Fanfics Brasil - 7. Apenas Meu Usted Se Me Llevó La Vida

Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela


Capítulo: 7. Apenas Meu

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                                                           [Angélica]


 


Acordei sentindo um cheiro delicioso. Virei-me na cama e olhei para o sofá com um lençol. Otto havia insistido para que eu dormisse ali no hotel depois de passarmos uma tarde ótima assistindo filmes e conversando. Em nenhum momento ele forçou para que voltássemos, parecíamos apenas amigos, e no fim eu estava me sentindo bem melhor. Passar aquela tarde com Otto serviu para que eu tomasse minha decisão. Já sabia qual seria a coisa certa a se fazer, e nada me faria voltar atrás.


               Levantei da cama e fui em direção ao cheiro maravilhoso de torradas com manteiga. Abri a bandeja que estava ao lado da mesa, e o café da manhã estava completo. Peguei o bilhete que havia dentro da bandeja e sorri ao lê-lo.


“Bom dia! Sinto muito por não poder acompanha-la no café, mas precisei sair para resolver algumas coisas do trabalho e fiquei com pena de acordá-la. Nos vemos mais tarde na audiência.”


               Otto era realmente incrível. Sempre tentando me proteger e me deixar feliz, e ele conseguiu. Meu dia tinha começado perfeitamente bem, e eu esperava que continuasse assim. Seria o começo de uma vida nova, e eu estava pronta para ser feliz. Peguei uma torrada e me aproximei da janela. O tempo não estava ensolarado, e provavelmente cairia uma chuva daquelas, mas aquilo não me desanimou. Aliás... Nada me deixaria desanimada naquele dia.


 


 


 


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                                            [Jaime]


 


 


               Desci as escadas e parei ao perceber que a mesa de jantar estava pronta para o café. Raramente Heidi e eu tomávamos café da manhã juntos, já que ela sempre saía com as amigas logo cedo.


- Bom dia, Joana.


- Bom dia.


               Joana não era apenas a nossa ajudante, mas também era da família. Ela trabalhava em minha casa desde quando eu era solteiro, e quando casei, não abri mão de tê-la conosco. Ela era como uma segunda mãe para mim.


- Heidi já saiu?


- Sim. Saiu sem nem ao menos tomar café, mas pediu para que eu preparasse essa mesa para você.


- E tem algum motivo especial?


- Eu também fiquei curiosa para saber, mas achei indelicado perguntar.


               Dei uma gargalhada e me sentei à mesa.


- Ela estava muito feliz essa manhã.


               Apenas sorri e acenei com a cabeça.


- Estava até cantarolando. Não a vejo cantarolando desde quando voltei de férias e a casa estava toda revirada por causa de um certo jantar.


- Está querendo descobrir alguma coisa, Senhora Joana? – Perguntei divertido.


- Não, claro que não. Não tenho o direito de saber, não é da minha conta.


- Não contarei por respeito à você, mas saiba que você pode saber de tudo nessa casa. – Mordi um pedaço da torrada e me levantei, beijando o rosto dela. Joana deu uma gargalhada e me bateu com o pano de prato.


- Ainda parece uma criança. – Ela resmungou enquanto ria.


- E como foi a viagem?


- Muito bem. A nova casa da minha filha é linda! Não é luxuosa, sabe... Mas é bastante espaçosa.


- Logo você terá netos e ela ficará pequena.


- Deus te ouça! – Ela sorriu. – Sabe... Sou louca para cuidar de crianças.


- Logo você irá cuidar.


- Mas meus netos estarão longe.


               Ela colocou as mãos na cintura e sorriu. Eu sabia exatamente o que significava aquele sorriso, e imediatamente limpei a garganta.


- Esse suco está delicioso, Joana.


- Não me engane. Te conheço há muitos anos. Não acha que já está na hora de arrumarem uma criança?


- Ainda está cedo.


- Cedo por quê? Já são casados, tem uma vida juntos. Nunca é cedo o bastante.


- Não precisamos pensar nisso agora.


