Fanfic: Fucking Perfect | Tema: One Direction

Talvez eu deva  dizer o que realmente sinto. Tudo que esta relacionado a mim e a todos ao meu redor. Posso lhe contar, mas a verdade é: não consigo admitir a mim mesma que estou completamente perdida, e que falta apenas um empurrãozinho para que eu caia diretamente no abismo.

Hoje ele me fez uma pergunta diferente de todas as outras. Quase não consigo responder, mas aí me lembro de tudo que passei, e acho inspiração para o responder de uma forma correta.

- Matar não vai me tornar forte, só vai provar o quanto sou fraca por querer acabar com o sofrimento da pessoa.- olho para o doutor Charles e penso se essa foi a melhor resposta. 

- Por que acha isso? - sua voz soa tensa, e tento enteder o porque da sua mudança de humor. É como se ele estivesse decepcionado.

- Porque enquanto meu pai brincava de ser rei, a cinderella aqui sofria. E acabei percebendo que o que nos torna forte de verdade é o sofrimento.

- Você poderia perdoar seu pai.

- Ele te paga muito para dizer isso?

- Não, só acho que todo esse rancor e ódio no coração não te ajudará em nada, pelo contrário, só irar te prejudicar mais e mais.

- Eu estou pensando em tudo isso. Não odeio ele...só não quero muita proximidade. - digo.

- Tudo bem, não irei te pressionar. Mas existe algo que estou profundamente curioso, algo que você tem evitado durante todas as nossas sessões...

- Não sei do que está falando. - minto

- Harry. Sei que passaram um tempo juntos, e gostaria de saber o que ele significa para você.

- Nada, não significa nada.

- Está mentindo, mas não irei invadir a sua privacidade, quando estiver pronta para falar sobre ele, me procure.

- Eu preciso sair dessa sala! Por favor, já acabamos?

- Pode ir Mellanny, vejo você na segunda.

Saio de seu escritório o mais rápido que consigo. Não que eu não goste de falar com ele, é só que...Não sei explicar direito.

Espero pacientemente que meu motorista chegue, enquanto me escondo da chuva  do lado de fora do prédio assustadoramente alto. Meus braços fazem um trabalho relativamente bom na hora que decido abraçar meu próprio corpo para que o frio londrino não me atinga com tanta força.

Eu poderia estar do lado de dentro do prédio, porém essa é a única hora que consigo ficar livre de todos aqueles seguranças.  Então decido ficar aqui fora, e respirar o ar livre. Esse momento de paz não dura muito.

Meu motorista chega, e algo estranho acontece - ele não abriu a porta para mim - algo que já é hábito dele. Penso que ele deve apenas estar se protegendo da chuva, mas se ele abrisse o vidro que me empede de ver seu rosto ficaria grata. Ultimamente tenho andado em completo nervosismo. Sinto medo constantimente, e esse não é um sentimento do qual me agrade.

Afasto todos os pensamentos ruins da minha cabeça, e entro finalmente no carro.

- Boa Tarde Isaque. - falo enquanto coloco meu cinto de segurança ainda de cabeça baixa. 

Ele não me responde, e é aí que meu coração para. Congelo no lugar, e quando tento sair ele trava as portas.

- Não esperava me ver Mellanny? - olho dentro dos seu olhos já sentindo um misto de emoções me consumir.

- Onde está o Isaque? - pergunto pelo meu motorista já sentindo medo dele ter feito algo contra sua vida.

- Bom, eu precisava falar com você...

- O que fez com ele, Harry? 

- Ele está tendo um... sono profundo no porta malas.- olho horrorizada para ele, que me devolve apenas um sorriso irônico.

- Está me sequestrando ? - pergunto aflita.

- Não, claro que não. Eu precisava falar com você e essa foi a única forma que eu encontrei. - ele parece magoado.

- Do que você precisa? - pergunto encarando meus dedos.

- Eu queria te agradecer. - ele diz envergonhado.

Seu corpo que estava torto no banco do motorista, em uma posição desconfortavel mas na qual ele conseguia me ver, muda rapidamente quando ele decide dirigir.

- Agradecer o que? E para onde estamos indo? - minha voz sai mais trêmula do que precisava.

Ele fica em silêncio.

- Harry por favor. Me diga aonde estamos indo - imploro.

Ele me olha de relance pelo retrovisor, suspira, e com o olhar perdido na estrada pergunta:

- Você tem medo de mim?

 Olho para ele por um momento tentando descobrir o que sua pergunta implica. Será que eu tenho medo dele? Sinceramente não sei responder a essa pergunta. O que sinto por ele é algo mais forte do que medo. Algo na qual nem eu mesma sei o que é.

