Fanfic:  Watermark Fight - 3 | Tema: Enya, Sarah Brightman

Para meu amigo Bruno Camargo, que ajudou a tornar este capítulo possível! Obrigada!

Enya e Bernd chegam ao aeroporto Charles de Gaulle depois de algumas horas de viagem. Não é a primeira vez que vão até Paris, mas desta vez não vão a trabalho. A delicadeza da capital francesa já é sentida por ambos logo na chegada ao saguão do aeroporto. Homens e mulheres, andando de um lado para o outro com suas malas, sem perderem a característica mais forte do povo francês: a elegância. Maquiagens delicadas, roupas elegantes, andares decididos e, ao mesmo tempo, leves. Alguns apressados pelo medo de perder o vôo.

Os recém-casados conseguem se misturar à paisagem, que mistura o antigo com o novo, e entram num carro que já estava à sua espera, para conduzi-los ao hotel. Ao se sentar perto da janela, Eithne avista imediatamente o Arco do Triunfo, um dos símbolos da cidade. Já tinha visto o monumento outras vezes, mas não se cansa de admirá-lo. Ainda mais agora, em uma viagem tão especial.

Dopp não consegue evitar o riso ao ver a cara de felicidade de Brennan.

- Por que está rindo? – pergunta a cantora.

- Sua felicidade me contagia.

O carro segue até o hotel. Lá, eles deixam seus pertences. Não querem saber de descanso. Querem curtir a atmosfera da cidade.

Eles começam a caminhar de mãos dadas pela Champs-Élysées, a mais importante avenida de Paris. Ah, Enya sempre gostou da cidade. Agora, mais do que nunca. Nunca imaginou que passearia por lá em sua lua de mel. Ou melhor, nos últimos anos, já se conformava em não ter uma.

- Dizem que a vida é feita de momentos. E eu quero passar todos os próximos momentos dela com você. – Eithne dá um sorriso terno.

- Eu também quero. E nós vamos fazer isso. Agora não precisamos mais esconder o que sentimos, fingir que não temos nada. Não somos mais reféns do nosso passado, dos nossos relacionamentos anteriores. Temos um ao outro. Temos nossa paz! É disso que precisamos. – Bernd beija a esposa.

Durante a caminhada, Enya se lembra da festa de lançamento do A Day Without Rain, realizada em Londres. Naquela época, ela mal poderia imaginar que seria a futura esposa de Bernd.

Durante o show de fogos de artifício realizado para encerrar a festa, Eithne e Bernd ficaram a uma certa distância um do outro. Tão perto e tão distantes ao mesmo tempo...

- Ai, a vontade de estar em seus braços me consome por dentro! Eu não posso fazer isso. Não posso sentir isso. Ele é um homem casado e não posso deixar me levar por uma coisa dessas. Não entendo o que está acontecendo comigo. Nunca fui uma boba apaixonada... Quer dizer, não como agora. Perdi o juízo e a consciência? – pensa a irlandesa, incomodada com ela mesma.

O problema é que ele também queria tocá-la.

- Mas por que estou me sentindo sozinho, no meio de tanta gente? E por que estou com tanta vontade de segurar as mãos de Enya?

Ele a olhava disfarçadamente. A atenção da cantora estava nos fogos que explodiam no céu. Ou melhor: ela tentava prestar atenção nos fogos. Seu coração estava com Bernd, a centímetros de distância. Porém, não poderia fazer nada para tê-lo. Dopp tinha se casado há pouco tempo, e mesmo feliz com a esposa naquele momento, não conseguia evitar a atração que sentia por Brennan.

Só que o mundo dá voltas, e anos depois, Bernd e Eithne estão finalmente juntos, como um casal. Aquela angústia vivida no lançamento do A Day Without Rain felizmente não corresponde mais à realidade. Pois agora amam sem medo de serem felizes.

O clima ameno de Paris deixa a caminhada pela cidade ainda mais gostosa. Tudo parece mais bonito do que das outras vezes em que foram até lá, se é que isso é possível. Mas não dizem que o amor deixa tudo mais belo?

- Ainda estou tentando acostumar com o seu novo penteado. Mas eu gostei. Já disse isso? – sorri Eithne.

- Hum... Vamos ver. Acho que só nessa semana... Umas dez vezes. Mas eu não ligo que você repita! – ele retribui o sorriso.