- Eu sei por que não quer pensar nisso agora. E se quer saber... Está fazendo a coisa errada. – Ela bateu o pé e virou as costas indo para a cozinha.


- Espera! Como assim?


               Ela parou de andar e virou-se para mim.


- Eu vi o comercial.


- Ah...


- Não está enganando ninguém, sabia?


- Não sei do que está falando.


- Sempre gostei muito da Dona Angélica. Ela sempre me agradou. Sinto falta das tardes que ela passava em seu apartamento e conversava comigo.


- Até porque ela preferia conversar com você ao invés de conversar comigo. – Dei uma risada, mas meu sorriso foi desaparecendo aos poucos. – É... Foram bons tempos.


- Mas agora você está casado, não é? E muito feliz.


               Alguma coisa me dizia que Joana estava sendo irônica. Será que mesmo com tantos disfarces e tentativas eu não conseguiria esconder que ainda era completamente apaixonado por Angélica?


 


 


 


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                                                           [Angélica]


 


 


               Eu já estava atrasada quando terminei de me arrumar. Corri até minha penteadeira e procurei por meus brincos. Não os encontrei. Abri minha caixa de joias e peguei o primeiro par de brincos que encontrei. Assim que os coloquei, me lembrei de quem havia me dado, e da ocasião em que os ganhei. Era meu aniversário, e foi o ultimo aniversário que passei sozinha com Jaime. Ele havia me levado para jantar, e foi uma noite maravilhosa. Naquela época eu realmente achava que daríamos certo, mesmo com tantos obstáculos.


- Filha?


- Mamãe!


- A porta estava destrancada, meu bem.


- Ah... Devo ter me esquecido. Estou com pressa, vou me atrasar para a audiência.


- Onde estava?


- No hotel com Otto.


- Passou a noite lá?


- Sim mamãe. – Percebi que ela estava sorrindo. – Mas não, não tivemos nada. Passamos a noite como dois grandes amigos. Eu estava precisando e...


- Precisando por quê?


               Percebi que tinha falado besteira, mas já era tarde.


- Por nada.


- Filha...


- Mamãe, não precisamos falar disso agora, está bem? Eu estou atrasada e...


- É sobre o comercial?


               Não respondi. Continuei olhando para o espelho, insistindo em tirar alguns pelos quase imperceptíveis que estavam em meu casaco.


- Não adianta tentar esconder. Você é minha filha e eu te conheço muito bem. Eu lhe disse que essa história de comercial não foi uma boa ideia. Você e Otto estavam tão bem, até gravar esse maldito comercial.


- Isso não tem nada a ver com o comercial, mamãe.


- É claro que tem! Você e Otto poderiam ter reatado e...


- Eu e Otto não reatamos porque não tivemos o momento certo. Eu já tomei minha decisão e irei falar sobre ela na audiência de hoje, que inclusive eu estou atrasada.


- Eu gosto muito do Otto, muito mesmo. Mas não quero que faça as coisas sem pensar. Não é certo você ser casada amando outro, e você sabe disso.


- Sim, mamãe. Eu sei! Mas o que quer que eu faça? Jaime está feliz com seu casamento, e é notável depois que eu fui a sua casa ontem para dizer que o amava e que estava pronta para ficar com ele. Fiquei sabendo que seu casamento está melhor do que nunca e inclusive ele deve ter adorado a lingerie que a esposa estava usando.


               Minha mãe me olhou sem entender, mas eu estava sem paciência e sem tempo de explicar.


- Mamãe, eu agradeço a preocupação e prometo que explicarei isso direito, mas eu realmente preciso ir.


- Filha...


               Parei na porta e olhei para ela.


- Siga o seu coração.


               Apenas sorri e balancei a cabeça.


- A Senhora não vem comigo?


- Eu passo por lá mais tarde para saber como foi. Preciso fazer uma coisa antes.


