Fanfic:  Watermark Fight - 3 | Tema: Enya, Sarah Brightman

Bernd vai fazer sua primeira importante viagem como CEO mundial da Warner Music, e, de quebra, acompanhar sua esposa em sua primeira turnê pela América Latina. Mas, antes de ir, Dopp deve resolver alguns assuntos pendentes, juntamente com seu fiel escudeiro em seu escritório.

- É, meu caro Frank, ainda bem que tenho você por aqui para me ajudar! Só alguém de confiança pra segurar as pontas por aqui enquanto estou fora.

- E fico feliz de que você confie em mim! – sorri Frank – Tem uma ideia de quanto tempo vai ficar por lá?

- Creio que fiquemos cerca de quinze dias. Muitos lugares para visitar, acordos para fazer. Já andei lendo alguns dados sobre o mercado fonográfico daquela imensa região e olha, fiquei surpreso. Somente no Brasil, Enya vendeu mais de oito milhões de discos! Não sei como ela não foi para lá nesse tempo! Bom, pelo menos agora vamos compensar um pouco do tempo perdido. Aliás, falando em Brasil, quer que eu lhe traga alguma coisa de lá? – ri Bernd.

- Hum... Vou ter que ver com a minha esposa, mas pode deixar que lhe mando uma mensagem. – responde Thompson.

- Certo.

Batidas na porta são ouvidas. O amigo de Bernd abre a porta:

- Mas olha só quem está aqui! Achamos que você não chegaria tão cedo!

- Até parece que você não me conhece, Frank! – responde a mulher com um sorriso, cumprimentando – o.

- Estávamos à sua espera, Michelle! Seja bem vinda! – Dopp também cumprimenta a amiga.

Michelle Freitag Schneider é uma amiga de longa data de Frank e Bernd. Se conheceram na faculdade, há mais de vinte anos, e desde então, possuem uma grande amizade. Os três se consolidaram em suas carreiras. Michelle se tornou um dos maiores nomes do marketing na Alemanha, dona de inúmeros prêmios. Com seus fios loiros platinados na altura dos ombros, olhos azuis, e uma presença imponente e elegante, ela consegue chamar muita atenção. É alta, não é magra nem gorda, e mesmo não sendo estonteante, tem sua beleza.

- Obrigada, Bernd! É um prazer estar aqui. Frank, estava lembrando de você no caminho para cá. Lembrei de quando você chegou na universidade, totalmente perdido, dizendo que vinha do interior da Inglaterra e que quase foi atropelado assim que atravessou a primeira rua da cidade! – diz Michelle, rindo.

- Você ainda se lembra disso? Que memória, hein? – ri Frank.

- Não tem como esquecer, foi muito engraçado! Seu sotaque britânico era tão forte naquela época, que eu achava fofo, e também cômico ao mesmo tempo. Mas vamos ao que interessa.

- Sim, afinal temos muitos compromissos e precisamos resolver todas as pendências possíveis o quanto antes. Fico feliz que tenha aceitado o convite para a diretoria de marketing. Não vejo outra pessoa mais capacitada para o cargo. – diz Bernd.

- E fico agradecida pela sua confiança em meu nome, Bernd. Sabe que pode contar comigo para tudo! – sorri a mulher.

- Eu sei disso, e foi por isso mesmo que te chamei. Venha, Frank e eu vamos te levar para conhecer melhor a nossa sede, e também a levaremos até seu novo escritório.

Os três passeiam pelos corredores da sede em Dublin.

- Bom, não será necessário que você venha sempre para cá. Sei que você tem seus compromissos na minha amada terra. Vou para lá com certa frequência, como sabe, tenho minhas ações em várias empresas e ocasionalmente, vou pessoalmente ver como as coisas estão indo. Mas meu principal compromisso é e sempre será com a Warner. – diz Dopp, enquanto vai apresentando as dependências do local.

- Isso é ótimo! Apesar de que eu não hesitaria em ficar aqui para te ajudar.

- Você é uma amiga que vale ouro!

Eles chegam até o novo escritório de Freitag.

- Bem, aqui está seu escritório. Fique à vontade para decorá-lo como quiser. Frank e eu vamos deixá-la por aqui enquanto resolvemos algumas pendências. Farei uma longa viagem em breve e preciso deixar tudo acertado.

