Fanfic: Virgem por acaso [Terminada]

O círculo de mulheres à sua direita observava os dois com sorrisos largos, o sanduíche delas parando de se movimentar.

— Eu tinha um plano — disse Annie.

A cara feia era de verdade.

— Não comece a chorar — disse Ucker.

Ele fez uma pausa.

— Certo, então vou fazer isso. Mas não quero que isso se torne um psicodrama onde você se apaixona por mim e nós terminamos nos odiando um ao outro.

— Você não vai se arrepender, Ucker.

— Sou um amigo bom pra caramba.

Ela beijou o rosto dele, agradecida, e passou os braços pelo seu pescoço. Ele afastou-a pelos cotovelos.

— Leve-me para a sua escada — disse ele.

— Bom, você voltou. A hora de almoço deve ser de trinta minutos, Annie — disse Fiona enquanto eles andavam pelo corredor na direção do escritório de Annie. — E por que há sangue em sua camisa, Ucker? Aqueles vorazes filhos da mãe da AOL acabaram de aumentar o preço da palavra-chave. Um milhão e meio de dólares. Meu Deus, espero que a fusão com a Time Warner exploda como uma bomba de hidrogênio e mate-os a todos. Reunião da linha de produtos Rede Arrastão 2009 em quinze, Annie. Vamos passar os bustiês.

Fiona pronunciou bostiê. A pronúncia correta era bustiê. Mas Stacy jamais corrigiria sua chefe. Fiona já tinha ido, fazendo ruído no corredor com seus saltos altíssimos, saindo para aterrorizar outro de seus empregados. Annie rapidamente levou Ucker na direção da Saída de Incêndio D. No caminho, eles passaram pela sala de amostras, o pequeno quartinho onde cada item do estoque da calcinhas.com estava pendurado ou comprimido em gavetas. Um manequim tamanho 44 estava escorado no quarto, mostrando um babydoll de rede azul-metálico e fio-dental de renda combinando.

— Uau! — Ucker parou na porta.

Ele olhou para dentro do quarto e, descobrindo-o desocupado, disse:

— Esqueça a escada. — Ele empurrou Annie para o cômodo de amostras sensuais e trancou a porta.

Eles se beijaram. Ele era um homem maior do que estava acostumada, e ela gostava de se sentir pequena.

Eles caíram de joelhos e se deitaram no chão entre os montes de tecido, calcinhas abandonadas e penhoares levemente irregulares. Annie fez Ucker se deitar de costas numa grande bolsa de esporte cheia de sachês com cheiro de lavanda (que iam de graça com cada pedido de 50 dólares ou mais). Ele ficou à vontade enquanto Annie desabotoava o vestido. Ucker respirou pesadamente, com excitação.

— Hmsuph — disse ele.

— Não fale, Ucker — disse ela. — Apenas sinta.

Agitado, ele arfou.

— Hmssush! Muphsss! — Ele apontou selvagemente para sua boca. Annie olhou lá dentro. Sua língua inchou diante dos olhos dela. Ela soprou como um peixe. Ele virou-se e agarrou a bolsa de esporte.

— Queisho? — perguntou ele, desesperadamente.

— São sachês de lavanda. Para fazer sua gaveta de roupas de baixo cheirar bem.

Ucker pulou, ficando de pé.

— Lavwnnd? — Annie subitamente teve uma leve lembrança de que Ucker tinha alergias severas a algumas flores. Ele agarrou o telefone da parede perto da porta e discou. Ele passou o telefone para Annie.

A telefonista disse:

— Nove um um.

Enquanto Annie dava o endereço e explicava a situação, Ucker lutava para respirar e, em pânico, saiu correndo do quarto de amostras. Annie largou o telefone para ir atrás dele, reabotoando seu vestido de linho no caminho. Antes que tivesse dado um passo para fora da porta alguém gritou no corredor. Annie, ainda parcialmente desnuda, correu agora, colidindo com a pequena Janice, lançando-a no chão. Ela berrou:

— Um homem levou um tiro! Há sangue por toda parte! Ele está caído no corredor!

Annie encontrou Ucker duas portas adiante. Seu rosto tinha se tornado uma sombra ardente de vermelho.

— A ambulância está a caminho — assegurou ela.

Alguém devia ter chamado a enfermaria do prédio. Um homem de uniforme branco tirou Annie do caminho e deu em Ucker uma injeção hipodérmica. O homem-agulha disse:

— É epinefrina. Ele está em choque anafilático. Isso vai manter suas vias respiratórias abertas até que possamos levá-lo ao hospital.

Annie, cambaleando de preocupação, culpa e horror, não conseguia deixar de notar o quanto o enfermeiro do prédio era bonito. Ele tinha uma qualidade Tony McGuinty que ela não podia ignorar. Além do que, a pontaria era boa. O rosto de Ucker ficou de um rosa quente e ele respirou com mais facilidade. A equipe de emergência médica chegou. Colocaram Ucker numa maca. Enquanto eles rodavam seu melhor amigo em direção ao elevador, Annie disse:

— Vou visitar você no hospital mais tarde. Você acha que, assim que se estabilizar, a gente pode, sabe, terminar aquilo?

Ucker olhou para ela de trás de sua máscara de oxigênio. Ela interpretou aquilo como um "não".

As portas do elevador se fecharam e ele foi embora. O enfermeiro macho, Annie e meia dúzia de observadores ficaram de pé silenciosamente no saguão do elevador, incertos sobre o que fazer depois. Annie ajeitou o vestido e conferiu o relógio. Ela ainda tinha alguns minutos antes da grande reunião. Ela virou-se para o enfermeiro e disse:

— Acho que preciso de um lugar tranqüilo para me deitar. Você não tem uma cama em sua enfermaria?

Ele olhou para Annie, a cabeça baixa, e sorriu.

— Por aqui — disse ele, apertando o botão SUBIR.