 


 


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                                            [Jaime]


 


 


 


               Eu estava sem cabeça para fazer qualquer coisa. Tentei ler um livro, mas não tive paciência. Não quis entrar em minhas redes sociais pela certeza de que haveria várias fotos, e aquilo me deixaria ainda pior. A única coisa que me restava era minha moto. Me animei em dar um passeio para esfriar a cabeça, mas assim que peguei as chaves ouvi o barulho de um trovão, e ao olhar pela janela, vi que lá fora havia uma tempestade, seria impossível andar de moto.


               Sentei-me pesadamente no sofá completamente entediado. Se ao menos Heidi estivesse ali eu poderia passar o tempo. Talvez ficar mais tempo ao lado dela me ajudaria a esquecer Angélica, e enfim eu poderia me dedicar ao meu casamento, sem mentiras e sem fingimento. Peguei meu celular para ligar, quando o interfone tocou.


- Pois não? – Joana atendeu. – Ah... Já vou abrir.


               De repente Joana me olhou sorrindo. Não soube dizer se era um sorriso de alegria ou de nervosismo, mas algo me dizia que tinha a ver com Angélica. Imediatamente meu coração disparou, e com apenas um pulo eu me levantei. Me olhei no espelho ajeitando o meu cabelo e olhei para Joana.


- Estou bonito?


- Ah sim... Ela irá adorar!


               Não entendi o tom debochado, mas continuei esperando animado. A campainha tocou e eu corri na frente de Joana para abrir a porta. Dei um longo suspiro antes de abri-la, mas antes de ter a oportunidade de sorrir, olhei assustado para a pessoa em minha frente.


- Maria? – Perguntei espantado.


- Boa tarde. – Ela não sorriu.


- O que está fazendo aqui?


- Eu gostaria de conversar em um lugar que não estivesse tão frio e molhado.


- Ah... Claro, me desculpe. – Abri mais a porta e ela entrou, olhando ao redor.


- Sua casa é muito bonita.


- Obrigado. – Fechei a porta sorrindo nervoso.


- Heidi tem muito bom gosto.


               Joana segurou o riso e tentou disfarçar.


- Na verdade... Eu escolhi a decoração.


               Ela não respondeu. Com certeza estava de mau humor, pois em nenhum momento ela se esforçou para dar um sorriso. Mas eu já estava acostumado. Angélica Maria raramente sorria para mim.


- Então... A que devo a honra de sua visita?


- Preciso conversar com você.


- Sobre o que?


- A Senhora aceita algo para beber? – Joana se aproximou.


- Não precisa se incomodar, obrigada.


- Com licença. – Quando Maria se virou para mim, Joana fez sinal para que nos sentássemos.


- Quer se sentar? – Perguntei sorrindo de lado.


               Ela não respondeu. Apenas ergueu a cabeça e andou até o sofá. Me sentei na poltrona em sua frente e ela finalmente me olhou nos olhos, mas não foi uma boa sensação.


- Então...


- Jaime, quero te pedir um favor.


- Sim, claro. O que quiser.


- Quero que pare de fazer minha filha sofrer.


               Inesperado. Completamente inesperado. Nunca em minha vida eu imaginei Maria em minha casa, principalmente para falar sobre Angélica. Eu já sabia que ela não era minha fã número 1, e nunca apoiou meu relacionamento com Angélica, mas nunca esperei por aquele momento.


- Desculpe? – Sorri nervoso e me ajeitei na poltrona. – Eu não entendi.


- Sabe por que nunca apoiei o relacionamento de vocês dois? Angélica sempre te amou. Ela era capaz de fazer tudo por você, mesmo que você não retribuísse. Você consegue imaginar como é doloroso para uma mãe chegar em casa e ver sua filha chorando no sofá? Eu não sabia o que fazer. E pior do que ver sua própria filha sofrendo, é saber que você não pode fazer nada para ajuda-la.


               Fiquei em silencio, apenas deixando que ela esfaqueasse meu coração com cada palavra.


