Fanfic: Usted Se Me Llevó La Vida | Tema: A Feia Mais Bela

                                              [Jaime]

               Voltei para casa naquela mesma hora. Angélica e eu decidimos que resolveríamos tudo o mais rápido possível, sendo assim, ela ligou para encontrar com sua mãe, e eu voltei para casa para ter “a conversa” com Heidi. Durante todo o caminho de volta eu tentei formular uma conversa que não a magoasse tanto, mas quando fechei a porta de casa, tudo o que eu havia planejado se perdeu.

- Você demorou.

               Eu não havia percebido que ela estava sentada no sofá.

- Ah... Eu...

- Não precisa dizer nada. – Ela dizia sem me olhar. – Maria estava aqui quando eu cheguei, e me explicou algumas coisas. Você foi atrás dela, não foi?

               Dei um longo suspiro e me aproximei dela.

- Heidi...

- Eu já esperava por isso, mas... Depois da noite que tivemos ontem, achei que tudo poderia voltar ao normal. – Ela me olhou magoada. – Eu deveria ter notado. Você não tem mais vontade de fazer amor comigo, você anda mais frio do que o normal. Mas eu realmente pensei que nosso casamento poderia ser salvo.

- Me desculpe Heidi. A culpa é toda minha. Eu não deveria ter deixado chegar a esse ponto e...

- O que ela tem que eu não tenho?

- O que?

- Quero dizer... Tirando o fato de que você são amigos há vários anos, que ela é sua melhor amiga, sua confidente... Mas... Eu sou tão ruim assim?

- Claro que não. Por que está perguntando essas coisas?

- Eu não entendo. Realmente não entendo.

- Essas coisas não tem explicação. Você é uma mulher linda, de verdade.

- Mas eu não sou ela, não é?!

               Preferi não responder. Sentei-me ao lado dela e segurei sua mão.

- Eu realmente sinto muito, mas... Você sabe... Não podemos ter uma relação sem amor.

- Você já chegou a me amar algum dia?

- Claro. Claro que sim. Mas... Talvez não tenha sido o suficiente. A verdade é que... Eu nunca conseguirei amar alguém como eu amo a Angélica.

- Você nunca a esqueceu. – Ela abaixou a cabeça.

- Não.

- Eu posso fazer alguma coisa para mudar isso?

- Como assim?

- Você quer que eu mude o cabelo? Quer que eu fique mais em casa? Eu posso fazer qualquer coisa para não te perder. Eu faço qualquer coisa para não te perder.

- Heidi, não faça isso. Não piore as coisas. Você não merece isso.

- Eu te amo, Jaime.

- Heidi...

- Eu sei que no fundo você me ama também. – Ela acariciou meu rosto. – Por que não tenta perceber isso?

- Não faça isso. – Segurei as mãos dela suavemente e as tirei do meu rosto. – Não podemos continuar com isso, Heidi. Não é justo com ninguém.

- Então você vai acabar com o nosso casamento?

- Nosso casamento já está acabado há um tempo.

- Eu posso conviver com você, mesmo sabendo que você a ama.

- Para com isso! – Me levantei irritado andando de um lado para o outro. – Isso não é certo! Eu a amo, Heidi, e quero ficar com ela para o resto da minha vida. Eu sinto muito por ser tão frio e dizer essas coisas, mas você precisa entender que não dá mais. Eu queria, queria muito ter sido feliz com você.

- Mas você se casou comigo! Por que você se casou comigo sabendo que não me amaria? – Ela aumentou o tom de voz e se levantou.

- Eu pensei que eu conseguiria te amar. Pensei que me casando com você eu iria esquecê-la de vez!
- Isso é injusto!

- Eu sei!

               Estávamos gritando um com o outro. Não era aquilo que eu havia planejado, e Heidi só estava piorando as coisas. Respirei fundo para me acalmar e abaixei o tom de voz.

- Não podemos continuar com isso.

- Você vai ficar com ela?

- Sim.

               Ela sorriu triste e enxugou as lágrimas que rolavam em seu rosto.

- Vocês... Se beijaram?

               Fiquei em silencio por alguns segundos e então balancei minha cabeça afirmando.

- Quantas vezes?

- Mas pra que...?

- Vocês transaram?

               Eu não esperava que ela fosse fazer aquelas perguntas. Tudo estava sendo bem mais difícil do que eu esperava.

- Sim.

