Fanfic: Virgem por acaso [Terminada]

Annie estava precisando daquilo, já que andava cruzando sem direção a auto-estrada durante quase um ano.

— Vou usar — disse ela. — E, como gesto de gratidão, vou cozinhar.

Ela acendeu um fósforo e jogou no carvão. A chama de fogo subiu quase dois metros. Annie cambaleou. Ela conhecia aquele cheiro, aquele odor de cabelo queimado (uma vez tinha feito depilação dos pêlos da perna com laser). Desesperadamente, apalpou sua cabeça. Nenhum dano aparente. Alfonso andou até ela, sem tirar a mão do bolso de sua calça jeans, e friamente esvaziou sua cerveja na churrasqueira.

— Você está bem? — perguntou. — Suas sobrancelhas estão soltando fumaça.

Os dedos de Annie voaram para as sobrancelhas. Ela não gostou do que sentiu ao tocá-las. Annie pegou a espátula de metal e olhou seu reflexo. Suas sobrancelhas, em grande parte, ainda estavam lá. Mas os pêlos estavam estranhamente retorcidos e escuros, muito bizarros com sua pele branca e cabelos loiros. Annie devia ter gemido.

— Deixe-me ver — disse Alfonso.

Ela levantou o rosto para ele. Ele inclinou-se mais para perto. Annie, ainda que parcialmente chocada, conseguiu apreciar seus cabelos negros despenteados, os olhos esverdeados e a pele suave e sem marcas. Seus dedos — delgados e longos — se estenderam para tocar suas sobrancelhas tostadas. Os bicos dos tênis dele estavam a centímetros das suas sandálias.

— Você está bem — disse ele —, mas não posso dizer o mesmo da churrasqueira.

Annis virou-se na direção da churrasqueira. Os carvões nadavam numa piscina de cerveja ainda borbulhante.

— Sou amaldiçoada — anunciou ela. — Este é apenas o último chute que levo no ego depois de uma semana inteira de desastres. Você devia ter me levantado.

— Quase fiz isso — disse ele. — Não tive coragem.

Ela tinha esperado um protesto árduo do tipo "Apenas a morte poderia me manter longe de você".

— Se é assim que você se sente — disse ela, indignada. Tinha sido para isso que ela arriscara se desfigurar? — Vamos simplesmente esquecer tudo. Vou descer para cuidar de minhas sobrancelhas. Ela agarrou sua manta e a geladeira portátil e saiu batendo a porta do telhado. Alfonso a seguiu, aliviado, ela presumiu, por sair da luz direta do sol. Quando chegaram ao corredor, Alfonso colocou a mão no cotovelo dela, fazendo-a parar.

— Estou tão abaixo de você em qualquer escala — disse ele. — Por que iria querer passar seu tempo comigo?

— Você nem me conhece — disse ela, sacudindo o cotovelo para se livrar. Usando a insegurança como recurso para rejeitá-la... aquilo era muito cansativo.

— Sei que você tem muita experiência. Isso é intimidador Só estive com sete mulheres em toda a minha vida e...

Ela levantou a mão.

 — As paredes são finas, mas o meu som fazendo sexo decididamente não pode ter saído do meu apartamento, passado através da cozinha dos Rothenberg e ido até a sua sala. Não que eu tenha feito isso recentemente.— Estaria ele se referindo ao seu vem-cá-meu-bem com Marcos no corredor? — Do que está falando? — perguntou.

— Estou falando sobre o site na Internet — disse ele, parecendo confuso e, subitamente, mais jovem do que os seus 27 anos.

Como ela poderia ter investido a noite final da sua busca sexual neste garoto confuso? Ela gostava mais do estilo espancador misterioso dele.

— Você acha que vender roupa de baixo para a calcinhas.com faz de mim uma piranha? — perguntou ela.

— Não isso. O outro site — respondeu ele.

— Não faço idéia...

— O sacana.com — disse ele, evitando os olhos dela. Uma noção assustadora baixou em Annie. Christian Chavéz tinha encontrado uma maneira de satisfazer a fantasia dele sem sua participação ativa?