- Sempre soube que o relacionamento de vocês não daria certo, principalmente pelo fato de que estavam escondidos. Sabia que a cada foto sua com outra mulher ao lado ela passava a noite chorando? Você nunca soube, não é? Angélica fazia o possível para não demonstrar isso na frente das pessoas, e eu não sei se isso foi uma coisa boa ou ruim. A noite que eu cheguei em casa e a vi chorando, foi uma das piores noites da minha vida.


               “Todas as vezes que ela chorou por você, ela se escondeu dentro do quarto, mas não durava mais do que alguns minutos. Mas nesse dia... Eu nunca vi Angélica tão magoada. Me partia o coração ver cada lágrima rolando em seu rosto, e cada soluço que ela dava enquanto tentava se explicar. Depois de muitos choros, de muitos desabafos, ela finalmente me contou toda a história. Sabe o que eu senti naquele momento, Jaime? Senti que você nunca seria capaz de merecê-la.”
               Pior do que ouvir tudo aquilo, era saber que ela tinha razão. A imagem de Angélica chorando enquanto eu perdia meu tempo com coisas sem importância me partia por dentro. Como fui capaz de magoar uma mulher como ela? Uma mulher pura, com um ótimo coração... Como fui capaz de magoar um anjo? O meu anjo!


- Eu... Eu não entendo porque esta me dizendo essas coisas. – Tentei disfarçar a voz rouca.


- Eu sei que você a amou, mesmo que por um tempo, mesmo que não tenha sido suficiente. Eu queria poder confiar em você, Jaime. Queria poder confiar de que um dia você seria capaz de fazer minha filha feliz, mas não consigo. Sempre que me lembro da imagem dela chorando, sofrendo, eu sinto uma mágoa enorme em meu peito, que não sei se um dia ela irá se acabar.


- Maria, eu a respeito muito. Sei que você não tem motivos para gostar de mim, e que nunca fiz questão de conquistar sua confiança, mas... – Respirei fundo e me inclinei na poltrona, olhando fixamente para ela. – Eu sou completamente, inexplicavelmente apaixonado por sua filha. Sei que você não irá acreditar, sei que nas atuais circunstancias isso não é a coisa certa a dizer. Eu estou casado... – Sorri tentando disfarçar o nervosismo. – Angélica também está reatando o seu casamento... Mas isso não me impede. Não me impede de deixar de amá-la, não me impede de pensar nela e nos momentos que passamos juntos.


- Você diz que a ama mas está casado. Como quer que acredite?


- É complicado...


- Complicado? Não... Não é complicado. – Ela sorriu irônica. – Me diga... Quantas vezes você lutou por esse amor? Quantas vezes você foi atrás de Angélica? Quantas vezes você a impediu de ir embora? Quantas vezes você provou que a amava? Acha que apenas dizendo que a ama você está provando alguma coisa?


- Não... Não acho. – Abaixei minha cabeça, envergonhado.


- O pior de tudo é que mesmo passando por tudo isso, ela ainda insiste. Se eu pudesse escolher, Angélica seria muito feliz ao lado de Otto. Mas isso não cabe a mim... Por algum motivo maluco ela te ama.


               Uma pontada de esperança surgiu em meu peito e eu voltei a olhá-la.


- Mas o que mais machuca é que quanto mais ela insiste, mais você prova que não a merece.


- O que quer dizer? – Perguntei confuso.


- Ah, por favor! Não finja que não sabe.


- Não estou entendendo.


- Eu não sei onde ela estava com a cabeça de vir até sua casa para dizer tudo o que sente. E o pior de tudo é saber que ela veio com o coração aberto e voltou com ele partido.


- Do que está falando? Angélica veio aqui?


- Está começando a me irritar com toda essa ironia, Jaime Camil.


- Não estou sendo irônico. Quando Angélica veio aqui? – Perguntei um pouco exaltado.


- Você não sabia? – Ela me olhou confusa.


- Não. Quando, Maria?


- Angélica veio em sua casa ontem, mas foi embora decepcionada. Eu não sei o que você disse à ela, mas...


- Eu não a vi. – Respondi rapidamente. – Eu nem ao menos soube que ela esteve aqui.