               Abri a boca para me explicar, mas fui surpreendido com um tapa no rosto. Um tapa merecido, mas inesperado.

- Eu não irei me divorciar tão fácil. – Ela dizia nervosa. – Não assinarei nenhum papel!

- Heidi, não deixe as coisas mais difíceis.

- Você é o meu marido, e isso não vai mudar.

               Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela saiu batendo os pés. Sentei-me pesadamente no sofá e fechei os olhos, deitando a cabeça. Eu sabia que aquilo era apenas o começo. O pior ainda estava por vir. Mas eu enfrentaria tudo para ficar com Angélica. Tudo

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                                             [Angélica]

               Olhei para minha mãe e ela continuou em silencio. Estava daquele jeito há quase cinco minutos, e eu não sabia se ela estava magoada, brava ou simplesmente não se importava com nada. Nos encontramos em uma lanchonete para tomar um café enquanto contava tudo o que havia acontecido naquele dia.

- Pode dizer alguma coisa, por favor? – Perguntei tensa.

- Eu não sei o que dizer.

- Mamãe, eu sei que para você não é a coisa certa a se fazer, mas tente entender... Nós nos amamos.

- Eu sei.

- Sabe?

- Quando tive a conversa com ele hoje, percebi que ele ainda te ama. Sei que você também o ama, mas sinceramente Angélica... Vocês estão se arriscando. Vocês terminaram os casamentos para se arriscarem. Vocês não sabem se darão certo dessa vez. E se acontecer como aconteceu antes? E se ele não souber te dar o valor?

- Mamãe, Jaime amadureceu. Ele é outro homem, e eu sei disso. Daremos certo dessa vez porque já sabemos que não podemos ficar afastados. Do que adianta continuarmos casados sendo que não amamos nossos parceiros? Um casamento sem amor não adianta de nada.

- Eu não quero vê-la magoada outra vez.

- Não ficarei magoada, mamãe. Eu confio que Jaime me fará a mulher mais feliz do mundo. – Segurei a mão da minha mãe e sorri. – Apesar de ter muitas coisas para enfrentar, eu estou feliz. Muito feliz.

- E é isso que me importa. Mas que fique claro que ainda não sou completamente a favor. Ainda acho tudo isso uma grande loucura.

               Fiquei aliviada por minha mãe ter entendido. Eu sabia que não seria fácil ela se acostumar com esse relacionamento, mas logo ela entenderia que Jaime e eu nos amamos, e que não podemos ficar longe um do outro.

               Passamos o resto do tempo conversando sobre outras coisas. Era sempre ótimo passar um tempo com minha mãe, e aquilo me ajudou a não pensar nos problemas que estavam por vir. Teríamos que enfrentar a mídia, as críticas e principalmente a nossa família. Era uma grande loucura tudo aquilo, mas o amor sem uma dose de loucura não é amor.

               Deixei minha mãe em sua casa e antes que eu seguisse em direção a minha, meu celular toca. Olho o nome na tela e imediatamente meu coração dispara.

- Alô?

- “Já estou com saudades.”.

- Só estamos longe há algumas horas.

- “E isso é tempo suficiente para sentir saudades”.

- E o que você pretende fazer enquanto a isso?

- “Quanto tempo você demora para chegar em casa”?

- Vinte minutos mais ou menos.

- “Estou contando no relógio. Estou te esperando aqui em frente o seu prédio”.

- Você é louco. – Dei uma gargalhada.

- “Não demore muito”.

- Está bem. Tchau.

               Desliguei o celular e continuei sorrindo como uma boba. Coloquei o cinto de segurança e dei partida. A minha vontade era de ultrapassar todos os sinais vermelhos e todas as placas de preferencia, mas como sempre fui uma pessoa que segue as regras principalmente no transito, fiquei ansiosa a cada vez que tinha que parar o carro. Como esperado, em quase vinte minutos eu já havia chegado em casa. Sorri quando vi seu carro parado em frente o prédio e ele escorado no capô de braços cruzados. Ele acenou para mim e eu retribui. Entrei na garagem do prédio, e o esperei na portaria.

               Ele estava encantadoramente lindo. Com uma jaqueta de couro marrom, calça jeans e os cabelos curtos penteados para o lado. Aquele homem mexia comigo de todas as formas possíveis, e naquele momento, tive a certeza que seria a mulher mais feliz do mundo.

- Chegou a tempo. – Ele disse se aproximando.

- A tempo de que?

