Fanfic: Virgem por acaso [Terminada]

Ele agiu. O próximo movimento levou-os para o sofá. Depois para o chão, com um ruído. Este beijo, pensou ela, era de verdade. Ao contrário dos outros desta semana, parecia cheio de... alguma coisa.

Era o oposto de vazio, aquilo ela sabia. E seus lábios eram suaves e quentes, seus braços apertados contra suas costas, agarrando-a como a um animal empalhado, como se ela não tivesse necessidade de oxigênio. Eles pararam de se beijar e se olharam.

Congelados por fora; emocionados e pulando por dentro. Ele abriu a boca e Annie a cobriu com um novo beijo. E aí o interfone tocou. Ela o ignorou. Mas o toque continuou. Ela contou vinte segundos.

Alfonso afastou-se.

 — Não parece que seu visitante vá embora.

Ela ajeitou a roupa e atendeu o interfone.

— Alô?

Um guincho de volta:

— Annie! Estou tão feliz que você esteja aí. É Marcos.

Marcos, o belo homem peludo? Da última vez que se viram, ele tinha se recusado a entrar e ver sua coleção de bolsas, murmurando coisas sobre respeito de manhã cedo.

— Arrependido da sua decisão? — perguntou ela.

— Sim. Quero subir — disse ele.

Alfonso observava e escutava, no chão. Annie sorriu para ele, seus cabelos negros parecendo um tornado em sua cabeça, as roupas meio vestidas.

— Estou passando o aspirador agora — disse ela. — Me ligue amanhã.

— Não, Annie, eu tenho de vê-la. Cometi um grande erro na segunda-feira à noite. Estou me sentindo um idiota.

— Você pode me dizer o quanto é idiota amanhã — disse ela e baixou o volume do interfone para zero.

Ela voltou para Alfonso no chão. Sentando-se, ele perguntou:

— Esse era o cara com quem você estava discutindo no corredor no início desta semana?

— Você não deveria ficar escutando atrás da porta.

Alfonso sacudiu a cabeça e ficou de pé. Ele arrumou as roupas.

— O que foi? — disse Annie.

— Esse cara se tocou. Você gosta dele. Você disse que gostava, no corredor. Você só está me usando para voltar para ele.

— Não estou! — disse ela. — Não gosto do Marcos!

Os olhos esverdeados de Alfonso entristeceram-se.

— Você disse que gostava.

— Mudei de idéia — rebateu ela.

— E se você mudar de idéia a meu respeito?

O feitiço estava se quebrando. Ela colocou os braços nos ombros dele.

— Me beije — disse ela.

Ele sacudiu a cabeça.

— Não estou querendo uma ficada de uma noite com minha vizinha de porta. Eu teria de me mudar. Gosto do meu apartamento. Tenho minha conexão DSL ilegal perfeitamente instalada.

 — Não vai ser uma ficada de uma noite — disse ela.

— Não quero ser um relacionamento secundário para você — disse ele. — Você tem negócios não terminados com esse cara, Marcos. Se não der certo, sabe onde me encontrar.

Ele beijou-a castamente nos lábios e saiu pela porta. Eram nove da noite.