- Então... Como...? Não está brincando comigo, não é?


- Maria, eu nunca brincaria com algo tão serio! – Apertei minhas mãos, tenso. – O que ela disse?


- Ela não explicou direito. Disse algo sobre você ter reatado o seu casamento, sobre Heidi estar feliz e alguma coisa sobre uma lingerie.


               Parei para pensar e então soube exatamente o que tinha acontecido.


- Oh não! – Me levantei exasperado. – Meu Deus, como fui burro! – Exclamei batendo em minha própria testa.


- O que está acontecendo? Eu não entendo.


- Angélica deve ter vindo aqui enquanto eu dormia. Heidi deve ter atendido a porta e ela entendeu tudo errado. Eu... Eu nem ao menos soube que ela veio aqui.


- Como não soube? Então por que ela estava tão mal?


- Foi tudo um engano! Meu Deus! – Andei de um lado para o outro. – Ela deve me odiar!


- Eu não sei se chega a esse ponto, mas ela está muito magoada sim.


- Eu preciso falar com ela. Eu preciso ir até ela e...


- Não. É impossível.


- O que? Por quê?


- Ela está na audiência. Com Otto!


- A AUDIENCIA! – Mais uma vez bati em minha testa.


- Eu não quero te deixar mais nervoso, mas ela já tomou uma decisão e disse que falaria hoje.


- Uma... Decisão? – Meu coração parou por alguns segundos.


- Sim.


               Não respondi mais nada. Peguei minha jaqueta e as chaves da moto e me preparei para sair.


- Aonde você vai? – Maria se levantou e Joana apareceu na sala.


- Vou fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo. Vou atrás da mulher que eu amo.


- Mas está chovendo! – Joana disse preocupada.


- Tempestade nenhuma vai me impedir, Joana.


               Joana abriu a boca para responder, mas eu não esperei. Fechei a porta e corri até a garagem para pegar a moto. Eu estava me arriscando, mas não me perdoaria se eu perdesse Angélica de novo.


 


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                                                           [Angélica]


 


 


- Senhora Angélica Maria Vale Hartman. – A voz do juiz ecoou pela sala. Olhei para Otto e ele segurou minha mão, sorrindo. – Essa é a ultima audiência, portanto espero que tenham tomado uma decisão.


               O juiz era rude e com certeza não estava com a mínima paciência. Aquilo contribuiu ainda mais para meu nervosismo, e nem mesmo a presença de Otto estava me acalmando. Olhei para os nossos advogados parados ao nosso lado, e eles ergueram as sobrancelhas esperando minha resposta.


- Então? – O juiz perguntou impaciente.


- Minha resposta estará de acordo com a que ela escolher, juiz. – Otto disse olhando para mim.


- Como quiser. Senhora? Estamos aguardando sua resposta.


               Eu sabia que já tinha tomado uma decisão, mas eu não conseguia dizê-la em voz alta. Em minha mente toda a minha fala estava pronta, mas ao abrir a boca para dizer, eu ficava travada. Percebi que o juiz ficava ainda mais impaciente, e eu ficava ainda mais nervosa.


- Angélica... – Otto sussurrou ao meu lado.


               Respirei fundo e criei coragem para dizer.


- A minha decisão é...


- ANGÉLICA!


               Me virei assustada para a porta, e fiquei espantada quando vi Jaime completamente molhado e nervoso. Alguns policiais pararam ao lado dele e o seguraram pelo braço.


- O que está acontecendo aqui? – O juiz se levantou nervoso. – Tirem esse homem daqui!


- Espera! – Gritei imediatamente e os policiais me olharam. – Eu... Eu o conheço.


               O juiz me olhou e então virou os olhos impaciente, fez um gesto e então os policiais o soltaram. Jaime andou em minha direção e segurou minhas mãos, respirando ofegante. Suas mãos estavam frias e molhadas, mas o que mais me preocupava era o que ele estaria fazendo ali.


- Angélica... Eu... Eu não posso permitir isso.


- O que está dizendo, Jaime?