Antes do casamento, ele decidiu cortar os cabelos e deixá-los mais curtos, da mesma forma em que estava quando conheceu a esposa. Também achou mais prático e mais simples. Bom, ele é um homem prático. Pelo menos sempre que possível.

- E eu já te disse que te amo hoje? – diz Bernd, com um brilho intenso nos olhos.

- Hum... No mínimo umas dez vezes. E contando! – ri a irlandesa.

Depois de mais algumas voltas pela cidade, inúmeras fotos, souvenirs, e alguns encontros com fãs, eles finalmente visitam o ponto turístico mais importante da capital francesa: a Torre Eiffel.

Lá de cima, eles têm uma visão privilegiada do cenário parisiense. Ficam encantados:

- Uau! É... É maravilhoso! Confesso que não tinha coragem de vir até aqui. Ainda bem que você veio comigo!

- Ah, Eithne! – ri Bernd – Você é a melhor! É um lugar realmente incrível. Sem dúvida, voltaremos aqui quando for possível. E então, vamos jantar fora mais tarde?

- Lógico!

E do alto da Torre, eles se beijam de forma apaixonada, arrancando suspiros de quem está por perto.

Museu do Louvre, Catedral de Notre-Dame, Jardim de Luxemburgo... Tantos lugares incríveis para ver! Pelo menos possuem alguns dias para visitar tudo o que querem. E precisam aproveitar ao máximo, já que em breve, terão muito trabalho.

Depois de tantos passeios, o casal resolve descansar. A noite chega, e eles saem para jantar em um de seus restaurantes favoritos na cidade. Ela, estonteante em um vestido vermelho com tons em degradê, e ele, elegante com um smoking, formam uma grande dupla, que até parece ter saído de um filme. Pela proximidade do restaurante, decidem ir andando até o local e chamam a atenção por onde passam, se destacando em meio a tantos prédios clássicos.

Assim que chegam ao restaurante, são conduzidos até a mesa reservada para eles. Uma melodia conhecida de Bernd começa a tocar:

- Ei! Eu conheço essa música!

- Conhece?

- Sim! Não te parece familiar?

- Hum... – Enya pensa um pouco – Me parece ser alguma música do Andre Riéu.

- E é! – sorri – E a música não poderia ter tido título melhor.

- Qual o nome dela?

- É uma frase que disse a você no dia do nosso casamento: Ich Liebe Dich.

Eithne abre um grande sorriso. Ela se recorda de como aquele dia foi maravilhoso, e da perfeita vista do topo do castelo...

- Vamos ver se você entende o que eu digo. Ich liebe dich.

- Quê?

- Ai, lá vamos nós de novo. Ich liebe dich. 

- Eita! Não faço a menor ideia!

- Tem certeza? Pensa um pouquinho.

- Hum... Deixa eu pensar... Eu te amo.

- Mocinha esperta! Acertou!

- Já que você gosta de desafios idiomáticos, tente adivinhar essa: Tá grá agam ort.

- Como?

- Vou repetir: Tá grá agam ort. 

- Caramba! Você me pegou! 

- Ah, tenta vai!

- Pensando, pensando... Eu te amo.

- Viu como não é difícil? 

- É, até que não é complicado.

Os pensamentos da cantora são interrompidos por Bernd:

- Amor? O que vai querer comer?

- Hein? Ah, perdoe-me. Estava distraída.

- É, eu percebi! – sorri o alemão.

A cantora escolhe o que vai comer, assim como o CEO.

- Ah! Por favor, traga o melhor champanhe que tiverem. – pede Dopp ao garçom.

- Sim, senhor. Vão desejar sobremesa?

- Sim, por favor! – pede Eithne.

- E o senhor? – indaga o garçom à Bernd. 

- Ah, não. Muito obrigado!

- Com licença.

O garçom se retira e Brennan levanta uma sobrancelha.

- Ué, mas ele ama tanto doces! Especialmente os macarons desse restaurante. Estanho... – pensa, mas decide não falar nada por enquanto.

O casal têm um jantar maravilhoso, com um vinho muito apreciado pelos dois. Tudo está perfeito! Não poderiam ter uma lua de mel melhor.

- E então, vamos? – Bernd paga a conta e segura a mão da esposa. Ambos pegam um táxi e vão para o local no qual estão hospedados.

Eles chegam até o quarto de hotel. Eithne vai até a penteadeira, e retira de forma calma seus brincos e seu colar. Enquanto faz isso, intrigada, a cantora pergunta ao marido:

- Ué, você ama os macarons daqui! É uma das suas sobremesas favoritas. Por que não pediu hoje?