- Viagem?

- Sim. Vou para a América Latina. Irei para formar parcerias naquela região e também irei para acompanhar minha esposa em sua primeira turnê pela região.

- Ah, sim. Você irá quando?

- Semana que vem. Iremos primeiro para o México, e depois, Peru, Chile, Argentina, Uruguai e finalmente, Brasil.

- Você terá mesmo muito trabalho pela frente!

- Realmente! Mas vou me divertir um pouco também, é uma região que quero conhecer já faz um bom tempo. Enfim, ligo quando precisarmos de você. E também não hesite em ligar quando precisar de mim. – fala Bernd, gentilmente.

- E de mim também! – completa Frank.

Os dois deixam-na sozinha, enquanto ela se acomoda em sua nova sala. A mulher observa silenciosamente a mesma, assim que se senta em sua cadeira.

- Estou tão próxima de Bernd... E ao mesmo tempo tão distante! Tantos anos de convivência e ele só me enxergou como amiga durante todo esse período. Fui obrigada a assistir dois casamentos dele e ficar impassível. E ainda fui madrinha de ambos os casamentos! Por que não consigo me livrar desse sentimento que nutro por ele? – suspira.

Michelle se recorda do casamento de Bernd e Enya, no qual ela aceitou ser madrinha, mas não de bom grado. No entanto, não deixou transparecer sua insatisfação durante a cerimônia e a festa. Por fora, parecia normal, se divertindo. Mas por dentro...

- Eu é quem deveria estar ser a noiva, e não Enya! O que eu tenho de errado? – pensou consigo mesma, antes de cumprimentar os noivos.

- Parabéns para vocês! Desejo-lhes uma união de muita felicidade, saúde e amor! – disse a mulher, sorrindo enquanto os cumprimentava.

- Nós é que agradecemos por ter vindo e aceitado ser nossa madrinha de casamento. – disse Bernd.

- Não precisa agradecer...

A alemã volta à realidade com um toque de telefone.

- Ei! Está tudo bem por aí? – pergunta Dopp, assim que Schneider atende.

- Ah, sim. Está tudo bem. Estou pensando em como vou decorar essa sala. Se quiser me dar sugestões, ficaria agradecida!

- Tenho certeza que não será necessário, você é mais criativa do que eu! Poderia vir aqui por um instante, por favor?

- Claro! Estou indo!

- Ok, estou na minha sala.

Ambos desligam o telefone. Michelle suspira novamente antes de levantar e olhar para a sala antes de abrir a porta e ir ao encontro de seu amor não correspondido.

Chegando ao escritório de Dopp, ela o encontra conversando com Frank sobre alguns projetos que estão espalhados pela mesa.

- Bom, vejamos... Ah, entre Michelle! Estamos aqui discutindo algumas idéias sobre a divulgação de alguns artistas por aqui. Quero ver se consigo espalhar alguns nomes latinos pela Europa e América do Norte, mas isso só depois da minha viagem. Acho que o plano inverso não será necessário com muitos artistas, mas temos que bolar uma estratégia... – os três ficam trancados por muito tempo no escritório do CEO da WMG, estabelecendo metas, planos e estratégias para serem realizadas a curto prazo. Mas mesmo assim, não conseguiram resolver todos os assuntos pendentes, que terão que ser resolvidos até o fim da semana.

- Bom, por hoje, vamos ter que parar por aqui. Vamos terminar de resolver todos esses assuntos nessa semana. Michelle, você vai poder ficar na cidade?

- Sim, claro! Estou hospedada na casa de um amigo. Resolvi tarefas em Berlim para poder ficar uns dias a mais por aqui.

- Ótimo! Bom, se precisar, ainda tenho um apartamento por aqui. Pode ficar por lá quando quiser.

- Obrigada, mas pelo menos por enquanto não será necessário.

- Tudo bem, como quiser. Já vou indo para casa. – diz o alemão, pegando seus pertences antes de ir – Até amanhã!

- Até amanhã! Boa noite! – dizem Frank e Michelle, que se despedem e também se preparam para ir embora do local.

Antes de sair da sede da Warner em Dublin, Schneider manda uma mensagem por celular:

“Tenho novidades importantes. Preciso falar com você.”

