


- É... Percebi. – Dei uma pequena risada sem humor. – Bem... Então eu volto outra hora.


- Quer deixar algum recado?


- Ah... Não... Na verdade eu só queria fazer uma visita rápida, mas cheguei em um mal momento não é?


- Oh não... Me desculpe Angélica. Mas vamos marcar para você e Otto jantarem conosco. Prometo que da próxima vez tudo estará arrumado. – Mais uma vez ela riu, mas dessa vez eu já não tinha mais espaço para fingimentos. Apenas balancei a cabeça e acenei para ela.


- Nos vemos depois então.


- Se cuida. E mande um beijo para Otto.


- Obrigada.


               Foi apenas o que consegui responder. Saí dali o mais rápido possível e tentei segurar as lágrimas, mas era impossível. “Como eu pude acreditar nele? Como eu pude ser tão boba? É óbvio que ele continua o mesmo Jaime de antes. Ele não está disposto a lutar por mim, e nunca estará. Como eu fui burra, burra, burra!”


               Parei o carro em frente o hotel em que Otto estava hospedado. Nunca concordei que ele saísse do apartamento antes do divórcio, mas ele insistiu dizendo que o emprego pagaria sua hospedagem no hotel.


               Parei no balcão do hotel tentando controlar toda a vontade de desabar no choro e forcei um sorriso para a recepcionista.


- Bom dia, Senhora. Posso ajuda-la?


- Pode me dizer qual quarto Otto Padron está hospedado?


- Só um minuto que irei verificar, Senhora.


- Angélica? – Otto havia acabado de entrar no hotel.


- Otto. – Meus olhos se encheram de lágrimas.


- O que foi que aconteceu?


               Abri a boca para respondê-lo quando o barulho da televisão me tirou a atenção. Todos no hotel olharam atentos para ela, e foi então que tudo ficou ainda pior. Péssimo momento para passar aquele maldito comercial! Ver o modo como Jaime me tocava e como ele me deitou na cama me deixou ainda pior, mas nada disso se comparou ao momento que ele sussurrou “eu te amo”. No fim do comercial, uma frase aparecia na tela enquanto nos beijávamos: “Pequenas palavras, grandes sentimentos”.


- Angie... – Otto continuou parado e eu me virei para olhá-lo. Sem conseguir me controlar, comecei a chorar, e então ele me puxou para um abraço reconfortante.


 


 


 


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                                            [Jaime]


 


 


               Desliguei a televisão e deitei minha cabeça no sofá. Era um péssimo momento para passarem aquele comercial. “Mas uma coisa eu tinha certeza: A primeira oportunidade que eu tivesse de encontrar Juan, eu o mataria”.


- O comercial ficou ótimo.


               Me assustei com Heidi parada atrás de mim e dei um pulo no sofá.


- Meu Deus! Não sabia que estava aí.


- Você atuou bem, principalmente na parte do “eu te amo.”


- Heidi, por favor...


- Sabe... Nem mesmo você seria capaz de atuar tão bem. – Ela se inclinou no sofá. – Aquilo nem ao menos estava no roteiro, não é?


               Respirei fundo e passei a mão em meu rosto.


- Por que você faz essas perguntas, Heidi?


- Porque eu odeio o seu silencio. Odeio o modo como você finge que está tudo bem, quando na verdade não está.


- Eu não sei o que você quer de mim.


- Eu quero que você me trate como sua esposa, Jaime. Você não encosta mais em mim durante a noite, eu compro uma lingerie nova e você nem ao menos se interessa. Olha, eu sei que eu concordei com tudo isso, eu posso até mesmo aguentar que você ame outra pessoa, mas não posso suportar sua indiferença.


- Tem razão.


- O que?


- Tem razão... Eu... Eu não estou agindo bem. – Me levantei e a olhei. – Eu prometo que serei um marido melhor.


- Está falando serio?


- Sim. E como prova disso, vamos sair para almoçar fora.


- Jura?


- Sim. – Abri um sorriso e ela pulou no sofá para me abraçar.


               Percebi que eu não poderia tratar Heidi com tanta frieza. Eu precisava seguir a minha vida, assim como Angélica estava seguindo a dela.


 


 


 


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                                            [Angélica]


 


 


 


- Está mais calma? – Otto me perguntou sentando-se ao meu lado.


- Sim, obrigada.


- Angélica, a culpa foi minha. Eu não deveria ter colocado coisas em sua cabeça...


- Não, Otto. Não foi culpa sua. Foi minha. Eu já deveria ter percebido que Jaime não mudou absolutamente nada.


- E agora?


- Eu... Eu quero que você me perdoe.


- Perdoar? Mas perdoar o que?


- Eu não deveria ter te deixado assim. Deveria ter pensado mais, deveria ter te dado mais valor.


- Angélica, não diga isso...


- Você pode me perdoar, Otto? Eu não posso suportar a ideia de te magoar.


- Você não me magoou. Eu disse para você ir atrás dele, eu quem deveria te pedir desculpas.


- Você só fez o que achava certo...


- Não quero te ver assim. – Ele segurou minha mão. – Quero te ver sorrindo sempre. E eu faço de tudo para que você seja feliz.


- De tudo?


- Sim.


- Podemos deixar essa história do divórcio de lado, então?


               Inesperadamente ele deu uma gargalhada.


- O que foi?


- Melhor você pensar um pouco mais.


- Desculpe. Está parecendo que estou te tratando como segunda opção, não é?


- De maneira alguma. Entendo perfeitamente que você no fundo também me ama, só está dividida.


- Exatamente isso. É que... Percebi que eu e Jaime não podemos ficar juntos, nunca. E ao seu lado eu sou feliz, e eu precisei me decepcionar mais uma vez para perceber isso.


- Estou feliz por me dizer essas coisas, e eu estarei aqui sempre que precisar, te esperando de braços abertos. Mas por que não deixa para dar a resposta amanhã? Você terá um tempo para esfriar a cabeça, pensar em tudo... Não quero te apressar em nada, e não quero pressioná-la.


- Você é realmente incrível, Otto. – Segurei a mão dele sorrindo. – Queria poder retribuir tudo o que você faz por mim.


- Você já retribui. Só continuar sorrindo assim para sempre.


               Abri ainda mais o sorriso e ele me puxou para um abraço. A vida havia me mostrado pela segunda vez que Jaime e eu não podemos nunca ficar juntos. Nosso destino era sermos casados com pessoas diferentes. Poderia parecer difícil no início, mas depois tudo se resolveria. E eu não via a hora de começar a ser feliz. 



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Autor(a): solotumiamor

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • kekavalecamils2 Postado em 24/11/2014 - 20:47:53

    OMG que cap. mais perfeito :3 <3 ( Espero que a HB ñ estrague as coisas -_- ) *-* Continua


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