Bernd fecha a porta cautelosamente e anda até ela. Abraçando sua cintura, ele sussurra maliciosamente em seu ouvido:

- Porque você é a minha sobremesa.

A cantora acaba ficando corada.

- Você anda muito assanhadinho ultimamente! – ela morde o lábio inferior para segurar uma risada, mas não consegue. Não é muito comum de Bernd agir dessa forma, apesar de não ser a primeira vez.

- E não diga que você não gosta! – diz, a ajudando a tirar o colar. Depois ele a vira, e a olha nos olhos intensamente.

Ela não responde a “provocação”. Não sabe se isso é efeito da bebida, ou se a cidade contribuiu com esse clima. Talvez os dois ao mesmo tempo. Mas decide entrar no jogo dele e sussurra:

- Então... Bon appétit!

O alemão arregala os olhos, surpreso. Não esperava essa resposta de sua esposa. E assim, subitamente ele a beija, tomado por uma paixão incontrolável.

Ela se deixa levar pelo caloroso beijo. Ele se afasta, sem fôlego.

- Você me deixa louco desse jeito!

- É essa a intenção! – a irlandesa dá uma piscadela.

Eles se beijam intensamente mais uma vez. Bernd a pressiona contra a parede e apóia uma das mãos próximo à cortina fechada de seda vermelha, enquanto puxa Eithne para mais perto, pela cintura.

Ela tira a gravata dele e depois o empurra.

- Ei! Por que fez isso?

- Não vou dar audiência para os hóspedes do hotel vizinho. - diz a cantora, fechando as outras cortinas que estavam abertas.

Ele sorri e a puxa assim que ela termina de fechá-las, e em seguida, a joga na cama.

- Não pense que vai fugir, senhorita!

- Quem você pensa que é? - diz Eithne, dando um leve tapa no ombro do marido e dando uma risada.

- O amor de sua vida. Aquele que vai te mostrar o verdadeiro paraíso.

- Ah é?

- É!

- Então, me mostre do que é capaz para chegar ao seu objetivo.

- Quer realmente ver?

- Não pense que desafio à toa.

- Continua querendo me provocar... – sussurra ele – Não pense que ficará assim! – eles se beijam calorosamente.

Ela consegue escapar dele e dá uma sonora gargalhada.

- Pare de me deixar vermelha!

- Ora, foi você quem começou com isso. Desde a primeira vez em que me olhou, naquela festa.  Ali, naquele momento, já tomou o meu coração. Você é a culpada de tudo! – sorri o alemão, que a puxa e a beija. Após abrir o zíper do vestido dela, ele a coloca novamente na cama.

Bernd a segura, mas com cuidado. Para ele, e muitos outros, Enya sempre será como uma linda boneca de porcelana, e tem cautela com ela, pois não quer machucá-la. Não apenas fisicamente como sentimentalmente. Depois do que passaram, a última coisa que ele deseja é colocar tudo a perder.

- Agora você não foge.

- E nem quero fugir. – diz Brennan.

- Ainda bem. Mas se fosse preciso correr atrás de você novamente, eu o faria.

- Tenho certeza que isso não será mais necessário.

Entre beijos leves e intensos espalhados por suas peles, intercalados com olhares apaixonados e murmúrios, se despem não somente de suas vestes, mas de seus medos, de suas angústias. De suas tristezas e suas decepções. Não são mais inseguros como antes. Por que ter insegurança de algo tão certo, algo tão concreto como o amor que cultivam?

- Bernd...

- O quê? – ele pergunta, com um leve tom de preocupação.

- Nada. Só... Só queria olhar pra você e descobrir se isso é mesmo real.

- Ah, Eithne... Como isso pode ser real se você é um anjo?

- Não me faça chorar! – diz a irlandesa, sorrindo, deixando algumas lágrimas escorrerem.

- Não quero vê-la chorar. Pelo contrário. Quero ser o motivo do seu sorriso. Quero que precise de mim em sua vida. Quero ficar em seu coração. – ele enxuga as lágrimas da esposa.

Ela leva a mão do marido até seu coração:

- Nele você já está.

Ele não resiste e a beija novamente.

- E você está no meu.

Uma noite marcante. Seus corações batem no mesmo compasso. Suas respirações estão no mesmo ritmo. O sangue em suas veias pulsa na mesma onda. Juntos, eles formam a mais doce e intensa melodia.