- Não posso deixar você tomar essa decisão.


- Me desculpe, mas eu já me decidi.


- Não! – Ele apertou minhas mãos. – Ontem... Foi tudo um engano.


- Por favor, não quero falar sobre isso.


- Angélica, por favor, me escute! Você entendeu tudo errado. Até ontem eu estava te esperando. Estava esperando que você me desse algum sinal para que eu lutasse. Eu esperei ansiosamente que você me ligasse e dissesse que precisava conversar comigo.


- Por que está fazendo isso, Jaime? – Perguntei com a voz tremula pelo choro.


- Porque eu não posso te perder de novo. Sei que nunca demonstrei, que sempre deixei que você fosse embora, e dessa vez não foi diferente. Eu sou um fraco, Angélica. Eu deveria ter lutado por você, deveria ter te impedido de ir embora todas as vezes que você me disse adeus. Deveria ter dito que... Que eu te amo. Que eu não sou ninguém sem você. Que minha vida não estará completa se você não estiver ao meu lado.


- Jaime... – As lágrimas começavam a rolar em meu rosto.


- Otto, me perdoe. Me desculpe. – Ele dizia olhando para Otto. – Mas eu não posso... Não posso permitir. Ela nasceu para mim, Otto.


- Jaime, Jaime se acalme... – Otto segurou no ombro dele. – Vamos lá pra fora conversar, está bem?


- Não. – Respondi imediatamente. – Não temos nada para conversar, eu já tomei minha decisão. Jaime, você tem que ir embora.


- Angélica não faça isso comigo, por favor.


- Mesmo que ontem tenha sido um mal entendido... Me diga, você ainda está com a Heidi, não está?


- Eu...


- Está! E é por isso que não podemos ficar juntos! Você fez a sua escolha, Jaime. Você a escolheu, e não podemos simplesmente jogar tudo para o ar. Ela é uma pessoa, e pessoas tem sentimentos. Não quero ser a responsável por magoá-la, e nem quero ser lembrada como sua amante. Ontem eu estava decidida a abrir o meu coração, e estava pronta para aceitar viver a minha vida com você, mas percebi que não tenho esse direito. – Suspirei limpando as lágrimas. – Não podemos ficar juntos, Jaime.


- Angélica não diga isso, por favor. – Ele segurou em minhas mãos e me puxou para mais perto. Nunca havia visto Jaime tão nervoso, e eu poderia jurar que ele estava prestes a chorar. – Eu preciso de você. Eu preciso do seu amor.


               Não poderia permitir aquilo. Por mais que eu o amasse, por mais que eu quisesse passar o resto da minha vida ao lado dele, algo me impedia. Não estava certo, e minha consciência dizia que se não havíamos dado certo antes, era porque o destino não nos queria juntos.


- Eu não quero mais te amar, Jaime. E já tomei minha decisão. – Me virei para o juiz e respirei fundo. – Minha decisão é anular o divórcio.


- Angélica... – Otto me olhou com pesar.


- E essa é minha ultima decisão. – Olhei para ele e desviei o meu olhar para Jaime. Ele continuou parado, olhando para mim. Me partia o coração vê-lo daquele jeito, e tudo o que eu queria era poder abraça-lo e ampará-lo. Mas eu tinha que ser forte. Um de nós precisava dar um fim naquilo. Jaime apenas balançou a cabeça e se virou, saindo da sala. Me segurei ao máximo para não impedi-lo, mas consegui ser forte.


- Angélica, o que você fez? – Otto me perguntou. – Por que fez isso?


- Eu não quero mais viver nessa confusão, Otto. Fui feliz ao seu lado e continuarei sendo. Ao seu lado é o meu lugar, e é aqui que ficarei.


- Não vê o que está fazendo?


- O que?


- Você o deixou ir embora.


- Otto, não estou entendendo...


- Durante todo esse tempo ao seu lado, eu sei exatamente o que é melhor para você. Você o ama Angélica, como nunca vai amar outra pessoa. Está claro que você é feliz ao lado dele, e não tenho vergonha de dizer isso. Eu te amo, mas acima de tudo, quero que seja feliz, mesmo sem tê-la ao meu lado.


