Fanfic: Virgem por acaso [Terminada]

Sábado à noite

Annie arrastou a churrasqueira portátil, um saco carvão, uma lata de fluido de isqueiro, um pacote de salsichas e alguns bolinhos para o telhado do seu prédio no SoHo. Ela se amaldiçoou por sugerir um churrasco noturno. Dava muito trabalho. Mas a temperatura estaria perfeita. Ela era uma mulher de sorte. Quando saiu do ninho de amor de Janice, a cabeça de Annie começou a doer e ainda não havia parado. Os pensamentos que costumavam mantê-la acordada a noite inteira tinham voltado desconfortavelmente à superfície (O Que Será De Mim? Para Onde Estou Indo? Etc.) durante o dia. Ela voltara para a calcinhas.com com toda a intenção de marchar até o escritório de Fiona e exigir a verdade. Quais eram os seus planos? Achava realmente que Annie era igual a ela?

Annie poderia, na verdade, ser como Janice. Sua vida poderia ser uma busca por aquele amor que faria tudo ficar bem. Um amor que faria tudo ficar bem? Que tipo de merda ridícula e ingênua era aquela?, perguntou sua Fiona interior. Imagine os anos e décadas procurando sem nunca encontrar...

Annie tinha certeza de que sua mãe diria para ela ir a uma manicure ou comprar uma bolsa nova ou passar um batom. Ela se sentiria bem melhor. Tanto Fiona quanto Janice acreditavam que sexo era igual a felicidade. Mas seus métodos e intenções não poderiam ser mais diferentes. Annie estava numa encruzilhada, mas andar em qualquer direção seria arriscado. Uma direção poderia significar escolher uma cirurgia de remoção de coração. A outra garantia a eternidade de uma ferida no coração que ela deixaria guardada lá dentro.

Annie sentou-se à sua mesa por três horas, encarando as letras gravadas em ouro no cartão que ela tinha pegado do belo Jorge. Ela devia simplesmente ligar para ele. Em um único golpe fatal, poderia se livrar de sua revirginização e declarar sua lealdade a Fiona. Remoção de coração machucaria a princípio. Mas depois a dor — toda a dor, bem como todo o amor — iria embora para sempre. Além do mais, ela ganharia experiência e a atenção masculina de que precisava tanto — DE GRAÇA! No fim da tarde daquele sábado Fiona enfiou sua cabeça de capacete cor de corvo dentro do escritório de Annnie e encontrou-a com o cartão de Jorge numa das mãos e o telefone na outra.

— Está fazendo a coisa certa — disse Fiona.—Tire o resto do dia de folga — já eram cinco horas — e me conte tudo amanhã. Ligue para minha casa. Não importa se for cedo. Aí falaremos sobre o seu futuro.

Annie saiu do escritório. Ela ainda não tinha feito a ligação e, em seu estado de ansiedade, tinha acabado esquecendo o encontro com o misterioso vizinho Garoto Vampiro. Quando entrou no apartamento, encontrou um bilhete dele que dizia:

“Annie, Vou me atrasar alguns minutos. Peço desculpas por isso, de verdade. Tenho um compromisso que não pode ser adiado. Estarei pensando em nosso encontro o tempo todo e estou esperando ansiosamente para encontrá-la oficialmente às 7:40 no telhado. Alfonso, 4C.”