“Novidades? Ótimo.”

“Estou a caminho.”

Momentos depois...

- Ainda bem que chegou sem demora. Aceita vinho?

Freitag fita o homem sem muita empolgação.

- Ah, eu aceito. Obrigada. E quero agradecer novamente por me deixar ficar em sua residência.

- Não tem de quê. Fique sempre que precisar. Somos aliados, não somos?

- Sim, meu caro Tom Esposito. Nós somos.

Tom e Michelle se conheceram por causa de negócios. A mulher contratou a empresa de transportes dele para um evento. A empresa tem várias filiais, incluindo uma na Alemanha. Pela dimensão do trabalho, Esposito decidiu ir acertar os detalhes pessoalmente com Freitag. Coincidentemente, nesse dia, a imprensa ficou em polvorosa com o anúncio do noivado de Enya e Bernd...

- Como? Não, não, não pode ser! – Freitag acabou falando alto, quando acidentalmente olhou em seu celular a notícia.

- Algum problema, senhora? – perguntou Esposito.

- Sabe como é perder um amor de anos? É como me sinto. O homem que amei a vida toda vai se casar com outra! – exclamou a mulher, sem se importar em estar tratando de negócios. Lágrimas escorreram sem parar pelo seu rosto. Ela sabia que Bernd estava perdidamente apaixonado por Eithne e que esse casamento não seria como o outro, pois Dopp amadureceu muito ao longo dos anos no quesito relacionamento. Para Michelle, as esperanças de ter algo com ele se foram naquele momento.

- Eu... Eu sinto muito! – Tom ficou sem graça, sem saber direito o que dizer.

- E o pior, é que a noiva dele é famosa! Não se fala em outra coisa em vários portais de notícias sobre celebridades, música e entretenimento! – disse, largando o celular, com raiva e tristeza, levando as mãos ao rosto, enxugando as lágrimas que teimaram em escorrer.

- Famosa?

- Conhece a cantora Enya? É a noiva dele!

Tom arregalou os olhos e ficou pálido como se tivesse visto um fantasma.

- O que foi? – perguntou Michelle.

- Se eu conheço Enya? Mais do que você imagina.

- Como assim?

- Ela é minha ex-namorada.

Schneider não acreditou no que ouviu.

- O quê?!

Esposito contou para a mulher a sua história, desde quando ele conheceu Eithne, e a alemã fez o mesmo, também contando a sua história desde que conheceu Bernd na faculdade. Depois disso, Tom fez uma proposta:

- Bem, acho que, depois do que você me contou, deveríamos estender a nossa parceria, para além do âmbito profissional. Mas não me entenda mal! Creio que possamos cooperar um com o outro.

- Cooperar?

- Sim!

Desde então, se tornaram aliados e mantém muita cordialidade entre eles.

- Então, você disse que tem novidades. Quais são elas? – pergunta Tom.

- Eles irão viajar semana que vem para a América Latina. Devem ficar por volta de quinze dias.

- Hum... Interessante. Para onde eles vão primeiro?

- México.

- México? – o espanhol dá uma risada.

- Sim. Não sei o que é engraçado.

- O destino. O destino é engraçado. Estava exatamente preparando uma viagem para lá. Digamos que... Tenho uns assuntos pendentes a tratar.

- Assuntos relacionados ao seu... Nosso plano? – pergunta Michelle.

- Não, não. Assuntos de... Negócios. Mas posso aproveitar e mandar alguém ficar de olho neles. Ainda não é hora de agir. A pressa é inimiga da perfeição e não podemos falhar.

- Tudo bem, tudo bem. Você tem toda a razão. Não podemos apressar as coisas. Pareço afobada, eu sei. Mas esperei durante mais de vinte anos! E você também vem esperando por isso há um bom tempo, pelo o que eu percebo.

- Sim, de fato. – diz Tom, que em seguida toma um gole de vinho.

- E... E você mantém sua promessa de pé?

Tom olha a mulher em silêncio por alguns segundos, enquanto saboreia o vinho que está em sua garganta.

- Sim, sou um homem de palavra. Pelo menos...

- Pelo menos...

- Pelo menos até que as circunstâncias permitam isso.