- Otto... – Não consegui segurar a emoção. Era doloroso demais, eu estava dividida. Otto me fazia feliz, me entendia, me respeitava. E Jaime... Jaime era o amor da minha vida.


- Não precisa dizer nada. – Ele sorriu e limpou minhas lágrimas. – Não quero que sinta pena de mim. Eu estarei feliz se você também estiver. Eu prometo.


               Não me contive e o puxei para um abraço. Ficamos nos abraçando por vários segundos, até que ele se afastou e segurou minha mão.


- Vá atrás da sua felicidade.


- Obrigada, Otto. – Segurei o rosto dele carinhosamente e sorri.


- Então, irão se divorciar ou não? – O juiz perguntou impaciente.


               Otto me olhou e ergueu as sobrancelhas, aguardando uma resposta.


- Sim. – Respondi sorrindo. – Iremos.


               O juiz sentou-se pesadamente e balançou a cabeça. Dei um rápido beijo no rosto de Otto e corri. Saí no meio da tempestade e não me importava se estava ficando completamente encharcada. Procurei Jaime entre várias pessoas que passavam pela rua, enquanto elas me olhavam como se eu fosse louca. E eu realmente estava. Louca, completamente louca.


               Subi nos degraus de uma escadaria tentando enxergar melhor, até que avistei um homem com um capacete do outro lado da rua. Ele acabava de montar em sua moto e se preparava para dar partida. Corri o máximo que pude e entrei no meio de todas as pessoas.


- JAIME! – Gritei para que ele parasse, mas ele não me ouviu. Olhei nervosa para os dois lados da rua, e decidi que seria melhor me arriscar do que perde-lo para sempre. Atravessei a rua correndo e assim que ele deu partida eu parei em sua frente. Fechei os olhos e ouvi o barulho da freada de sua moto. Quando abri os olhos ele estava parado em minha frente tirando seu capacete.


- Você ficou louca? – Perguntou desesperado. As pessoas na rua pararam para nos olhar, temendo que algum acidente tivesse acontecido.


- Eu preciso falar com você!


- Eu poderia ter te atropelado! Você se machucou? – Perguntou me olhando de cima a baixo.


- Jaime! – Exclamei fazendo-o olhar para mim. – Eu preciso falar com você!


- Acho que você já disse tudo o que tinha para dizer.


- Não, espera! – Segurei o braço dele e sorri. – Eu não anulei o divórcio.


- Não?


- Não!


- Mas...


- Eu percebi que também não posso viver sem você. Eu achava que podia, achava que seria forte o bastante para tentar esquecê-lo, mas isso é... Simplesmente impossível! Eu te amo, e nunca serei capaz de amar outro homem.


               Seus olhos brilharam de encontro ao meu e ele abriu um lindo sorriso. Aproximou-se de mim e tocou em meu rosto carinhosamente.


- Me diga que não está brincando...


- Não. Estou falando muito sério. Eu te amo! – Respirei aliviada.


               Esperei que ele dissesse alguma coisa, mas ele simplesmente me puxou pela cintura e me beijou. Sem se importar com a chuva, sem se importar com as pessoas nos olhando, sem se importar com mais nada. Naquele momento a única coisa que importava era que finalmente ficaríamos juntos. Eu sabia que ainda teríamos que enfrentar muita coisa, principalmente o fato de que ele ainda era casado. Mas apesar de tudo eu me sentia aliviada, apenas em saber que meu amor era recíproco. E ele era meu... Apenas meu.


 



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Autor(a): solotumiamor

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

                                              [Jaime]                  Voltei para casa naquela mesma hora. Angélica e eu decidimos que resolveríamos tudo o mais r&aa ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • kekavalecamils2 Postado em 24/11/2014 - 20:47:53

    OMG que cap. mais perfeito :3 <3 ( Espero que a HB ñ estrague as coisas -_- ) *-* Continua


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