- Não, não tenho medo de você. - minhas palavras são sinceras. Não tenho medo dele, tenho medo de mim. Medo de deixar meus sentimentos me guiarem, e eu acabar quebrando a cara novamente.

Ele suspira parecendo aliviado com minha resposta.

- Vamos parar aqui por um momento. Só até eu dizer tudo a você.

Ele para o carro em uma viela onde existe alguns latões de lixo, destrava as portas e sai do carro. Em alguns segundos Harry já está sentado ao meu lado, e a única coisa que me protege dele é o cinto de segurança.

- Você está tão bonita, Mellanny. - Como ele consegue me fazer parar de respirar com tão poucas palavras?

-Obrigada. - digo encarando meus pés.-Você está um pouco... - não termino a frase.

- Acabado? - ele pergunta com a sobrancelha arqueada. 

- Sim, acabado.

- Estou assim desde o momento que você me deixou!

Olho pasma para ele. Como assim eu o deixei? Será que ele não se lembra das palavras duras que me disse?

-Eu nunca te deixei. Você não deixou meu coração, Harry. - é tão constrangedor dizer essas palavras, e ao mesmo tempo não é.

Sinto que é a hora de dizer tudo que está entalado na minha garganta.  

 - Você foi um idiota, um completo idiota. Eu sinto vontade de passar com esse carro por cima de você. - falo.

- Eu entendo .- É só isso que ele vai dizer?

- Eu tentei por um longo tempo achar a resposta do por que você tinha me deixado, e sabe qual é o pior? Eu nunca consegui entender, e isso me machuca tanto...

- Eu sinto muito Mellanny, realmente sinto.

- Não, você não sente. - retiro o cinto de segurança, e saio do carro não me importando com a chuva.

- Você vai ficar doente, Mell. Saia da chuva. - ele diz descendo do carro.

- Harry não me chame de "Mell" e não finja que se importa comigo. - falo respirando fundo a cada palavra.

- Eu me importo com você. Só Deus sabe o quanto me importo. Por favor não me trate assim. - ele suplica. Seu cabelo está escorrido pela testa, sua boca está mais vermelha do que eu me lembrava e seu rosto está pálido. Ele parece que não dorme a dias e por um momento sinto vontade de abraça-lo e dizer que ainda o amo.

- Eu só quero que você me diga o por que de tudo isso. Eu não aguento mais te olhar sem me lembrar de tudo que me disse. 

- Eu sinto muito por tudo aquilo Mell-Mellanny. Eu queria poder te dizer o que aconteceu, mas estou preso a outra coisa.

- Harry, por favor. - as lágrimas já rolam pelo meu rosto. - Por favor me diga o que você quer.

- Eu queria te agradecer por ter pedido ao seu pai que me ajudasse, mesmo isso sendo contra minha vontade. E também queria que você ouvisse da minha  boca que agora trabalho para ele, e a única condição era que eu nunca chegasse perto de você.

- Não tem que agradecer, eu fiz isso porque... porque... - as palavras me fogem.

- Porque ainda me ama ?! Eu sei que sim, e sei também que te magoei muto. 

- Por que você faz isso comigo? 

- Foi duro, sabe? Saber que a Isabela estava viva, saber que você tem um pai super poderoso. Saber que o Zayn e o resto do mundo correria perigo se eu não te deixasse. - ele me olha nos olhos.

- Do que você está falando? - pergunto sem entender.

- Eu fui forçado a te deixar. Eu não queria. Depois que você foi embora eu morri mil vezes. Eu simplesmente não acreditava que fui tão burro ao te deixar ir ao invés de lutar por você. Eu não queria admitir para mim mesmo que...que estava completamente apaixonado por você, e foi por eu estar tão louco sem você, que decidi aceitar trabalhar para ele. Quando ele me disse que foi você quem pediu a ele, eu fiquei tão feliz. Há algum tempo eu tentei diversas vezes falar com você mais simplesmente não deixavam, ele não deixava.

Sinto meu corpo ficar completamente gelado. O frio que sinto é devastador.

Harry se aproxima e me segura pela cintura me empedindo de cair. Olho em seus olhos como se implorasse para que ele me tirasse dali, mas a única coisa que ele faz é aproximar seus lábios dos meus.

- Harry. - tento, mas não o impeço. Tudo isso é tão confuso.

- Eu te amo Mellanny, sempre te amei. Seu pai me obrigou a te deixar, e eu fui tão fraco ao aceitar, por favor me perdoe por não ter lutado pelo nosso amor. Por não ter lutado por você. Eu te amo.

E essas palavras bastam para que eu me entregasse a um beijo cheio de amor, misturado com minhas lágrimas e a água da chuva. Oh Harry como eu te amo, amar você é o que me torna forte.

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