- Disso.

               Ele me puxou pela cintura e me beijou. Retribui o beijo e não pude evitar entrelaçar o meu braço em volta do seu pescoço. Paramos de nos beijar e eu olhei para os lados, me certificando de que não havia ninguém.

- Por que está tensa? – Perguntou divertido.

- Ainda não nos assumimos.

- Mas isso será logo.

- Mas enquanto isso temos que ser discretos.

- Então podemos subir para sua casa?

- Só se você me preparar aquela macarronada deliciosa.

- Tudo o que você quiser. – Ele sorriu e me beijou mais uma vez.

               Subimos para o meu apartamento e assim que entramos, ele me puxou e me beijou novamente. Não tive tempo de fechar a porta, então a empurrei com o pé, enquanto o beijava. Ele me guiou até o sofá e sentou-se, me puxando para sentar logo em seguida. O modo como ele me acariciava enquanto nos beijávamos era uma mistura de paixão, doçura e êxtase. Ele me fazia sentir amada, mesmo sem dizer uma palavra.

- Eu te amo tanto... – Ele sussurrou olhando em meus olhos.

- Eu também te amo, muito.

- Eu farei tudo para te ver feliz. Tudo.

               Enquanto falava ele beijava meu pescoço e abaixava a minha blusa. Jaime sempre teve o dom de saber mexer comigo, principalmente em momentos como aquele. Ele conseguia ser a mistura de um perfeito cavalheiro com um pouco de safadeza, e aquilo me enlouquecia.

- Você me deixa louco, sabia? – Ele sussurrou. – Mas... Hoje não quero fazer amor com você.

- Por quê? – O olhei curiosa.

- Por que... – Ele ajeitou minha blusa e acariciou meu rosto. – Você merece ser respeitada, e eu não quero que se sinta como sentiu da ultima vez.

- E você só diz isso agora? – Perguntei divertida.

- Você não sabe como está me enlouquecendo, e isso é um pouco óbvio. – Ele olhou para baixo, apontando o volume em sua calça e eu dei uma gargalhada. – Mas prefiro que eu resolva tudo isso antes.

- E como foi a conversa?

- Difícil, como era de se esperar. – Ele suspirou. – Não vai ser fácil convence-la a assinar os papéis, mas ela vai assinar. Uma hora ela vai perceber que não adianta insistirmos nisso. E eu já disse que estou decidido a ficar com você, e nada nem ninguém irá me impedir.

- Me sinto mal por ela. Sei exatamente como ela deve estar se sentindo.

- Eu também me sinto mal, mas não podemos fazer nada.

- Ela deve estar muito magoada.

- De qualquer maneira já liguei para o meu advogado, e ele já vai começar a analisar todo o processo. Quero isso o mais rápido possível, então enfim podemos ficar juntos, sem ninguém para nos separar. – Ele sorriu.

- Finalmente. – Disse aliviada. – E a casa, o que irão fazer com ela?

- Eu duvido muito que Heidi vai querer morar lá sozinha. Provavelmente iremos vendê-la, mas ainda não resolvemos. De qualquer maneira amanhã mesmo irei olhar um apartamento para mim. Não quero ficar morando lá enquanto o divórcio estiver em andamento.

- Você pode morar aqui comigo.

- Eu adoraria, mas é melhor eu alugar um apartamento por um tempo, e depois podemos comprar uma casa para nós. Você sempre quis morar em uma casa com espaço, não é?

- Fala sério?

- É claro! Precisamos de espaço para as crianças.

- Crianças?

- Sim. Três. Duas meninas e um menino. Tenho que ter um homem para me ajudar a vigiá-las.

- Já está com ciúmes? – Sorri.

- Você sabe que sou ciumento. Não vou permitir que nenhum homem se aproxime delas, principalmente porque irão puxar sua beleza, e serão encantadoramente lindas.

- Você me deixa muito mal acostumada, sabia?

- Só estou dizendo a verdade.

- É um sonho muito lindo.

- E eu não vejo a hora dele se tornar realidade.

               Novamente ele me beijou, e entre as mil sensações que os beijos dele me transmitiam, felicidade e amor eram as mais perceptíveis. Eu não estava diferente. Saber que dali pra frente ficaríamos juntos me fazia a pessoa mais feliz do mundo. Finalmente as coisas estavam se acertando e meu coração estava em paz. Amar é uma coisa maravilhosa, mas ser amada é ainda melhor.