Fanfic: Virgem por acaso [Terminada]

Anahí Giovanna Puente Portillo, 27 anos, cabelos loiros, bochechas rosadas, sobrancelhas chamuscadas, desempregada, pobre, intocada e azarada, acordou numa tarde ensolarada e úmida de julho em Nova York como a própria imagem da felicidade. Ela estava também se questionando, perguntando a si mesma e ao teto, "Então, como é que alguém começa o primeiro dia de uma nova vida?".

Na primeira manhã de liberdade e frescor totais, o que alguém comeria no café da manhã? Mais importante: o que vestiria? Com uma minissaia vermelha e uma touca Coco Peebles na cabeça, Annie jogou seus pés para fora da cama. Era o aniversário de um ano do seu último encontro sexual. Tecnicamente, já que ela tinha dado a última com Rodrigo à noite, Annie descobriu que ainda tinha algumas horas antes que sua revirginização fosse oficial. Não que ela tivesse mais qualquer plano para correr atrás dessa história. Estava longe, muito longe, muito, muito longe da sua busca por sexo, e tinha passado para coisas maiores e melhores (que poderiam incluir sexo, mas não apenas trepadas). O que ela realmente desejava, profundamente, com o maior ardor, naquele instante, era uma pizza. Ela saiu da cama, colocou o fone na tomada (tinha desligado na noite passada) e ligou para o Salvatore`s.

Havia aquele adorável adolescente albanês que fazia as entregas... Não, não, não, ela se lembrou. Esqueça. Enquanto esperava a chegada da pizza, Annie tomou banho, se maquiou e se perfumou. Deslizou para dentro do robe de seda Gatinha Cor-de-rosa (uma promoção especial da calcinhas.com no Dia dos Namorados), com o penhoar combinando e chinelos de pelúcia e saltos baixos. Arrumou seus cabelos loiros lisos num coque no alto da cabeça, algumas mechas caindo em torno do seu rosto. Não tinha a intenção de seduzir o adolescente albanês. Mas uma garota mesmo assim gostava de ficar apresentável. Fez a cama e limpou o quarto. A meia hora passou rapidamente. O telefone tocou. Era o rapaz da pizza, explicando que tinha tocado várias vezes sem resposta. Annie lembrou que tinha baixado o volume do interfone na noite passada e pediu a ele que tentasse novamente. Quando ouviu o zumbido, abriu a porta do prédio. Ela estava faminta. Tinha se esquecido de comer na noite passada (depois do churrasco frustrado no telhado, a comida tinha perdido teporariamente seu apelo) e uma refeição líquida de martínis sempre a fazia suplicar por sal e gordura no dia seguinte. Apertou o cinto de seda do robe e abriu a porta do apartamento, praticamente salivando por sua pizza. Finalmente a porta do elevador em seu andar se abriu. O cheiro de pizza tomou conta das suas narinas. Ela fechou os olhos, com antecipação. Sua vida era uma massa de incertezas, mas ela ainda poderia apreciar os pequenos prazeres. Quando abriu os olhos, ao invés do adolescente albanês, ela viu seu amigo Ucker de pé no solado da porta, segurando a caixa de pizza. Marcos, o belo homem peludo, segurava sua Diet coke. Rodrigo, seu ex, estava à direita de Marcos; Jorge, o garoto de programa, à esquerda de Ucker. Christian, o pornógrafo, tentava se acotovelar na frente de Rodrigo. Maite Perroni, sua antiga colega, estava próxima a Christian. E espreitando atrás do grupo, Alfonso, seu vizinho Vampiro/hacker, andava no corredor.